Transição Energética 90
Dinâmica Internacional
GEAPP: Mobilização de US$ 1,7 bilhões para impulsionar transição energética no Sudeste Asiático
A Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) mobilizou US$ 1,7 bilhão para impulsionar a transição energética limpa no Sudeste Asiático, conforme anunciado em seu “Relatório de Impacto 2025”. A iniciativa destaca o poder de parcerias entre governos, setor privado e filantropia para transformar sistemas energéticos, gerar empregos e combater as mudanças climáticas em economias emergentes. Desde sua criação na COP26 (2021), a GEAPP já concedeu US$ 503 milhões em financiamento catalítico, destravando US$ 7,8 bilhões em investimentos e apoiando 137 projetos em mais de 30 países. No Sudeste Asiático, os recursos estão sendo aplicados em 37 projetos, que beneficiarão 4 milhões de pessoas, gerarão 77 mil empregos e evitarão cerca de 18 milhões de toneladas de CO₂. A aliança também atua na superação de barreiras ao financiamento climático, por meio de iniciativas como a “Financing Asia’s Transition Partnership” e a plataforma ENABLE, lançada com o Banco Asiático de Desenvolvimento para fomentar projetos de armazenamento de energia (BESS). No Vietnã, por exemplo, a GEAPP criou uma força-tarefa para acelerar a integração de baterias à rede elétrica nacional, apoiando metas de armazenamento até 2030. Segundo Kitty Bu, vice-presidente da GEAPP na região, “a transição energética no Sudeste Asiático exige ação conjunta entre governos, bancos de desenvolvimento, setor privado e comunidades”. (Vietnam Investment Review – 29.09.2025)
Índia: Avanço da transição energética com plano ambiciosa para energia eólica
A Índia está acelerando sua transição energética com um ambicioso plano de expansão da energia eólica, que poderá mais que dobrar a capacidade instalada atual: de 51 GW para 107 GW até 2030. Para 2040, o país ambiciona alcançar 164 GW, segundo o relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). Apesar de possuir um potencial eólico estimado em 1.164 GW, o país explorou apenas 4,5% desse total. O GWEC recomenda o fortalecimento dos leilões, melhorias na infraestrutura da rede elétrica e o cumprimento rigoroso das obrigações de aquisição de energia renovável para que a energia eólica represente 20% da matriz renovável até 2025. Além dos benefícios ambientais, apostar na energia eólica poderá trazer ganhos econômicos significativos: pode reduzir os custos de geração em 10%, melhorar a estabilidade da rede e otimizar o uso da capacidade de transmissão. A instalação de 15 GW de capacidade por ano pode gerar até 154 mil empregos diretos, fortalecendo o setor industrial. A Índia já é responsável por 10% da produção mundial de equipamentos eólicos e aumentou sua capacidade fabril de 12 GW (2022) para 20 GW (2024), consolidando-se como o terceiro maior polo de fabricação global. Com a meta governamental de atingir 500 GW de capacidade não fóssil até 2030, o país reafirma sua visão política de colocar a energia limpa no centro do desenvolvimento. (Noticias Ambientales – 30.09.2025)
ABB: Estudo aponta que transição energética ganha tração com renováveis, investimentos e digitalização
A transição energética da Indonésia está ganhando força com avanços significativos na adoção de fontes renováveis, investimentos robustos e integração digital, segundo a pesquisa Asia Pacific Energy Transition Readiness Index 2025, conduzida pela ABB. O levantamento revela que 40% das organizações no país já obtêm mais da metade de sua energia a partir de fontes renováveis — um desempenho acima da média regional de 25%. E a tendência é de crescimento: 87% esperam aumentar esse uso em mais de 20% nos próximos cinco anos. Essa trajetória é impulsionada por reformas regulatórias, como o projeto de lei “Renewable Energy and New Energy” (RUU EBT 2025), que oferece diretrizes claras para expandir a capacidade renovável. No campo dos investimentos, foi apurado que 86% das empresas indonésias já destinam mais de 10% de seu CAPEX a projetos de transição energética. A tecnologia também desempenha um papel crucial nesse processo: 70% dos líderes ouvidos identificam os avanços tecnológicos como os maiores aceleradores da transição, enquanto a digitalização tornou-se a principal prioridade de investimento para 47% das empresas. Além disso, o fator humano é reconhecido como essencial para o sucesso da transição; não obstante, 30% das empresas apontam a necessidade de fortalecer o recrutamento e capacitação de talentos verdes. A pesquisa conclui que a Indonésia está bem posicionada para acelerar sua transição energética, desde que mantenha o ritmo de adoção de renováveis, amplie os investimentos, fortaleça sua infraestrutura digital e energética, e aprofunde a colaboração entre setores público e privado. (ABB – 30.09.2025)
EUA: Compradores corporativos impulsionam 40% da nova capacidade de energia limpa
Um relatório encomendado pela Clean Energy Buyers Association (CEBA) mostra que compradores corporativos são fundamentais para viabilizar projetos de energia limpa nos EUA, respondendo por mais de 40% das novas adições de capacidade desde 2016. Esses compromissos voluntários, viabilizados principalmente por contratos virtuais de compra de energia (VPPAs), garantem previsibilidade de receita aos desenvolvedores e segurança aos financiadores, sem os quais muitos projetos não conseguiriam empréstimos. A pesquisa da REsurety, que avaliou 251 projetos em mercados como ERCOT, MISO e PJM, revelou que os VPPAs reduzem em até 90% o risco de dificuldades financeiras, enquanto os certificados de energia renovável (CER) oferecem receita adicional estável. Executivos de empresas como Pine Gate Renewables e Primergy destacaram que a atuação corporativa é a espinha dorsal da expansão do setor, sustentando investimentos em larga escala diante da crescente demanda impulsionada por inteligência artificial, eletrificação e reindustrialização. A CEBA, que reúne 400 entidades e representa um quinto da Fortune 500, busca consolidar esse papel como motor da transição energética rumo a um sistema livre de carbono. (Energy Monitor – 01.10.2025)
União Europeia: Pacote de investimentos de € 545 milhões para impulsionar transição energética na África
A União Europeia está intensificando seu apoio à transição energética na África por meio de um novo pacote de investimentos de €545 milhões. Essa iniciativa, parte da estratégia “Global Gateway”, visa acelerar projetos de geração, transmissão e comércio transfronteiriço de eletricidade limpa, ao mesmo tempo em que fortalece parcerias internacionais estáveis. O objetivo é impulsionar o acesso à energia renovável no continente vizinho, onde quase 600 milhões de pessoas ainda vivem sem eletricidade. Os aportes abrangem projetos em diversos países africanos: na Costa do Marfim, será construída a linha de transmissão de alta voltagem; em Camarões, a eletrificação rural alcançará 687 comunidades; no Congo, Lesoto, Madagascar, Moçambique e Somália, ações vão desde minirredes com energia solar até o apoio à transição de baixo carbono. Além disso, iniciativas regionais, como o fortalecimento do Pool Energético da África Central e a linha de interconexão "Boucle de l’Amitié", visam melhorar a integração energética. A ação europeia está alinhada à campanha “Scaling Up Renewables in Africa”, liderada em parceria com a Global Citizen e com apoio técnico da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Com essa mobilização, a UE busca não apenas enfrentar a desigualdade energética e impulsionar o desenvolvimento sustentável na África, mas também contribuir com as metas globais definidas na COP28 de triplicar a capacidade de energias renováveis e dobrar a eficiência energética até o fim da década. (União Europeia – 30.09.2025)
WEF: Lançamento de white paper para transição energética na América Latina e Caribe
O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) publicou, no âmbito do Energy Transition Readiness Assessment (ETRA) 2025, um white paper para a transição energética na América Latina e no Caribe. Segundo o documento, tal metamorfose na região se encontra em um momento decisivo: apesar das condições estruturais favoráveis — como abundância de fontes renováveis, riqueza em minerais críticos e baixa dependência de combustíveis fósseis — a prontidão da região para avançar na transição não tem acompanhado seu potencial. O estudo aponta caminhos para acelerar esse processo, incluindo reformas políticas, aumento do investimento privado, modernização da infraestrutura energética e maior integração regional. Além disso, destaca a importância de investir em qualificação profissional, fomentar a inovação e fortalecer a cooperação entre os países. (World Economic Forum – 01.10.2025)
Wood Mackenzie: Políticas chinesas elevam preços de módulos solares
A Wood Mackenzie aponta que os custos de aquisição de equipamentos para energia solar e armazenamento aumentarão significativamente a partir do 4º trimestre de 2025, encerrando um ciclo de 18 meses de preços historicamente baixos sustentados por excesso de oferta chinesa. A análise destaca três fatores principais: a consolidação do polissilício, com cortes de produção que já elevaram seus preços em 48% em setembro de 2025; a redução das taxas de operação de fábricas de módulos e a eliminação de linhas obsoletas, diminuindo a capacidade global; e o cancelamento do desconto de 13% do IVA sobre exportações de módulos e baterias pela China, que responde por mais de 80% da produção mundial de módulos solares e 90% das baterias de fosfato de ferro e lítio. Essa mudança deverá elevar os preços dos módulos em cerca de 9% no final de 2025, com tendência de alta em 2026, afetando especialmente mercados como o dos EUA. Para a consultoria, trata-se de uma correção estrutural das guerras de preços, que pode fortalecer margens e viabilizar reinvestimentos, mas exigirá ajustes de estratégia dos desenvolvedores e atenção dos formuladores de políticas quanto à dependência de cadeias de suprimentos concentradas.(Wood Mackenzie – 02.10.2025)
União Europeia: Energia solar lidera geração elétrica no segundo trimestre de 2025
No segundo trimestre de 2025, as energias renováveis responderam por 54% da geração líquida de eletricidade na União Europeia, superando os 52,7% do mesmo período em 2024, com a energia solar assumindo papel de destaque. Pela primeira vez, em junho, a solar se tornou a principal fonte de eletricidade do bloco, atingindo 22% do total gerado e superando a nuclear (21,6%), seguida por eólica (15,8%), hidrelétrica (14,1%) e gás natural (13,8%). No trimestre, a solar produziu 122.317 GWh, equivalente a 19,9% do mix, consolidando-se como motor da expansão renovável. A Dinamarca liderou em participação renovável, com 94,7%, seguida por Letônia (93,4%), Áustria (91,8%), Croácia (89,5%) e Portugal (85,6%), enquanto Eslováquia (19,9%), Malta (21,2%) e Chéquia (22,1%) ficaram nas últimas posições. Quinze países registraram avanços, com Luxemburgo (+13,5 pp) e Bélgica (+9,1 pp) destacando-se pela rápida expansão solar. Do total renovável, 36,8% vieram da solar, 29,5% da eólica, 26% da hidrelétrica, 7,3% de combustíveis renováveis e 0,4% da geotérmica. (Energy Monitor – 30.09.2025)
Nacional
CNPE: Criação de grupo de trabalho para regulamentar marco legal das eólicas offshore
O Conselho Nacional de Política Energética aprovou a criação do GT-EO, grupo de trabalho coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, que terá até 270 dias para propor a regulamentação da lei das eólicas offshore. O colegiado, formado por 23 instituições, deverá definir critérios de localização, regras para solicitação de declarações de interferência prévia (DIP), exigências técnicas e financeiras, sanções e a criação de um portal único para gestão das áreas. Também serão realizados estudos sobre coexistência com atividades de pesca, navegação e demandas portuárias. O Brasil tem potencial estimado em mais de 1.200 GW para geração offshore, mas projetos aguardam regulamentação para avançar no Ibama e na ANP, que já negaram pedidos por falta de base legal. A expectativa é que as diretrizes sejam entregues ainda em 2025 e um relatório mais amplo sobre políticas públicas e próximos passos seja concluído até o primeiro semestre de 2026. (Agência Eixos – 01.10.2025)
CNPE: Integração da eletricidade às metas de descarbonização no setor de transporte
O Conselho Nacional de Política Energética aprovou resolução que fixa os valores da Intensidade de Carbono das Fontes de Energia (ICE) e define a participação de combustíveis líquidos, gasosos e da energia elétrica no cumprimento das metas do Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), previsto na Lei do Combustível do Futuro. Os parâmetros técnicos, elaborados pela EPE, estabelecem as emissões em gCO2eq/MJ para cada fonte energética, a participação relativa na matriz e o peso específico do etanol hidratado frente à gasolina tipo C. Segundo o MME, a medida integra o Mover ao RenovaBio, criando previsibilidade regulatória e alinhamento técnico para acelerar a descarbonização do setor de transportes. O ministro Alexandre Silveira destacou que a decisão representa um marco para consolidar a política nacional de mobilidade de baixo carbono, com impacto positivo tanto para a indústria quanto para a segurança energética. (Valor Econômico – 01.10.2025)
Greener: Oferta de GD com baterias cresce no Brasil
O estudo estratégico da Greener indica que a oferta de sistemas híbridos de geração distribuída com baterias cresceu no Brasil no primeiro semestre de 2025, mas as vendas seguem em ritmo lento. De acordo com o levantamento, 71% dos integradores passaram a oferecer essa solução no período, um aumento de seis pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do avanço na oferta, o mercado ainda enfrenta barreiras para consolidar a demanda. O principal entrave apontado é o alto custo dos equipamentos de armazenamento, considerado pouco atrativo pelos consumidores frente à baixa rentabilidade do investimento, sobretudo quando comparado aos sistemas tradicionais de GD que injetam excedentes diretamente na rede. (Agência Eixos - 30.09.2025)
Artigo Marcelo Mendo, Frederico Viana e Thiago Passos: "O Brasil na corrida mundial por terras raras"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Marcelo Mendo e Frederico Viana (sócios da área de Direito da Mineração do Cescon Barrieu) e Thiago Passos (advogado associado do Cescon Barrieu) tratam do crescente interesse geopolítico e econômico nas terras raras brasileiras, impulsionado pela disputa global por minerais estratégicos usados em tecnologias da transição energética, como turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos militares. Com reservas estimadas em 23% do total mundial, mas apenas 1% da produção global, o Brasil tem potencial para se tornar um player relevante, especialmente diante da hegemonia da China na produção e refino desses minerais. O artigo destaca a necessidade de desenvolver a cadeia produtiva nacional, da mineração ao refino, e integrar universidades, setor privado e políticas públicas nesse processo. Iniciativas como o Fundo do BNDES, a Frente Parlamentar em Defesa das Terras Raras e incentivos fiscais mostram avanços regulatórios, mas o país ainda enfrenta desafios estruturais para deixar de exportar apenas minerais brutos e agregar valor, consolidando-se como parceiro estratégico na nova ordem energética global. (GESEL-IE-UFRJ – 29.09.2025)
Entrevista com Rafaela Guedes: "Descarbonização é compatível com crescimento do país"
Em entrevista publicada pelo Valor Econômico, Ricardo Balthazar (jornalista do Valor Econômico) entrevista Rafaela Guedes, economista do Cebri, que defende que é possível o Brasil cumprir suas metas de descarbonização sem comprometer o crescimento econômico ou a exploração de novas reservas de petróleo, desde que adote medidas compensatórias e políticas públicas eficazes. Segundo ela, mesmo diante da desaceleração global na agenda climática, causada por tensões geopolíticas e pelo afastamento dos EUA do Acordo de Paris, o Brasil mantém vantagens competitivas com sua matriz energética limpa e políticas em desenvolvimento para fomentar cadeias produtivas verdes. Guedes destaca a importância de marcos regulatórios, como o mercado de carbono, para acelerar a transição e atrair investimentos, mas ressalta que a descarbonização precisa ser acompanhada de políticas industriais que enfrentem desigualdades regionais. A seu ver, a COP30 será uma oportunidade para o Brasil demonstrar avanços concretos, apesar do cenário internacional adverso. (GESEL-IE-UFRJ – 30.09.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
China: Exportação de VEs exigirá licenças a partir de 2026
O Ministério do Comércio da China anunciou que, a partir de 1° de janeiro de 2026, será exigida a obtenção de licenças de exportação para veículos totalmente elétricos. A medida tem como objetivo promover o desenvolvimento saudável da indústria de carros elétricos no país. Essa exigência coloca os VEs em linha com outros tipos de veículos que já necessitam de autorizações para exportação. As condições para as empresas que desejam obter essas licenças, bem como os métodos de gestão, procedimentos de aplicação e emissão das autorizações, serão baseadas em um documento de 2012. Esta decisão reflete o compromisso da China em fortalecer seu setor automotivo, incentivando o crescimento e a inovação na produção e exportação de veículos elétricos. A medida também pode impactar o mercado global de veículos elétricos, à medida que a China é um dos principais players nesse segmento. (Broadcast Energia – 28.09.2025)
Editorial O Eco: “O elo esquecido da transição: como a eficiência energética pode ajudar a descarbonizar a indústria”
Em editorial, o Jornal O Eco aborda o vetor da eficiência energética enquanto caminho promissor para descarbonizar a indústria nacional. Segundo o texto, indústria brasileira é um dos principais gargalos da descarbonização no país, respondendo por 31,7% do consumo de energia e dependente majoritariamente (78%) de fontes térmicas, como gás natural e óleo diesel, usadas em fornos e caldeiras. Isso significa que apenas descarbonizar a matriz elétrica não é suficiente. Apesar do potencial, a eficiência energética enfrenta barreiras técnicas, regulatórias e financeiras. Equipamentos industriais, ao contrário dos eletrodomésticos, não têm padrões mínimos nem etiquetagem, dificultando a escolha por opções mais eficientes. O problema se mostra ainda mais grave em pequenas e médias empresas, que enfrentam altos custos e pouco acesso a capital. Já grandes indústrias, com mais recursos, estão na vanguarda tecnológica e conseguem investir em melhorias, mas especialistas defendem que o governo precisa ampliar incentivos e estabelecer metas mais ambiciosas. Para avançar, é apontada a necessidade de formar mão de obra qualificada, criar regulamentação robusta para equipamentos industriais, eliminar gradualmente subsídios aos combustíveis fósseis e integrar políticas fiscais às metas climáticas. Dessa forma, o editorial conclui que a eficiência energética é uma oportunidade estratégica para reduzir emissões, aumentar competitividade e gerar economia. (O Eco – 26.09.2025)
Brasil: Bombeiros de São Paulo terão norma própria para recarga de VEs em prédios
O Corpo de Bombeiros de São Paulo anunciou que publicará uma norma específica para instalação de pontos de recarga de veículos elétricos em garagens de prédios residenciais e comerciais, diferenciando-se da diretriz nacional do Ligabom, de caráter apenas orientativo. A instrução paulista exigirá adoção de normas técnicas da ABNT, como NBR 5410, NBR 17019 e NBR IEC 61851-1, e responsabilidade técnica do instalador, com emissão de ART, garantindo maior segurança às edificações e previsibilidade para síndicos e empresas de infraestrutura. Segundo a ABVE, a medida representa avanço regulatório ao criar parâmetros claros e obrigatórios para o setor, reduzindo incertezas jurídicas e fortalecendo a expansão da mobilidade elétrica em condomínios. Além disso, futuras consultas públicas poderão incluir exigências adicionais, como sprinklers e detectores de fumaça. Para os especialistas, ao adotar padrões técnicos consolidados e dialogar com a sociedade, São Paulo estabelece um marco regulatório sólido que pode servir de referência para outros estados no avanço da infraestrutura de recarga. (Inside EVs – 01.10.2025)
Europa: Coalizão lança iniciativa para acelerar eletrificação de caminhões pesados
A Europa enfrenta o desafio de multiplicar em mais de 20 vezes o número de caminhões elétricos em circulação, construir dez vezes mais pontos públicos de carregamento e investir € 600 bilhões na rede até 2030 para cumprir suas metas climáticas. Para acelerar esse processo, foi criado o e-Logistics Hub, coalizão que reúne fabricantes como TRATON Group, concessionárias de energia como Iberdrola, operadores de carregamento, compradores de frete e empresas como a Amazon. A iniciativa busca superar gargalos políticos que limitam a expansão do setor, já que, apesar do avanço inicial em 2025, apenas 3,6% dos novos caminhões vendidos eram elétricos, contra a meta de 38%. O Blueprint 2040 – Closing Europe’s Electric Trucks Gap define medidas como modernização regulatória, precificação de carbono, incentivos de frotas corporativas e maior apoio a investimentos em infraestrutura. Líderes do setor reforçam que a indústria está pronta e investindo fortemente, mas dependente de condições políticas estáveis, alinhamento regulatório e incentivos previsíveis para garantir a transição em larga escala. (Smart Energy – 03.10.2025)
EUA: Relatório da EY aponta que incerteza regulatória pode frear avanço de VEs
O relatório EY Mobility Lens Forecaster de setembro de 2025 alerta que os Estados Unidos correm o risco de ficar para trás na corrida global por veículos elétricos (VEs) devido à eliminação do crédito fiscal federal em setembro, tarifas comerciais e incertezas regulatórias. A previsão aponta uma desaceleração no crescimento anual de vendas de VEs no país, com pico de 11% até 2029 e só alcançando 32% até 2035. A meta de 50% de participação fica adiada para 2039. Em contrapartida, os veículos híbridos devem ganhar espaço, representando 34% das vendas até 2034. Na Europa, a projeção é que as vendas de VEs também devem desacelerar até 2027, mas se recuperarão depois, atingindo 50% em 2032 e 95% até 2041. A China permanece líder global, com 50% das vendas em 2033 e previsão de 96% de veículos elétricos até 2050, graças a baixos custos e forte apoio governamental. O relatório reforça que, apesar dos obstáculos, a eletrificação continuará sendo o futuro do setor automotivo, exigindo que montadoras dos EUA se adaptem para não perderem competitividade. (Utility Dive - 30.09.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
BCG: Biocombustíveis do Brasil podem suprir 15% da demanda marítima global até 2050
Um relatório do Boston Consulting Group (BCG) projeta que o Brasil poderá suprir até 15% da demanda global de transporte marítimo com biocombustíveis até 2050, atraindo investimentos de cerca de US$ 90 bilhões. Segundo maior produtor mundial de etanol e biodiesel, o país tem condições de aproveitar o mecanismo IMO Net Zero, que entrará em vigor a partir de 2028 com penalidades de US$ 100 a US$ 380 por tonelada de CO₂e para navios que não cumprirem metas, para consolidar sua liderança. Os biocombustíveis nacionais oferecem custos de abatimento significativamente inferiores às penalidades: o biodiesel varia de US$ 220 a 230/tCO₂e em portos brasileiros, e o etanol de US$ 205 a 210/tCO₂e, mantendo competitividade mesmo em hubs globais como Roterdã e Cingapura. Essa vantagem pode reduzir 170 milhões de toneladas anuais de emissões e gerar escala apoiada na restauração de até 25 milhões de hectares de terras degradadas, dentro de um potencial de 100 milhões voltados à agricultura regenerativa. Para viabilizar o cenário, o BCG aponta a necessidade de consolidar o arcabouço regulatório da IMO até 2027, além de incentivos claros e avanços em motores compatíveis com etanol e metanol. (Agência Eixos – 29.09.2025)
Artigo de Fernando Caneppele: "Hidrogênio Verde na Indústria Brasileira: Desvendando o Business Case Real e Estratégias de Implementação Setoriais para Além do Hype"
Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Fernando Caneppele, professor da USP, aborda como o hidrogênio verde representa uma oportunidade para a indústria brasileira. Segundo o autor, “empresas e investidores precisam focar em análises de viabilidade rigorosas e customizadas para cada setor, identificando os nichos onde o business case fecha primeiro. A superação dos desafios de modelagem financeira, integração tecnológica, desenvolvimento de infraestrutura e navegação regulatória exigirá um investimento crucial em capacitação técnica e conhecimento especializado. Somente com planejamento estratégico e uma visão pragmática será possível transformar o imenso potencial do Brasil em projetos concretos, lucrativos e sustentáveis, consolidando sua liderança na nova economia de baixo carbono.” (GESEL-IE-UFRJ – 02.10.2025)
Brasil: Marco do hidrogênio verde atrai projetos bilionários e aguarda regulamentação
O marco legal do hidrogênio verde (Lei 14.948/2024), embora ainda pendente de regulamentação por decretos, já impulsiona forte movimentação no Brasil, com destaque para o lançamento do Portal do Hidrogênio e projetos que somam 35,9 GW em pedidos de conexão à Rede Básica até 2038, mais que o dobro do pico de carga atual do Nordeste (16 GW). Concentrados em Piauí, Ceará e Bahia, esses empreendimentos refletem o avanço rápido do setor, apontado pela Absolar como essencial para a descarbonização, sobretudo em segmentos não passíveis de eletrificação direta. Globalmente, o financiamento público ao H2 verde já ultrapassa US$ 275 bilhões, frente aos US$ 3,4 bilhões do Brasil, valor ainda modesto comparado a EUA (US$ 90,4 bi). Além do Nordeste, projetos como o da Atlas Agro, em Uberaba (MG), estimado em R$ 6 bi, visam produzir 42 mil toneladas de hidrogênio para fertilizantes, em parceria energética com a Casa dos Ventos. Apesar do entusiasmo, o BNDES alerta que financiamentos estão em estágio inicial, com cerca de US$ 30 bi ainda em memorandos, destacando a necessidade de contratos sólidos com offtakers para garantir viabilidade. (Agência CanalEnergia – 30.09.2025)
Brasil: Senado aprova manutenção de incentivos fiscais para hidrogênio de baixo carbono
O Senado Federal aprovou o PLP 108/2024, que regulamenta a segunda fase da reforma tributária sobre o consumo e incorpora emenda que garante a continuidade dos incentivos fiscais para produção de hidrogênio de baixo carbono, evitando que o Regime Especial de Incentivos (Rehidro), criado pelo Marco Legal do Hidrogênio, perdesse eficácia em 2027. A proposta, sugerida pelos senadores Augusta Brito (PT-CE) e Cid Gomes (PSB-CE) e acolhida pelo relator Eduardo Braga (MDB-AM), assegura a adaptação do Rehidro à nova estrutura da Lei Complementar 214/2025, essencial para preservar projetos em planejamento, atrair investimentos e fortalecer a cadeia de valor do hidrogênio verde, área estratégica para o Ceará. Antes da correção, a ausência de menção explícita aos benefícios do Reidi gerava insegurança regulatória, apontada como um dos principais entraves pelo setor e já identificada pelo Ministério da Fazenda, que buscava solução junto à PGFN. A mudança aprovada aumenta a segurança jurídica dos projetos em curso, estimulando sua viabilização, e agora segue para análise na Câmara dos Deputados. (Agência Eixos – 02.10.2025)
Brasil: Hidrogênio verde enfrenta desafios para cumprir potencial energético
O hidrogênio verde (H2V) desponta como solução promissora para a transição energética, mas ainda enfrenta barreiras importantes para cumprir todo seu potencial. Obtido a partir da eletrólise da água com uso de fontes renováveis como solar e eólica, esse vetor energético pode substituir combustíveis fósseis em diversos setores, inclusive na siderurgia, setor de grandes emissões. A engenheira química Patrícia Metolina mostrou em sua pesquisa — vencedora de prêmio de teses da USP — que o uso de hidrogênio verde na produção de aço pode eliminar o uso de coque de carvão e reduzir drasticamente as emissões, como já testado na Suécia. O estudo destaca que o Brasil tem vantagens em recursos naturais que o posicionam como forte candidato à liderança na produção de H2V. Iniciativas como o Portal Brasileiro do Hidrogênio, lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e projetos concentrados no Complexo do Pecém (CE), Uberaba (MG) e Suape (PE) indicam movimentações concretas no setor. Estima-se que a demanda global por hidrogênio aumentará cinco vezes até 2050, e o Brasil já atrai atenção com US$ 107 bilhões em investimentos anunciados na América Latina. No entanto, os desafios são significativos: o custo elevado dos eletrolisadores, a ausência de infraestrutura para transporte e armazenamento, a falta de um marco regulatório claro e até dificuldades técnicas. Apesar disso, especialistas defendem que o investimento em pesquisa, desenvolvimento e regulamentação é urgente. Com políticas públicas adequadas e participação do setor privado, pondera-se que o Brasil pode transformar sua vantagem natural em liderança tecnológica e industrial no hidrogênio verde, contribuindo decisivamente para a descarbonização global. (Agência Brasil – 27.09.2025)
Brasil: Setor de H2V avança com fila de 36 GW após um ano do marco legal
Embora o marco regulatório do hidrogênio verde, dado pela lei 14.948/2024, tenha sido promulgado há pouco mais de um ano e ainda aguarde sua regulamentação completa, o setor já demonstra forte movimento no cenário doméstico. Um fator que demonstra essa perspectiva no país são as iniciativas como o Portal do Hidrogênio, lançado em setembro deste ano. O número de projetos protocolados para conexão à Rede Básica junto ao MME soma uma demanda acumulada de 35,9 GW até 2038. Esse volume, apontou a VP de Investimento e Hidrogênio Verde da Absolar, Camila Ramos, é mais que o dobro do pico de carga atual de toda a região Nordeste que está em cerca de 16 GW. Além disso, a representante considera o ritmo de adesão da iniciativa privada acelerado, apesar do pouco tempo de tramitação até a aprovação das regras. Por fim, ela ressalta que diversas outras iniciativas que estão em fase de investimento e planejamento fora da área nordeste, demonstrando o caráter protagonista do setor dentro do domínio nacional. (Agência CanalEnergia - 30.09.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Artigo WEF: “O que é flexibilidade energética e como isso pode ajudar a equilibrar a crescente demanda por energia?”
Com a crescente demanda global por energia – impulsionada pela eletrificação, expansão industrial e pelo aumento do uso de inteligência artificial generativa – estratégias que melhorem a eficiência e a flexibilidade dos sistemas elétricos se tornam fundamentais para a descarbonização. Segundo o “Energy Transition Index 2025”, do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), mecanismos como a resposta do lado da demanda (DSR, na sigla em inglês) ganham destaque. Eles permitem que consumidores ajustem temporariamente seu consumo de energia para equilibrar a rede, podendo inclusive receber incentivos financeiros. Essa abordagem pode atender ao crescimento acelerado da demanda sem necessidade imediata de novas usinas, que demoram anos para entrar em operação. Ao redistribuir melhor a energia existente, o DSR contribui para reduzir custos, aumentar a segurança energética e promover maior equidade no acesso à eletricidade. Contudo, o índice aponta queda de 1,3% na pontuação global de flexibilidade dos sistemas elétricos, o que demonstra que a maioria dos países ainda carece de infraestrutura capaz de lidar com fontes renováveis variáveis e picos de demanda. Outros recursos importantes para essa adaptação são redes inteligentes, inteligência artificial, baterias e soluções de armazenamento, que garantem estabilidade e eficiência. De acordo com o WEF, no futuro, a combinação de tecnologias, mudanças comportamentais e novas formas de geração descentralizada será essencial para construir um sistema energético mais resiliente, eficiente e limpo. (World Economic Forum – 02.10.2025)
Artigo de Chirag Chawla: “Como as baterias de íon-lítio estão transformando o cenário energético”
Em artigo publicado na ESS News, Chirag Chawla (Fundador e Presidente da Electrent Enery) enfatiza o papel das baterias eletroquímicas na transição energética, a partir do exame da experiência indiana. O autor destaca que a Índia vive um momento decisivo de transformação, impulsionada pela rápida adoção de fontes renováveis, eletrificação de veículos e demanda crescente por energia confiável. Nesse cenário, as baterias de íon-lítio emergem como tecnologia-chave, viabilizando o armazenamento eficiente de energia solar e eólica e garantindo resiliência à rede elétrica. Mais compactas, duráveis e rápidas que baterias tradicionais, essas soluções se tornam essenciais em residências e empresas, substituindo geradores a diesel e ajudando a reduzir custos com energia em horários de pico. O autor frisa que o governo indiano tem adotado políticas de incentivo, como redução de impostos sobre matérias-primas e equipamentos, além de programas que visam expandir a produção nacional até 2030. Pondera ainda que grandes projetos de armazenamento serão essenciais para manter a estabilidade da rede diante da intermitência das renováveis. Apesar da dependência de materiais importados, o país investe em reciclagem e novas químicas de baterias para garantir autossuficiência futura. A previsão é de que, até 2030, a Índia precisará de mais de 228 GWh em capacidade de armazenamento. O texto conclui, assim, que as baterias de íon-lítio consolidam-se como pilar central de um sistema energético limpo, confiável e acessível. (ESS News - 29.09.2025)
EPE: Tecnologias de armazenamento serão críticas no próximo plano decenal no Brasil
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Prado, destacou a importância das baterias e tecnologias de armazenamento no novo planejamento decenal da instituição para o setor energético do Brasil. A EPE, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), está elaborando o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2035, que abordará a expansão do setor de 2026 a 2035. Prado ressaltou que as soluções de armazenamento, incluindo as baterias, podem atingir a escala dos 'gigawatts'. Além disso, o documento incluirá alternativas como usinas hidrelétricas reversíveis, que permitem o gerenciamento de reservatórios de água conforme a demanda. Anteriormente, as baterias eram consideradas economicamente pouco atrativas no PDE 2034 e sua entrada no sistema era marginal. No entanto, a EPE desenvolveu uma nova metodologia, em colaboração com o MME e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para avaliar e promover soluções de armazenamento. Prado enfatizou que a demanda atual por flexibilidade no sistema energético destaca a importância da 'controlabilidade' na geração distribuída. Ele alertou que a falta de avanços nesse aspecto pode resultar em problemas operacionais graves. A discussão ocorreu durante o 9º Fórum Cogen, promovido pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia em São Paulo. A nova abordagem da EPE visa garantir a viabilidade e eficiência das tecnologias de armazenamento no contexto da transição energética do país. (BroadcastEnergia - 02.10.2025)
Impactos Socioeconômicos
Brasil: Excesso de energia limpa atrai interesse de mineradoras de criptomoedas
Empresas de mineração de criptomoedas estão negociando contratos com geradoras brasileiras, como para utilizar o excedente de energia renovável sem sobrecarregar a rede. O movimento ganhou força após o anúncio de investimento da Tether, maior empresa de ativos digitais do mundo, que planeja usar energia de cana-de-açúcar para mineração de bitcoin. Há pelo menos seis projetos em negociação, incluindo um de até 400 MW. A Renova Energia informou que está desenvolvendo um dos primeiros grandes projetos de mineração de bitcoin, aporte de US$ 200 milhões em um projeto de 100 MW na Bahia. Mineradoras como Enegix, Penguin e Bitmain também estudam o mercado brasileiro, aproveitando o excesso energético causado por um crescimento maior da geração renovável em relação à infraestrutura de transmissão. Nesse cenário, as fazendas de mineração são vistas como consumidores valiosos pelas geradoras, que buscam alternativas ao desperdício de energia. Ainda, a iniciativa pode ajudar as empresas de energia a se posicionarem para atuar junto a data centers, um setor que o governo brasileiro está tentando atrair como parte da estratégia para impulsionar uma economia baseada em energia renovável. Apesar do potencial, há desafios como o uso intensivo de água, infraestrutura limitada e falta de regulamentação específica para o setor no Brasil. (Reuters - 01.10.2025)
Espanha: Acordo entre IDAE e CIS para desenvolvimento de índice para percepção social da transição energética
O Instituto para a Diversificação e Poupança da Energia (IDAE) e o Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS) da Espanha firmaram um acordo para elaborar um barômetro sobre a transição energética e as percepções sociais em torno de suas políticas entre 2025 e 2026. O estudo contará com um orçamento total de € 355 mil, sendo 70% financiado pelo IDAE e o restante pelo CIS. A iniciativa busca entender como a população espanhola enxerga temas como energias renováveis, mobilidade elétrica e autoconsumo, a fim de orientar o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes e socialmente justas. O barômetro envolverá milhares de entrevistas telefônicas em três fases, além da realização de grupos de discussão — um em Madri e os demais em quatro outras comunidades autônomas. O objetivo é avaliar o nível de conhecimento, interesse e envolvimento dos cidadãos com relação à transição energética, promovendo uma abordagem mais participativa e alinhada às percepções da sociedade. Os resultados finais serão entregues até 30 de novembro de 2026 e poderão orientar ações voltadas à reindustrialização, descarbonização e aproveitamento do potencial renovável da Espanha. (Strategic Energy Europe – 01.10.2025)
Artigo WEF: “Uma nova era da segurança energética: navegando a transição energética em meio a mudanças geopolíticas”
A transição energética global está progredindo, mas enfrenta obstáculos associados a tensões geopolíticas, aumento da demanda, pressões por segurança energética e a opacidade de políticas públicas. No Sustainable Development Impact Meetings 2025, promovido pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), especialistas destacaram que, apesar dos desafios, os fundamentos da transição permanecem sólidos, com países como China e Europa liderando em renováveis e tecnologias limpas. Impulsionadores da transição – como segurança, acessibilidade e inovação – estão, em muitos casos, se alinhando com os objetivos climáticos, acelerando a mudança. Contudo, foi ponderado que a carência de políticas claras e previsíveis dificulta investimentos, especialmente em hidrogênio verde e combustíveis limpos. Os especialistas, diante disso, avaliam que, para que a transição se torne financeiramente viável e atraente, é necessário multiplicar os projetos e torná-los "entediantes" – ou seja, comuns e seguros o suficiente para atrair financiamento tradicional. Os reguladores, por sua vez, devem estabelecer metas ambiciosas e estáveis, deixando liberdade para soluções inovadoras. O consenso entre os painelistas foi que a chave para que a transição energética avance e, mais do que isso, se torne inevitável reside em garantir mais projetos financeiramente viáveis, integrar cadeias globais e fortalecer a cooperação entre governos, empresas e investidores. (World Economic Forum – 26.09.2025)
Eventos
IEA: Líderes globais discutem desafios energéticos em Conselho Empresarial de Energia
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) reuniu cerca de 60 líderes empresariais no Energy Business Council (EBC), sua principal plataforma de diálogo com o setor privado, para debater desafios globais relacionados à energia. O encontro, presidido pelo diretor executivo Fatih Birol, buscou fortalecer a cooperação entre governos e empresas, explorando mercados de petróleo e gás, energias renováveis, minerais críticos e a crescente demanda por eletricidade. A primeira sessão tratou das perspectivas para o petróleo e o gás, incluindo a nova capacidade de GNL, do avanço das renováveis e dos riscos e oportunidades na cadeia de suprimentos de minerais críticos, com ênfase em transparência, reciclagem e uso de inteligência artificial. A segunda sessão destacou o relatório da IEA sobre o declínio acelerado dos campos de petróleo e gás, discutindo impactos na segurança energética, geografia dos suprimentos e necessidades de investimento, além de estratégias para resposta conjunta de governos e empresas. Já a última sessão abordou o futuro da eletricidade no Oriente Médio e no Norte da África, região com forte crescimento projetado de demanda, considerando riscos, oportunidades e fatores essenciais para atrair investimentos em eficiência e sistemas energéticos sustentáveis. (IEA – 03.10.2025)
IRENA: Programa NewGen premia startups de energia limpa em 2025
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) promoveu, pelo terceiro ano, o programa NewGen Renewable Energy Accelerator (NewGen), em parceria com a Social Alpha e a Enel Foundation, para apoiar jovens empreendedores na criação de soluções de energia limpa. Em 2025, 13 startups de mercados emergentes participam, sendo seis lideradas por mulheres, e três foram premiadas com o IRENA Rising Stars Award. A Cassetex, de Bangladesh, conquistou o primeiro lugar ao desenvolver uma rede de baterias solares alugáveis para veículos elétricos, promovendo inclusão e eletrificação sustentável. Em segundo lugar, a ClimaVault Africa, de Uganda, apresentou tecnologias de resfriamento solar e revestimentos comestíveis que reduzem perdas pós-colheita, beneficiando agricultores e a segurança alimentar. Já a Netagrow, da Zâmbia, ficou em terceiro com ferramentas agrícolas de IA que aumentam a produtividade em até 40%. Autoridades da IRENA e parceiros destacaram o papel essencial da juventude, da inovação digital e da cooperação internacional para acelerar a transição energética, posicionando as startups no centro de um futuro energético inclusivo, resiliente e sustentável. (IRENA – 02.10.2025)