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IFE
28/10/2025

Transição Energética 93

Assinatura:
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Subeditores: Leonardo Gonçalves
Pesquisadores: Gustavo Esteves e Paulo Giovane
Assistente de pesquisa: Sérgio Silva

IFE
28/10/2025

IFE nº 83

Assinatura:
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Subeditores: Leonardo Gonçalves
Pesquisadores: Gustavo Esteves e Paulo Giovane
Assistente de pesquisa: Sérgio Silva

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Transição Energética 93

Dinâmica Internacional

América Latina: Protagonismo na transição energética com Brasil na liderança

A América Latina, impulsionada por iniciativas robustas no Brasil, vem assumindo papel de destaque na transição energética global. A região já possui uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com cerca de 60% da eletricidade gerada por fontes renováveis, segundo dados da Statista, superando a média da União Europeia. O Brasil lidera esse avanço, com aproximadamente 88% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis, conforme dados do Ministério de Minas e Energia (MME). O crescimento acelerado de tecnologias como inteligência artificial aumenta a demanda por energia, o que torna a transição para fontes limpas ainda mais estratégica. Segundo a BNamericas, há mais de 1.800 projetos de energia renovável em desenvolvimento na região, com investimentos estimados em US$ 113 bilhões. No entanto, países como o México ainda enfrentam desafios. Lá, 75% da matriz energética segue dependente de combustíveis fósseis. A expectativa é que a COP30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém (PA), sirva de palco para novos compromissos globais voltados à aceleração da transição energética, consolidando o protagonismo latino-americano nesse processo. (Olhar Digital – 16.10.2025)

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BRICS: Expoente de uma nova ordem energética global rumo a economia de baixo carbono

O BRICS está assumindo um papel estratégico na nova ordem energética global, marcada por uma reindustrialização baseada em energia, tecnologia e inteligência artificial. No 14º Fórum Internacional de Gás de São Petersburgo, especialistas de 53 países destacaram o protagonismo crescente do BRICS na transformação energética. Nos últimos anos, as nações do BRICS vêm ampliando cooperações estratégicas em energias renováveis e inovação tecnológica. China, Índia, Brasil e Rússia desenvolvem conjuntamente projetos em energia solar, eólica, bioenergia, hidrogênio e captura e reutilização de carbono (CCUS). A Rússia planeja construir um reator nuclear de alta temperatura integrado a um complexo de eletrólise de hidrogênio e sistema de reaproveitamento de CO₂, enquanto o Brasil avança em biocombustíveis e hidrogênio verde. Índia e China, por sua vez, expandem rapidamente sua capacidade em solar e eólica, posicionando-se como líderes na geração limpa global. Essas iniciativas indicam uma mudança de paradigma: o BRICS não se limita mais a exportar energia fóssil, mas busca dominar as cadeias produtivas das tecnologias limpas que sustentarão a economia do futuro. O bloco aposta em inovação, pesquisa e industrialização verde como ferramentas para reduzir emissões, garantir crescimento econômico e equilibrar o acesso global à energia. Nesse novo contexto, o BRICS emerge como força central de um modelo energético multipolar e sustentável, no qual o gás natural serve de ponte estratégica para uma matriz cada vez mais descarbonizada. (Pars Today - 23.10.2025)

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China: Indústria eólica propõe meta de 120 GW anuais até 2030

Os maiores fabricantes de turbinas da China, como Goldwind e Ming Yang, defenderam na conferência China Wind Power, em Pequim, a instalação de pelo menos 120 GW de nova capacidade eólica por ano até 2030, quase o dobro do ritmo atual. A proposta, apoiada pelo governo, busca impulsionar a transição energética e ajudar o país a atingir sua meta de reduzir entre 7% e 10% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035. A China planeja alcançar 3.600 GW de capacidade combinada de energia eólica e solar até 2035, com 1.300 GW apenas em eólicas até 2030. Em 2024, o país já havia adicionado um recorde de 80 GW. O plano inclui ainda 15 GW anuais para projetos offshore. Segundo estimativas do banco CICC, a descarbonização chinesa pode cortar 1,6 bilhão de toneladas de CO₂ até 2030, mobilizando US$ 2,5 trilhões em investimentos verdes. A indústria eólica, peça central desse esforço, consolida a liderança global da China na expansão de energias renováveis e na eletrificação de sua economia. (Energy Monitor – 21.10.2025)

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EUA: 46 GW em energia eólica devem ser adicionado até 2029

O mercado eólico norte-americano instalou 593 MW no segundo trimestre de 2025, queda de 60% frente ao mesmo período de 2024 —, mas deve encerrar o ano com 7,7 GW adicionados, segundo o US Wind Energy Monitor da Wood Mackenzie e da American Clean Power Association (ACP). Mais da metade dessa capacidade (51%) entrará em operação no quarto trimestre. Apesar da desaceleração, o setor deve instalar 46 GW até 2029, com pico previsto em 2027, quando 12,3 GW devem ser conectados à rede. O levantamento prevê média anual de 9,1 GW em novos projetos, incluindo 35,5 GW onshore, 6 GW offshore e 4,5 GW em repotenciação. A Wood Mackenzie destaca que 70% da capacidade offshore projetada já está em construção, mesmo com entraves regulatórios e investigações tarifárias que podem elevar custos em até um terço. Os estados do Oeste e do Centro-Oeste liderarão as novas instalações, com Illinois ultrapassando o Texas em 2027. “Apesar dos ventos políticos contrários, o setor mostra resiliência”, afirmou Leila Garcia da Fonseca, diretora da consultoria. (Wood Mackenzie – 21.10.2025)

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ONU: Relatório aponta urgência de financiamento sustentável para a transição energética

Um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), por meio do Painel Internacional de Recursos (IRP), destaca o papel essencial do setor financeiro na promoção de uma mineração responsável, diante da crescente demanda por minerais críticos à transição energética, como lítio, cobalto, níquel, grafite e terras raras. Intitulado "Financing the Responsible Supply of Energy Transition Minerals for Sustainable Development", o documento alerta que, se a expansão da mineração seguir os modelos tradicionais, poderá gerar impactos sociais e ambientais negativos para comunidades locais. O texto defende práticas responsáveis baseadas em critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), e recomenda estratégias de economia circular, aumento da eficiência no uso de recursos, e ampliação da reciclagem e recuperação de minerais para mitigar a dependência da extração primária. Destaca ainda a importância de melhorar as condições de trabalho, os salários e a igualdade de gênero, sobretudo na mineração artesanal e de pequena escala. O relatório também propõe parcerias equitativas entre países produtores e consumidores, maior transparência nos mercados minerais, fortalecimento das instituições nacionais e reformas no sistema financeiro — incluindo taxonomias e instrumentos voltados à sustentabilidade. Defende, por fim, a criação de novas instituições internacionais que possam coordenar uma cadeia de suprimentos justa, segura e sustentável para os minerais da transição energética. (SDG Knowledge Hub – 22.10.2025)

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Reino Unido: Parceria com a ASEAN lança pilar para acelerar transição energética limpa e justa

O Reino Unido e a ASEAN lançaram oficialmente o Pilar de Transição de Energia Limpa e Justa do Fundo de Transição Verde (GTF) ASEAN-Reino Unido durante o 25º Fórum de Negócios de Energia da ASEAN, em Kuala Lumpur. A iniciativa, apresentada pela embaixadora britânica Helen Fazey e pelo chefe da Divisão de Energia e Minerais da ASEAN, Yanuar Fajari, marca um novo passo na cooperação climática entre as partes. O pilar prioriza investimentos em sistemas de energia limpa, redes elétricas verdes e descarbonização industrial, com foco em inclusão e sustentabilidade. A ASEAN, quarto maior consumidor de energia do mundo, precisará de pelo menos US$ 200 bilhões anuais até 2030 para atender à crescente demanda, impulsionada pela urbanização e pelo aumento populacional. O programa prevê apoio técnico e financeiro aos países-membros e a Timor-Leste, fortalecendo a segurança energética e a transição de baixo carbono. Para o Reino Unido, o fundo simboliza um compromisso de longo prazo com o desenvolvimento sustentável e o crescimento resiliente da região do Sudeste Asiático. (Ensaio energético – 22.10.2025)

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União Europeia: Líderes miram estabelecer condições para nova meta climática para 2040

A União Europeia decidiu avançar com a meta de reduzir em 90% suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040, mantendo o compromisso com a neutralidade climática em 2050. Essa meta serve como ponte entre o compromisso legal já estabelecido de cortar 55% das emissões até 2030 e o objetivo de zerar as emissões líquidas em meados do século. A proposta será detalhada por ministros em novembro, para a COP30, mas enfrenta resistência de países que exigem cláusulas de revisão e mais flexibilidade, especialmente diante de incertezas tecnológicas e econômicas. Há divergências sobre o uso de créditos de carbono estrangeiros e o papel das florestas na compensação de emissões. Países mais ricos defendem metas ambiciosas, mas pedem condições que garantam competitividade industrial e contenção de custos para os cidadãos. Em meio a tensões geopolíticas e ao enfraquecimento de medidas climáticas em outras regiões, como os Estados Unidos, a UE busca manter protagonismo climático. Para isso, sinalizou que pode flexibilizar políticas, como o mercado de carbono e a proibição de motores a combustão em 2035. A meta de 2040 será central nas negociações da COP30. (Reuters - 23.10.2025)

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Nacional

Aneel revoga autorizações de usinas solares por falta de escoamento de energia

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revogou, a pedido da geradora Sol Nascente, as autorizações para implantação e operação das usinas fotovoltaicas Sol Nascente I, II, III e IV, em Bom Jesus da Lapa (BA). Cada unidade teria 30 MW de potência, totalizando 120 MW. As outorgas, concedidas em abril de 2023, foram canceladas após a Sociedade de Propósito Específico Bahia – São Paulo Energia Solar informar que não há disponibilidade de escoamento para a energia gerada antes de 2029. A Aneel confirmou que as usinas não possuem contratos de conexão à rede nem participação no mercado regulado, além de não haver pendências financeiras registradas. Como os empreendimentos não entraram em operação comercial, a agência dispensou o pagamento da Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica (TFSEE) e a obrigação de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O caso ilustra os desafios de infraestrutura e planejamento enfrentados por novos projetos solares no país. (MegaWhat Energy – 23.10.2025)

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BNDES: Valetec será responsável pela gestão do fundo de Transição Energética e Descarbonização

A Valetec foi escolhida para estruturar e gerir o Fundo de Investimento em Participações em Transição Energética e Descarbonização (FIP Transição Energética), iniciativa do BNDES, Petrobras e Finep voltada ao financiamento de 15 micro, pequenas e médias empresas brasileiras com soluções em tecnologias limpas. A gestora superou consórcios como Ahead Ventures & Aecom e Lightrock na chamada pública e agora participará da negociação final dos contratos e regulamento do fundo. Com capital-alvo de R$ 500 milhões, sendo 25% provenientes do BNDESPAR, até R$ 250 milhões da Petrobras e até R$ 60 milhões da Finep, o FIP investirá em áreas como energias renováveis, armazenamento, eletromobilidade, combustíveis sustentáveis, captura e uso de carbono e descarbonização de processos. Os recursos devem ser aplicados em empresas brasileiras com soluções já validadas e receitas iniciais, com o objetivo de impulsionar a inovação e fortalecer a segurança energética do país. (Agência Eixos – 20.10.2025)

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Editorial CPG: “Bastidores da transição energética: o poder do ‘lobby verde’ e a política climática no Brasil”

Em editorial, o CPG analisa criticamente o papel do lobby corporativo na formulação da política climática e energética no Brasil, com foco especial no setor de bioenergia. No texto, é argumentado que, embora o lobby seja comumente associado a práticas negativas, ele é parte estruturante do processo político e historicamente influenciou a agenda energética nacional — desde o Proálcool nos anos 1970 até o programa RenovaBio. No entanto, também são apontadas contradições e riscos desse protagonismo, como a influência desproporcional de grupos ligados ao agronegócio, críticas de organizações ambientais sobre impactos socioambientais, e a falta de transparência e regulação eficaz do lobby. A atuação da bancada ruralista e os mecanismos indiretos de influência reforçam a captura de decisões estratégicas. O texto conclui que o Brasil tem o potencial técnico e natural para liderar a transição energética, mas isso só será possível com governança ética, transparência regulatória e maior participação social. Para tanto, caminhos propostos incluem o fortalecimento de instituições de pesquisa, o equilíbrio entre inovação e bem público, e a construção de uma política climática que seja, de fato, democrática, inclusiva e sustentável. (Click Petróleo e Gás – 21.10.2025)

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Embrapii: Investimento em centro de competência para hidrogênio de baixa emissão

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) anunciou um investimento de R$ 60 milhões, com recursos do FNDCT, para criar um novo Centro de Competência em Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A chamada pública, lançada durante o 4º Congresso Brasileiro do Hidrogênio, selecionará até sexta-feira (24) grupos de pesquisa de instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos com infraestrutura adequada. O centro atuará em áreas como produção sustentável de hidrogênio, armazenamento, transporte, segurança e aplicações em setores industriais e energéticos. Com essa unidade, a Embrapii passará a ter 11 Centros de Competência, que somam mais de R$ 500 milhões em investimentos e visam fortalecer a inovação e a sustentabilidade industrial brasileira. Segundo o presidente da Embrapii, Álvaro Prata, o projeto contribuirá para o avanço da energia limpa no país, enquanto a ministra Luciana Santos destacou sua importância no contexto da preparação do Brasil para sediar a COP30. (Valor Econômico - 22.10.2025)

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GESEL: Entrevista com Nivalde de Castro: “São as dores da transição”

Em entrevista publicada pelo Zero Hora, Marta Sfredo (colunista de Economia em Zero Hora e GZH) entrevista Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL) sobre os desafios atuais do sistema elétrico brasileiro diante da rápida expansão das fontes renováveis. Castro explica que o crescimento acelerado da geração solar, impulsionado por subsídios, criou desequilíbrios entre oferta e demanda e reduziu a capacidade do ONS de operar o sistema, obrigando cortes de geração durante o dia e uso de termelétricas à noite. Segundo ele, esses problemas são “dores da transição” e podem ser mitigados com soluções estruturais, como sistemas de armazenamento e atração de grandes consumidores, além de rateio dos cortes entre geradores. Sobre apagões, o professor afirma que eventos extremos, como incêndios em subestações, são inevitáveis e podem causar efeito dominó, mas não indicam falhas estruturais no sistema. Ele também defende a expansão da rede de transmissão e investimentos contínuos para acompanhar a nova realidade energética do país. Leia a entrevista na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 21.10.2025)

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Municípios paranaenses reduzem em até 95% a conta de luz com energia solar

A busca por energia limpa vem ganhando força no setor público brasileiro. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), mais de 15 mil imóveis da administração pública já utilizam energia solar. Empresas como a L8 Energy, de Curitiba, têm sentido esse avanço na prática — a companhia possui oito contratos públicos de operação e manutenção de usinas fotovoltaicas. De acordo com o CEO Leandro Kuhn, diversos municípios paranaenses estão licitando usinas solares para reduzir custos com energia, muitos com apoio do programa Itaipu Mais que Energia, que destina R$ 931,5 milhões a projetos sustentáveis em 434 cidades do Paraná e Mato Grosso do Sul. Ele explica que o custo médio de instalação é de cerca de R$ 1 mil por painel, com retorno rápido e economia que pode chegar a 95%. No setor privado, a expansão do mercado livre de energia e a viabilidade econômica dos sistemas solares têm impulsionado a demanda por operação e manutenção de usinas de até 5 MW, instaladas tanto para redução de custos operacionais quanto para comercialização de energia. Apesar do avanço, os prédios públicos ainda representam apenas 0,3% dos sistemas fotovoltaicos instalados no país. Kuhn pondera, porém, que se trata processo contínuo de amadurecimento: “as cidades e empresas precisarão investir cada vez mais em energia renovável — quando ela se alia à economia, o ganho é duplo”. (Agência CanalEnergia - 22.10.2025)

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Setor de bioenergia é ‘portador do futuro’ dentro das políticas de transição energética

O Mato Grosso do Sul vem se consolidando como referência nacional na transição energética por meio da bioenergia, ocupando posição de destaque na produção de etanol (4º no ranking nacional) e sendo o 2º maior produtor de etanol de milho. Com 22 usinas em operação e outras três em implantação, o setor é tratado como estratégico pelo governo estadual, que o enxerga como “portador de futuro” para o desenvolvimento sustentável. A meta é tornar o Estado carbono neutro até 2030, e já se observam avanços concretos: as usinas de etanol de milho removeram, na última safra, 2,6 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, contra 1,3 milhão emitidas. A plataforma estadual Carbon Control permite monitorar e comprovar esses resultados. Paralelamente, o Estado vem investindo fortemente em biometano — já são R$ 1 bilhão em aportes — e promove incentivos fiscais para o combustível e veículos movidos a ele. Também moderniza a infraestrutura logística com obras de pavimentação que facilitam o escoamento e o transporte de trabalhadores. Em paralelo, a Companhia de Gás estadual realiza leilões para integrar o biometano à rede. O governo destaca ainda a importância de investir em ciência e inovação e alerta para os efeitos da reforma tributária, buscando garantir a competitividade do setor. (Semadesc – 20.10.2025)

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Stellantis: Etanol é o diferencial do Brasil na transição energética

O vice-presidente da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros, defende que o Brasil tem uma posição estratégica na transição energética global graças ao etanol, que considera seu principal diferencial competitivo. Segundo ele, a COP30, que ocorrerá em Belém em novembro, é uma oportunidade para o país mostrar ao mundo sua trajetória de descarbonização baseada em biocombustíveis. O executivo destaca que o etanol, além de ser renovável e de baixo carbono, já abastece cerca de 30% da frota leve nacional, o que, segundo ele, seria equivalente, em termos de impacto ambiental, a ter 30% de veículos 100% elétricos. Isso, para ele, confere ao Brasil condições únicas de realizar uma transição energética gradual, sem rupturas, ao contrário de outros países que dependem exclusivamente da eletrificação total da frota. A Stellantis já investe em tecnologias híbridas com etanol e anunciou R$ 30 bilhões em aportes no Brasil até 2030. A expectativa é que, nesse horizonte, metade dos veículos novos vendidos no Brasil tenha algum nível de eletrificação, variando das versões híbridas leves às mais avançadas. “O desafio é localizar a produção de motores elétricos, baterias e componentes eletrônicos no Brasil, gerando valor e tecnologia dentro do país”, explica. (CNN Brasil – 16.10.2025)

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Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais

ABVE: Primeiro incêndio em VE expõe riscos da recarga improvisada

O primeiro caso público de incêndio em um carro elétrico no Brasil, envolvendo um BYD Dolphin em Santa Maria (RS), reacendeu o debate sobre a importância da recarga segura. O fogo começou durante uma recarga improvisada, feita com extensão elétrica comum e o carregador portátil deixado dentro do veículo. Embora o sistema de bateria não tenha sido atingido e ninguém tenha se ferido, especialistas alertam que esse tipo de prática pode causar superaquecimento e curto-circuito. Segundo Clemente Gauer, da ABVE, o incidente serve como lição: “o problema não foi o carro, e sim a improvisação”. Especialistas recomendam o uso de wallboxes instalados por profissionais qualificados, respeitando normas da ABNT e evitando extensões e adaptadores. A BYD destaca que este foi o primeiro caso entre quase 200 mil veículos eletrificados da marca no país, reforçando que o risco está na má instalação, não na tecnologia. O episódio evidencia a necessidade de regulamentação para recargas residenciais e condomínios, já que segurança na mobilidade elétrica começa na tomada. (Inside EVs – 21.10.2025)

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Artigo CCAC: “Ampliando e integrando a cozinha limpa na transição energética”

Em artigo, a Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC, na sigla em inglês) aborda a necessidade urgente de integrar a cozinha limpa à transição energética global, destacando seus impactos positivos na saúde pública, no clima e no desenvolvimento sustentável. Atualmente, bilhões de pessoas ainda cozinham com biomassa poluente, o que causa 3,2 milhões de mortes por ano e emite níveis de carbono comparáveis à indústria da aviação. As abordagens anteriores, focadas apenas na melhoria de fogões a lenha, não eliminaram o problema. A solução proposta é incluir a cozinha elétrica (e-cooking) e o uso de combustíveis limpos (como gás liquefeito de petróleo - LPG) nos planos nacionais de eletrificação. Países como Uganda e Eswatini são citados como exemplos de estratégias inovadoras, como tarifas elétricas específicas para cozinhar, modelos de financiamento acessíveis e uso da arte e cultura para mudança de comportamento. Uganda, por exemplo, criou uma unidade específica para o tema e está integrando a cozinha limpa ao seu plano de acesso universal à eletricidade até 2030. O artigo conclui que o avanço da cozinha limpa requer políticas públicas integradas, incentivos financeiros, mudança cultural e planejamento energético nacional. (Climate and Clean Air Coalition – 21.10.2025)

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Artigo de Justin Mackovyak: “Renovando o argumento da eficiência energética: um recurso de rede, uma ferramenta de confiança do cliente e um motor econômico”

Em artigo publicado no Utility Dive, Justin Mackovyak (VP de viabilidade estratégica de utility e soluções emergentes no ICF) defende a renovação do protagonismo da eficiência energética como uma estratégia essencial para enfrentar o rápido crescimento da demanda elétrica previsto até 2050. O autor destaca que, com data centers, eletrificação e manufatura pressionando as redes, e tarifas residenciais podendo dobrar em algumas regiões, a eficiência é apresentada como uma infraestrutura crítica, capaz de aliviar a carga da rede, evitar investimentos caros e manter a energia acessível. Além de ser um recurso barato e rápido, programas modernos de eficiência e gestão da demanda ajudam a estabilizar a rede, evitam sobrecargas e melhoram a previsão do sistema. O texto também destaca como a personalização com IA, ferramentas digitais e comunicação proativa podem fortalecer a confiança dos consumidores e aumentar a adesão aos programas, especialmente em um cenário de mudanças nas políticas de incentivos federais. A eficiência energética, quando combinada com ações como resposta à demanda e carregamento flexível, forma um ativo estratégico para as distribuidoras, que pode ser integrado à rede e financiado com recursos das tarifas. O artigo conclui que, diante de um futuro energético incerto, a eficiência oferece um caminho claro e viável para garantir confiabilidade, reduzir custos e promover justiça energética. (Utility Dive - 24.10.2025)

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Artigo de Sam Butler-Sloss, Daan Walter, Kingsmill Bond: “O que é a eletrotecnologia e o que ela significa para a geopolítica e a segurança energética?”

Em artigo publicado no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), Sam Butler-Sloss, Daan Walter e Kingsmill Bond (Ember) analisam o avanço da revolução “electrotech”, impulsionada por tecnologias elétricas como energias renováveis (solar e eólica), veículos elétricos, bombas de calor e baterias, que estão transformando a forma como o mundo gera, consome e distribui energia. Os autores apontam que essa metamorfose é movida por três grandes forças: física (eficiência superior às fontes fósseis), economia (redução contínua de custos por escala e inovação) e geopolítica (distribuição democrática de recursos renováveis). A China já lidera essa transformação como a primeira “eletroestado”, com domínio da cadeia produtiva, inovação e exportação. Países emergentes também estão superando nações desenvolvidas em adoção de energia solar. Com a eletricidade substituindo os combustíveis fósseis em diversos setores e os investimentos em electrotech dobrando os feitos em petróleo e gás, o texto argumenta que o mundo está prestes a entrar em um declínio definitivo da demanda por fósseis. Por fim, o texto conclui que os próximos anos serão decisivos: países que souberem aproveitar a oportunidade poderão liderar a nova ordem energética global, enquanto os que permanecerem presos ao paradigma fóssil correm o risco de ficar para trás. (World Economic Forum – 22.10.2025)

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Bright Consulting: Eletrificação redefine o portfólio automotivo brasileiro

Entre 2023 e 2025, o mercado automotivo brasileiro passa por uma transformação estrutural marcada pela expansão dos veículos eletrificados. Segundo a Bright Consulting, versões de carros elétricos puros (BEVs) e híbridos já ultrapassam 30% do total de modelos ofertados, mesmo com o número geral de versões praticamente estável, de 1.067 para 1.038. Enquanto motores Flex, gasolina e Diesel ainda predominam, sua participação combinada caiu de 75,9% para 69%, refletindo a transição tecnológica. Os BEVs cresceram de 7,9% para 12%, e os híbridos plug-in (PHEVs), de 5,2% para 7,3%, consolidando-se como ponte entre combustão e eletrificação. A expansão é impulsionada por novas montadoras, especialmente chinesas, infraestrutura de recarga em crescimento e políticas públicas como o programa MOVER. Embora o mercado ainda enfrente desafios de custo e logística, a reorganização dos portfólios demonstra que a eletrificação deixou de ser tendência e tornou-se realidade competitiva, exigindo das concessionárias adaptação técnica e comercial para sustentar a nova fase da mobilidade brasileira. (Inside EVs – 24.10.2025)

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Chery: Lançamento de bateria sólida com 1300 km de autonomia

A Chery apresentou seu primeiro módulo de bateria totalmente sólido durante a Chery Global Innovation Conference 2025, alcançando densidade energética de 600 Wh/kg e prometendo autonomia de até 1.300 km. Desenvolvida pelo Chery Solid-State Battery Research Institute, a célula combina eletrólito sólido polimerizado in situ com cátodo rico em lítio e manganês, garantindo alta segurança e resistência a danos físicos, como perfurações, sem risco de incêndio ou fumaça. A empresa prevê operações piloto em 2026 e início da produção ampliada em 2027, posicionando-se à frente de concorrentes como BYD e CATL. O lançamento reforça a estratégia de inovação tecnológica da montadora, impulsionada pelo capital captado em seu IPO em Hong Kong. O bom desempenho financeiro e o aumento de 26,2% nas exportações em 2025 sustentam os investimentos em P&D e tecnologias de próxima geração, consolidando a Chery como um dos principais atores da transição para baterias de estado sólido. (Inside EVs - 20.10.2025)

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Criação da Secretaria de Mobilidade Elétrica marca novo passo na transição automotiva brasileira

O governo federal oficializou a criação da Secretaria de Mobilidade Elétrica, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), com o objetivo de articular políticas públicas voltadas à eletrificação veicular e fortalecer o diálogo entre governo e indústria. O anúncio foi feito durante o Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, pela ABVE, que atuará como parceira técnica do órgão. A iniciativa surge em meio ao avanço do setor, que deve crescer 20% em 2025, alcançando 220 mil veículos híbridos e elétricos vendidos, e à expansão da produção local, impulsionada por fábricas recém-inauguradas da BYD, na Bahia, e da GWM, em São Paulo. A secretaria também deve coordenar diretrizes de infraestrutura de recarga, após a publicação de normas técnicas pelo Confea, e estimular o uso de energia solar e eólica em frotas públicas. Ao consolidar uma estrutura federal dedicada ao tema, o Brasil dá um passo estratégico para acelerar a mobilidade elétrica, garantir segurança regulatória e ampliar a competitividade industrial na transição energética. (Inside EVs – 23.10.2025)

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Noruega: VEs atingem 98% do market-share de novos veículos

A Noruega está prestes a concluir sua transição para a mobilidade elétrica, com 98,3% dos carros novos vendidos em setembro de 2025 sendo totalmente elétricos, o que levou o governo a propor a eliminação gradual dos incentivos fiscais até 2027. O plano prevê a redução do limite de elegibilidade em 2026 e o fim completo das isenções no ano seguinte. Segundo o ministro das Finanças, Jens Stoltenberg, o objetivo de ter apenas carros elétricos novos até 2025 foi alcançado, tornando os benefícios fiscais desnecessários. Atualmente, os veículos elétricos são isentos de impostos de importação, IPVA, taxas de registro e do IVA, que representa 25% do valor do veículo, garantindo grande economia aos compradores. Pela nova proposta, a isenção total do IVA será mantida apenas para veículos até 300 mil coroas norueguesas, o que deve encarecer os modelos populares. Diferentemente dos EUA, onde o fim dos subsídios gerou preocupação, a retirada dos incentivos na Noruega não deve afetar significativamente as vendas, dada a consolidação do mercado elétrico no país. (Inside EVs - 22.10.2025)

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PwC Brasil: Brasil poderá ter 35 milhões de VEs até 2040

As projeções da Strategy& (PwC Brasil) indicam que o Brasil poderá ultrapassar a marca de 35 milhões de VEs até 2040, incluindo modelos elétricos puros e híbridos. O crescimento médio anual das vendas deve chegar a 106% entre 2022 e 2029, com aceleração a partir de 2027, impulsionando uma transformação estrutural na matriz energética nacional. Essa expansão refletirá diretamente na redução do consumo de combustíveis fósseis, com estimativas de queda de 8 bilhões de litros de gasolina e 6 bilhões de litros de diesel até 2030, alcançando 37 bilhões e 41 bilhões de litros, respectivamente, em 2040. O avanço dos VEs puros e híbridos também abrangerá o transporte pesado, com previsão de crescimento de 100% nas vendas de caminhões leves e ônibus em 2028, e de 79% e 47% nos caminhões pesados e veículos de passeio até 2030. Em 2040, a participação de eletrificados na frota nacional deve atingir 65% entre caminhões leves e ônibus, 51% nos carros de passeio e 37% nos caminhões pesados, evidenciando uma mudança significativa no perfil de consumo energético e nas emissões do setor de transportes. (Inside EVs - 21.10.2025)

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WEG: Exportação de carregadores de VEs para Europa

A WEG anunciou que iniciará, em 2026, a exportação de carregadores de veículos elétricos produzidos no Brasil para o mercado europeu, consolidando sua expansão internacional no setor de mobilidade elétrica. Segundo a empresa, parte da produção atenderá à demanda local na Europa, onde as operações já começaram, enquanto outra parte levará tecnologia brasileira para outros continentes, reforçando o posicionamento global da companhia. Paralelamente, a WEG antecipa investimentos no México para ampliar sua capacidade produtiva de componentes elétricos, impulsionada pelo aumento da demanda internacional após a aquisição da norte-americana Marathon em 2023. A empresa pretende garantir escala e agilidade produtiva, respondendo ao aquecimento do mercado global e fortalecendo sua presença nas cadeias de fornecimento ligadas à transição energética. (Inside EVs - 21.10.2025)

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Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis

ANEEL: Aprovação de quatro projetos de PDI de hidrogênio

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou quatro projetos de hidrogênio de baixo carbono financiados com recursos do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), totalizando R$ 196,2 milhões. A decisão encerra um processo iniciado em 2024, que originalmente avaliava 13 propostas com investimento previsto de R$ 1,49 bilhão. A redução ocorreu após meses de revisões técnicas e preocupações sobre o uso dos recursos, custeados pelos consumidores de energia. Segundo o diretor Fernando Mosna, relator do voto final, o novo valor representa um equilíbrio entre incentivo à inovação e responsabilidade na gestão do PDI. As iniciativas contemplam setores industriais como siderurgia, alimentos, fertilizantes e mobilidade, buscando impulsionar o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono no país. Com a aprovação, os projetos entram agora em fase de execução, consolidando mais um passo da Aneel na estratégia de transição energética brasileira. (Agência Eixos – 22.10.2025)

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Artigo de Fernanda Delgado: "O Brasil está pronto para liderar a indústria do hidrogênio verde?"

Em artigo publicado pela Agência Eixos, Fernanda Delgado (CEO da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde [ABIHV]) trata do papel estratégico do hidrogênio verde e de outros combustíveis limpos na transição energética e no enfrentamento das mudanças climáticas, destacando o potencial singular do Brasil para liderar essa nova economia graças à sua matriz renovável, abundância de recursos e experiência em energia limpa. Delgado argumenta que o hidrogênio verde pode impulsionar setores difíceis de descarbonizar, gerar inovação tecnológica, atrair investimentos e criar empregos qualificados, alinhando crescimento econômico à responsabilidade ambiental. No entanto, para transformar esse potencial em realidade, o país precisa avançar em marcos regulatórios, oferecer segurança jurídica, melhorar as condições de financiamento e investir na formação de talentos. Apesar dos desafios globais e da conjuntura adversa, o Brasil já tem projetos promissores em andamento e deve agir com rapidez e planejamento para consolidar-se como protagonista da economia verde e construir um futuro sustentável e inclusivo. (GESEL-IE-UFRJ – 21.10.2025)

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Brasil: Atraso da IMO pressiona governo a definir marco dos combustíveis marítimos sustentáveis

Mesmo com o adiamento pela Organização Marítima Internacional (IMO) da votação sobre o mecanismo net zero para 2026, o Brasil deve avançar com sua política nacional de combustíveis sustentáveis para navegação. Especialistas afirmam que o país precisa se preparar para uma transição “sem volta”, consolidando sua posição como fornecedor de biocombustíveis e derivados de hidrogênio, como o e-metanol. O grupo de trabalho do Ministério de Minas e Energia (MME), que elabora o marco legal do setor, teve o prazo prorrogado por 90 dias. Segundo Flávio Mathuiy, representante brasileiro na IMO, o adiamento internacional oferece tempo extra para estruturar políticas e infraestrutura próximas aos portos, evitando emissões no transporte terrestre. Já Camilo Adas, da Be8, alerta que a indefinição global pode atrasar investimentos e reduzir a previsibilidade de demanda. Ainda assim, o Brasil mantém protagonismo, com matriz energética limpa e forte experiência em biocombustíveis, fatores que o colocam em posição estratégica para liderar a descarbonização marítima regional e global. (Agência Eixos – 22.10.2025)

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Decreto que regulamenta leis do hidrogênio aguarda aval da Casa Civil

O decreto que regulamenta o marco legal do hidrogênio no Brasil, referente às Leis nº 14.948 e 14.990, está concluído e depende apenas da aprovação da Casa Civil, informaram representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e da Fazenda. O texto estabelece as regras de acesso aos R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais do Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC), além de incentivos do Rehidro voltados à desoneração de investimentos. Também define a estrutura do comitê gestor (Coges-PNH2) e os papéis de agências reguladoras como ANP, Aneel e ANA. Segundo o Ministério da Fazenda, a proposta já foi tecnicamente finalizada e deve ser validada “nos próximos dias”. O governo ainda pretende abrir consulta pública sobre o primeiro leilão de créditos do PHBC, programado para o período de 2027 a 2032. O MME projeta que o hidrogênio de baixo carbono alcance custo competitivo com o fóssil até 2030 e que hubs industriais sejam instalados a partir de 2035. Para o presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Paulo Emilio de Miranda, o decreto representa um marco regulatório moderno, que valoriza a neutralidade tecnológica e amplia o interesse de investidores nacionais e internacionais. (Agência Eixos – 22.10.2025)

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Brasil: Hidrogênio verde e a chance histórica de liderar a nova economia mundial

O avanço das mudanças climáticas impõe urgência à eliminação gradual dos combustíveis fósseis, um dever já previsto no direito internacional dos direitos humanos, destaca a relatora da ONU Elisa Morgera. Nesse contexto, o hidrogênio verde, a amônia e o e-metanol surgem como pilares da transição energética global, e o Brasil reúne condições únicas para liderar esse processo. Com matriz predominantemente renovável, abundância de recursos naturais, experiência em biocombustíveis e posição geográfica estratégica, o país tem potencial para atrair investimentos e consolidar-se como potência verde. O marco legal do hidrogênio e programas como o Rehidro e o PHBC são avanços relevantes, mas a consolidação dessa indústria exige previsibilidade regulatória, segurança jurídica e acesso a financiamento competitivo. A colaboração com instituições financeiras e a formação de mão de obra especializada serão decisivas. Hubs como os de Pecém e Suape já atraem bilhões em investimentos, mas a liderança dependerá da capacidade de agir rápido. O hidrogênio verde é mais que uma alternativa energética: é uma oportunidade concreta para o Brasil unir crescimento, inovação e justiça climática. (Agência Eixos – 20.10.2025)

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Brasil: Minas Gerais mira 50% de biocombustíveis e aposta em eletrificação e hidrogênio até 2050

O Plano de Descarbonização de Minas Gerais projeta que metade da demanda por gasolina e diesel será substituída por biocombustíveis até 2050, segundo estudo da WayCarbon para o programa Rota da Descarbonização, conduzido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Invest Minas. O cenário net zero combina estratégias de eletrificação, biocombustíveis e hidrogênio verde para atingir emissões líquidas zero no setor de transportes. A análise indica que o modal rodoviário, responsável por 94% das emissões do setor, é o principal foco, com destaque para o uso ampliado de etanol, biodiesel e diesel verde. Na aviação, prevê-se a substituição total do querosene fóssil por SAF no mesmo período. A matriz elétrica majoritariamente renovável favorece a adoção de veículos e trens elétricos, que podem reduzir em até 70% as emissões de NOx. Apesar dos desafios de custo e infraestrutura, o plano reforça a competitividade do estado na transição energética e sua vocação para atrair investimentos em transporte limpo e industrialização verde. (Agência Eixos – 21.10.2025)

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Hyundai: Apresentação de SUV a célula de combustível no 4CBH2

A Hyundai Motor Brasil participa do 4º Congresso Brasileiro do Hidrogênio (4CBH2), realizado em Brasília entre 22 e 24 de outubro, apresentando o Hyundai NEXO, SUV movido a célula de combustível de hidrogênio com 163 cv de potência e autonomia superior a 660 km. O modelo, que purifica o ar durante a rodagem, está em testes na Universidade de São Paulo desde fevereiro, abastecido com hidrogênio renovável produzido a partir de etanol, no primeiro posto do tipo no mundo. O vice-presidente da Hyundai Motor Brasil, Ricardo Martins, destacou em painel do evento o papel do hidrogênio na mobilidade de baixo carbono e a integração entre produção, transporte e uso do combustível. Para Paulo Emílio de Miranda, presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio, o NEXO simboliza um salto tecnológico rumo à neutralidade climática. O 4CBH2 reforça a importância do hidrogênio de baixa emissão na transição energética global, com foco em inovação, sustentabilidade e descarbonização até 2050. (Inside EVs – 21.10.2025)

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Senai Park: Inauguração de centro de inovação com foco em hidrogênio verde e baterias

O Senai Park (Ipojuca, RM Recife) inaugurou um centro para plantas-piloto com dois projetos já contratados por >10 empresas, somando R$ 100 milhões em P&D; um deles foca hidrogênio verde para mobilidade e armazenamento (com eletrolisador que produz 30 kg/dia, suficiente para abastecer quatro veículos Suape–Recife ida/volta), com participação de Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil. O segundo projeto mira produção nacional de baterias de lítio de baixa tensão, liderado pelo Grupo Moura, como etapa de “tropicalização tecnológica”; o investimento inicial é de R$ 20 milhões, com linha robotizada prevista para o 1º tri/2026 e capacidade de 1.000 baterias/mês (12V e 48V). A iniciativa dialoga com a agenda de mitigação de curtailment via armazenamento e com a redução da dependência de imports, posicionando Pernambuco no mapa de H₂ e lítio. (Megawhat – 20.10.2025)

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Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização

Artigo de Eulene Hemétrio: "Confiança e comunicação se tornam pilares da geração distribuída"

O crescimento da geração distribuída no Brasil é expressivo: mais de 780 mil novos sistemas instalados em 2024 adicionaram 8,8 GW à matriz elétrica, totalizando mais de 40 GW de potência, quase toda proveniente da energia solar. O avanço coloca o país entre os líderes mundiais em geração fotovoltaica descentralizada, mas expõe um desafio crucial: consolidar uma narrativa de confiança. Muitos consumidores ainda desconhecem regras de compensação e diferenças entre modelos individuais e coletivos, o que alimenta desinformação e práticas comerciais duvidosas. Nesse contexto, a comunicação torna-se estratégica, não como marketing, mas como ferramenta de transparência, tradução técnica e construção de credibilidade. Contar histórias reais de impacto local fortalece o vínculo entre tecnologia e sociedade, legitimando o modelo perante consumidores, investidores e reguladores. O futuro do setor dependerá tanto de inovação técnica quanto da capacidade de comunicar com clareza e responsabilidade, afinal, gerar energia é também gerar confiança. (Agência CanalEnergia – 23.10.2025)

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Artigo de Nathan Shannon e Sharon Talbott: “Uma visão centrada no cliente para atender ao crescimento futuro da demanda”

Em artigo publicado no Utility Dive, Nathan Shannon (presidente e CEO da Smart Energy Consumer Collaborative) e Sharon Talbott (diretora de marketing industrial para energia e utilities na Salesforce), argumentam que, diante do crescimento acelerado da demanda elétrica, impulsionado por data centers de inteligência artificial, eletrificação de transportes e aquecimento, as concessionárias de energia devem adotar uma visão centrada no consumidor para enfrentar os desafios da transição energética. Projeções indicam que a demanda por eletricidade pode crescer 25% até 2030 e 78% até 2050, o que pode dobrar as tarifas residenciais nesse período. Nesse cenário, o uso estratégico de recursos energéticos distribuídos (REDs), como baterias e painéis solares instalados nas residências, se destaca como uma solução promissora para garantir confiabilidade e moderação de custos, desde que liderado pelas próprias concessionárias. Pesquisas mostram que os consumidores confiam nas distribuidoras e estão dispostos a participar de programas como solar+armazenamento e resposta à demanda, especialmente se houver incentivos financeiros e apoio técnico direto das concessionárias.Ainda, tecnologias emergentes, como inteligência artificial e aprendizado de máquina, também podem contribuir para a modernização da rede, melhorar o planejamento e a operação do sistema, e oferecer experiências mais personalizadas e confiáveis aos clientes. Os autores concluem que, ao integrar tecnologias digitais, expandir a atuação com REDs e reforçar as relações com os consumidores, as distribuidoras podem não apenas atender à nova demanda com mais resiliência e eficiência, mas também liderar uma transformação rumo a um futuro energético mais limpo, inclusivo e centrado nas pessoas. (Utility Dive - 17.10.2025)

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Brasil: VPPs e baterias de sódio impulsionam nova era da energia descentralizada

O avanço das usinas virtuais (VPPs) e das baterias de sódio está redefinindo o setor energético, oferecendo soluções descentralizadas e sustentáveis para o desafio do curtailment, o desperdício de energia gerada e não consumida. Segundo o Energy Summit Report 2025, apresentado por Hudson Mendonça, CEO do evento, as VPPs conectam baterias e pontos de recarga de forma inteligente, funcionando como uma única usina capaz de armazenar e redistribuir energia conforme a demanda. O modelo, que já soma 160 GW de potencial nos Estados Unidos, democratiza investimentos e reduz custos de expansão do sistema. Paralelamente, as baterias de sódio surgem como alternativa estratégica às de lítio e níquel, oferecendo menor custo, maior estabilidade térmica e independência das cadeias asiáticas. China, EUA e Europa já aceleram sua produção e pesquisa em novas químicas, como ferro e manganês, para aprimorar desempenho e reduzir dependências. Para Mendonça, a combinação dessas tecnologias inaugura uma fase de flexibilidade, digitalização e sustentabilidade, consolidando o armazenamento como pilar da transição energética global. (Agência CanalEnergia – 23.10.2025)

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Editorial Reuters: “Baterias e solar ajudam Europa Central a eliminar dependência de combustíveis fósseis”

Em editorial, o Reuters destaca que países da Europa Central, como Áustria, Hungria, Romênia e Polônia, estão surpreendendo ao liderar a transição energética por meio da rápida expansão da energia solar e do uso de sistemas locais de armazenamento de baterias. Desde 2022, a geração solar cresceu de forma expressiva, permitindo cortes recordes na geração elétrica a partir de combustíveis fósseis. Áustria e Hungria já geram mais eletricidade por meio de usinas solares do que por fontes fósseis, revertendo padrões anteriores. O crescimento da capacidade solar na região foi de 460% desde 2019, superando amplamente a média europeia. Além disso, o uso de sistemas de armazenamento de energia (BESS) aumentou em mais de 470% entre 2022 e 2025 em alguns países, ajudando a estabilizar a rede e impulsionar ainda mais a substituição dos combustíveis fósseis. A fabricação local desses sistemas, impulsionada por políticas de incentivo ao emprego, fortalece o papel da região como protagonista da transição energética. A expectativa é que, até 2030, a capacidade de armazenamento aumente mais de dez vezes, sustentando a continuidade dessa transformação energética. (Reuters - 23.10.2025)

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Impactos Socioeconômicos

África: investimento em eletrificação cresce, mas ainda é insuficiente para alcançar acesso universal

Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) revela que o investimento em acesso à eletricidade na África aumentou, mas continua muito abaixo do necessário para eliminar a lacuna energética do continente. Em 2023, apenas US$ 2,5 bilhões foram comprometidos para novas conexões, valor ainda distante dos US$ 15 bilhões anuais exigidos para garantir acesso universal até 2035. O estudo mostra que mais de 70% dos recursos vêm de finanças públicas internacionais, enquanto a contribuição privada não chega a 30%. Para equilibrar essa proporção, a AIE recomenda reformas regulatórias e a integração de programas de eletrificação aos planos nacionais de desenvolvimento, estimulando a demanda e atraindo investidores. O relatório também sugere ampliar o uso de capital concessional, que representaria 40% do total de investimentos na próxima década, e concentrar recursos em comunidades rurais e vulneráveis, onde vive 80% da população sem acesso. Além disso, propõe subsídios temporários e mecanismos inovadores de financiamento para mini-redes e sistemas solares, a fim de garantir energia acessível e sustentável, reduzindo desigualdades regionais e socioeconômicas. (IEA – 20.10.2025)

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Artigo de Becky Li: “Para manter a energia acessível, os reguladores devem repensar quem paga — e quando”

Em artigo publicado no Utility Dive, Becky Li (gerente da RMI) e Joe Daniel (diretor da RMI) defendem que, diante do crescimento acelerado da demanda elétrica nos EUA, impulsionado por data centers, veículos elétricos, bombas de calor e novas indústrias, reguladores e empresas de energia devem repensar urgentemente quem paga pelos investimentos na rede e quando esses custos são cobrados. Os autores pontuam que a eletrificação tem potencial de reduzir tarifas médias, desde que bem planejada, pois o aumento no consumo dilui os custos fixos da infraestrutura. Estudos mostram que tecnologias como veículos elétricos e bombas de calor podem gerar receitas superiores aos custos que impõem à rede. No entanto, essa vantagem depende de uma alocação justa e antecipada de custos. Muitos modelos atuais repassam os investimentos de forma genérica e atrasada, o que pode fazer com que consumidores que não se beneficiam da eletrificação acabem subsidiando os que se beneficiam. A chave, segundo os autores, está em antecipar discussões sobre alocação de custos durante o planejamento dos investimentos, garantindo transparência, equidade e previsibilidade para todos os usuários.. O artigo conclui que a modernização regulatória é essencial para garantir que os ganhos econômicos da transição energética sejam amplamente distribuídos, evitando impactos tarifários desiguais e protegendo os consumidores mais vulneráveis. (Utility Dive - 20.10.2025)

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Editorial Brasil de Fato: “Lítio é energia limpa? Corrida pelo ‘ouro branco’ gera impactos no Brasil e no Sul Global”

Em editorial, o Brasil de Fato discute os impactos geopolíticos, econômicos e socioambientais da crescente exploração de lítio no Brasil e no Sul Global, impulsionada pela transição energética e pela demanda por baterias em veículos elétricos e tecnologias renováveis. Embora o lítio seja associado à energia limpa, a corrida pelo chamado “ouro branco” tem gerado conflitos e violações, especialmente em regiões como o Vale do Jequitinhonha (MG), onde comunidades relatam danos ambientais, escassez hídrica e ausência de consulta a povos tradicionais, em desacordo com a Convenção 169 da OIT. A expansão da mineração, liderada por empresas transnacionais como a Sigma Lithium, ocorre com incentivos estatais e poucas garantias de justiça socioambiental. O texto também destaca a desigualdade global na cadeia do lítio: enquanto países do Sul extraem, os ganhos econômicos e tecnológicos se concentram no Norte. Casos como o da Bolívia, que buscou um modelo estatal de gestão, mostram as tensões geopolíticas em torno do recurso. è apontado ainda que, para movimentos sociais, como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), uma transição energética justa exige soberania territorial, consulta às populações afetadas e agregação de valor local, rompendo com a lógica colonial da exportação de recursos brutos. (Brasil de Fato - 23.10.2025)

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Editorial Reuters: “Transição energética deve dividir os fabricantes do outro lado do Atlântico”

Em editorial, o Reuters analisa como a transição energética está colocando fabricantes da América do Norte e da Europa em caminhos distintos, com impactos potenciais sobre a competitividade industrial nos próximos anos. Na América do Norte, especialmente nos EUA, a abundância de gás natural e seus preços relativamente estáveis estão consolidando o uso contínuo do gás como principal fonte de energia para a indústria. Já na Europa, a dependência de gás importado — intensificada após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 — e os elevados preços do gás têm impulsionado uma forte migração para eletrificação, apesar dos custos elevados da eletricidade. Enquanto a Europa planeja que 48% de sua indústria seja eletrificada até 2050, contra 33% em 2025, na América do Norte essa taxa deve subir apenas de 27% para 34%, mantendo o gás como fonte dominante. A mudança europeia traz benefícios ambientais e estratégicos, mas também riscos, como volatilidade nos preços da eletricidade e necessidade de modernização da infraestrutura elétrica. Já na América do Norte, o uso intensivo de gás pode elevar custos no futuro devido à concorrência com exportações de GNL, embora o avanço de renováveis e da energia nuclear possa mitigar parte desses impactos. Por fim, o texto aponta que a viabilidade dessas estratégias poderá ser definida pelo consumidor, já que mercados globais tendem a favorecer os produtores de menor custo, independentemente da fonte energética utilizada. (Reuters – 17.10.2025)

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França: Setor de energia eólica offshore sofre com incertezas ante crise política

A crise política na França está impactando fortemente o setor de energia eólica offshore, com desenvolvedores e fornecedores enfrentando incertezas que paralisam novos investimentos e projetos. A estagnação decorre da falta de aprovação do plano energético PPE3, que deveria traçar as diretrizes do país para o período pós-2026, e do adiamento de licitações cruciais — uma delas, para um parque eólico de 1 GW na costa oeste, sequer recebeu propostas, reflexo das dúvidas quanto ao apoio estatal e à complexidade do local.Embora o governo francês tenha planos ambiciosos de quadruplicar sua capacidade eólica offshore — atualmente limitada a apenas 3 GW em operação ou desenvolvimento, muito atrás dos 16 GW do Reino Unido —, as promessas de abrir novas licitações (totalizando 12 GW) seguem sem avanço. A instabilidade legislativa e a troca constante de primeiros-ministros sob o governo de Emmanuel Macron, somadas à resistência em aprovar um orçamento austero, agravam o impasse. Enquanto isso, empresas do setor renovável congelam contratações, cortam salários e reduzem equipes. O cenário reforça a preocupação de que, sem previsibilidade e apoio governamental claro, a França pode perder competitividade na transição energética e frear o desenvolvimento de sua indústria eólica offshore. (Reuters - 24.10.2025)

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SEI: Nova relatório analisa impacto de políticas industriais verdes para uma transição energética justa

O Stockholm Environtment Institute (SEI) publicou o relatório “Green Industrial Policy: Challenges and Opportunities for a Globally Inclusive and Fair Energy Transition”, que analisa o avanço das políticas industriais verdes adotadas por grandes economias e seus impactos nos países emergentes e em desenvolvimento (EMDEs). O documento destaca que, à medida que estados assumem um papel mais ativo na condução da transição energética, utilizando subsídios, exigências de conteúdo local e mecanismos como o ajuste de carbono na fronteira, cresce o risco de exclusão de nações com menor capacidade de implementação. Essas políticas, muitas vezes centradas na competitividade doméstica, segurança geopolítica e metas nacionais, podem aprofundar desigualdades e dificultar a inserção de EMDEs nas cadeias globais de valor da nova economia verde. O relatório aponta que uma transição energética verdadeiramente global requer medidas que promovam a inclusão e a equidade, com acesso facilitado a tecnologias verdes, co-desenvolvimento de soluções, investimentos em capacitação técnica e inovação local, e financiamento climático em escala industrial. Ainda, propõe a adaptação de regras comerciais e padrões regulatórios às realidades dos países em desenvolvimento, bem como o fortalecimento de plataformas internacionais de cooperação entre governos, setor privado e centros de pesquisa. É ponderado que, ao evitar o protecionismo climático e favorecer parcerias em vez de exclusão, é possível alinhar as políticas industriais verdes às prioridades de desenvolvimento dos EMDEs e às metas globais de descarbonização, promovendo uma transição justa e eficiente para todos. (SEI – 23.10.2025)

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