Transição Energética 94
Dinâmica Internacional
Alemanha: Inauguração da primeira usina solar flutuante com painéis verticais
A Alemanha inaugurou a primeira usina solar flutuante do mundo com painéis instalados verticalmente, desenvolvida pela empresa Sinn Power. Localizada no lago artificial Jais, na Baviera, a planta tem capacidade de 1,87 MW e deve gerar cerca de 2 GWh por ano. A tecnologia, chamada SKipp, foi projetada para corpos d’água artificiais com profundidade superior a 1,6 metros, como pedreiras e lagos de cascalho. Com painéis orientados na direção leste-oeste e espaçados por ao menos quatro metros, o sistema garante geração de energia mais constante ao longo do dia, especialmente nas manhãs e tardes, quando os sistemas solares tradicionais produzem menos. A estrutura submersa ocupa pouco espaço, permitindo movimentação controlada mesmo sob vento e variações do nível da água, sem prejudicar o ecossistema local. Desde o início da operação, a empresa que administra o lago reduziu em cerca de 60% seu consumo da rede elétrica. A usina ocupa apenas 4,65% da superfície do lago, abaixo do limite legal de 15%, e já há planos de expansão. Relatórios indicam que a qualidade da água melhorou, com mais oxigenação e maior penetração de luz, e até a fauna local tem se beneficiado. A Sinn Power também pretende adaptar a tecnologia para uso em mar aberto, expandindo ainda mais o potencial de geração renovável sem uso de terra firme. (Balkan Energy News – 26.10.2025)
Artigo Business & Human Rights Resource Centre: “COP30 e a transição justa: Centralizando as comunidades no futuro energético da América Latina”
Em artigo, o Business & Human Rights Resource Centre defende que a América Latina tem uma oportunidade histórica de liderar uma transição energética verdadeiramente justa, centrada nas comunidades locais. É destacado que a região abriga vastas reservas de minerais essenciais à transição, como lítio, cobre e terras raras, muitos deles em territórios indígenas, mas sua exploração tem gerado violações de direitos humanos, degradação ambiental e violência contra defensores. Desde 2010, a América do Sul lidera em denúncias de abusos ligados à mineração de minerais da transição, e comunidades em diversos países denunciam a falta de consulta prévia e de acesso à justiça. O artigo propõe uma reorientação da transição energética baseada em três pilares: prosperidade compartilhada, direitos humanos e negociações justas. Defende, ainda, que o reconhecimento dos direitos territoriais de povos indígenas, quilombolas e camponeses, a proteção de defensores ambientais e o cumprimento de tratados internacionais como o Acordo de Escazú. Com a expectativa de participação recorde de povos indígenas na COP30, o texto alerta que, sem leis vinculantes que assegurem participação e repartição de benefícios, a transição justa pode se tornar apenas mais um capítulo de colonialismo verde. A verdadeira transformação, destarte, exige mudar não só a matriz energética, mas também a distribuição de poder, riqueza e decisão, com acesso equitativo à energia, empregos dignos e valorização dos saberes tradicionais. O artigo conclui que a COP30 pode marcar esse novo começo ou repetir os erros do passado. (Business & Human Rights Resource Centre – 24.10.2025)
Artigo de Jacqueline Lam: “Será o Sudeste Asiático o motor oculto da transição energética global?”
Em artigo do SEforALL, Jaqueline Lam (Diretora Regional da Ásia) defende que o Sudeste Asiático tem potencial para ser um motor oculto da transição energética global, graças à sua abundância em minerais essenciais, como níquel, terras raras, cobre, estanho, bauxita e cobalto — insumos fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares. A autora destaca que, apesar disso, a região ainda é pouco explorada e subinvestida devido à complexidade regulatória, falta de dados geológicos consolidados e lacunas em padrões ambientais, sociais e de governança (ESG). Diante disso, o texto propõe três ações centrais: aprimorar os cadastros e dados geológicos, tornar o licenciamento mais eficiente e previsível, e investir em infraestrutura, capacitação e estabilidade fiscal para fortalecer as cadeias produtivas locais. Em destaque, iniciativas como o ASEAN Mineral Policy and Investment Guidebook e o ASEAN Energy Transition and Investment Roadmap, coordenadas pela SEforALL, buscam integrar a política mineral à agenda energética limpa e sustentável. A autora conclui que, com políticas coordenadas e foco em industrialização sustentável, o Sudeste Asiático pode deixar de ser mero exportador de matérias-primas e se tornar protagonista na transição energética global. (Sustainable Energy for All – 28.10.2025)
China: País redefine estratégia para energia limpa e mira liderança tecnológica global até 2035
Enquanto os investimentos de baixo carbono desaceleram globalmente, a China mantém o ritmo e consolida-se como líder mundial em energia renovável. O presidente Xi Jinping elevou a meta nacional para 3.600 GW de capacidade eólica e solar até 2035, o que representará 42% do total global. O país já superou a meta de 2030, atingindo 1.200 GW em 2024, e agora busca qualidade sobre quantidade. Segundo a Wood Mackenzie, o governo chinês está reformando seus mercados eólico e solar, reduzindo subsídios e incentivando “acordos de autodisciplina” entre fabricantes para evitar guerra de preços e fortalecer margens de lucro, essenciais ao avanço tecnológico. O Documento 136, publicado em 2025, encerrou os projetos com tarifas fixas acima do carvão, forçando a competição baseada em preços de mercado. Apesar da transição, a China continuará responsável por mais de 50% das novas instalações solares globais neste ano. Com o mercado doméstico amadurecendo, o foco se desloca para a expansão internacional, apoiada por políticas como a “conexão direta de energia verde”, alinhada ao Mecanismo de Ajuste de Carbono da UE. A aposta em armazenamento e inovação reforça a ambição chinesa de liderar não só em escala, mas também em tecnologia e eficiência energética. (Wood Mackenzie – 30.10.2025)
EIC: Descomissionamento de usinas nucleares na Europa tem custos de US$ 120 bilhões
A Europa está entrando em uma nova fase da transição energética com uma onda sem precedentes de descomissionamento de usinas nucleares, instalações de petróleo e gás, e projetos renováveis antigos. Um relatório do Energy Industries Council (EIC) estima que o custo do descomissionamento nuclear na região ultrapassa US$ 120 bilhões, tornando-o o maior mercado europeu de fim de vida útil de ativos, à frente de petróleo, gás, carvão e renováveis. Mais de 130 instalações nucleares estão programadas para desativação, com contratos já firmados em diversos países como Reino Unido, França e Alemanha. Ao mesmo tempo, operações de descomissionamento de petróleo e gás seguem em expansão, com gastos previstos de US$ 16,5 bilhões na Europa continental, sendo a maior parte voltada para o selamento de poços e remoção de estruturas submarinas. A desativação de parques eólicos também se inicia, à medida que os primeiros projetos chegam ao fim da vida útil, criando competição entre construção de novas instalações e desmonte das antigas. Fechamentos de usinas a carvão e refinarias em países como Áustria, Polônia e Dinamarca adicionam complexidade ao cenário. Com diversos setores convergindo em cronogramas simultâneos de descomissionamento, surgem desafios logísticos e técnicos relacionados à disponibilidade de equipamentos, pessoal especializado e capacidade de gestão de resíduos. Um planejamento estratégico integrado, portanto, se torna crucial para evitar gargalos, garantir segurança e manter a eficiência da transição energética europeia. (Innovation News Network – 27.10.2025)
Energy Summit e MIT: Relatório apresenta 10 tendências que estão redefinindo a transição energética global
O relatório “10 Energy Megatrends 2025”, elaborado pelo Energy Center da MIT Technology Review Brasil em parceria com o Energy Summit, aponta que a transição energética deixou de ser uma meta futura e se tornou uma urgência global que pressiona governos, empresas e consumidores. Com base no modelo de inovação do MIT, o estudo identifica dez forças tecnológicas, econômicas e geopolíticas que estão redefinindo o setor energético e tornando a transição um processo irreversível. Lançado durante o Energy Summit 2025, realizado no Rio de Janeiro, o documento destaca que tendências como a digitalização, a inteligência artificial e as mudanças regulatórias já estão provocando transformações concretas na matriz energética mundial. Segundo o relatório, o avanço de tecnologias emergentes e a urgência climática exigem ação imediata e coordenação entre políticas públicas, ciência, capital e empreendedorismo. Entre os principais eixos de transformação estão o aumento da demanda energética dos datacenters, a ciber-resiliência das redes, a expansão de biogás e biometano, o desenvolvimento de baterias alternativas e a digitalização por meio das usinas virtuais de energia. O estudo também ressalta o papel estratégico do Brasil, cuja matriz elétrica renovável e posição logística o colocam em posição de destaque na nova geopolítica da energia e nas cadeias produtivas da descarbonização global. (Cenário Energia - 24.10.2025)
IEA: Restrições a exportações de minerais críticos elevam riscos das cadeias globais de energia
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) alertou que o avanço de políticas de restrição à exportação de minerais críticos em diversos países pode aumentar a concentração da oferta e fragilizar as cadeias produtivas globais. Desde 2019, o número de medidas de controle quase dobrou, superando cem até meados de 2025. Embora justificadas por motivos de segurança nacional e de fortalecimento da indústria local, essas restrições podem gerar instabilidade no suprimento e elevar os custos da transição energética, impactando setores estratégicos como armazenamento de energia, mobilidade elétrica e redes inteligentes. Segundo a IEA, a produção mundial de minerais críticos já apresenta forte concentração geográfica, com poucos países dominando a extração e o refino de recursos como lítio, cobalto e terras raras. Essa dependência aumenta a vulnerabilidade do sistema global a choques geopolíticos e comerciais, ameaçando o ritmo da descarbonização. Diante desse cenário, a agência recomenda a diversificação das fontes de suprimento, o incentivo à reciclagem e o fortalecimento da economia circular. Ressalta ainda que países com abundância de reservas, como o Brasil, podem assumir papel estratégico ao combinar potencial mineral com políticas de sustentabilidade e rastreabilidade ambiental. (Cenário Energia - 24.10.2025)
Índia: Setor elétrico ultrapassa 500 GW e antecipa meta de energia limpa para 2030
A Índia superou a marca histórica de 500,89 gigawatts (GW) de capacidade elétrica instalada em setembro de 2025, segundo o ministro da Energia, Pralhad Joshi. Mais da metade dessa capacidade, 256,09 GW (51%), provém de fontes não fósseis, demonstrando o avanço do país rumo à transição energética. A energia solar lidera o setor renovável com 127,33 GW, seguida pela eólica com 53,12 GW. No exercício de 2025-26, o país adicionou 28 GW de energia limpa e 5,1 GW de origem fóssil, reforçando o ritmo acelerado de expansão sustentável. Em julho de 2025, as renováveis atenderam 51,5% da demanda elétrica nacional, antecipando em cinco anos a meta estabelecida na COP26 de alcançar 50% de capacidade não fóssil até 2030. Além de consolidar a Índia como quarta maior produtora de energia renovável do mundo, o avanço estimula empregos e investimentos, inclusive com aportes internacionais como os Rs2,21 bilhões destinados ao Fundo Solar da África. Paralelamente, o governo avalia um resgate de Rs1 trilhão para distribuidoras estatais endividadas, que poderão ser privatizadas ou listadas em bolsa, beneficiando empresas como Adani, Tata e Reliance Power.(Energy Monitor – 30.10.2025)
Siemens: Relatório aponta que segurança energética supera objetivos climáticos na transição energética global
O relatório “Infrastructure Transition Monitor 2025” da Siemens Energy revela que a segurança e a resiliência energética superaram os objetivos climáticos globais como prioridade de governos e empresas. O estudo, que ouviu 1.400 executivos em 22 países, aponta que a crescente instabilidade geopolítica e econômica está levando nações a focar em autossuficiência, modernização da infraestrutura e proteção contra riscos externos. A pesquisa mostra que a segurança energética passou do terceiro para o primeiro lugar entre as metas governamentais, enquanto a independência nacional e a gestão de riscos climáticos ganharam destaque. Segundo a Siemens, há uma transição de uma visão multilateral e cooperativa da energia limpa para um modelo centrado em resiliência soberana e produção regional. Mais de 60% dos entrevistados acreditam que os sistemas futuros dependerão da geração local, impulsionada por tecnologias digitais e armazenamento. Apesar disso, apenas 37% das empresas afirmam estar no caminho para cumprir suas metas de descarbonização até 2030, e 57% esperam aumento nos investimentos em combustíveis fósseis. A Siemens defende que resiliência e descarbonização devem caminhar juntas, sendo a digitalização e a inteligência artificial fundamentais para integrar fontes renováveis, garantir confiabilidade e reduzir emissões. O relatório alerta que negligenciar a resiliência nos planos energéticos pode gerar impactos econômicos e ambientais e destaca que, com investimentos em redes e inovação tecnológica, é possível conciliar segurança energética e metas climáticas, tema central da COP30 no Brasil. (Vietnam Investment Review – 29.10.2025)
Nacional
ABEEólica: Regulação é principal desafio para viabilizar energia eólica offshore
A regulação da eólica offshore é o principal desafio para viabilizar projetos no Brasil, afirmou Matheus Noronha, Head de Energia Eólica Offshore da ABEEólica, no dia 28 de outubro, durante o BrazilWindpower. Em resumo, a cessão de áreas para eólicas offshore no Brasil se refere ao processo de licenciamento e concessão, por meio de leilões, de áreas marítimas para o desenvolvimento de projetos de energia eólica. Segundo o executivo, embora a eólica offshore ainda não esteja contemplada integralmente no Plano Decenal de Energia (PDE), o avanço da tecnologia tende a reduzir custos e aumentar a competitividade. Além disso, também ressaltou os impactos econômicos da tecnologia, expondo o caráter potencializador de empregos em diversos setores. Por fim, Noronha relacionou a expansão da eólica a chamada “ansiedade climática”, associada a necessidade de atingir o net zero e conter a temperatura global. (Agência CanalEnergia - 28.10.2025)
Artigo de João Guilherme Sabino Ometto: “O papel crucial do Brasil na transição energética”
Em artigo publicado no Cana Online, João Guilherme Sabino Ometto (engenheiro, empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura [ANA]), analisa o papel estratégico do Brasil na transição energética global à luz do novo relatório da ONU, que destaca os avanços e desafios da adoção de fontes limpas no mundo. O estudo mostra que entre 2015 e 2024 a capacidade instalada de renováveis cresceu 140%, superando em muito a adição de combustíveis fósseis (16%), e que essas fontes já evitam bilhões de toneladas de CO₂. Apesar dos avanços, a transição ainda é insuficiente: os fósseis caíram apenas de 83% para 80% da matriz energética global, e há concentração de investimentos em países desenvolvidos e na China. O texto critica a ausência de uma abordagem mais robusta sobre os biocombustíveis, especialmente diante do protagonismo histórico do Brasil com etanol e biodiesel, cuja produção atingiu recordes em 2024. Ressalta ainda que os biocombustíveis brasileiros são fontes renováveis de baixa emissão e devem ser mais valorizados nas discussões internacionais, notadamente na próxima COP 30. O autor conclui que o agro nacional e o setor energético brasileiro são peças-chave para uma transição energética justa e eficaz. (Cana Online – 29.10.2025)
Artigo de Heber Galarce: "Seletivismo energético: energia solar nos telhados sob ataque, enquanto fósseis seguem com R$ 47 bi em incentivos"
Em artigo publicado pela Agência Eixos, Heber Galarce (Presidente do Instituto Nacional de Energia Limpa [Inel]) trata da Medida Provisória 1.304/2025 e critica o que chama de “cegueira energética” do governo e do Congresso, ao impor restrições à energia solar distribuída enquanto mantém altos subsídios aos combustíveis fósseis. Ele cita dados do Inesc que mostram que, em 2024, o Brasil destinou R$ 47,06 bilhões em incentivos ao petróleo, gás e carvão, contra R$ 18,55 bilhões às fontes renováveis, sendo R$ 11,6 bilhões ligados à energia solar em telhados — valor que, segundo o autor, não considera seus benefícios sistêmicos, como redução de perdas, geração de empregos e alívio da rede. Galarce defende que a energia solar representa investimento privado e descarbonização acessível, e que, se o objetivo da MP é racionalizar custos, o foco deveria estar nos combustíveis fósseis, onde o gasto público é muito maior e o retorno ambiental menor. (GESEL-IE-UFRJ – 29.10.2025)
BNDES: Desenho de estratégia de financiamento para impulsionar energia eólica offshore no Brasil
O BNDES está desenvolvendo uma estratégia de financiamento específica para impulsionar o setor de energia eólica offshore no Brasil, tendo em vista seu potencial de transformar a matriz energética nacional. O anúncio foi feito por Luiz Antonio Pazos, responsável pelo Programa de Economia Marinha (PEM), durante o Brazil Windpower. Segundo ele, o banco se prepara para oferecer financiamentos de longo prazo, equilibrando a preservação dos recursos marinhos com o atendimento às comunidades costeiras. A iniciativa integra o programa BNDES Azul, que posiciona a energia eólica offshore como eixo central da economia azul brasileira, articulando sustentabilidade, inovação e desenvolvimento socioeconômico. O modelo proposto vai além do crédito tradicional, ao incorporar o planejamento espacial marinho e fomentar projetos que aliem tecnologia e preservação, como o uso da energia eólica offshore para alimentar data centers. A abordagem marca um avanço estratégico na consolidação do Brasil como protagonista na transição energética sustentável. (Agência CanalEnergia - 28.10.2025)
COP 30: Oceanos ganham protagonismo na agenda climática e energética
O Brasil está colocando os oceanos no centro das discussões climáticas globais, integrando sustentabilidade marinha e expansão da energia eólica offshore em sua estratégia de transição energética. A enviada especial para os oceanos da COP30, Marinez Scherer, destacou durante o Brazil Windpower 2025 que “todas as atividades humanas dependem da qualidade dos oceanos”, reforçando a necessidade de mares saudáveis para garantir a eficácia das políticas climáticas. Segundo ela, o país conseguiu “virar a chave” ao posicionar os oceanos ao lado das florestas e da energia limpa como pilares da agenda ambiental. O plano brasileiro inclui o planejamento espacial marinho participativo, que mapeia usos e atividades do mar, garantindo que o desenvolvimento energético não prejudique ecossistemas ou comunidades tradicionais. A estratégia também defende uma transição justa, com governança ambiental, inclusão social e modelos de economia azul sustentável. Para Marinez, o desafio agora é consolidar o protagonismo do mar nas decisões climáticas e mostrar que energia e conservação podem avançar juntas, com o Brasil liderando esse movimento na COP30, em Belém (PA). (Agência CanalEnergia – 29.10.2025)
EIC: Falta de infraestrutura de transmissão limita avanço da eólica offshore no Brasil
A expansão da energia eólica offshore no Brasil enfrenta um obstáculo estrutural: a insuficiência da infraestrutura de transmissão, segundo Beatriz Corcino, analista da Energy Industries Council (EIC). Durante o Brazil WindPower 2025, ela destacou que o país possui alto potencial eólico e uma cadeia de suprimentos robusta, mas a falta de clareza sobre planos de conexão e regulação ainda inibe investidores. “Existe uma intenção real de investir em offshore, mas o gargalo da transmissão ainda causa cautela”, afirmou. Corcino ressalta que mercados emergentes, como o Brasil, podem aprender com as falhas de países maduros, como Alemanha e Reino Unido, que enfrentam atrasos por dificuldades de integração ao grid. Para ela, a previsibilidade regulatória e a padronização de processos, com regras claras para contratos e leilões, são essenciais para garantir confiança e atrair capital privado. A especialista estima que as primeiras instalações comerciais offshore no Brasil devam ocorrer após 2035, considerando a complexidade técnica dos projetos, o tempo necessário para planejamento e o amadurecimento do arcabouço regulatório nacional.(Agência CanalEnergia – 29.10.2025)
EPE: Energia eólica offshore desempenha papel estratégico nos cenários de descarbonização de longo prazo
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) avalia que a geração eólica offshore deve se tornar um pilar da transição energética brasileira nos próximos ciclos de expansão da matriz elétrica. Segundo Gustavo Ponte, superintendente adjunto da EPE, embora o custo ainda limite sua competitividade no curto prazo, a fonte será essencial nos cenários de descarbonização acelerada considerados no Plano Nacional de Energia (PNE 2055). A tecnologia já aparece nos novos estudos, que atualizam o PNE 2050, impulsionada pela queda expressiva de custos globais. Paralelamente, a EPE desenvolveu uma metodologia de seleção de áreas para projetos offshore, que orientará as futuras licitações conduzidas pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O modelo prevê três etapas, exclusão de áreas restritas, eliminação de zonas sensíveis e definição de regiões prioritárias, com base em critérios econômicos, técnicos e socioambientais. A metodologia recebeu 280 contribuições de 36 instituições durante consulta pública e será usada para definir as primeiras áreas de licitação. “O Brasil tem tanto potencial que precisamos organizar o aproveitamento de forma sustentável e participativa”, destacou Ponte. (Agência CanalEnergia – 28.10.2025)
Estados brasileiros formam coalizão visando projetos-piloto de energia eólica offshore
Os governos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte assinaram uma carta de coalizão que formaliza a cooperação em projetos-piloto de energia eólica offshore no Brasil. Proposta pela Abeeólica, a iniciativa estabelece uma agenda comum entre os estados para fomentar pesquisa, inovação industrial e alinhamento regulatório da fonte. O acordo tem como princípios o desenvolvimento sustentável com inclusão social, o incentivo ao hidrogênio verde (H₂V) e a proteção ambiental com valorização da cultura oceânica. A coalizão contempla três projetos: uma torre com plataforma fixa no Porto de Areia Branca (RN), uma plataforma em águas profundas no Porto de Rio Grande (RS) e outra plataforma fixa no Porto do Açu (RJ). A união visa facilitar o apoio de órgãos federais e acelerar licenciamentos e estudos técnicos. “A coalizão é essencial para o avanço da tecnologia offshore no Brasil”, afirmou Fátima Bezerra, governadora do RN. Já o governador gaúcho Eduardo Leite destacou o potencial de 100 GW offshore e 16 GW onshore do RS, além dos R$ 100 milhões já destinados ao hidrogênio verde, reforçando que o Brasil deve agir agora para aproveitar a janela global da transição energética. (MegaWhat Energy – 29.10.2025)
Ministério da Fazenda: Proposta para antecipar fim dos subsídios para GD
A Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda recomendou dar base legal para limitar a geração de MMGD e de fontes renováveis não despacháveis em momentos de sobreoferta, além de partilhar os efeitos econômicos dos cortes entre todos os agentes, e não apenas geradores centralizados. A nota, que subsidia o debate da MP 1.304, argumenta que a expansão da GD e das renováveis alterou a operação do SIN, deslocando cortes para usinas centralizadas enquanto a MMGD também contribui para picos de excedente. A Fazenda propõe ajustes à Lei 14.300/2022 para que cortes energéticos se reflitam nos créditos de energia da GD e defende antecipar o fim dos descontos: equiparar MMGD1 e MMGD2 à MMGD3 a partir de 2026 (pagando 60% dos custos de rede em 2026; 75% em 2027; 90% em 2028; e 100% em 2029). O documento também sugere marco legal para o agente armazenador (baterias e UHRs), chamando armazenamento de peça-chave para reduzir cortes e deslocar energia solar diurna. A ABGD reagiu, dizendo que a proposta parte de premissa equivocada e fere a segurança jurídica da GD. A Fazenda ainda menciona, como discussão possível, repactuação de desligamentos passados inspirada no GSF, mas restrita a restrições técnicas. Em paralelo, reforça pilares das MPs 1.300 e 1.304 (abertura de mercado, teto para a CDE, revisão de subsídios). (Megawhat – 28.10.2025)
MME: Criação de subcomitê para avaliar misturas de altos teores de biocombustíveis em combustíveis fósseis
O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou a criação do Subcomitê de Avaliação da Viabilidade Técnica de Misturas de Altos Teores de Biocombustíveis, que será responsável por conduzir estudos e propor medidas para a regulamentação da Lei do Combustível do Futuro, sancionada em 2024. O grupo reunirá representantes do governo, institutos de pesquisa, setor automotivo, produtores e distribuidores, com o objetivo de validar tecnicamente novas proporções de biodiesel no diesel (B15 a B25) e etanol na gasolina (E30 a E35). As atividades começam em novembro, com foco inicial no biodiesel. Desde agosto, o Brasil já adota misturas obrigatórias mínimas de B15 e E30, após um período de adiamento causado por pressões inflacionárias e fraudes no mercado de combustíveis. Companhias como Mercedes-Benz e Vale já testam misturas acima da média, entre B30 e B50, em caráter experimental. A iniciativa reforça a estratégia do governo de ampliar o uso de biocombustíveis, mas também busca assegurar segurança técnica, eficiência e estabilidade regulatória para as futuras metas de descarbonização do setor de transportes. (Agência Eixos – 29.10.2025)
Petrobras e Porto do Açu: Projeto-piloto de energia eólica offshore no RJ
O Estado do Rio de Janeiro avança em sua estratégia para se tornar referência nacional em energia eólica offshore, impulsionado por um projeto-piloto de US$ 100 milhões em parceria com a Petrobras e o Porto do Açu, aprovado pela ANP. O empreendimento prevê a instalação de uma turbina a 20 km da costa, com início de operação em 2029, e já conta com estudos ambientais e licitações técnicas concluídas. O subsecretário adjunto de Energia, Sergio Coelho, anunciou novas etapas de licitação para cabos de exportação e fundações, abrindo espaço à participação de diversas empresas. O governo estadual implementou ainda uma lei de incentivos fiscais, isentando termelétricas a gás natural do ICMS, desde que invistam 2% do custo do combustível em projetos de energia renovável. Essa medida reduz riscos e estimula novos empreendedores. O estado também se beneficia da infraestrutura offshore já consolidada pelo setor de petróleo, adaptada agora para atender à indústria eólica. O interesse do mercado é expressivo, 70 empresas participaram das discussões iniciais —, evidenciando o potencial do Rio de Janeiro para atrair investimentos e fortalecer a cadeia industrial da transição energética nacional. (Agência CanalEnergia – 30.10.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
ABVE: Lançamento de coalizão em defesa da eletrificação de caminhões e ônibus no Brasil
Organizações da sociedade civil, lideradas pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), lançaram a coalizão Gigantes Elétricos para defender políticas públicas que acelerem a eletrificação de caminhões e ônibus no Brasil. O movimento surge em contraposição à preferência do governo pelos biocombustíveis e busca espaço no debate da COP30, em Belém (PA). A iniciativa, integrada a uma rede internacional, critica o impacto ambiental e a dependência fóssil da produção de biocombustíveis e propõe um arcabouço regulatório que estimule infraestrutura de recarga e competitividade dos veículos elétricos. Segundo a coalizão, com matriz elétrica 88% renovável, o país poderia reduzir em até 76,5% os custos operacionais do transporte. Para a ABVE, o programa Mover não favorece a eletrificação pesada, e o avanço tecnológico das baterias LFP já permite maior eficiência e queda de preços, tornando o frete elétrico economicamente viável e sustentável. (Agência Eixos – 29.10.2025)
Artigo de Luis Penteado: "Potencializar mobilidade vai além da venda: passa pelo ciclo de vida do veículo, amplia o acesso e promove a sustentabilidade"
Em artigo publicado pela Agência Eixos, Luis Fabiano Alves Penteado (Diretor de Pessoas, Jurídico e Relações Governamentais da Volkswagen Financial Services Brasil) trata da importância de adotar a perspectiva de ciclo de vida dos veículos como caminho para democratizar a mobilidade e promover sustentabilidade no Brasil. Ele defende que, em um país de grandes dimensões e com transporte público limitado, o automóvel é um instrumento de autonomia e inclusão social. Segundo o autor, prolongar a vida útil dos veículos, com manutenção adequada e uso eficiente, reduz impactos ambientais e econômicos, favorecendo uma mobilidade mais acessível e sustentável. Penteado destaca a necessidade de políticas públicas e soluções financeiras, como financiamentos, consórcios e assinaturas, que ampliem o acesso ao transporte individual, além de incentivar a economia circular e fortalecer a rede de manutenção. Para ele, o futuro da mobilidade passa por enxergar o carro não como produto, mas como parte de um ecossistema de transporte eficiente e de qualidade para todos. (GESEL-IE-UFRJ – 29.10.2025)
Brasil: Especialistas apontam que VEs podem ajudar a rede elétrica através de tarifas dinâmicas
O aumento da frota de veículos elétricos no Brasil tem gerado discussões sobre seu potencial impacto no Sistema Interligado Nacional (SIN). Especialistas apontam que esses veículos poderiam auxiliar o equilíbrio da rede ao consumir o excedente de energia, especialmente a solar gerada durante o dia, desde que existam tarifas horárias que incentivem o carregamento em momentos de maior oferta. Além disso, os carros elétricos conectados à rede podem atuar como baterias distribuídas, armazenando energia renovável e liberando-a nos horários de pico, contribuindo para a estabilidade do sistema. Atualmente, porém, a maioria dos usuários ainda realiza o carregamento à noite por conveniência, o que reduz o aproveitamento do excedente solar. Para que o setor automotivo elétrico se torne de fato um aliado do sistema elétrico, especialistas defendem a adoção de mecanismos de precificação dinâmica e de programas como a Resposta da Demanda, que estimulem o uso flexível da eletricidade. A integração eficiente entre geração, distribuição e consumo é vista como essencial para que os veículos elétricos participem ativamente da transição energética e do gerenciamento inteligente da rede. (Inside EVs - 27.10.2025)
China: Reciclagem de 99% dos materiais de baterias de VEs
A China tem se destacado no avanço da reciclagem de baterias para veículos elétricos, alcançando índices de recuperação de até 99,6% para níquel, cobalto e manganês, e entre 96% e 98% para lítio — resultados que superam as metas previstas pela União Europeia para o final da década. Esse desempenho é impulsionado por padrões nacionais rigorosos estabelecidos pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) e pela atuação de grandes empresas como a CATL, cuja subsidiária Guangdong Brunp Recycling Technology opera centenas de unidades de reciclagem com processos automatizados e técnicas hidrometalúrgicas de alta eficiência. Os padrões chineses abrangem não apenas baterias automotivas, mas também as usadas em armazenamento de energia, aplicações marítimas e outros setores industriais, promovendo uma economia circular que reduz a dependência de mineração e o impacto ambiental. Além disso, a China tem papel ativo na formulação de normas internacionais de reciclagem e reutilização, participando com dezenas de especialistas em comitês técnicos que buscam padronizar critérios globais de desempenho e classificação para a chamada “segunda vida” das baterias. (Inside EVs - 25.10.2025)
China: Remoção de VEs da lista de indústrias estratégicas em novo planejamento
A China excluiu o setor de veículos elétricos (VEs) do novo plano quinquenal 2026–2030, sinalizando o fim dos subsídios governamentais após mais de uma década de forte apoio. Analistas afirmam que a decisão reflete a maturidade da indústria, agora deixada às forças de mercado, e não um abandono da política de eletrificação. O país já domina a cadeia de suprimentos global e é líder mundial em veículos de nova energia (NEVs), que representaram mais de 50% das vendas de automóveis em 2024. O crescimento acelerado, porém, gerou excesso de capacidade, com mais de 90 montadoras possuindo fatia inferior a 0,1% do mercado. Pequim encerrou os subsídios à compra de VEs em 2022 e planeja eliminar gradualmente os descontos fiscais até 2027. Especialistas avaliam que a medida busca evitar superprodução e redirecionar recursos para novas tecnologias, consolidando o setor sob dinâmica de mercado e mantendo sua relevância estratégica global. (Valor Econômico - 29.10.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Brasil: Lula defende biocombustíveis como pauta de exportação e reforça transição energética responsável
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o CEO da Be8, Erasmo Carlos Battistella, e o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e América Latina, Denis Güven, para discutir o avanço dos biocombustíveis e sua inserção na pauta exportadora brasileira. O encontro, realizado no Palácio do Planalto, apresentou os veículos da Rota Sustentável COP30, movidos pelo biocombustível Be8 BeVant, capaz de reduzir em até 99% das emissões de gases de efeito estufa em comparação ao diesel fóssil. Os testes, iniciados em Passo Fundo (RS) com destino a Belém (PA), buscam comprovar a eficiência do novo combustível, aplicável a longas distâncias e a diferentes motores. Lula sugeriu expandir os testes para veículos da Mercedes-Benz na Alemanha, destacando o potencial do Brasil em exportar tecnologia limpa. Enfatizou também o papel do país como líder agrícola e inovador em energias renováveis. Contudo, o presidente ponderou que a eliminação dos combustíveis fósseis não pode ocorrer “da noite para o dia” e defendeu a exploração responsável de petróleo na Margem Equatorial, ressaltando que a Petrobras deve se consolidar como empresa de energia, conduzindo uma transição equilibrada e sustentável. (Agência Eixos – 30.10.2025)
Brasil: Rio Grande do Sul prevê início de usinas de hidrogênio renovável em 2026
O governo do Rio Grande do Sul deu mais um passo em sua estratégia de descarbonização ao anunciar a implementação de três a quatro usinas de hidrogênio renovável (H₂V) a partir de 2026, derivadas do edital de R$ 100 milhões lançado em 2025. Segundo o governador Eduardo Leite, os projetos contam com apoio técnico da consultoria McKinsey, que estima um impacto de R$ 62 bilhões no PIB estadual até 2040. As propostas, ainda em análise, envolvem parcerias entre geradoras de energia, indústrias e universidades, e deverão ser divulgadas até o fim do ano. Leite destacou que o plano gaúcho foca não apenas na exportação, mas também na demanda interna, aproveitando o potencial da indústria metalúrgica, refinarias, biodiesel e agricultura, setores intensivos em insumos energéticos e fertilizantes. O governador ressaltou ainda a governança ambiental, a proximidade com centros de consumo e os memorandos de entendimento já firmados, que têm servido de base para o programa estadual de subvenção de projetos. A iniciativa posiciona o estado como referência nacional na economia do hidrogênio verde, alinhando competitividade industrial e sustentabilidade. (Agência CanalEnergia – 28.10.2025)
EDF Power Solutions: Hidrogênio verde e data centers devem impulsionar eólica offshore no Brasil
O crescimento de novas indústrias intensivas em energia, como hidrogênio verde e data centers, deve acelerar a demanda por energia renovável e criar condições favoráveis à eólica offshore no Brasil, segundo Raíssa Lafranque, diretora da EDF Power Solutions. Durante o Brazil WindPower 2025, Lafranque destacou que o hidrogênio verde é uma das principais oportunidades da transição energética, podendo posicionar o país como líder global no setor. A executiva também ressaltou que a expansão de data centers no Brasil reforça a necessidade de fontes limpas e estáveis, ampliando o espaço para projetos offshore. Apesar do potencial, o avanço regulatório ainda é visto como essencial. “Precisamos de um arcabouço regulatório claro e previsível, que ofereça segurança jurídica e atraia investimentos”, afirmou. Segundo ela, o desenvolvimento de estudos técnicos locais, com análises de vento, custos e competitividade, e a realização de leilões regulares são fundamentais para dar confiança ao mercado. Lafranque conclui que a combinação entre demanda crescente, inovação e estabilidade regulatória será decisiva para consolidar a eólica offshore como pilar da matriz renovável brasileira. (Agência CanalEnergia – 29.10.2025)
MME: Governo prepara decreto para regulamentar SAF até a COP30
O governo brasileiro finalizou a minuta do decreto que regulamentará o uso de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e avalia se o texto será submetido à consulta pública antes da publicação. A informação foi divulgada por Renato Dutra, secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, durante o evento Diálogos da Transição 2025, promovido pelo Estúdio Eixos e a Firjan. A expectativa é que o decreto seja divulgado até a COP30, em novembro, e venha acompanhado da regulamentação sobre captura e armazenamento de carbono (CCS), ambos derivados da Lei do Combustível do Futuro, uma das principais bandeiras brasileiras na agenda climática. A norma buscará alinhar o Brasil ao programa internacional Corsia, que se tornará obrigatório em 2027, promovendo o desenvolvimento de um mercado interno e exportador de SAF, com rotas certificadas como etanol de milho e óleo de macaúba. O texto foi elaborado em conjunto com Anac, ANP e o grupo Conexão SAF, que defende a certificação alinhada ao Corsia, mas sem considerar o ILUC, metodologia que relaciona biocombustíveis ao desmatamento e é criticada pelo agronegócio. A medida pretende harmonizar regras nacionais e internacionais, garantindo flexibilidade para produtores locais e competitividade ao Brasil como futuro líder global em aviação de baixo carbono. (Agência Eixos – 27.10.2025)
ONS: Proposta para antecipar 3 GW na rede elétrica para projetos de hidrogênio verde no Nordeste
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou ao Ministério de Minas e Energia (MME) uma proposta para antecipar 3 GW de capacidade de transmissão destinados a projetos de hidrogênio verde no Ceará e Piauí, por meio da instalação de compensadores síncronos no Rio Grande do Norte. A iniciativa, descrita como “solução ponte”, busca viabilizar empreendimentos eletrointensivos antes da expansão definitiva da rede, prevista para 2032. Segundo o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, a estratégia cria uma margem transitória compatível com o planejamento da EPE, permitindo integrar novas cargas sem comprometer a geração renovável. Os equipamentos devem ser incluídos no leilão de transmissão de 2026, acelerando sua execução. O ONS solicita ainda diretrizes do MME e da Aneel para priorizar projetos estratégicos, já que o acesso à rede segue a ordem de solicitação. A medida pretende destravar empreendimentos nas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) de Parnaíba, Pecém e Cumbuco e garantir o uso dos incentivos fiscais do Rehidro, estimados em R$ 18,3 bilhões entre 2028 e 2032. (MegaWhat Energy – 27.10.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Artigo de Fernando Caneppele: "Inteligência Artificial aplicada à gestão energética: capacitando equipes para otimizar operações, reduzir perdas e tomar decisões estratégicas"
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser tendência e tornou-se pilar operacional no setor elétrico brasileiro, promovendo ganhos de 5% a 15% em eficiência, segundo ANEEL e McKinsey. Em artigo, o professor Fernando Caneppele (USP) destaca que o impacto da IA vai além da automação, ela otimiza decisões estratégicas e reduz perdas em toda a cadeia, da geração à distribuição. Aplicações como manutenção preditiva, detecção de fraudes, gestão inteligente da rede e previsão de demanda já demonstram ganhos concretos, enquanto tecnologias como gêmeos digitais e sistemas autônomos de energia indicam o futuro das operações. A integração de fontes renováveis e o avanço da cibersegurança baseada em IA reforçam a modernização do sistema. Contudo, Caneppele ressalta que o sucesso depende da capacitação das equipes e da mudança cultural: profissionais precisam unir engenharia elétrica e ciência de dados para transformar informações em decisões de valor. “A verdadeira inteligência do setor não está apenas nos algoritmos, mas na sinergia entre máquinas e pessoas”, conclui. (Agência CanalEnergia – 31.10.2025)
Brasil: Validação de microrrede com baterias na distribuição em MG
Uma prova de conceito conduzida pela Concert Technologies para a Cemig, com testes realizados na UFMG e no Estádio do Mineirão, resultou no desenvolvimento da primeira microrrede do Brasil conectada ao sistema de distribuição, que será implantada em Serra da Saudade (MG). O estudo demonstrou que os Sistemas de Armazenamento de Energia com Baterias (SAEB) em média tensão aumentam a confiabilidade da rede, permitindo o fornecimento contínuo de energia mesmo em situações de falha. Com capacidade de 1 MWh e potência nominal de 750 kVA, o sistema opera remotamente pelo Centro de Operação da Distribuição e é gerenciado por uma plataforma DERMS. Com base nos resultados obtidos, a Cemig estruturou um projeto pioneiro que integra geração solar, armazenamento em baterias e medição inteligente para garantir maior estabilidade e eficiência no fornecimento de energia a municípios. A solução, desenvolvida em parceria com Fitec, ITEMM e UFMG, representa um avanço na adoção de tecnologias de energia distribuída no país e reforça uma tendência global de uso de sistemas de armazenamento, cada vez mais viáveis com a redução dos custos tecnológicos e o avanço regulatório do setor elétrico. (Diário do Comércio - 24.10.2025)
EUA: SolarEdge ultrapassa 500 MWh de armazenamento em VPPs
A SolarEdge superou 500 MWh de baterias residenciais inscritas em usinas virtuais de energia (VPPs, na sigla em inglês) em 16 estados dos EUA e em Porto Rico, impulsionada por parcerias com concessionárias e provedores de DERMs; hoje, mais de 40% dos clientes com baterias participam de programas que remuneram o suporte à rede em picos. Em 2025, a empresa lançou novos incentivos como APS (US$ 110/kW por desempenho), TEP (até US$ 120/kW por evento sazonal), expansão na Carolina do Sul (até US$ 624/ano) e programas em Nova York (National Grid, NYSEG, RG&E) somados ao incentivo da NYSERDA (até US$ 6.250 por sistema), além de iniciativas recordistas na Califórnia (DSGS) e em Porto Rico. A SolarEdge também amplia serviços de rede globalmente, contando com parcerias tecnológicas como Uplight e EnergyHub — esta última conectando mais de 120 concessionárias, 1,8 milhão de DERs e 2,5 GW de capacidade flexível — reforçando o papel das VPPs na resiliência da rede e na economia do armazenamento residencial. (Renewable Energy Magazine - 29.10.2025)
Energisa: Investimento em IA para tomada de decisões rápidas em períodos de queimadas no MT
A Energisa Mato Grosso vem testando soluções tecnológicas para mitigar os impactos de eventos climáticos extremos sobre o fornecimento de energia no estado. Desde junho de 2025, a distribuidora avalia o sensor ambiental NEMo, desenvolvido pela Nokia, capaz de identificar queimadas em um raio de até 500 metros por meio da detecção de fumaça, variações de temperatura, partículas de CO e umidade. Integrado a uma plataforma de análise em nuvem e inteligência artificial, o sistema busca acelerar a tomada de decisões e permitir ações preventivas antes que incêndios atinjam a rede elétrica. O projeto-piloto conta com dezesseis sensores instalados em Alto Araguaia, cobrindo uma área de 8 km, e será submetido a testes controlados em dezembro de 2025. Caso aprovado, o sistema será expandido para pontos estratégicos da rede elétrica estadual. A iniciativa reforça o uso de tecnologias avançadas e parcerias com multinacionais para aprimorar a resiliência do sistema elétrico e garantir a continuidade do fornecimento mesmo em situações de crise ambiental. (G1 - 28.10.2025)
GlobalData: Mercado de módulos e inversores solares atingirá US$ 115,8 bilhões até 2030
O mercado global de módulos e inversores solares fotovoltaicos deve alcançar US$ 115,8 bilhões até 2030, conforme relatório da GlobalData, impulsionado por políticas favoráveis, metas de descarbonização e avanços tecnológicos. A região Ásia-Pacífico (APAC) lidera o crescimento, com forte apoio governamental, investimentos em larga escala e expansão da capacidade industrial. O estudo estima que os módulos solares representem US$ 80,7 bilhões e os inversores solares US$ 35 bilhões do total. Na APAC, o mercado de módulos crescerá de US$ 38,8 bilhões em 2024 para US$ 46,2 bilhões em 2030. Segundo Bhavana Sri Pullagura, analista sênior da GlobalData, a adoção em massa é sustentada por inovações em módulos de alta eficiência e sistemas de inversores inteligentes, aplicáveis aos segmentos residencial, comercial e de utilidades. As recentes mudanças nas políticas comerciais, como as tarifas dos EUA, estão remodelando cadeias de suprimento e promovendo localização produtiva em várias regiões. Na Europa, Oriente Médio e África, os mercados focam qualidade e autonomia industrial, enquanto as Américas fortalecem a produção local. A APAC mantém a liderança no valor de mercado de inversores (US$ 19,8 bilhões), seguida por Américas (US$ 7,7 bilhões) e EMEA (US$ 7,6 bilhões), refletindo a consolidação global da energia solar como fonte competitiva e estratégica. (Agência CanalEnergia – 30.10.2025)
Impactos Socioeconômicos
Artigo de Edvaldo Santana: "O mito da vantagem comparativa elétrica"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Edvaldo Santana (ex-diretor da Aneel) trata da aplicação equivocada da teoria da vantagem comparativa de David Ricardo no setor elétrico brasileiro, criticando as Medidas Provisórias 1307 e 1318, que buscam atrair data centers sob a justificativa de “vantagens comparativas” em energia renovável barata. Segundo o autor, os custos reais de geração, entre R$ 320/MWh e R$ 350/MWh para solar e eólica, tornam o negócio economicamente inviável, já que data centers só são competitivos com energia entre R$ 120 e R$ 200/MWh. Ele alerta que atender à meta de 20 GW de demanda exigiria investimentos bilionários em novas usinas e transmissão, elevando a conta de luz em até 15% e comprometendo a confiabilidade do sistema. Santana conclui que, longe de uma vantagem comparativa, a proposta representa um “custo Brasil” disfarçado, impulsionado por retórica política e pressões lobistas. (GESEL-IE-UFRJ – 29.10.2025)
Artigo de Fernando Setembrino Cruz e Alexandre Beluco: “Brasil ignora potenciais hidrelétricos e híbridos que poderiam impulsionar transição energética com justiça territorial”
Em artigo publicado no Terra, Fernando Setembrino Cruz (Professor da UFGRS) e Alexandre Beluco (bolsista CNPq) defendem que o Brasil desperdiça um grande potencial energético ao ignorar milhares de pequenas barragens subutilizadas, originalmente construídas para fins como irrigação e abastecimento. Essas estruturas poderiam ser reaproveitadas para gerar eletricidade de forma descentralizada, especialmente em sistemas híbridos com energia solar e eólica, combinando estabilidade, baixo impacto ambiental e menor custo. A proposta reforça a necessidade de uma transição energética territorializada e justa, que valorize ativos locais e promova inclusão energética, sobretudo em áreas rurais e semiáridas. Um exemplo citado é a barragem Val de Serra (RS), onde estudo demonstrou a viabilidade técnica e econômica de geração híbrida. O texto também destaca barreiras regulatórias, ausência de políticas públicas integradas e a necessidade de mapear e reconhecer essas barragens no planejamento energético nacional. Reaproveitá-las, segundo os autores, é uma escolha política e social que pode democratizar o acesso à energia, reduzir perdas na transmissão e tornar o sistema elétrico brasileiro mais resiliente, limpo e inclusivo. (Terra – 24.10.2025)
Artigo de Luisa Bianchet: “O princípio das ações coletivas e responsabilidades diferenciadas na transição”
Em artigo publicado no Le Monde Diplomatique Brasil, Luisa Bianchet (analista de relações internacionais do Instituto E+ Transição Energética) examina os desafios políticos e estruturais das negociações internacionais sobre a transição energética justa, com foco nos impasses vivenciados durante a Segunda Semana do Clima da ONU em Adis Abeba, Etiópia. A partir dos debates do Grupo de Trabalho para Transição Justa, criado na COP27 e com mandato até 2026, destaca-se o confronto entre países desenvolvidos e em desenvolvimento quanto à definição de responsabilidades e benefícios na transição energética. A autora pontua que países do Sul Global, liderados pelo G77+China, defendem que os modelos atuais são inadequados às suas realidades e denunciam o risco de reproduzir padrões históricos de exploração, com foco na soberania sobre os minerais críticos e no valor agregado às cadeias produtivas locais. Em contraposição, países europeus alegam que os mecanismos já existentes são suficientes. Outro ponto de tensão é o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) da União Europeia, visto por muitos como protecionismo disfarçado. O texto conclui que a transição energética é uma disputa política e não mais apenas técnica, exigindo reconhecimento das assimetrias históricas e um novo pacto multilateral para evitar o colapso do processo na COP30. (Le Monde Diplomatique Brasil – 28.10.2025)
Editorial Utility Dive: “Em uma era de tarifas crescentes, políticas para fortalecer a flexibilidade do sistema elétrico podem reduzir os custos”
Em editorial, o Utility Dive aponta que, com o crescimento acelerado da demanda por energia, impulsionado por data centers e indústrias, o setor elétrico dos Estados Unidos enfrenta o desafio de ampliar a infraestrutura sem comprometer a acessibilidade. A projeção é que a geração cresça 2,3% em 2025, e tarifas residenciais já subiram mais de 5% em um ano, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Especialistas apontam que políticas para fortalecer a flexibilidade da demanda são essenciais para conter o aumento de tarifas e evitar investimentos excessivos em infraestrutura pouco usada. A flexibilização de grandes cargas pode evitar gastos com capacidade que só seria necessária por poucas horas no ano. Estudos indicam que apenas 0,5% de redução anual em horas de pico seria suficiente para acomodar 98 GW de nova demanda, com ganhos significativos para confiabilidade e custos. Estados e reguladores estão implementando tarifas específicas e exigências para grandes consumidores, como compensações por deslocar consumo e compromissos contratuais para bancar investimentos. Contudo, barreiras regulatórias e dificuldade no acesso a dados de consumo ainda limitam a expansão da flexibilidade em nível residencial. O texto conclui que, com a incerteza sobre o tamanho da nova demanda, o uso inteligente de tecnologias digitais e colaboração entre utilities e grandes consumidores surge como caminho mais eficaz para garantir confiabilidade, acessibilidade e sustentabilidade no sistema elétrico. (Utility Dive – 29.10.2025)
WRI: Relatório aponta que apenas seis de 45 setores caminham na direção certa da transição energética
Dez anos após o Acordo de Paris, a transição energética global avança em ritmo lento e desigual, com apenas seis de 45 setores avaliados caminhando na direção certa, conforme o relatório “State of Climate Action 2025” do WRI. Mesmo com promessas climáticas ambiciosas, as emissões seguem em alta, e as metas de limitar o aquecimento a 1,5°C estão cada vez mais distantes. O setor energético apresenta avanços, como a triplicação da capacidade solar e eólica, mas esses se mostram ainda insuficientes, ao passo que a eliminação do carvão precisa ser dez vezes mais rápida. A eletrificação dos transportes cresce, sobretudo com carros de passeio, mas enfrenta entraves no transporte de carga e em países cuja matriz elétrica ainda depende de carvão. A indústria, especialmente a do aço e cimento, por sua vez, tem emissões difíceis de abater, exigindo inovações tecnológicas e financiamento. A agropecuária, liderada pelo metano do gado e arroz irrigado, representa outro grande desafio, dificultado pela dispersão dos produtores. Além disso, setores como aviação, navegação e resíduos enfrentam dificuldades por sua interdependência global. Especialistas reforçam que a integração entre setores e o uso da ciência no planejamento são cruciais para evitar o alto custo da inação climática. (O Globo – 26.10.2025)
MME: Transição energética pode gerar 500 mil empregos verdes até 2030
O Ministério de Minas e Energia (MME) estima que a transição energética criará cerca de 500 mil empregos verdes no Brasil até 2030, segundo pesquisa apresentada por Marco Antônio Juliatto, coordenador-geral de Articulação de Políticas sobre o tema, durante o Brazil Windpower 2025. O levantamento, desenvolvido em parceria com EPE, Irena, AHK, Sebrae, Portal da Indústria e GIZ, revela que o segmento fotovoltaico lidera a geração de oportunidades, com 400 mil vagas previstas, seguido pela energia eólica (40 mil) e pela mobilidade elétrica (30 mil). Juliatto destacou que o Ministério da Educação aprimorará o mapeamento das demandas profissionais, diante do atual déficit de 40 mil técnicos no setor. Áreas emergentes como armazenamento por baterias, biogás, hidrogênio verde, eficiência energética, redes inteligentes e gestão de carbono também devem ganhar relevância com a descarbonização da economia. O diretor do Senai RN, Rodrigo Mello, ressaltou que o setor elétrico oferece salários até cinco vezes maiores que a média industrial e apresenta forte potencial de crescimento. O estudo reforça a importância da qualificação profissional e do investimento em inovação para garantir que o país aproveite plenamente os benefícios econômicos e sociais da transição energética. (Agência CanalEnergia – 30.10.2025)
Eventos
Brazil Windpower 2025: Estudo revela que energia eólica é aliada estratégica para equilíbrio do sistema elétrico
Durante a abertura do Brazil Windpower 2025, a Vestas apresentou o estudo “Nem Toda Intermitência é Igual”, que revela o papel crucial da geração eólica na estabilidade do sistema elétrico brasileiro. A pesquisa destaca que, entre 16h e 19h, período de queda da geração solar e aumento do consumo, a produção eólica cresce em média 22%, ajudando a suprir a demanda de ponta e reduzindo riscos de apagões. Esse comportamento diferencia a fonte de outras intermitentes, tornando-a mais alinhada às necessidades operacionais do país. O estudo também evidencia a complementaridade entre eólica e hidrelétrica, já que os ventos sopram com mais força durante a estação seca, quando os reservatórios estão baixos, e a geração hídrica ganha força no período úmido. Essa alternância reforça a segurança energética e a resiliência do sistema. A Vestas alerta, porém, para políticas energéticas desalinhadas, que podem ampliar o curtailment e elevar custos. Segundo o CEO Latam, Eduardo Ricotta, tratar todas as fontes renováveis como iguais “ignora diferenças fundamentais” e pode comprometer a sustentabilidade e a eficiência econômica da matriz elétrica brasileira. (Agência CanalEnergia – 29.10.2025)
COP 30: Brasil conclamará o mundo a aumentar uso de combustíveis sustentáveis em 4 vezes
Durante a COP30, que será sediada em Belém (PA) em novembro, o Brasil proporá que os países quadrupliquem voluntariamente o uso de combustíveis sustentáveis, como biocombustíveis e hidrogênio de baixa emissão, segundo Mariana Espécie, assessora especial do Ministério de Minas e Energia. Ela destaca que o Brasil tem legitimidade para liderar esse debate, dada sua matriz elétrica majoritariamente renovável e cinco décadas de experiência com etanol, iniciado em 1975. A proposta brasileira se alinha ao compromisso da COP28 de encerrar o uso de combustíveis fósseis até 2050. O país vem aumentando a participação de renováveis nos combustíveis, como os percentuais de etanol e biodiesel, e já aprovou leis para expandir o uso de biometano, combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde. A assessora enfatizou que a transição precisa considerar os custos ao consumidor e que soluções sustentáveis no Brasil já são competitivas, unindo desenvolvimento com inclusão social. Além disso, frisou que o papel do setor privado e de financiamentos públicos, como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será essencial para viabilizar tecnologias e acelerar a transição. (Agência Gov – 27.10.2025)
Fórum Internacional sobre Transição Energética: Edição de 2025 destaca a importância da cooperação para um futuro sustentável
O Fórum Internacional sobre Transição Energética de 2025 foi realizado em Suzhou, na China, nos dias 23 e 24 de outubro, sob o tema “Uma Década de Colaboração Impulsiona Transições Energéticas para um Futuro Verde”. Organizado pela Administração Nacional de Energia da China (NEA), pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e pelo governo da província de Jiangsu, o evento reuniu mais de 2.000 participantes de 36 países, incluindo ministros de energia, embaixadores, representantes de organizações internacionais e especialistas do setor. Wang Hongzhi (NEA), Liu Xiaotao (governador de Jiangsu) e Francesco La Camera (IRENA) destacaram os avanços da China em energia limpa na última década, como a criação do maior sistema de renováveis do mundo. Wang enfatizou quatro pilares para uma transição energética global eficaz: segurança energética, superação de barreiras tecnológicas, justiça social e multilateralismo. Os debates focaram em cooperação tecnológica, cadeias de suprimento de energia limpa, governança internacional e novos modelos de desenvolvimento verde. E os participantes reforçaram que a transição energética é um caminho irreversível e uma oportunidade global compartilhada. Ainda, o fórum marcou o lançamento do documento "Visão Suzhou 2030", o Índice de Transições Energéticas 2025, soluções energéticas chinesas e criou a Aliança Internacional para o Desenvolvimento de Cidades com Emissões Zero e Sem Resíduos. Também foram realizados 11 subfóruns e eventos especiais sobre juventude e mulheres na transição energética, reforçando o papel da inclusão no processo de transformação global. (China.org.cn – 25.10.2025)
IRENA: Reunião de líderes globais para impulsionar metas de energia renovável até 2030
Mais de 350 representantes de governos e instituições internacionais participam, em Abu Dhabi, da 30ª reunião do Conselho da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), realizada nos dias 30 e 31 de outubro de 2025. O encontro visa revisar os avanços da transição energética global e definir prioridades para alcançar os objetivos do Consenso dos Emirados Árabes Unidos, que propõe triplicar a capacidade mundial de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030. Apesar do crescimento recorde de 582 gigawatts em 2024, o novo relatório da IRENA revela que o ritmo atual ainda é insuficiente para atingir as metas. O diretor-geral Francesco La Camera destacou a necessidade de maior liderança política e de que a COP30, no Brasil, seja um marco para as energias limpas. O embaixador da Costa Rica e presidente do Conselho, Francisco Chacón Hernández, enfatizou que o êxito depende da cooperação internacional e do compartilhamento de conhecimento. As discussões incluem temas como industrialização limpa, cadeias de suprimento sustentáveis e investimentos em energias renováveis, cujos resultados orientarão a 16ª Assembleia da IRENA, prevista para janeiro de 2026. (IRENA – 29.10.2025)