Transição Energética 96
Impactos Socioeconômicos
IRENA: Transição energética exige qualificação para acompanhar crescimento das renováveis
O avanço das energias renováveis, cuja força de trabalho já alcança 16,2 milhões de pessoas, só será sustentável se vier acompanhado de qualificação ampla e inclusiva. Segundo a IRENA, a transição rumo ao limite de 1,5°C pode criar 30 milhões de empregos até 2030, mas isso requer preparar jovens, mulheres e grupos sub-representados para atuar em setores em rápida transformação. Com tecnologias que evoluem rapidamente — incluindo IA, digitalização e automação —, educação e formação precisam acompanhar o ritmo para evitar exclusão e garantir que países em desenvolvimento não fiquem para trás. A mobilidade internacional de trabalhadores demanda normas profissionais harmonizadas e validação de competências formais e informais. Por isso, a IRENA lançou um Apelo à Ação para ampliar parcerias, integrar habilidades energéticas a políticas públicas, fortalecer padrões e qualificar profissionais atuais e futuros. A iniciativa visa construir uma força de trabalho capaz de liderar a transição energética global, garantindo inclusão, competitividade e capacidade técnica para sustentar o crescimento acelerado das renováveis. (IRENA – 13.11.2025)
Artigo de Edvaldo Santana: "Pagaremos por energia que não foi gerada"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Edvaldo Santana (ex-diretor da Aneel) trata de como a Medida Provisória 1304, que prometia modernizar o setor elétrico e reduzir tarifas, acabou se tornando, em sua visão, um exemplo de “destruição” e não de destruição criativa schumpeteriana, ao ser moldada pelo lobby e por mais de mil emendas no Congresso. Ele argumenta que, num sistema já pressionado pela crescente participação de renováveis intermitentes e da geração distribuída, que exigem mais flexibilidade e não mais energia, a MP agrava a inflexibilidade ao priorizar usinas a carvão e biomassa que não conseguem responder rapidamente às necessidades do Operador Nacional do Sistema. Critica ainda a criação de mecanismos para ressarcir, via encargos, usinas por energia não gerada (curtailment), fazendo o consumidor pagar por um serviço que não recebeu, enquanto subsídios à geração distribuída seguem elevados e socialmente regressivos. Para Santana, o país perdeu a oportunidade de ajustar o setor a um novo patamar tecnológico com reformas regulatórias e tarifárias robustas, e a MP deveria ser questionada por OAB e Ministério Público por desviar-se do interesse público. (GESEL-IE-UFRJ – 12.11.2025)
IRENA: América do Sul precisa de US$ 500 bilhões por ano até 2050 para descarbonização
A América do Sul precisa aumentar os investimentos para atingir suas metas de transição energética. A Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena) aponta que o montante destinado a projetos e gastos com bens para aplicações de uso final precisa alcançar média de US$ 500 bilhões por ano até 2050. Atualmente, a região atraiu apenas US$ 58 bilhões em 2024, o que representa apenas 2,5% do total global de US$ 2,4 trilhões. Os dados constam de um relatório regional à Irena. Nesse documento, a entidade destaca vasta oportunidade para o crescimento econômico, inovação e segurança energética em toda a região. Nesse sentido, acelerar a transição traria benefícios econômicos e sociais líquidos que superariam substancialmente os custos iniciais, elevando o crescimento do PIB em 1,1% por ano até 2050. Por fim, o documento recomenda investimentos em subsetores como armazenamento e traz sete ações regionais com foco em energia com oportunidades de crescimento. (Agência CanalEnergia - 11.11.2025)
Nature Sustainability: Estudo questiona petróleo no financiamento de transição energética
O estudo “Oil and gas industry’s marginal share of global renewable energy” publicado na Nature Sustainability questiona a narrativa de que a exploração de petróleo poderia financiar a transição energética, ao revelar o baixo comprometimento das petroleiras com fontes renováveis. Entre 250 empresas analisadas, apenas 49 apresentaram projetos em energia limpa, e a participação total dessas iniciativas representa somente 1,42% da capacidade renovável global. Além disso, o estudo aponta que as companhias não têm desenvolvido novos empreendimentos de geração renovável, preferindo comprar projetos já existentes, o que limita a expansão. A pesquisa destaca também que, nas últimas duas décadas, o setor petrolífero não demonstrou compromisso real com a diversificação energética, apesar do discurso pró-transição. No Brasil, discute-se a criação de um fundo verde financiado por royalties do petróleo, mas ainda sem medidas concretas, mantendo em aberto como o país viabilizará o financiamento necessário para avançar na transição energética. (CNN Brasil – 12.11.2025)
Eventos
COP 30: Parlamentares da América Latina e Caribe lançam manifesto em prol do combate da crise climática
A rede latino-americana e caribenha de líderes legislativos lançou uma Declaração Conjunta para a COP 30 cobrando mais ambição e compromisso global diante da crise climática. Entregue pela senadora Leila Barros à secretaria-executiva da conferência, o documento reforça que não há transição justa sem o Poder Legislativo, responsável por transformar promessas em leis, orçamento e mecanismos de controle. O texto, chamado de “Chamado Global por um Futuro Climático Mais Justo”, destaca seis eixos prioritários, defendendo que compromissos multilaterais, como o Acordo de Paris, Escazú e Agenda 2030, sejam plenamente incorporados às legislações nacionais e acompanhados de fiscalização efetiva. A declaração enfatiza proteção a defensoras ambientais, transparência e participação social, além da vulnerabilidade da região, onde impactos como escassez hídrica, perda de biodiversidade e deslocamentos recaem de forma desigual sobre povos indígenas, comunidades tradicionais, mulheres e populações periféricas. Reafirma princípios como não regressão, justiça climática e financiamento adequado pelos países desenvolvidos, rejeitando modelos que mantenham a região apenas como exportadora de “commodities verdes”. O documento lista prioridades como transição energética renovável, mineração sustentável, redução de metano, proteção de biomas e oceanos, água como direito humano, agricultura de baixo carbono, gestão de riscos, mobilidade sustentável e apoio a povos insulares. Os parlamentares comprometem-se ainda a integrar a agenda climática aos orçamentos, fortalecer o controle legislativo e garantir participação social. (Agência Senado – 14.11.2025)
COP30: Protecionismo verde fica fora da pauta e China aproveita vazio dos EUA na transição energética
Na COP30, o debate sobre “protecionismo verde” — tema sensível para países do Sul Global — ficou fora da agenda oficial, apesar das críticas a medidas da União Europeia, como o ajuste de carbono na fronteira e o regulamento de produtos livres de desmatamento, vistos como barreiras comerciais disfarçadas. Setores agropecuário e industrial temem que essas regras prejudiquem produtores e ignorem vantagens ambientais de países como o Brasil, enquanto a pressão por padrões sustentáveis promete tornar o comércio internacional um dos temas mais delicados da conferência. Paralelamente, uma reportagem do The New York Times destaca o afastamento de países emergentes da influência de EUA e Europa na transição energética, movimento impulsionado pelo avanço tecnológico e industrial da China. Após saturar seu próprio mercado, o país ampliou exportações de painéis solares, turbinas e baterias, ocupando espaço estratégico em regiões com alta demanda energética. A ausência do governo americano na COP30 reforçou essa percepção. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou o desinteresse do presidente Donald Trump por tecnologias limpas e alertou que os EUA precisam reagir para não perder competitividade diante do protagonismo chinês, elogiando inclusive a capacidade industrial e a escala de produção do país asiático. (CNN Brasil – 12.11.2025)
COP30: BNDES assina acordos de R$ 8,8 bilhões para Fundo Clima
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou dois acordos durante o terceiro dia da COP 30. Somados, totalizam R$ 8,8 bilhões em recursos destinados ao Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima). O banco de fomento brasileiro assinou os documentos com instituições multilaterais internacionais. O primeiro foi o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) O segundo com três órgãos europeus, o KfW, da Alemanha, Grupo AFD, da França, e Cassa Depositi e Prestiti (CDP), da Itália. Em nota, o BNDES afirmou que esses acordos representam um marco na cooperação internacional para o enfrentamento da crise climática. Envolvem instituições financeiras do Brasil, Estados Unidos, Europa e organismos multilaterais. Além disso, aponta que o montante captado fortalecerá a capacidade do país de financiar projetos voltados ao desenvolvimento sustentável e à transição ecológica. (Agência CanalEnergia - 13.11.2025)
Dinâmica Internacional
China: Plano de expansão do uso de renováveis para além do setor elétrico até 2030
A China planeja expandir o uso de energia renovável para além do setor elétrico entre 2026 e 2030, buscando aproveitar melhor sua crescente produção de solar e eólica, segundo documento da Administração Nacional de Energia (NEA, na sigla em inglês). O país pretende incentivar a produção de hidrogênio verde (H2V), amônia verde, metanol verde e combustível sustentável de aviação (SAF), especialmente com apoio das províncias e empresas de energia no desenvolvimento de bases industriais locais. Também será promovido o uso de renováveis para aquecimento em parques industriais, que respondem por cerca de 60% do consumo elétrico nacional. A NEA propôs ainda a exploração da produção de hidrogênio com energia eólica offshore. A medida responde ao desafio crescente do curtailment — quando a geração supera a capacidade da rede elétrica —, que deve se intensificar nos próximos anos. Segundo a consultoria Wood Mackenzie, 21 províncias chinesas podem enfrentar taxas médias de curtailment acima de 5% na próxima década, exigindo novas formas de escoamento da energia limpa produzida. (Reuters – 12.11.2025)
Dinamarca: Ørsted conclui transformação verde com 98% de redução de emissões
A Ørsted se aproxima de se tornar a primeira empresa de energia do mundo a completar uma transição totalmente verde, reduzindo em 98% as emissões de escopo 1 e 2 desde 2006 e alcançando 99% de geração a partir de fontes renováveis. A conquista, anunciada durante a COP30 no Brasil, marca o cumprimento de sua meta científica de descarbonização para 2025. A transformação incluiu a expansão de 18,5 GW de renováveis, a migração de termelétricas de carvão para biomassa certificada, o desinvestimento em petróleo e gás, a eletrificação da frota e o uso de certificados de energia limpa. Agora, a companhia foca na descarbonização da cadeia de valor para atingir neutralidade total em 2040, atuando em emissões de insumos como aço, cobre e combustíveis marítimos. O avanço ocorre em um momento de pressão global por metas climáticas mais ambiciosas e acompanha investimentos, como o recente pacote de US$ 3 bilhões para o complexo eólico Greater Changhua 2, em Taiwan.(Energy Monitor – 13.11.2025)
Ember: China lidera transição energética na solar, eólica e eletromobilidade
A China consolidou posição de liderança global na transição energética, impulsionada pelo forte crescimento da geração solar e eólica. Segundo o relatório “Global Electricity Mid-Year Insights 2025” da Ember, o país produziu 2.073 TWh dessas fontes no período de 12 meses até junho deste ano, superando a geração hidrelétrica, nuclear e bioenergia. Entre 2021 e 2024, a capacidade instalada das fontes mais que dobrou, atingindo 1.408 GW, enquanto sua participação na matriz elétrica dobrou desde 2020. Em 2024, o país foi responsável por 31% dos investimentos globais em energia limpa, com destaque para o avanço de sistemas de armazenamento em baterias, que alcançaram 37 GW/91 GWh comissionados naquele ano. A China também expandiu rapidamente sua presença no mercado de veículos elétricos, que passaram de 7% das exportações automotivas em 2020 para 41% em 2025, com forte penetração em mercados emergentes, incluindo o Brasil. Até 2025, o país supriu totalmente seu crescimento de demanda elétrica com renováveis, reduzindo emissões e o uso de carvão, em contraste com os EUA, que tiveram de recorrer novamente ao carvão para o atendimento da carga. Ainda, em fóruns internacionais, a China reafirmou seu compromisso climático, indicando continuidade política e financeira para acelerar a transição energética global. (Canal Solar – 11.11.2025)
IEA: Relatório aponta a chegada da “era da eletricidade”
O novo World Energy Outlook da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) indica que a eletricidade passa a assumir posição central na matriz energética global, impulsionada pelo crescimento acelerado da demanda, sobretudo devido à expansão de data centers e aplicações de inteligência artificial. O relatório destaca que a segurança energética global enfrenta riscos inéditos, exigindo maior diversificação, cooperação internacional e aceleração de investimentos em redes, armazenamento e flexibilidade do sistema. Embora a energia nuclear retome espaço após duas décadas, o documento mostra que o mundo ainda está longe das metas de acesso universal à energia: 730 milhões de pessoas seguem sem eletricidade e cerca de 2 bilhões ainda dependem de combustíveis poluentes para cozinhar. Nos cenários projetados até 2050, cresce a demanda global por serviços energéticos, com destaque para mobilidade, climatização e infraestrutura digital, principalmente em economias emergentes como Índia, Sudeste Asiático e países da América Latina, que passam a influenciar mais fortemente os mercados, enquanto a China perde protagonismo relativo. A AIE também alerta para vulnerabilidades nas cadeias de minerais críticos, cuja produção e refino estão concentrados majoritariamente em um único país, afetando setores estratégicos como baterias, veículos elétricos e chips de IA. Em todos os cenários, todavia, as temperaturas globais ultrapassam 1,5°C, mas a agência sustenta que ainda há possibilidade de evitar impactos climáticos extremos se o mundo acelerar a trajetória para emissões líquidas zero até meados do século. (Agência CanalEnergia - 12.11.2025)
IRENA: Metas de renováveis nas NDCs ainda estão longe do necessário para cumprir o Consenso dos Emirados Árabes Unidos
O Consenso dos Emirados Árabes Unidos comprometeu 133 países a triplicar a capacidade renovável global e dobrar a eficiência energética até 2030, mas as metas atuais das NDCs ainda são insuficientes. Embora 185 Partes já incluam renováveis em suas NDCs — 153 com metas quantificáveis — o total projetado chega a apenas 6,9 TW para 2030, quando seriam necessários 11,2 TW, exigindo um aumento coletivo superior a 60%. Até novembro de 2024, apenas 72 países haviam enviado suas NDCs 3.0, representando dois terços das emissões globais e comprometendo quase 2 TW adicionais, impulsionados sobretudo por China e União Europeia. Nos países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares, mais da metade das metas depende de financiamento internacional: LDCs precisam de US$ 61 bilhões e SIDS, de apoio para viabilizar 4,1 GW. A África Subsaariana, com 600 milhões de pessoas sem eletricidade, concentra o maior risco de exclusão. O cenário reforça a urgência de ampliar o financiamento climático, especialmente concessional, e de cumprir os compromissos pactuados, como a triplicação do apoio dos países desenvolvidos até 2035 e o novo “Roteiro de Baku a Belém”, que busca mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais para os países em desenvolvimento. (IRENA – 12.11.2025)
OCDE: Monitor da Ação Climática 2025 aponta riscos climáticos intensificados
O relatório Monitor da Ação Climática 2025, da OCDE, alerta que os riscos climáticos estão se intensificando rapidamente, com ondas de calor recordes, inundações, secas e incêndios em 2025, e danos globais de US$ 328 bilhões e 16 mil mortes em 2024. O documento destaca que os ecossistemas se aproximam de pontos de inflexão e que a adaptação e mitigação urgentes são essenciais. É pontuado ainda que apenas 17,7% das emissões de carbono estão cobertas por leis de neutralidade de carbono juridicamente vinculantes, e a OCDE vê a próxima rodada de metas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas de 2035 (NDCs 3.0), como uma chance crítica de elevar a ambição. Além disso, é enfatizado que a ação climática global perdeu força, crescendo apenas 1% em 2024, mantendo a desaceleração desde 2021. Embora haja avanços em transporte limpo e metas de neutralidade, a precificação de carbono ainda cobre menos da metade das emissões globais. O relatório aponta progresso limitado na substituição de combustíveis fósseis por energias limpas e alerta que as emissões do transporte seguem elevadas.A OCDE conclui que a resposta global é insuficiente, exigindo políticas mais rigorosas, execução mais rápida e marcos legais obrigatórios. Para conter as perdas econômicas e sociais crescentes, defende apoio adicional aos países em desenvolvimento e o desacoplamento das emissões do crescimento econômico, condição essencial para uma transição justa e eficaz rumo à neutralidade climática. (Agência CanalEnergia - 10.11.2025)
Reino Unido: Nova rodada de CfDs busca estabilizar mercado eólico offshore
A 7ª Rodada de Alocação de Contratos por Diferença (AR7) do Reino Unido introduz recalibrações estratégicas que podem trazer estabilidade ao setor eólico offshore após os problemas das rodadas anteriores. Com orçamento 41% menor, o leilão aposta em eficiência: contratos foram estendidos para 20 anos, permitindo preços de exercício mais baixos e maior segurança de receita aos desenvolvedores. A competição será intensa — 26,5 GW disputam apenas 4 a 6 projetos — e os vencedores dependerão de estratégias de portfólio, compromissos com a cadeia de suprimentos e custos associados às licenças de arrendamento. Projetos da 4ª Rodada, pressionados por altas taxas de opção, tendem a ofertar agressivamente; já projetos da 3ª Rodada enfrentam riscos contratuais e de cronograma. A análise aponta que a combinação de competição elevada, extensão contratual e mecanismos inteligentes como a “recarga condicional” pode gerar um cenário “ganha-ganha-ganha”: desenvolvedores ganham previsibilidade, a cadeia de suprimentos obtém planejamento estável, e o país reforça sua transição energética. Se bem-sucedida, a AR7 poderá servir como modelo global de leilões mais eficientes e resilientes frente às pressões de custo e incertezas políticas. (Wood Mackenzie – 12.11.2025)
Tunísia: Banco Mundial aprova US$ 430 milhões para modernizar setor elétrico e ampliar renováveis
O Banco Mundial aprovou um programa de US$ 430 milhões — incluindo US$ 30 milhões em financiamento concessional — para modernizar o setor de energia da Tunísia por meio do TEREG, iniciativa de cinco anos que busca tornar o fornecimento elétrico mais sustentável, confiável e acessível. O programa apoiará reformas para acelerar a expansão de energia solar e eólica, fortalecer o desempenho operacional e financeiro da estatal STEG e melhorar a governança do setor. Alinhado à estratégia nacional de transição energética, o TEREG pretende mobilizar US$ 2,8 bilhões em investimentos privados para adicionar 2,8 GW de renováveis até 2028, reduzir em 23% os custos de fornecimento e elevar a recuperação de custos da STEG de 60% para 80%, diminuindo subsídios públicos. A iniciativa deve gerar mais de 30 mil empregos, principalmente na construção de projetos renováveis, e complementa esforços como o projeto ELMED e programas de apoio da IFC e MIGA. O Banco Mundial destaca que a modernização do sistema elétrico reforçará a segurança energética e a competitividade do país, além de contribuir para metas climáticas alinhadas ao Acordo de Paris.(Energy Monitor – 12.11.2025)
Nacional
Artigo de Reynaldo Passanezi Filho: "Matriz elétrica limpa ao alcance do Brasil"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Reynaldo Passanezi Filh (presidente da Cemig) trata do paradoxo do setor elétrico brasileiro, que apesar da rápida expansão de fontes renováveis, enfrenta crescente curtailment, vertimento e maior despacho termelétrico, elevando custos e comprometendo a transição energética. Ele argumenta que o país deve mirar não apenas uma matriz renovável, mas integralmente limpa, evitando a permanência das térmicas até 2050 prevista no planejamento atual e aproveitando vantagens naturais que tornam o Brasil o país que menos precisaria investir para alcançar essa meta. Para isso, defende políticas que valorizem atributos das hidrelétricas, ampliem armazenamento com baterias, fortaleçam redes, estimulem demanda flexível, aprimorem regras de compensação e planejamento, e desenvolvam tecnologias limpas firmes como nuclear e biocombustíveis. O autor conclui que reduzir o desperdício de energia renovável e consolidar uma matriz totalmente limpa pode diferenciar o Brasil na transição global, atrair investimentos e gerar um “prêmio verde”, desde que haja coordenação regulatória, ambição e união do setor. (GESEL-IE-UFRJ – 13.11.2025)
CNPE: Avaliação de diretrizes para regulamentação da energia offshore
O CNPE deve avaliar em breve as diretrizes para a regulamentação da oferta e contratação de áreas destinadas à geração de energia no mar, após três anos de tentativas de estruturar o marco das eólicas offshore. O governo finaliza um novo decreto, apoiado por consulta pública realizada entre julho e setembro, mas sua edição depende de um grupo de trabalho criado pelo MME em outubro. A convocação de reunião extraordinária ocorre em meio à percepção de investidores de que o país segue atrasando o desenvolvimento do setor, mesmo diante da fuga de capital dos EUA sob políticas anti-eólicas. As eólicas offshore enfrentam resistência dentro do governo devido ao alto custo e ao cenário de crise no setor renovável, agravado pelos cortes compulsórios de geração. O decreto deve definir prismas locacionais, procedimentos de apresentação e validação técnica, regras para a DIP, penalidades e exigências de qualificação, buscando evitar especulação. A discussão ocorre após anos de avanços e recuos, desde o decreto de 2022 até a sanção da lei que criou o marco legal em 2025, cujos vetos ainda aguardam análise no Congresso. (Agência Eixos – 14.11.2025)
COP30: Brasil terá fundo para transição energética financiado por combustíveis fósseis
No 1º dia da COP30, o ministro Alexandre Silveira disse que o Fundo Nacional de Transição Energética será proposto ao CNPE em dezembro e pode servir de referência de governança global, mostrando como destinar receitas de fontes não renováveis (petróleo e minerais críticos) para acelerar a transição; o ministro afirmou que ainda não há modelagem para a parcela da receita do petróleo a ser alocada e que o Brasil pode “liderar pelo exemplo” dada a trajetória de políticas públicas no setor; após controvérsia nos dias anteriores sobre a “existência” do fundo, Silveira reforçou que defende duas alocações: uma vertente para transição energética e outra para inclusão social; a mensagem política mira países que não cumpriram plenamente Acordos de Paris/Copenhague, pedindo mecanismos de governança para metas de descarbonização; a leitura setorial é que um fundo recorrente pode reduzir risco-país de projetos limpos, mas exigirá regras claras de priorização, monitoramento e transparência. (Megawhat – 10.11.2025)
Entrevista com Silvio Costas Filho: “Governo reforça compromisso com descarbonização e transição energética no setor de transportes”
Em entrevista ao Canal Gov, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirma que a COP30 deixará ao Brasil um legado civilizatório e consolidará a transição energética como política de Estado, além de aproximar o mundo da Amazônia. Ele ressalta investimentos estratégicos em modais sustentáveis, como hidrovias, que reduzem mais de 30% das emissões e diminuem custos logísticos, além de impulsionar o transporte de baixo carbono. No setor portuário, o governo lança uma portaria para promover portos sustentáveis, navios descarbonizados e combustíveis alternativos como etanol e metanol, estimulando a substituição gradual do diesel e reduzindo emissões no transporte marítimo. Para viabilizar essa transição, há linhas de crédito prioritárias via BNDES e Fundo da Marinha Mercante voltadas a projetos verdes. O ministro também reforça que a consulta pública sobre embarcações sustentáveis integra uma estratégia de longo prazo — a BR do Mar e a futura BR dos Rios — para estruturar um sistema logístico baseado em descarbonização. Esses investimentos, somados a uma carteira de mais de R$ 30 bilhões em projetos portuários, visam alinhar desenvolvimento econômico, eficiência energética e sustentabilidade, deixando um legado duradouro pós-COP30. (Agência Gov – 11.11.2025)
EPE: Fact Sheet destaca matriz mais limpas, políticas robustas e foco em justiça energética 10 anos após Acordo de Paris
Dez anos após a assinatura do Acordo de Paris, o Brasil apresenta avanços significativos em sua transição energética, com destaque para o fortalecimento de uma matriz cada vez mais limpa e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à segurança e à justiça energética. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicou um Fact Sheet que reúne dados e reflexões sobre os desafios e oportunidades do país no contexto global de descarbonização. A Resolução Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nº 5/2024 orienta a transformação da infraestrutura, da produção e do consumo de energia rumo à neutralidade de emissões com um dos principais pilares para o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo país. Destaca-se que, embora o Brasil se sobressaia internacionalmente pela forte presença de fontes hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa, ainda persiste o desafio da pobreza energética e da ampliação do acesso equitativo à energia, elementos essenciais para uma transição justa. O documento ressalta que o país reúne vantagens naturais e institucionais que o posicionam para liderar iniciativas globais, desde que avance na combinação de inovação tecnológica, integração de políticas e ações voltadas à inclusão social, assegurando que a transição seja não apenas limpa, mas também segura, acessível e sustentável para toda a população. (EPE – 10.11.2025)
Supen: Entrega ações estratégicas voltadas à transição energética no primeiro ano
O Paraná estruturou uma ação estratégica para impulsionar a transição energética ao criar a Superintendência-Geral de Gestão Energética (Supen), responsável por coordenar políticas de longo prazo, inovação e projetos prioritários em energias renováveis. Em seu primeiro ano, a Supen entregou o Plano do Hidrogênio Renovável e o Plano de Biogás e Biometano, que mapeiam potencialidades, direcionam ações para descarbonização e fortalecem a economia circular. Entre os avanços, destacam-se iniciativas em biometano, o desenvolvimento do primeiro posto do combustível no estado e articulações para projetos em aterros sanitários. A Supen também apoia o programa Ilumina Paraná, que pretende levar iluminação LED a 100% dos municípios até 2026. Estruturada em coordenações voltadas a energia elétrica, biocombustíveis, hidrogênio, inovação e mobilidade elétrica, a superintendência promove integração entre setores público e privado, atrai investimentos e contribui para segurança e resiliência energética. Além disso, a administração representa o Paraná em fóruns nacionais e atua em planos estratégicos de segurança, descarbonização e expansão de infraestrutura energética voltada ao desenvolvimento sustentável. (Governo do Paraná – 11.11.2025)
Cebri, BID, EPE e CENERGIA: Caminhos para alcançar a neutralidade de carbono até 2050
O estudo desenvolvido por Cebri, BID, EPE e CENERGIA apresenta três possíveis trajetórias para o Brasil alcançar a neutralidade de carbono até 2050 — Transição Brasil, Alternativa e Global — todas baseadas em eliminar o desmatamento ilegal, transformar o setor energético e adotar tecnologias avançadas. As projeções indicam forte expansão das fontes solar, eólica e de biomassa, enquanto os combustíveis fósseis recuam para menos de 30% da matriz. O roadmap propõe ações de curto, médio e longo prazos, como fortalecimento do setor nuclear, expansão da flexibilidade e armazenamento elétrico, programas de BECCS/CCUS e modernização regulatória. No setor AFOLU, o estudo reforça que combater o desmatamento e restaurar 12 milhões de hectares até 2035 é decisivo para que o país se torne sumidouro líquido de carbono já em 2040. Até 2050, florestas nativas e plantadas devem responder por 83% das remoções necessárias, garantindo a contribuição brasileira para o compromisso global. (Além da Energia– 14.11.2025)
IEA: Agência elogia liderança energética brasileira e apresenta 30 recomendações no relatório Brasil 2025
O novo relatório Brasil 2025, lançado pela IEA na COP30, reconhece a abordagem ampla do país para a política energética e afirma que o Brasil tem posição única para fortalecer seu papel no sistema energético global. A análise destaca metas ambiciosas, como o compromisso de emissões líquidas zero até 2050 e a prioridade dada ao acesso e à justiça social, exemplificada por programas como Luz para Todos. Com 90% da eletricidade já proveniente de fontes de baixa emissão em 2024 e liderança em biocombustíveis, o país é apontado como bem posicionado para ampliar o hidrogênio de baixa emissão e avançar em biocombustíveis de próxima geração. A IEA, porém, reforça que o Brasil precisa aumentar investimentos em infraestrutura e flexibilidade do sistema — incluindo modernização de redes, armazenamento e resposta da demanda — para acompanhar a rápida expansão das renováveis. O relatório, elaborado em parceria com governo, indústria e sociedade civil, servirá de insumo ao PLANTE, enquanto IEA e MME desenvolvem um roteiro para fortalecer dados energéticos e aprofundam a cooperação técnica. (IEA – 13.11.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
ABVE: Rede de recarga para VEs cobre menos de 20% do NE
A infraestrutura de recarga para veículos elétricos no Nordeste permanece concentrada e desigual, com menos de 20% dos municípios da região equipados com pontos de recarga, segundo dados da ABVE. Dos 1.794 municípios, apenas cerca de 350 possuem eletropostos, majoritariamente localizados em capitais e grandes centros urbanos. Entre os estados, Bahia, Ceará e Pernambuco lideram o número de instalações e concentram mais da metade da rede regional, com destaque para a Bahia, que soma 640 unidades, sendo 487 de recarga lenta e 153 rápida. Os demais estados — Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Maranhão, Piauí e Sergipe — apresentam estruturas mais limitadas, mesmo em capitais como Maceió, Aracaju e São Luís. No total, o Nordeste conta com 2.999 eletropostos, dos quais 2.112 são de recarga lenta e apenas 887 de recarga rápida, o que evidencia a baixa disponibilidade de carregadores de alta potência e representa um obstáculo para a expansão da eletromobilidade, especialmente em viagens intermunicipais e de longa distância. (Movimento Econômico - 07.11.2025)
Artigo de Bill Crider: “Como falamos da próxima geração de veículos elétricos importa para regulamentações-chave”
Em artigo publicado no Utility Dive, Bill Crider (presidente da Ford Motor Co.), destaca a importância da definição precisa de termos regulatórios para viabilizar o uso pleno dos veículos elétricos (VEs) de próxima geração, especialmente com a função de carregamento bidirecional, que permite aos veículos não apenas consumir, mas também fornecer energia à rede elétrica ou residências. Segundo o autor, o problema central está na confusão regulatória entre veículos “capazes” e “habilitados” para bidirecionalidade. Muitos VEs virão com hardware compatível, mas sem a função ativada, o que não deveria exigir processos de interconexão completos e onerosos. O texto propõe que reguladores e concessionárias adotem uma distinção clara entre “capacidade” e “ativação”, implementem processos de interconexão escalonados e colaborem com montadoras para educar os consumidores. Tais medidas são vistas como cruciais para garantir a segurança da rede sem dificultar a inovação ou penalizar usuários de VEs. Com isso, o texto conclui que será possível pavimentar uma rota para o futuro onde os VEs contribuem para um ecossistema energético mais resiliente, eficiente e sustentável, beneficiando tanto a rede quanto os consumidores. (Utility Dive – 10.11.2025)
Europa: União Europeia prepara categoria de e-cars para baratear e ampliar acesso aos elétricos urbanos
A UE trabalha na criação de uma nova categoria de veículos elétricos — os e-cars — para conter o aumento dos preços e revitalizar o mercado de entrada. Inspirados nos kei-cars japoneses, eles serão compactos, econômicos, de zero emissões e mais baratos de produzir, situando-se entre quadriciclos pesados e automóveis convencionais. A proposta será apresentada pela Comissão Europeia em 10 de dezembro e busca permitir modelos na faixa dos €15 mil a €20 mil, reduzindo exigências regulatórias que hoje encarecem os elétricos. A iniciativa atende à demanda antiga da indústria e já recebeu apoio de governos, como o da Itália. Fabricantes argumentam que o segmento subcompacto está inviável sob as regras atuais e que a Europa perde terreno para modelos asiáticos de baixo custo. Com regras mais flexíveis, Bruxelas quer estimular competitividade industrial, manter empregos e democratizar a eletrificação urbana, adaptando ao contexto europeu um formato que já domina o mercado japonês. (Inside EVs – 11.11.2025)
LCA Consultores: Mobilidade elétrica exigirá R$ 25 bilhões no Brasil até 2040
O estudo da LCA Consultores, encomendado pelo Instituto MBCBrasil, estima que o avanço da mobilidade elétrica no Brasil demandará R$ 25 bilhões em investimentos até 2040, apenas para a expansão da infraestrutura de recarga. O país já conta com 16,8 mil pontos de recarga. Com uma matriz elétrica 88% renovável e ampla cadeia de biocombustíveis, o relatório defende a necessidade de políticas públicas coordenadas para escalar soluções de forma estruturada e eficiente. A projeção indica que a frota de veículos eletrificados crescerá 44 vezes nos próximos 15 anos, totalizando 17,4 milhões de unidades. A demanda elétrica dos veículos leves deve saltar de 693 GWh em 2025 para 28,7 mil GWh em 2040, avanço de 28,2% ao ano. Entre caminhões e ônibus, o crescimento previsto é de 27,1% anuais. O estudo também destaca o papel dos híbridos flex (bioelétricos), apontados como rota tecnológica eficiente e alinhada às vantagens competitivas nacionais. Entre os principais desafios são apontados: a infraestrutura ainda incipiente, alto custo das baterias (40–50% do veículo), ausência de cadeia de valor nacional, gargalos de conexão elétrica, dependência de minerais estratégicos não beneficiados e a necessidade de desenvolver um mercado de baterias swap. O estudo ainda reforça o papel dos biocombustíveis, cuja demanda deverá crescer impulsionada pelos setores de aviação, transporte marítimo, transporte pesado. (Agência CanalEnergia - 10.11.2025)
BNDES: Captação de R$ 1,73 bilhão para mobilidade urbana
O BNDES anunciou na COP30 duas novas captações com o banco alemão KfW, totalizando R$ 1,73 bilhão (€ 280 milhões), voltadas à mobilidade urbana e à expansão de renováveis. A primeira, de € 130 milhões, contará com apoio não reembolsável do governo alemão e deve financiar projetos de eletrificação de frotas de ônibus, além de viabilizar cooperação técnica para atualizar o Guia TPC, que orienta tecnologias e práticas de transporte público. A segunda, de € 150 milhões, será destinada ao financiamento de projetos de energia solar e eólica. O banco destaca que os acordos reforçam o compromisso do país com uma economia de baixo carbono. As iniciativas celebram também os 60 anos de cooperação entre BNDES e KfW, parceria que desde 1965 já financiou projetos estratégicos em renováveis, mobilidade e meio ambiente. As novas captações se somam às cartas de intenção anunciadas no dia anterior para o Fundo Clima, que somam R$ 8,8 bilhões em aportes negociados com o BID e um consórcio de bancos europeus. (Agência CanalEnergia – 13.11.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Arsesp: Proposta de tarifa Tusd-Verde e novas regras para conectar biometano à rede
A Arsesp abriu consulta pública para definir critérios e procedimentos de interconexão de plantas de biometano aos gasodutos de distribuição e propôs a criação da Tusd-Verde, tarifa específica destinada a remunerar custos e investimentos dessas conexões. As contribuições podem ser enviadas até 1º de dezembro. A minuta determina que distribuidoras realizem chamadas públicas abertas apenas a projetos com capacidade mínima de 20 mil m³/dia, priorizando plantas de média escala para garantir sustentabilidade técnica e econômica. Após a seleção, a concessionária deverá apresentar um plano de negócios para avaliação da agência. A regulamentação cria uma base regulatória própria para ativos de biometano e exige a assinatura do CUSD-Verde, contrato que define condições de acesso e uso da rede. A proposta busca dar clareza ao processo, hoje guiado pelo TUI e criticado por deixar a conexão inteiramente a cargo da negociação entre concessionárias e produtores. (Agência Eixos – 13.11.2025)
Be8 e Badesul: Contrato de financiamento para fábrica de hidrogênio verde no RS
O governo do Rio Grande do Sul assinou, via Badesul, o contrato de financiamento para a construção da fábrica de hidrogênio verde da Be8, selecionada na chamada pública do programa estadual H2V-RS. Com licença prévia já emitida pela Fepam e investimento total de R$ 38,7 milhões, a planta será instalada em Passo Fundo, ao lado da nova fábrica de etanol da empresa, e deve iniciar operação em 2027. O projeto inclui também o primeiro posto de abastecimento de hidrogênio para transporte de cargas no país, buscando testar, em condições reais, desempenho, custos e viabilidade do H₂V como substituto ao diesel — com potencial de evitar quase 400 toneladas de CO₂ por ano. A iniciativa integra a estratégia do estado para desenvolver a cadeia produtiva do hidrogênio, atrair investimentos, estimular inovação e diversificar a matriz energética. Uma equipe multidisciplinar monitorará a operação, gerando dados para estruturar uma futura rede de abastecimento replicável no RS e no Brasil.(Agência CanalEnergia – 13.11.2025)
ABIHV: Pedido de veto à exigência de adicionalidade na MP 1.304/2025
A Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV) encaminhou ofícios ao governo pedindo vetos na MP 1304. Conforme a publicação enviada aos Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia, a entidade é contra a “exigência de adicionalidade” que obriga aos novos projetos de autoprodução, como os de hidrogênio verde e data centers, contratar energia exclusivamente de novos parques geradores. De acordo com a ABIHV, essa medida não condiz com a realidade brasileira, uma vez que o país já possui matriz elétrica 90% renovável e enfrenta excesso de geração. Assim, torna a regra desnecessária e prejudicial. No documento, a associação alerta que a imposição ameaça diretamente a viabilidade de grandes projetos eletrointensivos. Aumentando o custo da energia epodendo afastar investimentos superiores a R$ 110 bilhões previstos até 2029. (Agência CanalEnergia - 06.11.2025)
Brasil: Coprocessamento abre caminho para produção competitiva de SAF
A produção comercial de SAF por coprocessamento deve inaugurar um novo ciclo da transição energética no Brasil. O combustível sustentável, capaz de reduzir emissões do setor aéreo — um dos mais difíceis de descarbonizar — é obtido ao processar matérias-primas renováveis junto aos derivados em refinarias, gerando um produto já adequado às exigências técnicas da aviação. Essa rota, dominada pela Petrobras, permite usar infraestrutura existente, demandando poucos ajustes operacionais e garantindo escala e competitividade, especialmente nos estágios iniciais dos mandatos de SAF. Além de reduzir a pegada de carbono, o modelo favorece uma transição energética justa ao preservar empregos, capacitar a força de trabalho e valorizar matérias-primas nacionais. Com matriz elétrica renovável e forte base agroindustrial, o Brasil reúne condições para liderar globalmente o mercado, beneficiando-se de políticas como o Corsia. O coprocessamento surge, assim, como ponte entre o refino atual e futuras biorrefinarias dedicadas, posicionando o país para acelerar uma aviação mais limpa. (Agência Eixos – 11.11.2025)
Brasil: Decreto do marco do hidrogênio deve ser assinado na próxima semana
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o decreto que regulamenta o marco legal do hidrogênio no Brasil — referente às Leis 14.948 e 14.990 — deve ser assinado na próxima semana. Considerada peça-chave para impulsionar a transição energética e a reindustrialização sustentável, a norma consolida políticas estruturantes desenvolvidas pelo MME. O texto, que já estava pronto desde outubro e aguardava aval da Casa Civil, foi elaborado em conjunto com os ministérios da Fazenda e do MDIC, além de especialistas e representantes do setor. O decreto regulamentará o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), o Programa de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC) — que prevê R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais — e o regime Rehidro, voltado à desoneração do Capex. A regulamentação é vista pelo mercado como decisiva para destravar investimentos industriais em hidrogênio de baixa emissão no país. (Agência Eixos – 13.11.2025)
Brasil: Hidrogênio ganha vitrine na COP30 com embarcações de Fortescue e Itaipu
Na COP30, em Belém, empresas como Fortescue e Itaipu exibiram embarcações movidas a hidrogênio e amônia verde, buscando demonstrar o potencial desses combustíveis para descarbonizar o transporte marítimo diante do impasse regulatório na IMO. A Fortescue apresentou o navio Green Pioneer, primeiro a navegar com amônia verde em águas internacionais, enquanto Itaipu lançou o BotoH2, primeiro barco 100% a hidrogênio verde da América Latina, que será usado em pesquisas e ações socioambientais. Embora a tecnologia avance, o setor ainda carece de offtakers e de marcos regulatórios que estimulem a troca de frota e garantam demanda. No Brasil, o Ministério dos Portos abriu consulta pública para definir critérios ambientais em embarcações do BR do Mar, incluindo o uso de H₂V, amônia, metanol e biocombustíveis. No cenário global, pressões por metas climáticas e custos elevados ainda travam decisões de investimento, enquanto a COP30 reforça a necessidade de alinhamento entre indústria, governos e financiadores para viabilizar uma rota verde ao transporte marítimo. (Agência Eixos – 13.11.2025)
Edge: Contrato para fornecimento de biometano à Unilever
A Edge anunciou a assinatura de um contrato para fornecer biometano à fábrica de sabonetes da Unilever em Valinhos (SP), marcando sua entrada no setor de bens de consumo. O combustível será produzido em uma planta de purificação da empresa, localizada em Paulínia (SP), com capacidade de gerar 225 mil m³ por dia a partir de resíduos de um aterro sanitário. Segundo o CEO da Edge, Demétrio Magalhães, a parceria reforça o compromisso da companhia com soluções sustentáveis e com a reindustrialização do país por meio de alternativas de baixo carbono. A unidade de Valinhos se tornará a quarta fábrica da Unilever no Brasil a operar integralmente com energia renovável, alinhando-se à meta global da empresa de eliminar 100% das emissões absolutas até 2030. Para o diretor da planta, Renato Fontana, o acordo estimula o desenvolvimento do mercado de tecnologias limpas no país. A Edge já fornece biometano a grandes indústrias dos setores cerâmico, petroquímico, vidreiro, de construção, mineração e celulose. (Agência Eixos – 14.11.2025)
Índia: Imprevisibilidade da demanda pode adiar meta de produção de H2V para 2032
A Índia deve atrasar suas metas de produção de hidrogênio verde (H2V), prevendo agora alcançar 3 milhões de toneladas anuais até 2030 e somente atingir o objetivo original de 5 milhões de toneladas em 2032, segundo o governo. O Ministério de Energias Renováveis do país aponta incertezas nas políticas de países europeus sobre metas renováveis e atraso em marcos globais de descarbonização no setor marítimo como causas para a redução da previsibilidade da demanda internacional, impactando projetos voltados à exportação. Apesar disso, o país busca fortalecer o consumo doméstico, especialmente nos setores naval, de metanol e em refinarias, para as quais novos pedidos de fornecimento estão sendo preparados. O Ministério de Energia Renovável também avalia a disponibilidade de conexão para novos projetos e pretende estruturar licitações alinhadas à capacidade real da rede. Paralelamente, o governo tenta resolver antecipadamente a situação de mais de 40 GW em projetos renováveis sem compradores, garantindo sua viabilidade e evitando entraves à expansão do hidrogênio verde como vetor estratégico de descarbonização. (Reuters – 11.11.2025)
Índia: JSW inaugura maior planta de hidrogênio verde do país para descarbonizar aço
A JSW Energy inaugurou sua primeira e maior planta de hidrogênio verde da Índia, instalada ao lado da siderúrgica JSW Steel em Vijayanagar (Karnataka), marcando um avanço estratégico na descarbonização da indústria do aço. Integrado ao esquema governamental SIGHT, o projeto fornecerá 3,8 mil t/ano de hidrogênio verde e 30 mil t/ano de oxigênio verde para a unidade de ferro reduzido direto, com contrato de offtake de sete anos. A infraestrutura faz parte da alocação de 6,8 mil t/ano da empresa no programa nacional e antecede um acordo mais amplo para entrega de até 90 mil t/ano de hidrogênio e 720 mil t/ano de oxigênio até 2030. A iniciativa reforça a meta indiana de alcançar 5 milhões de toneladas anuais de H₂V até 2030 e se alinha à estratégia da JSW Energy de atingir 30 GW de geração e 40 GWh de armazenamento, além da neutralidade de carbono até 2050. Segundo a empresa, o hidrogênio verde será decisivo para descarbonizar setores de difícil mitigação e fortalecer uma “Índia autossuficiente” em energia limpa. (Energy Monitor – 11.11.2025)
MME: Abertura de consulta pública para regulamentação do ProBioQAV e do mercado de SAF
O Ministério de Minas e Energia abriu a consulta pública nº 204, válida até 28 de dezembro, para discutir o decreto que regulamentará o ProBioQAV, programa destinado a estruturar o mercado nacional de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), conforme diretrizes da Lei do Combustível do Futuro (14.993/2024). A proposta, apresentada após um ano de trabalhos nos comitês do CNPE e da iniciativa Conexão SAF, coordenada pela Anac, foi destacada pelo secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Renato Dutra, como mais um passo na consolidação da agenda de descarbonização. O MME afirma que o texto busca alinhamento com padrões internacionais, como o Corsia da Icao, reforçando a participação social no processo regulatório e criando condições para previsibilidade, atração de investimentos e expansão do SAF no país, considerado pilar central para reduzir emissões do setor aéreo. (Agência Eixos – 14.11.2025)
MME: Abertura de consulta pública sobre regras de produção e importação de biodiesel
O Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para discutir proposta do CNPE que determina que todo o biodiesel destinado à mistura obrigatória seja produzido em usinas nacionais autorizadas pela ANP. A portaria, publicada em 14 de novembro no Diário Oficial, recebe contribuições até 12 de janeiro. A proposta também fixa que ao menos 80% do biodiesel utilizado venha de unidades com Selo Biocombustível Social (SBS), cujos dados deverão ser auditados e fiscalizados pelo MDA até agosto de 2026. Relatórios anuais sobre os impactos do selo no preço e no abastecimento serão enviados ao CNPE. A resolução sobre importações, inicialmente prevista para ser votada na reunião do conselho em 17 de novembro, foi retirada da pauta para passar pela consulta pública. A recomendação de reverter a abertura às importações foi elaborada em setembro por um grupo de trabalho, mas precisa retornar ao colegiado para decisão final. (Agência Eixos – 14.11.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Artigo de Jeremy Furr: “Reshoring, diversificação tecnológica estão reformulando o futuro do armazenamento de energia”
Em artigo publicado no Utility Dive, Jeremy Furr (vice-presidente sênior da Stryten Energy), analisa como o setor de armazenamento de energia dos Estados Unidos está sendo transformado pela combinação entre reshoring (relocalização da produção) e diversificação tecnológica. Segundo o autor, a escalada dos custos e incertezas no comércio global — especialmente com tarifas e restrições chinesas sobre minerais — está levando empresas a buscar alternativas nacionais ou regionais para garantir segurança na cadeia de suprimentos. Paralelamente, a crescente demanda elétrica e os desafios de confiabilidade da rede impulsionam a diversificação de tecnologias além do lítio, hoje predominante. Tecnologias como baterias de fluxo redox de vanádio (VRFBs), indicadas para aplicações de longa duração, e sistemas avançados de chumbo (lead BESS), eficazes para médias durações e com alto índice de reciclabilidade, ganham espaço. O texto argumenta que, diante da pressão por resiliência e sustentabilidade, o futuro do armazenamento de energia exige um portfólio diversificado de químicas e uma base produtiva doméstica forte. Essas estratégias são consideradas fundamentais para garantir uma rede elétrica mais segura, escalável e preparada para os desafios energéticos futuros. (Utility Dive – 13.11.2025)
Brasil: IA e drones aceleram a manutenção solar rumo à COP30
A aplicação de inteligência artificial e drones na manutenção de usinas fotovoltaicas está transformando a operação do setor solar brasileiro e ganha destaque na agenda da COP30. Com o país ultrapassando 40 GW de capacidade instalada, cresce a necessidade de inspeções rápidas e precisas em usinas que enfrentam falhas como hot spots, delaminações e sombreamentos. A combinação de drones com câmeras térmicas, algoritmos de visão computacional e sistemas digitais de gestão permite detectar anomalias em poucas horas, substituindo processos manuais lentos e caros. A inovação reduz perdas de geração, emissões operacionais, deslocamentos de equipes e descarte prematuro de módulos, além de ampliar a vida útil dos ativos e fortalecer bases de dados para ESG. A tecnologia também melhora a resiliência do sistema diante de eventos climáticos extremos, tema central da COP30. Projetos de P&D da ANEEL, como os de EDP e CTG Brasil, treinam algoritmos com dados locais, preparando o setor para a próxima etapa: manutenção autônoma com drones automatizados e IA embarcada. Com políticas adequadas, o Brasil pode liderar mundialmente o uso de IA na gestão solar, tornando a transição energética mais eficiente, rastreável e inclusiva. (Agência CanalEnergia – 10.11.2025)
EUA: Data centres deverão guiar a expansão do armazenamento de energia nos próximos anos
A crescente demanda por data centers voltados à inteligência artificial nos EUA deverá impulsionar um “ciclo de boom” no setor de armazenamento de energia nos próximos cinco anos, segundo o UBS Securities. Isso se deve à necessidade de equilibrar a intermitência da geração renovável, como solar e eólica, com baterias capazes de armazenar e liberar energia conforme a demanda. A expectativa é de que a demanda global por armazenamento cresça 40% ao ano até 2026. Enquanto os Estados Unidos se destacam como mercado estratégico, com margens elevadas e 20% de participação para fabricantes chineses, regiões como Oriente Médio, América Latina, África e Sudeste Asiático devem registrar as taxas de crescimento mais aceleradas, entre 30% e 50% ao ano. No entanto, exportadores chineses enfrentam riscos devido a restrições regulatórias dos EUA, dados pela One Big Beautiful Bill do governo Trump, contra empresas de países considerados "entidades estrangeiras de preocupação". Já na China, o avanço de políticas de precificação dinâmica da energia e possíveis pagamentos por capacidade devem aumentar a atratividade dos projetos de armazenamento. (Reuters – 12.11.2025)
EUA: Roadmap da Cornell aponta impactos ambientais da expansão dos data centers
O rápido crescimento da inteligência artificial tem ampliado drasticamente a demanda por energia e água em data centers. Diante disso, pesquisadores da Cornell se propuseram a quantificar seus impactos ambientais nos Estados Unidos até 2030. Segundo o estudo, o avanço atual da IA pode emitir entre 24 e 44 milhões de toneladas de CO₂ por ano e consumir até 1,1 bilhão de m³ de água, equivalentes, comprometendo metas de emissões líquidas zero para a indústria. Os cientistas desenvolveram um “roadmap” que indica ser possível reduzir em até 73% as emissões e 86% o consumo hídrico com escolhas combinadas de melhor localização dos data centers, maior eficiência operacional e aceleração da descarbonização da rede elétrica. Estados do “windbelt” e regiões de baixa escassez hídrica, como Texas e Montana, apresentam melhor equilíbrio ambiental, enquanto áreas como Arizona e Nevada já enfrentam forte estresse hídrico. Apesar dos avanços na oferta de energia limpa, a demanda crescente pode elevar emissões se a descarbonização não acompanhar o ritmo da expansão da IA. O estudo reforça que decisões tomadas nesta década serão determinantes para que a IA atue como aliada, e não ameaça, aos objetivos climáticos globais. (Cornell Chronicle – 10.11.2025)
ABDI e Nexus: Maioria dos brasileiros acredita que economia sustentável criará novos empregos
Uma pesquisa da ABDI e da Nexus revela amplo otimismo da população brasileira em relação à transição para uma economia sustentável: 75% acreditam que a mudança criará novos empregos, sendo que 54% preveem “muitos empregos” e 21% esperam “algumas novas vagas”. Apenas 16% enxergam risco de redução na oferta de trabalho. A confiança cresce conforme aumentam renda e escolaridade: entre quem ganha acima de cinco salários mínimos, 78% acreditam no aumento de vagas; entre pessoas com ensino superior, o índice chega a 79%. Jovens também são mais otimistas — 62% entre 16 e 24 anos. Por gênero, 59% dos homens e 49% das mulheres esperam crescimento do emprego verde. Regionalmente, o otimismo é maior no Sudeste e Sul (78%) e menor no Nordeste (67%). Para a ABDI, a economia verde demandará profissionais mais qualificados e com melhores salários, o que explica a correlação com renda e educação. A pesquisa entrevistou 2.021 pessoas em todos os estados entre 14 e 21 de julho.(Agência Eixos – 11.11.2025)
Entrevista com Marina Silva: “Todos os países estão vivendo as contradições da transição energética”
Em entrevista ao GLOBO, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destaca que o Brasil chega à COP30 com avanços ambientais, como redução de desmatamento e incêndios, resultado de políticas públicas reforçadas. Ela reconhece, todavia, que a decisão de autorizar a Petrobras a operar na Margem Equatorial expressa as contradições da transição energética, algo vivido por todos os países, e defende usar parte dos lucros do petróleo para financiar energias limpas. Além disso, ela critica duramente o Senado pela aprovação de incentivos ao carvão e por flexibilizações no licenciamento ambiental, classificando-as como retrocessos. Sobre a COP30, destaca o desafio de 198 países definirem um caminho para limitar o aquecimento global e avançar em adaptação e financiamento climático, e pondera que o encontro será bem sucedido se for possível “nos imbuir de um espírito de mutirão”. Ainda, pontua que o boicote dos EUA é irrazoável e que isso aumenta a responsabilidade e exige um esforço de liderança, cooperação e solidariedade ainda maior. (O Globo – 10.11.2025)
IEA: Recomendação de revisão das regras da GD no Brasil para enfrentar "desigualdades e riscos"
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) recomenda que o Brasil revise urgentemente as regras da geração distribuída (GD) de energia solar, apontando que os incentivos atuais são excessivamente generosos e sua eliminação gradual é lenta demais. Segundo a IEA, esse modelo de incentivos tem impulsionado a instalação acelerada de pequenos sistemas fotovoltaicos, o que gera desigualdades tarifárias — já que seus usuários não pagam ou pagam menos pelo uso da rede — e riscos significativos à estabilidade do sistema elétrico, especialmente em momentos de baixa demanda e alta geração solar. A agência destaca que, mantido o cenário atual, a capacidade de geração distribuída pode dobrar até 2030, alcançando cerca de 70 GW, o que equivale a quase um terço da matriz elétrica brasileira atual. Diante disso, a IEA defende uma reforma rápida do modelo de compensação, com base nas melhores práticas internacionais, para evitar prejuízos econômicos e técnicos ao sistema elétrico.A avaliação se soma à pressão de uma série de agentes do setor elétrico, de distribuidoras a grandes geradores, que pedem que a geração distribuída tenha seu marco legal revisto. (Reuters – 13.11.2025)