Transição Energética 91
Dinâmica Internacional
Artigo WEF: “Lições aprendidas e desafios compartilhados: Descarbonizando a energia no Sul da África e na Alemanha”
Em 2024, o mundo adicionou um recorde de 585 GW de capacidade renovável, mas a transição energética traz desafios complexos. Na África do Sul, essa mudança é desafiadora, pois mais de 70% da eletricidade ainda vem do carvão, setor que emprega milhares de pessoas. A estatal Eskom está investindo em tecnologias mais limpas, como reatores modulares e armazenamento de longa duração. A Alemanha, por sua vez, já reduziu 45% das emissões do setor elétrico desde 2000 e mostra que, embora a adição de renováveis seja crucial, ela precisa vir acompanhada de soluções para a estabilidade da rede, como armazenamento e usinas flexíveis. A lição é que o planejamento deve considerar custos sistêmicos, integração tecnológica e resiliência. A África do Sul deve evitar impactos sociais negativos, priorizando uma transição justa que proteja empregos e comunidades. Depreemde-se, diante disso, que diversificar a matriz energética, modernizar ativos térmicos e planejar a expansão da rede são estratégias essenciais. A conclusão é que o sucesso da descarbonização depende da combinação entre tecnologias adequadas, justiça social e integração em um sistema elétrico robusto e acessível. (World Economic Forum – 06.10.2025)
Austrália: Construção de megaprojeto de transmissão para fortalecer rede e integrar energia renovável
A operadora australiana Transgrid Group iniciou os principais trabalhos de construção do projeto HumeLink em Nova Gales do Sul, que inclui 365 km de linhas de transmissão de 500 kV e 835 novas torres, utilizando 52.610 toneladas de aço. O projeto visa fortalecer a rede do sul, integrar mais energia solar e eólica do sudoeste de NSW e desbloquear a capacidade total do projeto hidrelétrico Snowy 2.0, que adicionará 2.200 MW de energia sob demanda. Segundo o CEO Brett Redman, o HumeLink trará mais de US$ 1 bilhão em benefícios líquidos à economia australiana e facilitará o acesso a energia renovável, contribuindo para a meta nacional de redução de 62-70% nas emissões até 2035. Com 98,9% dos acordos de propriedade privados firmados, o projeto será dividido em duas seções, construídas por joint ventures, e deve gerar 1.600 empregos, injetando US$ 6,3 bilhões na economia regional, com acampamentos temporários para até 1.200 trabalhadores. (Smart Energy – 07.10.2025)
DNV: Relatório aponta que a segurança é a principal alavanca da transição energética
O relatório Energy Transition Outlook 2025 da DNV destaca que a segurança energética se tornou o principal motor da transição energética global, contribuindo para uma redução anual de 1% a 2% nas emissões. Apesar de retrocessos em políticas nos Estados Unidos, o avanço continua, com a China liderando em investimentos em tecnologias limpas. Segundo Remi Eriksen, CEO da DNV, a transição está evoluindo, e não estagnada, com a segurança sendo agora o principal fator das decisões energéticas. Em coletiva de imprensa, especialistas enfatizaram a interligação entre energia, economia, clima e segurança. O general Tom Middendor, do Conselho Militar Internacional sobre Clima e Segurança (IMCCS), afirmou que a transição energética tornou-se um campo de competição estratégica, onde a resiliência e a independência energética são novas linhas de defesa. Ele defendeu inovação em materiais alternativos e produção circular para tornar as cadeias de suprimento mais robustas. Frans Everts, da Shell, destacou a importância da competitividade e da diversificação de recursos, incluindo moléculas como fonte energética duradoura. Já Manon van Bee, da TenneT, enfatizou que a expansão das redes elétricas é essencial para garantir segurança energética, mas alertou que a continuidade política e a cooperação europeia são cruciais para esse avanço. (Smart Energy – 08.10.2025)
Ember: Energia solar e eólica superam carvão pela primeira vez na geração elétrica
No primeiro semestre de 2025, a energia solar e eólica cresceram mais rapidamente do que a demanda global de eletricidade, resultando em um leve declínio no uso de carvão e gás, segundo análise do think tank Ember. A energia solar teve papel central, respondendo por 83% do aumento da demanda com um crescimento recorde de 31% (306 TWh). Pela primeira vez, as renováveis superaram o carvão na geração global de eletricidade, com 5.072 TWh contra 4.896 TWh. A geração fóssil caiu 0,3% globalmente, indicando que as renováveis estão começando a atender integralmente o crescimento da demanda elétrica. China e Índia lideraram essa mudança, reduzindo suas emissões fósseis graças à forte expansão da energia limpa. Já nos EUA e na União Europeia, houve aumento na geração fóssil devido à menor produção renovável e à demanda crescente. Apesar das variações regionais, a Ember destaca que a rápida adoção de energia solar, eólica e armazenamento pode trazer ganhos significativos para diversas economias, marcando um possível ponto de virada rumo a um sistema energético mais limpo. (Energy Monitor – 07.10.2025)
Emirados Árabes Unidos: IUCN e IRENA firmam parceria para promover energia renovável aliada à conservação da natureza
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) assinaram, em 9 de outubro de 2025, um Memorando de Entendimento durante o Congresso Mundial de Conservação da IUCN, em Abu Dhabi. O acordo estabelece uma estrutura de cooperação para garantir que a expansão das energias renováveis ocorra de forma sustentável, com foco na proteção da biodiversidade, fortalecimento das comunidades locais e alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A parceria prevê ações conjuntas como o desenvolvimento de projetos e ferramentas para mitigar impactos ambientais, promoção de co-benefícios entre conservação e energia limpa, além de capacitação técnica e compartilhamento de conhecimento. Segundo os representantes das duas instituições, a transição energética precisa respeitar os limites ecológicos do planeta, contribuindo tanto para a redução das emissões quanto para a regeneração ambiental. O MoU terá validade inicial de três anos, podendo ser renovado, e reforça o compromisso das organizações em alinhar ação climática com preservação do patrimônio natural global. (IRENA – 09.10.2025)
IAEA: Lançamento de estudo que examina substituição do carvão por energia nuclear
O relatório "Coal to Nuclear" da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) lançou o relatório “Coal to Nuclear: Supporting a Clean Energy Transition” desenvolvido em parceria com a presidência do G20 da África do Sul em 2025. O documento analisa como a energia nuclear pode substituir usinas a carvão, oferecendo uma alternativa limpa, segura e confiável. A publicação destaca o papel da energia nuclear como fonte firme e de baixo carbono, capaz de garantir estabilidade na rede elétrica, preservar empregos, reduzir emissões e aproveitar a infraestrutura e a mão de obra existentes em usinas a carvão desativadas. Com foco na África do Sul, mas apoiado por estudos de caso globais, o relatório fornece subsídios para formuladores de políticas, governos e investidores avaliarem a viabilidade da transição de carvão para nuclear como estratégia para impulsionar o desenvolvimento econômico e industrial de forma sustentável. (IAEA – 08.10.2025)
IEA: Fontes renováveis devem mais que dobrar até 2030
As fontes renováveis devem mais que dobrar sua capacidade global até 2030, segundo o relatório Renewables 2025 da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), com um acréscimo estimado de 4.600 GW — equivalente à soma das capacidades da China, União Europeia e Japão. A energia solar responderá por cerca de 80% desse avanço, impulsionada pela queda de custos e pela simplificação de processos de licenciamento, além da expansão em economias emergentes como Arábia Saudita, Paquistão e países do Sudeste Asiático. O estudo também aponta o fortalecimento de outras fontes, como a geotérmica, que deve atingir recordes históricos, e a hidrelétrica reversível, com crescimento 80% superior ao dos cinco anos anteriores. O avanço das renováveis é sustentado pela competitividade de custos e pelo apoio político em regiões da Ásia, Oriente Médio e África. Apesar da expansão, a energia eólica offshore apresenta perspectivas mais moderadas devido a desafios regulatórios e logísticos. De modo geral, o relatório reforça o otimismo e a resiliência do setor, com empresas mantendo ou ampliando suas metas para 2030. (Canal Solar - 07.10.2025)
Reino Unido: Projeto NEEDS padroniza planejamento energético e ambiental local
O projeto National Energy and Environmental Data Specification (NEEDS) tem como objetivo padronizar a digitalização do planejamento energético e ambiental na Grã-Bretanha, fornecendo às autoridades locais ferramentas e orientações para a criação de planos de descarbonização espacial. Financiado pelo Departamento de Segurança Energética e Net Zero e desenvolvido pelos cinco centros locais de zero líquido da Inglaterra, o NEEDS busca apoiar o planejamento de infraestrutura alinhado às metas de crescimento e neutralidade de carbono. A iniciativa, liderada pela consultoria Buro Happold, destaca-se por sua ênfase na governança de dados, garantindo conformidade legal e segurança no compartilhamento de informações. Em colaboração com empresas de tecnologia e comunicação de dados, como Advanced Infrastructure Technology, IES e DCC, o projeto está sendo testado em planos regionais para assegurar robustez e aderência às necessidades do mercado. O NEEDS pretende se tornar um pilar estratégico no planejamento de infraestrutura de baixo carbono no Reino Unido, oferecendo consistência, clareza e confiança às decisões locais. (Smart Energy – 08.10.2025)
Sri Lanka: AIIB financia expansão de rede elétrica para impulsionar energia renovável
O Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB) concederá um empréstimo de US$ 52 milhões ao Sri Lanka para financiar a Segunda Linha de Transmissão Kerawalapitiya-Port L, projeto essencial para garantir o fornecimento estável de eletricidade na região da Grande Colombo. A iniciativa, que envolve a instalação de um sistema de cabos subterrâneos de 220kV, complementará a linha comissionada em 2019, agora insuficiente para atender à crescente demanda. Esta é a primeira ação do AIIB no setor de energia do país e reforça seu compromisso com a transição energética e o desenvolvimento sustentável. O acordo foi assinado por autoridades do banco e do governo do Sri Lanka, com apoio de ministros e do presidente do AIIB, Jin Liqun. O projeto trará benefícios econômicos e sociais significativos, impactando positivamente comunidades, serviços urbanos e empresas locais. Ao todo, o AIIB já financiou cinco projetos no país, totalizando US$ 534 milhões. Em paralelo, o banco também anunciou um financiamento conjunto de US$ 65 milhões com o Banco de Desenvolvimento Industrial da Turquia para uma usina solar de 100 MW na província turca de Hatay. (Energy Monitor – 09.10.2025)
União Europeia: Renováveis ultrapassam 54% da geração elétrica no 2º trimestre
No segundo trimestre de 2025, a União Europeia alcançou um marco histórico ao registrar que 54% da eletricidade gerada provinha de fontes renováveis, superando os 52,7% do mesmo período de 2024, com destaque para a energia solar que, pela primeira vez em junho, liderou a geração elétrica com 22%, à frente de nuclear, eólica, hidrelétrica e gás natural. Países como Dinamarca, Letônia e Áustria se destacam com quase 90% ou mais de energia limpa, enquanto Eslováquia, Malta e República Tcheca apresentam baixa participação renovável. Quinze países aumentaram sua geração renovável, com Luxemburgo e Bélgica liderando os avanços impulsionados pela energia solar. Apesar desse progresso europeu, o Brasil mantém uma matriz elétrica ainda mais limpa, com 88,2% de sua energia proveniente de fontes renováveis em 2024, principalmente hidrelétrica, seguida por eólica e solar, posicionando-se entre as matrizes mais sustentáveis do mundo. (Inside EVs – 04.10.2025)
Nacional
Artigo de Alberto Faro e Paulo Machado: “Financiamento Verde na COP30: o papel estratégico do Brasil na transição energética e os desafios de atrair capital privado sustentável”
Em artigo publicado no Neomondo, Alberto Faro e Paulo Machado (sócios da área de Infraestrutura e Energia do Machado Meyer Advogados) tratam do papel do Brasil na mobilização de financiamentos sustentáveis na COP30. Os autores destacam que o país chega ao encontro com vantagens estratégicas na transição energética, como matriz elétrica renovável e alto potencial em biocombustíveis e hidrogênio verde. No entanto, para transformar esses ativos em liderança global, é essencial atrair financiamento sustentável em larga escala. É destacado que instrumentos como debêntures incentivadas e de infraestrutura, atualizados em 2024, já direcionam recursos a projetos de energia limpa e mobilidade verde. Programas públicos, como o Fundo Clima do BNDES e o Eco Invest Brasil, também impulsionam investimentos em projetos ambientais, exigindo contrapartida privada. É citado que o segundo leilão do Eco Invest, por exemplo, viabilizou R$ 30,2 bilhões para restaurar 1,4 milhão de hectares. Ainda assim, desafios persistem: investidores demandam segurança regulatória e marcos específicos para setores emergentes. Os autores argumentam que a criação de uma taxonomia verde nacional, alinhada a padrões internacionais, é vista como crucial para evitar greenwashing e ampliar a confiança de investidores estrangeiros. A conclusão é que o sucesso brasileiro na COP30 dependerá da capacidade de transformar regulação e incentivos em atração de capital verde de longo prazo. (Neomondo – 07.10.2025)
Artigo de Fábio Mendes: “Energia solar e a transição energética no Brasil”
Em artigo publicado no Canal Solar, Fábio Mendes (VP da GoodWe Technologies América do Sul) aborda oportunidades e desafios relacionados à energia solar no contexto da transição energética nacional. O autor pontua que o Brasil vive um momento decisivo na sua transição energética, com mais de 60 GW de potência instalada em energia solar e 23,5% de participação na matriz elétrica, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Ele destaca que esse avanço posiciona o país como líder global em potencial solar, mas para transformar esse potencial em protagonismo é necessário investir em inovação tecnológica, infraestrutura e democratização do acesso às fontes renováveis. A energia solar, além de limpa e abundante, pode reduzir em até 90% os custos com eletricidade, impulsionar a competitividade empresarial e aliviar o orçamento familiar. Desde 2012, o setor já atraiu mais de R$ 270 bilhões em investimentos, gerou 1,8 milhão de empregos verdes e evitou a emissão de 88 milhões de toneladas de CO₂. No entanto, o crescimento enfrenta desafios como a insegurança jurídica, dificuldades de conexão à rede e cortes na geração sem compensação adequada. A tramitação das MPs 1300 e 1304/2025 será essencial para viabilizar reformas no setor elétrico e atrair novos investimentos. O autor conclui que, por fim, que a transição energética é uma oportunidade histórica que exige ação conjunta entre governo, setor privado e sociedade para tornar a energia solar a base da nova matriz elétrica nacional. (Canal Solar – 03.10.2025)
Artigo de Gustavo Pessoa: "O Brasil na encruzilhada dos minerais críticos"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Gustavo Pessoa (manager director da Taleb Capital Hedge Fund) trata das recentes denúncias de corrupção no setor mineral brasileiro, ressaltando a fragilidade dos órgãos reguladores em um momento em que minerais estratégicos ganham importância global crescente. Ele destaca os impactos das tragédias de Mariana e Brumadinho, que expuseram falhas de fiscalização, e analisa a crescente disputa internacional por minerais como nióbio, lítio e terras raras, fundamentais para tecnologias e segurança nacional, com o Brasil sendo cortejado como alternativa a monopólios, especialmente da China. Apesar do enorme potencial geológico e da importância desses minerais, o país enfrenta desafios institucionais e regulatórios, como lentidão no licenciamento ambiental, resistência social e escândalos de corrupção, que ameaçam transformar esse potencial em estratégia de desenvolvimento. Para assumir um papel protagonista na cadeia global, o Brasil precisa superar esses entraves e investir em políticas de longo prazo que valorizem o refino e a manufatura local, não apenas a exportação de matéria-prima. (GESEL-IE-UFRJ – 10.10.2025)
Brasil: Investimentos em agricultura e florestas devem ancorar transição energética
O Brasil pretende ancorar sua transição energética por meio de investimentos em agricultura, florestas e uso da terra (AFOLU), apostando no potencial de captura de carbono e na produção de biocombustíveis. Essa será uma das principais agendas da presidência brasileira na COP30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém. A diplomata Tatiana Rosito destacou que a transformação ecológica depende do sucesso dos investimentos em AFOLU e da integração entre políticas públicas e finanças internacionais. Entre os mecanismos em estruturação estão as taxonomias sustentável e rural, o programa de recuperação de pastagens (PNCPD) e os leilões do Eco Invest, que já mobilizaram R$ 15 bilhões. O país também articula a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos (BIP), priorizando soluções baseadas na natureza, como bioenergia e agricultura regenerativa. Além disso, lidera um grupo de ministros de finanças discutindo como ampliar capitais concessionais, reformar fundos multilaterais e atrair capital privado. Outro destaque é o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que busca levantar US$ 25 bilhões para conservar florestas tropicais, com retorno financeiro baseado em resultados verificados. (Agência Eixos – 06.10.2025)
FGV: Mapeamento nacional destaca projetos estaduais para a transição energética
A FGV Energia, em parceria com o Fórum Nacional dos Secretários de Minas e Energia (FNSME), lançou o estudo “Levantamento de Projetos e Iniciativas Estaduais voltadas à Transição Energética: mapeamento inédito que identifica 15 projetos estaduais voltados à transição energética, sendo 11 já em execução. O trabalho, apresentado durante o 1º Congresso Brasileiro de Minas e Energia (CBME 2025), destaca iniciativas focadas principalmente em energias renováveis (46,7%) e gás natural (20%), além de ações com combustíveis sustentáveis, distribuição elétrica e mineração. Os projetos, alinhados às metas climáticas do Brasil e aos planos Plano Nacional de Energia 2050 (PNE), ao Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), incluem o Atlas Solar do Amapá, a biorrefinaria de bambu no Maranhão, o Hub de Hidrogênio Verde em Sergipe e o programa Ilumina Pantanal no Mato Grosso do Sul. Também há esforços para modernizar a rede elétrica rural no Sul e expandir corredores sustentáveis no Rio de Janeiro. Destaca-se que as iniciativas têm impactos diretos na geração de empregos, renda e inclusão produtiva local. Ao sistematizar essas ações, o estudo da FGV Energia mira fortalecer o papel das experiências estaduais como referência para novos modelos de cooperação público-privada em prol de um futuro energético sustentável e integrado ao desenvolvimento nacional. (Portal FGV – 08.10.2025)
MME: Leilão de eólicas offshore é adiado e só deve ocorrer após 2026
O Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou que o primeiro leilão de áreas para geração de energia eólica offshore no Brasil ocorrerá apenas após a conclusão do grupo de trabalho responsável por definir a regulamentação do setor. A publicação do decreto com as regras está prevista para o primeiro semestre de 2026, adiando ainda mais a expectativa de avanço dessa fonte no país. Segundo o MME, o cronograma depende também da finalização de etapas técnicas, como a definição da metodologia de seleção de áreas e a implementação de um portal digital de gestão. A decisão de aguardar a conclusão dos trabalhos do grupo coordenado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) frustrou parte do mercado, que já vê como improvável a realização do leilão ainda no atual governo. O ministério afirmou que o objetivo é garantir normas robustas, alinhadas com as melhores práticas internacionais e adaptadas ao contexto social, ambiental e econômico brasileiro, assegurando uma transição energética ordenada e coordenada entre os órgãos envolvidos. (Agência Eixos – 08.10.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
Zeekr e Tupi: Lançamento de app de recarga para VEs no Brasil
A Zeekr, marca de VEs premium do grupo Geely, lançou no Brasil o aplicativo Zeekr Recharge, desenvolvido em parceria com a empresa brasileira Tupi, especializada em soluções de mobilidade elétrica. A ferramenta conecta motoristas a mais de 2 mil pontos de recarga públicos em todo o país e oferece funcionalidades como localização de eletropostos, disponibilidade em tempo real, filtros por tipo de potência e preço, além de múltiplas opções de pagamento, incluindo Pix e Sem Parar. O aplicativo também permite acompanhar o histórico de consumo e a economia de CO₂, ampliando a praticidade e a sustentabilidade da experiência de uso dos VEs da marca. Voltado também a concessionárias e parceiros corporativos, o sistema da Tupi integra recursos de gestão financeira e operacional, com monitoramento em tempo real, definição de tarifas e geração de relatórios estratégicos. O lançamento reforça a estratégia da Zeekr de acelerar a adoção de veículos elétricos no Brasil, combinando tecnologia e conveniência para consolidar sua presença no mercado nacional. (Inside EVs - 06.10.2025)
ABVE: Emplacamento de VEs leves cresce 51% em 12 meses
O emplacamento de veículos elétricos leves cresceu 51% entre janeiro e setembro de 2025, com 1.642 unidades vendidas, frente a 1.086 no mesmo período de 2024, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Em relação a 2023, o salto foi de 271,5%. O mês de setembro marcou recorde histórico, com 21.515 unidades comercializadas, alta de 6,4% sobre agosto e 62% na comparação anual. O avanço é impulsionado pela adesão de empresas de logística, distribuição e serviços, buscando redução de custos e metas ESG, além de iniciativas como a plataforma e-Fast Brasil, que estimula a descarbonização da mobilidade urbana. Ainda, os veículos eletrificados representaram 9,3% do total de automóveis vendidos em setembro. No acumulado do ano, foram 147.602 unidades, crescimento de 20,4% sobre 2024, com 76% dos modelos sendo plug-in (BEV e PHEV). Impactaram o resultado a chegada de novas montadoras e a ampliação de portfólios por fabricantes tradicionais, como a GM. Quanto à distribuição geográfica, o Sudeste segue líder nas vendas, com 46,8% de participação, seguido por Sul (18,7%), Nordeste (16,8%) e Centro-Oeste (14,2%). Já os municípios líderes em vendas são São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. (Agência CanalEnergia - 09.10.2025)
BYD: Inauguração de fábrica e início da produção de VEs no Brasil
Após atrasos no cronograma, a montadora chinesa BYD inaugurou oficialmente sua primeira fábrica de automóveis no Brasil, localizada em Camaçari (BA). O complexo, erguido em 18 meses no terreno da antiga fábrica da Ford, representa o maior investimento da empresa fora da China, com aporte de R$ 5,5 bilhões e potencial para gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos. A planta inicia a produção em regime SKD, com capacidade de 150 mil veículos por ano, podendo chegar a 300 mil em fase futura. Um dos destaques é o lançamento do primeiro híbrido plug-in flex do mundo, desenvolvido por engenheiros brasileiros e chineses, que combina eletrificação com uso de etanol ou gasolina em qualquer proporção. A produção local, que já inclui os modelos Dolphin Mini, Song Pro e King, marca um passo importante na reindustrialização verde do país e fortalece a presença da marca no mercado nacional, onde já lidera entre os eletrificados. No entanto, a inauguração ocorre sob denúncias de condições de trabalho análogas à escravidão envolvendo terceirizados da construção civil, atualmente sob investigação. (Inside EVs – 09.10.2025)
DNV: Metade dos carros será elétrico até 2030, mas emissões zero só virão após 2090
O relatório Energy Transition Outlook 2025, divulgado pela DNV(Det Norske Veritas), projeta que a demanda global de petróleo para veículos atingirá seu pico na próxima década, à medida que metade dos carros vendidos em 2030 serão elétricos. A eletrificação, liderada por países da OCDE e China, deve impulsionar ganhos de eficiência no setor, mesmo com o aumento da frota global para 3,8 bilhões de veículos até 2060. No entanto, em regiões como América Latina e Sudeste Asiático, os biocombustíveis ainda terão papel relevante, enquanto o hidrogênio aparece com uso marginal. Apesar dos avanços no setor de transportes e energia, a DNV alerta que as emissões globais de CO₂ cairão apenas 43% até 2050, alcançando neutralidade líquida apenas após 2090 — bem além do necessário para limitar o aquecimento a 1,5 °C. A previsão é de que o orçamento de carbono para essa meta se esgote já em 2029. A empresa destaca que ainda é possível manter o aquecimento abaixo de 2 °C, mas isso exigirá ações imediatas e coordenadas de governos e empresas em todo o mundo. (Agência Eixos – 08.10.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Iema: Expansão sustentável dos biocombustíveis no Brasil pode mais que dobrar até 2050
Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), divulgado em parceria com o Observatório do Clima, aponta que a produção de biocombustíveis no Brasil pode mais que dobrar até 2050, alcançando 221,1 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep), sem comprometer áreas de vegetação nativa. A expansão seria viável ao utilizar entre 20 e 35 milhões de hectares de pastagens degradadas, dentro dos 56 milhões disponíveis, somando-se aos atuais 31,4 milhões de hectares destinados à bioenergia em 2024. O relatório considera metas ambiciosas de redução de emissões — 92% até 2035, em relação a 2005 — e analisa seis cenários de expansão, dos quais quatro são compatíveis com o uso sustentável da terra. Destaque vai para cultivos como a cana-de-açúcar e a macaúba, aliados a tecnologias como o etanol de segunda geração. O estudo reforça a necessidade de políticas rigorosas de monitoramento do solo e priorização da produção de alimentos e da regeneração ambiental, permitindo que os biocombustíveis sejam parte da solução climática brasileira sem impulsionar o desmatamento. (Agência Eixos – 09.10.2025)
União Europeia: Conflito sobre regras do hidrogênio verde expõe impasse na transição energética
A transição energética europeia enfrenta um impasse sobre o futuro do hidrogênio verde, combustível essencial para descarbonizar setores complexos. Oito grandes fabricantes europeus de eletrolisadores pedem à Comissão Europeia flexibilização das rígidas regras do regulamento RFNBO para evitar o cancelamento de projetos e a perda da indústria local, propondo, entre outras medidas, a extensão das isenções de adicionalidade até 2035. Por outro lado, quinze organizações globais, incluindo grandes players de países emergentes como Brasil, Índia e Marrocos, defendem a manutenção das normas atuais para preservar a credibilidade climática e evitar a desestabilização do mercado, argumentando que os desafios decorrem mais de custos e falta de demanda do que das regras. O conflito reflete interesses industriais e geopolíticos, com a UE tentando equilibrar o desenvolvimento de sua indústria doméstica e sua liderança climática, enquanto concorrentes internacionais avançam em megaprojetos de hidrogênio renovável. No meio desse debate, combustíveis fósseis ganham espaço sob o pretexto de segurança energética, evidenciando os desafios da transição. (Agência Eixos – 05.10.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Artigo de Jen Downing: “Recursos energéticos distribuídos podem acelerar interconexão de data centers”
Em artigo publicado no Utility Dive, Jen Downing (ex-presidente do do Programa de Reinvestimento em Infraestrutura Energética do Departamento de Energia dos EUA) aponta que o crescimento acelerado dos data centers impulsionado pela IA enfrenta um obstáculo crítico: as limitações da rede elétrica, que podem atrasar até 20% dos projetos planejados, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A autora destaca que, diante disso, o uso de recursos energéticos distribuídos (REDs ou DERs, em inglês) figura como uma solução emergente para aliviar gargalos locais e acelerar a conexão dessas cargas. Ao identificar pontos de congestão, como subestações sobrecarregadas, REDs – como baterias, geradores, cargas flexíveis e VPPs – podem ser estrategicamente despachados para liberar capacidade. Empresas como Tesla, Voltus e EnergyHub já operam nesse mercado. Essa abordagem pode trazer benefícios econômicos, ambientais e operacionais: permite interconexão mais rápida, gera receitas para consumidores que participam do alívio da rede e evita investimentos onerosos em infraestrutura. No entanto, limitações regulatórias e de mercado ainda dificultam a remuneração completa dos DERs. O texto conclui que, para que esse modelo prospere, é necessário reformular incentivos, envolver empresas de energia distribuída e reguladores, e garantir a confiabilidade das soluções. Pondera-seA proposta “DERs-for-DCs” pode acelerar o crescimento de data centers, reduzir custos para os consumidores e fortalecer a resiliência da rede elétrica. (Utility Dive – 06.10.2025)
Artigo de Sydney Ipiranga: "Geração distribuída é uma realidade sem volta"
Em artigo publicado pela Agência Eixos, Sydney Ipiranga (diretor técnico da Associação Brasileira de Geração Distribuida [ABGD]) trata da crítica à percepção de que a geração distribuída (GD) seria uma “salvação” ilusória para o setor elétrico brasileiro, argumentando que essa visão desconsidera dados concretos, benefícios operacionais e avanços regulatórios relevantes. O autor rebate acusações de que a GD se sustenta em subsídios injustos e estatísticas frágeis, mostrando que o modelo, amparado pela Lei 14.300/22, oferece segurança jurídica, reduz perdas técnicas, desafoga a rede em horários de pico e posterga investimentos estruturais. Ipiranga destaca que a GD não é panaceia, mas parte de uma matriz energética moderna e diversificada, com participação ativa do consumidor e potencial de geração de empregos. Exemplo da Austrália é citado para ilustrar como o incentivo à geração e ao armazenamento residencial pode fortalecer a transição energética. Ao final, o autor critica a resistência das distribuidoras em se adaptar, considerando-as o verdadeiro entrave à modernização do setor elétrico brasileiro. (GESEL-IE-UFRJ – 07.10.2025)
CEEE Equatorial: Teste de robôs com IA visando melhoria do serviço
O Grupo Equatorial está testando o uso de drones com câmeras termográficas e robôs com Inteligência Artificial (IA) para inspeção de subestações da CEEE Equatorial, em Porto Alegre, com o objetivo de tornar a manutenção elétrica mais precisa, ágil e segura. Os testes, realizados nas subestações Porto Alegre 14 e na Linha de Transmissão Guaíba, utilizaram drones autônomos e um robô quadrúpede capazes de identificar falhas, corrosão e pontos de aquecimento em estruturas, com transmissão das imagens para uma plataforma digital de análise técnica. A iniciativa integra o Projeto Sinapse, desenvolvido pelo EQT LAB, hub de inovação do grupo, em parceria com a startup PixForce, especializada em visão computacional e IA. O projeto busca avaliar o potencial dessas tecnologias para aprimorar a manutenção preditiva e reduzir riscos de interrupções no sistema elétrico. Ainda em fase de testes, a proposta poderá ser expandida para operação em larga escala, com treinamento das equipes operacionais, dentro do programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) da ANEEL, que incentiva soluções tecnológicas para o setor elétrico. (Gaúcha Zero Hora - 05.10.2025)
Editorial Nexans: “Supercondutores sob as ondas: impulsionando a transição energética”
Em editorial, o Nexans destaca o papel de redes submarinas enquanto vetor para a transição energética. Com a crescente demanda por eletricidade impulsionada por veículos elétricos, bombas de calor e serviços digitais, além da expansão recorde de fontes renováveis em locais remotos, os sistemas de transmissão enfrentam grandes desafios. ara transportar volumes muito maiores de energia limpa a distâncias maiores e com menos perdas, os cabos supercondutores submarinos surgem como solução promissora. Esses cabos podem transmitir gigawatts com eficiência, reduzindo o tamanho de plataformas offshore e simplificando a infraestrutura da rede. Isso é crucial especialmente para a integração da energia eólica offshore, que cresce rapidamente na Europa, Ásia e EUA, mas enfrenta gargalos logísticos e altos custos com plataformas conversoras de corrente. Ao contrário das tecnologias convencionais de transmissão em corrente alternada (HVAC) ou corrente contínua (HVDC), os supercondutores eliminam perdas elétricas, permitindo a transmissão em média tensão e com alta densidade de potência. O texto conclui que, com o suporte de tecnologias já maduras como sistemas criogênicos, cabos supercondutores de alta temperatura (HTS) e refrigeração via gás natural liquefeito (GNL), essa inovação viabiliza redes mais eficientes, sustentáveis e resilientes. A adoção em larga escala pode acelerar a transição energética, reduzir a pegada ambiental da infraestrutura e conectar fontes renováveis distantes aos centros de consumo de forma mais ágil e eficaz. (Nexans – 07.10.2025)
Engie: Lançamento do primeiro transformador óptico da América Latina
A Engie Brasil Energia lançou um Transformador Eletrônico de Corrente Óptico (TECO), primeiro do tipo na América Latina, desenvolvido em parceria com as empresas Poweropticks e AQTech. Fruto de um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o TECO recebeu investimentos superiores a R$ 15 milhões e se destaca por ser mais seguro, preciso e sustentável que os transformadores convencionais. Em operação desde 2017, o equipamento mede com alta eficiência a energia transmitida e fornece dados totalmente digitais, contribuindo para a digitalização das subestações elétricas. Capaz de operar em linhas de até 550 kV, o TECO já passou por testes de campo e está em fase de produção do primeiro lote comercial, com conclusão oficial prevista para fevereiro de 2027. Segundo a Engie, o projeto consolida a empresa como referência em inovação tecnológica e sustentabilidade no setor elétrico. (Agência CanalEnergia - 08.10.2025)
GESEL-UFRJ estabelece parceria estratégica para aprimorar estudos energéticos
O Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL-UFRJ) firmou uma parceria estratégica com a Energy Exemplar, desenvolvedora do PLEXOS®, software líder mundial em modelagem, simulação e otimização de sistemas energéticos. O GESEL-UFRJ utiliza o PLEXOS® há cerca de cinco anos em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no âmbito da ANEEL, aplicando-o em estudos sobre planejamento, operação e integração de fontes de energia no Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Entre as principais aplicações do software estão o planejamento de longo prazo, a operação de curto prazo, a integração de fontes renováveis, o apoio à precificação e a análise da transição energética. O GESEL-UFRJ reconhece a relevância, competência e fundamentação do uso do PLEXOS® no âmbito do SEB, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de análises avançadas tanto pelo marco institucional quanto pelos stakeholders do setor. (GESEL-IE-UFRJ – 07.10.2025)
Impactos Socioeconômicos
Editorial The Diplomat: “Tibete está pagando o custo da transição energética verde da China”
Em editorial, o The Diplomat destaca como avanço da China na transição energética verde tem gerado sérias preocupações socioambientais no Tibete. Embora o país lidere globalmente a instalação de energias renováveis e a produção de minerais críticos como lítio e cobre, esses progressos têm sido obtidos à custa da exploração intensiva de recursos naturais em uma das regiões ecologicamente mais sensíveis do mundo. Projetos de mineração e megabarragens estão sendo acelerados no Tibete, com destaque para a construção da maior usina hidrelétrica do planeta no rio Yarlung Tsangpo. Essa corrida por minerais essenciais para baterias e veículos elétricos transformou o Tibete em uma peça-chave da cadeia de suprimentos da transição energética chinesa. Empresas como Tesla e BYD já dependem do lítio extraído da região. Entretanto, os impactos são profundos: danos ambientais, falta de consulta às comunidades locais e repressão a vozes críticas. Casos como o de Tsongon Tsering, preso por denunciar destruição ambiental, exemplificam a violação dos direitos humanos que acompanha esse processo. Além disso, as atividades ocorrem em áreas de alta biodiversidade e vulneráveis a terremotos, agravando os riscos ambientais. Enquanto a China se posiciona como líder da energia limpa, o Tibete paga o preço em forma de degradação ecológica e silenciamento de seu povo. Por fim, a comunidade internacional é chamada a reconhecer que uma verdadeira transição energética não pode ignorar justiça ambiental nem os direitos das populações locais. (The Diplomat – 08.10.2025)
IEA: Gargalos na rede limitam expansão de renováveis e desafiam metas da COP28
Em 2025, está prevista a instalação global de 750 GW de nova capacidade renovável, mas cerca de 1700 GW permanecem “na fila” aguardando conexão à rede, segundo Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Esse gargalo na integração da rede é apontado como uma das maiores barreiras para triplicar a capacidade renovável até 2030, meta definida na COP28 em Dubai. O relatório anual da AIE revela que, nas condições atuais, a expansão será de 2,6 vezes em relação a 2022, abaixo do objetivo de três vezes, devido à insuficiência de investimentos em infraestrutura de rede — metade do valor investido em geração é destinado a redes. A rápida ascensão das renováveis variáveis gera pressões crescentes nos sistemas elétricos, com episódios de redução e preços negativos, sinalizando a urgência de investimentos em transmissão, armazenamento e geração flexível. A integração eficiente depende das condições locais, políticas e infraestrutura de cada país, com a energia solar fotovoltaica prevista para responder por cerca de 80% do aumento da capacidade renovável global até 2030, acompanhada por vento, hidrelétrica, bioenergia e geotérmica. Birol destaca ainda a importância de atenção à segurança da cadeia de suprimentos e a crescente relevância da energia hidrelétrica por bombeamento para enfrentar os desafios de integração.(Smart Energy – 07.10.2025)
EUA: Volatilidade e riscos aumentam nos mercados de energia com a transição elétrica
No verão de 2025, os mercados norte-americanos de eletricidade PJM e MISO evidenciaram desequilíbrios críticos entre oferta e demanda, refletindo desafios estruturais na gestão do sistema energético. O leilão de capacidade da PJM para 2026/2027 atingiu o limite máximo de preço, em US$ 329,17/MW-dia, pela primeira vez, devido ao crescimento da carga, especialmente impulsionada por data centers, que ultrapassou a expansão da geração disponível, resultando em capacidade de reserva limitada. Reformas recentes introduziram limites de preço, oferta obrigatória ampliada e inclusão de unidades de confiabilidade, respondendo a preocupações regulatórias e de custos. Paralelamente, a MISO registrou fluxos inter-regionais de energia Sul-Norte recordes, com spreads de preço médios superiores a US$ 15, provocados por alta demanda e interrupções na geração clássica, agravadas por limitações na manutenção e infraestrutura de transmissão restrita a 3 GW. Ambos os mercados enfrentam desafios comuns relacionados ao crescimento acelerado da demanda, transições na geração e restrições de infraestrutura, que aumentam a volatilidade de preços e riscos de confiabilidade. A adaptação futura dependerá da maior dependência de recursos flexíveis e da coordenação inter-regional para equilibrar a segurança do sistema diante das demandas energéticas em rápida evolução. (Wood Mackenzie – 07.10.2025)
Índia: Governo ordena cancelamento de licitações solares
O Ministério de Energia Nova e Renovável da Índia orientou agências de energia limpa a cancelar e reemitir licitações de projetos solares que foram lançadas apressadamente para contornar a exigência regulatória de uso obrigatório de módulos e células solares fabricados localmente em projetos apoiados pelo governo, conforme política vigente desde 1º de junho. Algumas agências deram apenas sete dias para apresentação das propostas, o que pode ter sido uma tentativa de burlar a regra. O ministério concedeu 15 dias para que as agências relatem as ações corretivas adotadas. A Índia visa alcançar autossuficiência na produção de células solares até março de 2027. Recentemente, o país lançou a Política Nacional de Energia Geotérmica para diversificar seu mix renovável e reduzir o imposto sobre dispositivos de energia renovável de 12% para 5%, reforçando seu compromisso com a neutralidade de carbono até 2070. (Energy Monitor – 06.10.2025)
Indónesia: Roteiro para transição energética deve considerar distribuição desigual dos ganhos com renováveis
Com metas ambiciosas de alcançar 61% de energia renovável entre 2025 e 2034 e 100% até 2035, a transição energética da Indonésia exige uma avaliação rigorosa dos custos e benefícios para garantir que seja justa e sustentável. O desafio está em lidar com os impactos socioeconômicos do fechamento de usinas a carvão e a distribuição desigual dos ganhos com tecnologias de baixo carbono. Estima-se que entre 2,1 e 3,7 milhões de empregos diretos possam ser gerados no setor de renováveis até 2030. Tecnologias como solar, eólica e geotérmica permitem flexibilidade e descentralização, favorecendo áreas remotas e reduzindo custos de longo prazo. No entanto, sem gestão adequada, os benefícios podem excluir grupos marginalizados e acentuar desigualdades. Segundo o plano de investimento do Just Energy Transition Partnership (JETP), cerca de US$ 97 bilhões serão necessários até 2030. O relatório propõe um modelo baseado nos princípios de justiça (reconhecimento, distributiva, restaurativa e processual), que inclui ações preventivas (como requalificação profissional e refinanciamento de dívidas) e transformadoras (como geração de empregos verdes e cooperativas de energia). (Climate Policy Initiative – 08.10.2025)
Eventos
Cúpula do Clima da África: Minerais críticos do continente devem impulsionar a transição energética global
Na Cúpula do Clima da África 2025, líderes defenderam que o continente aproveite seus vastos recursos minerais, como lítio, cobalto e manganês, para impulsionar sua industrialização e não apenas exportar matérias-primas. Embora a África detenha mais de 30% dos minerais críticos para tecnologias limpas, isso ainda não se traduziu em desenvolvimento local. Autoridades como Claver Gatete, da ONU, enfatizaram a importância de investir em processamento local, cadeias de valor regionais e cooperação entre países africanos. Iniciativas como a parceria ECA–Afreximbank, que prevê zonas econômicas especiais no Congo e Zâmbia para produção de baterias, foram citadas como exemplos concretos. Também foi proposta a criação da Aliança Africana de Minerais Críticos para fortalecer a posição do continente em negociações globais. A Cúpula destacou ainda a necessidade de ampliar o financiamento climático internacional, promover a participação do setor privado e garantir que o desenvolvimento ocorra com equidade e sustentabilidade. A Declaração de Adis Abeba, por fim, selou o compromisso dos países com um modelo que transforme o potencial africano em prosperidade inclusiva. (Nações Unidas – 07.10.2025)
COP30: Lula defende que países ricos devem financiar a transição energética
Durante visita a Belém em preparação para a COP30, o presidente Lula afirmou que cobrará dos países ricos o financiamento da transição energética dos países em desenvolvimento. Lula destacou que essas nações são historicamente as maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa e, portanto, têm uma “dívida climática” com o restante do mundo. Ele lembrou a promessa feita na COP de Copenhague, em 2009, de destinar US$ 100 bilhões anuais para esse fim, compromisso que, segundo ele, nunca foi cumprido. O presidente também defendeu uma reforma na governança climática global, com fortalecimento da ONU, para garantir o cumprimento de acordos ambientais. Reforçou ainda a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis e utilizar os recursos do petróleo para financiar uma transição energética justa e sustentável. Por fim, garantiu que Belém estará preparada para receber os participantes da COP30, com hospedagens, hotéis em construção e navios contratados, afirmando que pretende dormir em um barco durante o evento. (Agência Brasil – 03.10.2025)