Transição Energética 89
Dinâmica Internacional
350.org: NDCs reforçam papel central das renováveis na transição energética
Um estudo da 350.org e da Zero Carbon Analytics analisou as primeiras 36 NDC 3.0 submetidas ao Acordo de Paris e mostrou que cerca de 70% dos países incluíram novas metas para energias renováveis ou já possuem planos de expansão robustos. Entre os compromissos mais ambiciosos, o Quênia estabeleceu meta de 100% renovável até 2035, a Nova Zelândia até 2030 e os EUA declararam a mesma meta combinando renováveis e nuclear — embora o presidente Donald Trump tenha reafirmado oposição à energia verde na ONU e reiterado a saída do país do acordo. Outros destaques incluem as Maldivas, que elevaram a meta de 15% para 33% de renováveis até 2035, e os Emirados Árabes, que projetam quintuplicar a capacidade instalada até 2030. Países como Brasil e Reino Unido, já com altas participações de energia limpa, mantiveram metas consistentes. Ao todo, 28 dos 36 países apoiam a meta da COP28 de triplicar a capacidade global renovável até 2030. Segundo o estudo, trata-se de avanço em relação à rodada anterior, quando apenas 14 NDCs incluíam metas explícitas. As novas submissões, a serem concluídas até a COP30 em Belém, indicarão se as políticas nacionais estão alinhadas ao limite de 1,5°C de aquecimento global. (Agência CanalEnergia – 24.09.2025)
China: Alcance antecipado de meta para energias renováveis fortalece liderança global na transição energética
A China tem fortalecido sua liderança global na transição energética, superando suas próprias metas ao instalar, em 2024, o dobro da capacidade de energia solar e eólica do que o restante do mundo combinado — alcançando 1.200 GW com seis anos de antecedência. O país domina a fabricação de turbinas eólicas, painéis solares e veículos elétricos, consolidando-se como fornecedor essencial de tecnologias limpas para economias emergentes e parceiros estratégicos como a União Europeia, Índia e Brasil. Enquanto os Estados Unidos recuam em seus compromissos climáticos sob a administração Trump, a China transforma a transição energética em motor econômico e instrumento de influência geopolítica. O setor de energia limpa já representa 10% do PIB chinês (cerca de US$ 1,9 trilhão) e gera milhões de empregos. Internamente, há um debate entre os que defendem menos responsabilidades históricas e os que enxergam na transição uma oportunidade de protagonismo internacional. Apesar das contradições — como o alto consumo de carvão e metas climáticas ainda classificadas como "altamente insuficientes" —, a velocidade e a escala da transformação energética chinesa colocam o país na dianteira. Com alianças estratégicas, como a firmada com a União Europeia antes da COP30, e a promessa de manter seus esforços climáticos, observa-se que a China já molda o futuro da economia e da política global. (Driving Eco – 19.09.2025)
East Asia Forum: Transição energética avança no Sudeste Asiático com apoio da China
A transição energética limpa do Sudeste Asiático está avançando rapidamente, impulsionada por investimentos crescentes, especialmente da China, que já domina os mercados regionais de veículos elétricos e baterias. No entanto, essa expansão ocorre de forma fragmentada, sem coordenação eficaz entre políticas industriais, padrões ambientais e capacitação da força de trabalho. Isso expõe a região ao risco de se tornar apenas uma base de montagem de baixo custo, dependente de capital externo e vulnerável a choques, como as tarifas dos EUA sobre exportações solares. Para evitar essa armadilha, especialistas propõem a criação de um mecanismo China–ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático, na sigla em inglês) de cooperação energética e industrial limpa, voltado a alinhar investimentos com políticas públicas e governança ambiental, social e trabalhista (ESG). O mecanismo promoveria qualificação profissional regional, desenvolvimento de zonas industriais verdes ancoradas em ESG, e coordenação institucional para transformar investimentos pontuais em parcerias estruturadas. A proposta prevê participação inicial de países como Indonésia, Vietnã e Malásia, com liderança ministerial conjunta e papel ativo do setor privado em P&D, cadeias produtivas e conformidade ESG. Embora focado na China, o mecanismo pode se articular com Japão e Coreia do Sul via fóruns existentes, fortalecendo a centralidade da ASEAN na transição energética. Sem coordenação, o progresso continuará desarticulado, com pouco valor agregado retido na região. O mecanismo oferece, assim, uma resposta pragmática a esse desafio. (East Asia Forum – 24.09.2025)
EUA: Líderes globais defendem acelerar a transição energética na Semana do Clima de Nova York
Na Semana do Clima de Nova York, líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil reuniram-se na Sessão de Alto Nível sobre Abundância de Energia Renovável, marco da abertura da Cúpula Global de Renováveis, para reafirmar o compromisso de acelerar a transição energética. Ursula von der Leyen destacou que os investimentos em energia limpa superaram os fósseis em 2024, mas pediu ação decisiva e cooperação transnacional para consolidar um futuro de prosperidade e segurança energética. Philip Davis defendeu a narrativa da energia limpa como expansão de possibilidades, não de sacrifícios, reforçando que progresso gradual é mais relevante que perfeição. Francesco La Camera alertou sobre o baixo acesso de países emergentes ao financiamento e destacou a necessidade de equidade no cumprimento da meta de triplicar as renováveis até 2030. Bruce Douglas enfatizou que substituir combustíveis fósseis por renováveis é caminho para prosperidade e resiliência, enquanto André Correa do Lago ressaltou a integração das energias renováveis com agendas de segurança, justiça e independência energética. O encontro reforçou que a abundância renovável deve reduzir custos, ampliar inovação e consolidar competitividade global. (IRENA – 22.09.2025)
Índia: Restrições da rede elétrica deixam 50 GW de renováveis ociosos
A Índia enfrenta um descompasso entre o rápido crescimento de sua capacidade renovável e a lenta expansão da transmissão elétrica, com mais de 50 GW de energia limpa sem aproveitamento, segundo relatório do IEEFA e da JMK Research. No ano fiscal de 2025, apenas 8.830 km de novas linhas foram comissionados, 42% abaixo da meta, e os corredores interestaduais registraram a menor expansão em uma década, com 71% operando abaixo de 30% de utilização. A geração solar, concentrada no período diurno, contrasta com a alta demanda noturna, agravando a subutilização da rede. O estudo defende reformas que alinhem planejamento de geração e transmissão, substituam ciclos estáticos de cinco anos por modelos adaptativos e incentivem parcerias público-privadas, monetização de ativos e sistemas de aprovação simplificados. O armazenamento de energia é visto como essencial para maior flexibilidade, enquanto exemplos como Rajasthan, com 8 GW parados por exigências ambientais, ilustram os desafios. A iniciativa Green Energy Corridor já viabilizou 27,45 GW e prepara 36 GW adicionais, mas a modernização da rede será decisiva para integrar a expansão renovável e sustentar a transição energética do país. (Energy Monitor – 25.09.2025)
IRENA: Redes elétricas viram peça-chave para triplicar renováveis até 2030
A IRENA projeta que 91% da eletricidade global será renovável até 2050, puxada por solar e eólica, mas alerta para gargalos de rede que já travam a integração da nova capacidade (582 GW adicionados em 2024). Para atingir 11,2 TW de renováveis até 2030, será imprescindível expandir e modernizar transmissão, distribuição e armazenamento, com investimento anual estimado em US$ 670 bilhões entre 2025 e 2030. A Utilities for Net Zero Alliance (UNEZA) e parceiros prometeram mais de US$ 117 bilhões por ano, destinando 48% a infraestrutura de rede e alinhando-se ao compromisso da COP29 de adicionar ou reformar 80 milhões de km de linhas até 2040. Persistem barreiras: licenciamento lento, prazos longos, cadeia de suprimentos limitada e déficit de mão de obra qualificada. Relatório da UNEZA detalha a “receita” para entregar projetos no prazo e no orçamento: planejamento integrado, financiamento adequado e desburocratizado, cadeias de fornecimento robustas e formação de competências ao longo da cadeia de valor. Com IRENA e ONU coordenando, a UNEZA lidera planos para acelerar eletrificação e fortalecer redes rumo às metas da COP30.(IRENA – 23.09.2025)
ONU: Brasil e outros 16 países assinam carta em defesa da transição energética justa
Durante a Assembleia Geral da ONU e a Semana do Clima de Nova York, o presidente Lula e líderes de outros 16 países assinaram uma carta conjunta em defesa de uma transição energética justa e equitativa. O texto ressalta a urgência em acelerar a produção e o consumo de energia limpa, reafirmando compromissos assumidos na COP28 e preparando o terreno para as discussões da COP30, que ocorrerá em Belém (PA), em 2025. A carta destaca que os investimentos em energia limpa já superam aqueles em combustíveis fósseis, mas alerta para desigualdades regionais, como o baixo financiamento em países da África e da Ásia. Para enfrentar esse desafio, os líderes anunciaram a criação do Fórum Global de Transições Energéticas, que promoverá cooperação entre governos, bancos, empresas e instituições internacionais, com foco em ampliar investimentos, reduzir riscos e apoiar nações em desenvolvimento. As metas incluem a instalação de 11 terawatts de capacidade renovável até 2030, a triplicação da geração limpa e a duplicação da eficiência energética no mesmo período. O documento também defende reformas na arquitetura financeira global para garantir que os compromissos climáticos se traduzam em ações concretas, apontando esta década como decisiva para um futuro mais sustentável e justo. (Agência Brasil – 23.09.2025)
ONU: Acordos energéticos mobilizam US$ 1,6 trilhão, mas ritmo ainda é insuficiente
O Relatório Anual de Progresso dos Pactos Energéticos, divulgado no Fórum EnergyNow SDG7 durante a Assembleia Geral da ONU, mostrou avanços relevantes na expansão da energia limpa e no acesso à eletricidade, mas reforçou que os compromissos atuais ainda não têm a escala necessária para atingir as metas globais de 2030 e do Acordo de Paris. Desde 2021, os pactos já mobilizaram US$ 284 bilhões, majoritariamente do setor privado, dentro de um total de US$ 1,6 trilhão prometido. As ações voluntárias melhoraram o acesso à eletricidade para 285 milhões de pessoas, beneficiaram mais de 10 mil unidades de saúde, permitiram a circulação de 2,8 milhões de veículos elétricos e a instalação de 336 mil pontos de recarga. Ainda assim, a ONU alerta que serão necessários mais de US$ 4 trilhões anuais em investimentos para suprir os 660 milhões de pessoas sem energia e os dois bilhões que ainda utilizam combustíveis poluentes para cozinhar. A integração de metas energéticas aos compromissos climáticos nacionais, como já ocorre em países como Indonésia e Nepal, foi apontada como caminho para acelerar resultados e alinhar prosperidade, equidade e segurança às futuras gerações. (Energy Monitor – 26.09.2025)
Oxfam: Relatório aponta transição energética desigual entre países desenvolvidos e emergentes
Relatório da Oxfam denuncia que a transição energética global está sendo capturada por países ricos e elites, reproduzindo lógicas coloniais que concentram benefícios no Norte Global enquanto comunidades do Sul Global arcam com os maiores custos. Apesar de concentrarem cerca de 70% das reservas minerais essenciais, regiões como América Latina, África e Sudeste Asiático recebem fatia mínima dos investimentos em energia limpa, enquanto 1% mais rico consome energia suficiente para suprir várias vezes as necessidades básicas de toda a população sem acesso à eletricidade. O documento alerta que projetos ligados à transição ameaçam até 60% das terras indígenas reconhecidas, evidenciando violações de direitos. Também aponta que o endividamento externo dos países em desenvolvimento, de US$ 11,7 trilhões, limita sua capacidade de financiar soluções próprias. Como alternativas, a Oxfam propõe responsabilizar grandes emissores e empresas fósseis, redistribuir o consumo de energia, cancelar dívidas, respeitar direitos territoriais e reformar o sistema financeiro global. Para a organização, a transição é chance histórica de construir economias justas e sustentáveis, mas conduzida de forma desigual apenas perpetuará injustiças. (Agência CanalEnergia – 26.09.2025)
Wood Mackenzie: NDC chinesa aponta metas modestas e reforça aposta em energia limpa
Às vésperas da COP30, no Brasil, a atenção global voltou-se à nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) da China, maior emissora mundial de gases de efeito estufa e responsável pelo documento climático mais aguardado do ano. Em debate realizado na Universidade de Nova York, especialistas como Ed Crooks, Amy Myers Jaffe, David Sandalow e Joseph Webster analisaram as dimensões energéticas, tecnológicas e geopolíticas da política chinesa. O país tem se destacado pelo avanço impressionante em energia limpa, adicionando 217 gigawatts de capacidade solar apenas em 2023 e consolidando liderança em baterias e veículos elétricos, setores que se interligam a aplicações militares e à corrida global por inteligência artificial. No entanto, ao divulgar sua nova NDC durante a gravação, a China anunciou uma redução modesta de 7 a 10% nas emissões em relação ao pico, aquém das expectativas de maior ambição. Apesar disso, as metas permanecem expressivas: a expansão da capacidade eólica e solar para 3.600 GW até 2035, seis vezes o nível de 2020 e três vezes toda a capacidade elétrica atual dos Estados Unidos, configurando a China como protagonista decisiva na transição energética e no equilíbrio de poder internacional. (Woodmac – 26.09.2025)
Wood Mackenzie: Evento expõe incertezas e oportunidades da energia solar nos EUA
O encerramento da feira RE+ 2025 em Las Vegas deixou claro o clima contraditório do setor de energia limpa nos EUA: tensão com restrições comerciais e mudanças de subsídios, mas também otimismo diante de novas oportunidades. Analistas da Wood Mackenzie destacam que desenvolvedores e fabricantes enfrentam o dilema entre ampliar cadeias de suprimento compatíveis com regras como OB3 e FEOC ou esperar novas mudanças regulatórias. A incerteza já provocou queda no desenvolvimento de projetos em estágio inicial e corrida para comprovar conformidade, alterando prioridades de investimento. Ao mesmo tempo, concessionárias testam soluções para acelerar a conexão de data centers, enquanto EPCs intensificam a execução e o armazenamento desponta como tecnologia-chave para confiabilidade da rede. Com 99 GW de carga de data centers já contratados, o equivalente a quase 15% da demanda de pico, o setor encara um ponto de inflexão. A questão é se o fim dos subsídios federais trará igualdade de condições para o capital privado ou se removerá o principal instrumento da política climática, num cenário que pode ser o mais incerto — e ao mesmo tempo promissor — da história da energia limpa no país. (Woodmac – 23.09.2025)
IEA: Relatório aponta potencial solar e eólico no Sudeste Asiático
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgou relatório destacando como o Sudeste Asiático pode aproveitar seu vasto potencial solar e eólico para atender à crescente demanda elétrica, que aumentou 7% em 2024 e deve dobrar até 2050, impulsionada pela urbanização e industrialização. A forte dependência de combustíveis importados expõe a região à volatilidade dos preços e a crises de abastecimento, tornando essencial diversificar a matriz. Com cerca de 20 TW de capacidade renovável inexplorada – 55 vezes a atual – mesmo parte desse recurso pode suprir o futuro consumo, reduzir importações e emissões, além de oferecer energia competitiva em custo. Iniciativas como a Visão 2045 da ASEAN e a renovação do APAEC, somadas a metas de neutralidade climática já anunciadas por oito países, reforçam o compromisso regional. O relatório indica que os desafios da integração de renováveis variáveis podem ser superados com soluções de baixo custo, como flexibilização de usinas, previsão aprimorada, modernização de redes, armazenamento e resposta à demanda com ar-condicionado inteligente e veículos elétricos. A IEA inaugurou em Cingapura seu primeiro centro regional para apoiar a modernização energética e a transição sustentável. (IEA – 22.09.2025)
Nacional
Artigo GESEL: "Geração distribuída e a transição energética injusta no Brasil"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico [GESEL]) e Gabriel Konzen (doutor em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pela UFRJ) tratam da necessidade de uma transição energética justa no Brasil, destacando o crescimento da micro e minigeração distribuída (GD) solar como vetor importante, mas marcado por fortes desigualdades. Embora a GD já atenda 10% do consumo cativo, os benefícios se concentram nas famílias de maior renda, enquanto os custos dos subsídios — que somaram R$ 11,5 bilhões em 2024 — recaem sobre todos os consumidores, sobretudo os mais pobres. O estudo citado pelos autores mostra que apenas 3% dos sistemas estão em domicílios de baixa renda e que a expansão da GD tem pressionado tarifas em até 8% em algumas regiões. A Lei nº 14.300/2022 introduziu avanços ao prever o pagamento gradual pelo uso da rede, mas não elimina os impactos tarifários. Os autores defendem a modernização do modelo de cobrança, com tarifas em duas partes, para refletir adequadamente os custos fixos e variáveis do setor, compatibilizando a expansão da energia solar com equidade social e sustentabilidade do sistema elétrico. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 22.09.2025)
Brasil: Energia solar atinge 57 GW
A energia solar consolidou-se como a segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira, com mais de 57 GW instalados, o equivalente a 22% da capacidade total, atrás apenas da hídrica. Desse total, 37,6 GW vêm da geração distribuída em mais de cinco milhões de imóveis, enquanto o restante é proveniente de usinas conectadas ao SIN. Apenas no primeiro trimestre de 2025 foram instalados 147 mil novos sistemas, abastecendo quase 229 mil imóveis, com predominância das residências. Além de evitar 66,6 milhões de toneladas de CO₂, o setor já atraiu mais de R$ 251 bilhões em investimentos, gerou 1,6 milhão de empregos e arrecadou R$ 78 bilhões em impostos desde 2012. Entretanto, o rápido crescimento da geração própria expõe riscos, como incêndios, e reforça a necessidade de conformidade com normas da ABNT, homologação no Inmetro e responsabilidade técnica registrada no CREA. A segurança depende também do uso de equipamentos certificados — painéis, string boxes, inversores e proteções — e de manutenção periódica conforme normas trabalhistas e elétricas. O avanço da solar, essencial para reduzir contas de luz e expandir o acesso à energia limpa, só será sustentável com projetos qualificados e rigor técnico. (Agência CanalEnergia – 25.09.2025)
Brasil: Energia solar entra em ciclo de maturidade
O Brasil alcançou quase 60 GW de capacidade solar em 2025, consolidando-se como potência global após expansão acelerada da geração distribuída, mas o setor vive agora um ponto de inflexão que exige gestão inteligente, resiliência e integração. A Lei 14.300/2022 trouxe segurança regulatória e impulsionou soluções que maximizam o autoconsumo, destacando três vetores: armazenamento em baterias, com mercado estimado em R$ 20 bilhões até 2030; inversores híbridos, que funcionam como o “cérebro” do sistema; e mobilidade elétrica, cujo crescimento de vendas já reforça a sinergia com a geração solar. A evolução do setor também demanda superar os desafios da fragmentação de fornecedores, impulsionando o conceito de ecossistemas completos, que asseguram compatibilidade, simplificação logística e suporte unificado, beneficiando tanto integradores quanto consumidores. Nesse contexto, o suporte técnico se torna pilar estratégico, abrangendo pré-venda, portfólio robusto, pós-venda capilar e programas de capacitação, elevando o padrão de qualidade e confiabilidade. O futuro da energia solar no país será medido menos pela quantidade de sistemas instalados e mais pela robustez e inteligência das soluções, com destaque para empresas e profissionais capazes de oferecer integração plena e sustentação à transição energética. (Agência CanalEnergia – 22.09.2025)
EPE: 64,4% da energia usada pela indústria brasileira vem de fontes renováveis
O setor industrial brasileiro tem avançado significativamente na transição energética, com 64,4% da energia utilizada em 2024 proveniente de fontes renováveis, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Essa participação se manteve estável em relação a 2023 (64,7%) e destaca o protagonismo da indústria nacional na construção de uma matriz mais limpa. A eletricidade representou 22% do total consumido pelo setor, sendo que 88,2% teve origem de fontes renováveis. Outras fontes relevantes incluem o bagaço de cana (21,3%), licor preto (9%) e lenha (8,8%). Entre os segmentos industriais com maior crescimento no consumo de energia estão mineração e pelotização (8,4%), papel e celulose (4,6%) e metalurgia de não-ferrosos (3,2%). Em 2024, o setor industrial foi responsável por 31,7% de todo o consumo energético do país, totalizando 91,4 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). Junto com o setor de transportes, a indústria soma quase 65% do consumo energético nacional. (Agência Gov – 25.09.2025)
Subsídios da MMGD elevam distorções no setor elétrico
A micro e minigeração distribuída (MMGD) transformou-se em um ponto central do setor elétrico brasileiro, marcada por subsídios e incentivos que ampliaram sua presença, mas também trouxeram fortes distorções econômicas e sociais. Apesar da expressiva queda no custo dos equipamentos solares e das elevadas taxas de retorno alcançadas pelos investidores, a legislação vigente consolidou privilégios que oneram a maior parte dos consumidores, ao contrário de países que já reduziram ou extinguiram incentivos similares após reconhecerem a maturidade do modelo. Estudos indicam que os benefícios alegados, como redução de perdas técnicas ou adiamento de investimentos em transmissão, foram irrelevantes do ponto de vista estatístico, enquanto os efeitos adversos incluem riscos à operação do sistema, como o curtailment, e a perda de valor para geradores centralizados. O cenário gera divisão entre entidades que defendem uma MMGD sustentável e inclusiva e aquelas que insistem em manter um arranjo desequilibrado, aprofundando a injustiça tarifária. Cabe aos consumidores e prossumidores refletirem sobre qual caminho conduz a um setor elétrico mais justo, eficiente e solidário. (Agência Eixos – 26.09.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
Brasil: IQA cria certificação para oficinas de elétricos
O Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) criou um novo escopo de certificação dedicado a veículos elétricos e híbridos, ampliando sua atuação como referência nacional em qualidade e conformidade técnica. A iniciativa avalia oficinas quanto à infraestrutura, equipamentos e capacitação das equipes para manutenção de componentes de alta voltagem, baterias de tração, conversores, sistemas de arrefecimento e controle eletrônico. Além da certificação, o IQA oferece treinamentos que cobrem desde fundamentos da eletrificação até boas práticas de inspeção, alinhando o setor às normas nacionais e internacionais. O programa chega em um momento de expansão acelerada do mercado brasileiro de eletrificados, em que a manutenção especializada é vista como fator crítico para a confiança do consumidor. Em comparação a Europa e Estados Unidos, onde oficinas certificadas já são exigência comum, a medida representa um avanço na profissionalização do pós-venda no país, fortalecendo a segurança, a padronização e a sustentabilidade da mobilidade elétrica. (Inside EVs – 22.09.2025)
Brasil: Projeto de lei incentiva recarga e energia limpa
O Projeto de Lei 497/2025, apresentado pelo deputado Vicentinho Júnior, propõe incentivos fiscais no Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas que investirem em infraestrutura coletiva ligada à mobilidade elétrica e geração limpa. A medida contempla deduções para a instalação de carregadores públicos de veículos elétricos, sistemas solares e eólicos compartilhados, baterias de armazenamento e micro-redes comunitárias baseadas em fontes renováveis. Os limites de dedução são de 10% da renda tributável para pessoas físicas e 15% do imposto devido para empresas no lucro real, cabendo ao Executivo regulamentar critérios e comprovações. O objetivo é ampliar o acesso à mobilidade elétrica e estimular a geração distribuída, acelerando a descarbonização do transporte e da matriz energética. O PL tramita na Comissão de Finanças e Tributação e também passará pela CCJ antes de seguir ao plenário. Atualmente, o Brasil conta com 16.880 pontos de recarga distribuídos em 1.499 municípios, atendendo a uma frota de 302 mil veículos eletrificados — uma proporção de 18 veículos por eletroposto, que demonstra avanços, mas ainda exige expansão robusta para sustentar o crescimento do setor. (Inside EVs – 24.09.2025)
Brasil: São Paulo amplia frota de ônibus elétricos e se aproxima de 1.000 unidades
No Dia Mundial Sem Carro, a Prefeitura de São Paulo entregou mais 120 ônibus elétricos a bateria, elevando a frota sustentável da capital para quase 1.000 veículos — 760 a bateria e 201 trólebus —, consolidando a cidade como líder nacional em mobilidade limpa. Cada ônibus elétrico evita em média 87 toneladas de CO₂ e 35 mil litros de diesel por ano, o que representa 10,4 mil toneladas de emissões a menos apenas com os novos veículos. Parte da frota é da BYD, com modelos produzidos em Campinas que oferecem autonomia de até 250 km e redução de até 70% nos custos operacionais. A maior parte, porém, vem da Eletra, cujos coletivos contam com ar-condicionado, Wi-Fi e tomadas USB, além de motores silenciosos que melhoram o conforto de passageiros e operadores. A iniciativa também inclui a instalação de sistemas BESS em garagens, capazes de recarregar até 240 ônibus por ciclo sem depender da rede da Enel, com os dois primeiros previstos para 90 dias. O avanço marca um passo decisivo rumo à meta de substituir gradualmente o diesel por energia limpa no transporte público paulistano. (Inside EVs – 23.09.2025)
Brasil: Prefeitura de São Paulo instala BESS em garagens de ônibus
A Prefeitura de São Paulo autorizou a instalação dos primeiros sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) em garagens de ônibus da cidade, uma inovação inédita no Brasil que permitirá recargas mais rápidas e maior independência da rede elétrica da Enel. Os seis módulos iniciais, previstos para até 90 dias, serão instalados nas garagens da A2 Transportes (Zona Sul) e da Auto Bless (Zona Oeste), cada um com 4,5 MWh de capacidade, suficientes para carregar até 120 veículos por ciclo. Já adotada na China, a tecnologia foi apresentada ao prefeito Ricardo Nunes durante visita ao centro de pesquisa da Huawei em Xangai. A medida fortalece a infraestrutura de recarga e apoia o cumprimento das metas municipais de substituir gradualmente os ônibus a diesel por veículos de emissão zero. Atualmente, São Paulo já conta com quase mil ônibus elétricos em operação, e a adoção do BESS deve aumentar a confiabilidade do sistema, reduzir custos com recargas em horários de pico e acelerar a transição energética no transporte coletivo da capital. (Inside EVs – 24.09.2025)
BP: Estudo aponta que desaceleração de ganhos de eficiência energética fará demanda por petróleo crescer até 2030
O relatório Energy Outlook 2025 da BP projeta que a demanda global por petróleo continuará crescendo até 2030, cinco anos além da previsão anterior, devido à desaceleração nos ganhos de eficiência energética e no corte de emissões. No cenário de trajetória atual, a demanda atinge 103,4 milhões de barris por dia em 2030 e cai para 83 milhões em 2050. Já no cenário alinhado ao Acordo de Paris, o pico ocorre em 2025, seguido de uma queda acentuada para 33,8 milhões até 2050. Mesmo com investimentos em renováveis, os combustíveis fósseis seguem dominantes: carvão, petróleo e gás continuarão relevantes até meados do século, com as emissões de CO₂ se mantendo estáveis até 2030 e caindo apenas 25% até 2050 no cenário base. Em contraste, a eletricidade avança: a demanda global por energia elétrica deve crescer 40% até 2035, impulsionada principalmente pela eletrificação dos transportes, e dobrar até 2050, com mais da metade da geração elétrica vindo de eólica ou solar. Nessa trajetória, a projeção é que as fontes renováveis devem superar o carvão em 2040, o petróleo em 2045 e o gás natural em 2050. O estudo reforça o desafio de equilibrar crescimento energético com metas climáticas, indicando que, sem avanços mais rápidos em eficiência e descarbonização, a transição energética poderá ser mais lenta e desigual do que o necessário para conter o aquecimento global. (Reuters – 25.09.2025)
Scania: Lançamento do primeiro ônibus híbrido plug-in para rotas urbanas e rodoviárias
A Scania apresentou sua primeira plataforma de ônibus híbrido plug-in (PHEV), que combina motor diesel de 13 litros, dois motores elétricos e bateria de 89 kWh recarregável em carregadores rápidos DC. O modelo pode rodar até 80 km em modo totalmente elétrico e, com recurso de geofencing, alterna automaticamente para operação sem emissões em áreas urbanas. Voltado para uso urbano e rodoviário, o sistema entrega até 389 cv dos motores elétricos e opções de 420 ou 460 cv no diesel, com tração traseira em configurações de quatro ou seis rodas. A recarga pode ser feita por plugue CCS2 de até 130 kW ou pelo próprio motor a combustão como gerador. Embora não seja pioneira no segmento, a Scania aposta no equilíbrio entre eletrificação e combustão para reduzir emissões em zonas de zero carbono sem comprometer a autonomia em longas distâncias. A iniciativa reforça a expansão global da eletrificação do transporte coletivo, em que soluções híbridas plug-in oferecem uma alternativa mais rápida e econômica frente aos ônibus totalmente elétricos, especialmente em rotas mistas. (Inside EVs – 23.09.2025)
Toyota: Teste de app para recarga de VEs
O Toyota Research Institute desenvolveu o ChargeMinder, aplicativo experimental que utiliza ciência comportamental para estimular proprietários de híbridos plug-in (PHEVs) e elétricos a manterem hábitos de recarga mais consistentes. A plataforma analisa padrões de uso e envia alertas “Just-In-Time”, evitando notificações excessivas e acionando apenas quando há real necessidade de recarga. Para engajar os motoristas, incorpora recursos de gamificação, como resumos de desempenho, quizzes e streaks, promovendo disciplina e satisfação. Em testes nos EUA, cerca de 100 voluntários que receberam alertas inteligentes aumentaram em 10% o número de recargas e atingiram 100% de satisfação com o veículo, 16 pontos percentuais acima do grupo de controle. No Japão, os testes priorizaram recargas em horários de maior incidência solar, permitindo que motoristas adicionassem em média 30 minutos de recarga renovável por dia. Segundo Gill Pratt, CEO do TRI, a iniciativa mostra que escolhas comportamentais, aliadas à tecnologia, podem reduzir emissões e fortalecer a experiência do usuário. O ChargeMinder ainda não está disponível comercialmente, mas a Toyota planeja expandir os testes e, futuramente, disponibilizar o app ao público para maximizar a eficiência de PHEVs e EVs. (Inside EVs – 21.09.2025)
Brasil: Inmetro e GAC firmam cooperação em mobilidade elétrica
O Inmetro deu um passo estratégico para fortalecer a transição energética e a mobilidade elétrica no Brasil ao visitar a fabricante chinesa GAC Motor, em Guangzhou, como parte de um Memorando de Entendimento que prevê cooperação em veículos elétricos, híbridos, autônomos e infraestrutura energética. A comitiva brasileira, liderada pelo presidente Márcio André Oliveira Brito, participou de intercâmbios técnicos sobre regulamentação de baterias, segurança veicular, recarga rápida e padrões de qualidade, com o objetivo de alinhar normas e facilitar a introdução de novas tecnologias no país. A GAC apresentou pesquisas em motores elétricos, híbridos e a hidrogênio, além de sistemas flex adaptados ao mercado nacional, destacando seu histórico de mais de 70 anos na indústria automotiva e parcerias com Toyota e Honda. Para a empresa, o Brasil é mercado prioritário, e já há projetos de instalação de fábrica local, o que pode atrair investimentos e acelerar a produção nacional de veículos elétricos. A iniciativa reforça o compromisso do governo brasileiro em garantir segurança e inovação, ao mesmo tempo em que fortalece o setor automotivo com soluções avançadas em recarga e baterias. (Inside EVs – 26.09.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Brasil: BNDES libera R$ 3,3 bilhões para projeto naval de baixa emissão e usina de biodiesel
O BNDES anunciou financiamentos de R$ 2,5 bilhões para a Starnav adquirir oito embarcações híbridas que reduzirão em 18% as emissões de gases do efeito estufa no setor de óleo e gás, e de R$ 356 milhões para a Cooperativa Agroindustrial Alfa ampliar a produção de biodiesel em Chapecó (SC). As novas embarcações, com contratos de 12 anos com a Petrobras, serão construídas em Itajaí, enquanto a usina de biodiesel terá capacidade diária de 1.150 m³, com estimativa de evitar 802,9 mil toneladas de CO2-equivalente. No total, o banco destinará cerca de R$ 3,3 bilhões para infraestrutura logística, construção naval e agroindústria em Santa Catarina. (Agência Eixos – 22.09.2025)
Brasil: Etanol pode impulsionar hidrogênio verde
O hidrogênio verde produzido pela reforma do etanol surge como alternativa estratégica para o transporte no Brasil, aproveitando a cadeia já consolidada de produção e distribuição do biocombustível e reduzindo emissões em relação a rotas fósseis. Entre as vantagens estão a eliminação de poluentes nos veículos a célula a combustível, a possibilidade de geração descentralizada e o tempo de abastecimento semelhante ao dos motores convencionais, fatores que superam limitações dos elétricos a bateria. Exemplos práticos incluem ônibus a hidrogênio operado pela EMTU em São Paulo e projetos internacionais que demonstram viabilidade em frotas urbanas e de longa distância. Entretanto, o avanço em escala depende de superar desafios tecnológicos e econômicos, como a eficiência da reforma, a pureza do hidrogênio, o custo dos sistemas de produção e a complexidade do armazenamento e transporte. Por isso, a aplicação inicial tende a ser mais viável em ônibus, caminhões e trens. Apesar dos obstáculos, o cenário aponta para um futuro promissor, no qual o hidrogênio verde não apenas complementa outras soluções de baixo carbono, mas também impulsiona a transição para uma mobilidade limpa, resiliente e alinhada às metas climáticas globais. (Agência CanalEnergia – 26.09.2025)
Brasil: MME e EPE lançam Portal Brasileiro de Hidrogênio
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançaram o Portal Brasileiro de Hidrogênio, uma plataforma pública on-line para disseminar informações estratégicas sobre o setor de hidrogênio no Brasil, promovendo uma visão clara e abrangente para investidores e stakeholders. O evento de lançamento ocorreu na manhã do dia 22, no escritório-central da EPE, no Rio de Janeiro, com transmissão pela internet. Desenvolvido sob coordenação do MME com apoio da EPE e recursos do UK-SIP, o portal é uma das ações do Pacto Brasileiro para a Energia do Hidrogênio e está estruturado conforme os eixos temáticos do Programa Nacional do H2. Ademais, players relevantes do setor, dissertaram sobre a importância e a diretrizes do evento, destaca-se o Presidente da EPE, Thiago Prado que argumentou sobre como o movimento eleva a expectativa sobre os investimentos no setor e na tecnologia. Além disso, outros destaques foram, a Diretora do Departamento de Transição Energética do MME, Karina Sousa, que apresentou o PNH2, o assessor da Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais (DEA) da EPE, Jeferson Soares, que contextualizou a iniciativa e apresentou o conceito geral da plataforma e por fim o analista de Pesquisa Energética da Superintendência de Estudos Econômicos e Energéticos (SEE) da EPE, Rodrigo Guimaraes que demonstrou o portal e suas funcionalidades. (EPE – 22.09.2025)
GH2 Global e Plug Power: Parceria visando acelerar mercado de H2V no Brasil
A empresa brasileira GH2 Global fechou parceria com a norte-americana Plug Power para impulsionar a tecnologia de hidrogênio verde no Brasil, com foco inicial no setor logístico. A expectativa é anunciar os primeiros negócios em 60 dias, com a oferta das tecnologias de hidrogênio da Plug Power para equipamentos e veículos elétricos. A GH2 Global será responsável pela integração dos projetos e processos de licenciamento no Brasil. A matriz energética renovável do país e a vasta rede elétrica são consideradas favoráveis para a adoção do hidrogênio verde. Apesar dos desafios de custo associados ao hidrogênio, as empresas acreditam na competitividade em relação a outros combustíveis renováveis. Os benefícios incluem a redução do tempo de inatividade operacional, aumento da produtividade e otimização do uso de espaços operacionais, além do avanço nas metas de descarbonização. A adaptação das soluções para a realidade brasileira e a consideração de fatores econômicos, ecológicos e de governança são pontos chave para as empresas envolvidas. (BroadcastEnergia - 07.09.2025)
Brasil: Setor de biomassa critica exclusão do LRCAP 2026
A exclusão das termelétricas a biomassa do novo desenho do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP 2026), lançado em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia, gerou forte reação do setor a poucos meses da COP30. Diferente da versão de 2025, que chegou a registrar 7 GW de projetos cadastrados em biomassa, o formato atual prioriza térmicas a carvão, gás, óleo e diesel, além de ampliações de hidrelétricas. O segmento argumenta que a decisão ignora seu histórico de contribuição: 18,7 GW de capacidade instalada, geração recorde de 58 TWh em 2024 e papel fundamental no alívio dos reservatórios hídricos, sobretudo em períodos secos. As usinas de biomassa oferecem potência despachável, competitividade de preços e benefícios ambientais, ao utilizar resíduos agrícolas e industriais, reforçando a economia circular e a redução de emissões. A exclusão foi justificada apenas em relação ao biodiesel, o que, segundo representantes, não se aplica a outras rotas renováveis como bagaço de cana, biogás, licor negro ou resíduos florestais. O setor defende ajustes no edital ou a realização de novo certame, destacando que a biomassa pode alinhar segurança elétrica e metas de descarbonização, reforçando o protagonismo do Brasil na transição energética. (Agência CanalEnergia – 24.09.2025)
Brasil: VWCO e EcoRodovias testam caminhões com biodiesel B100
A Volkswagen Caminhões e Ônibus e a EcoRodovias iniciaram testes de 12 meses para avaliar o desempenho do biodiesel puro (B100) em quatro caminhões da montadora: um Meteor 29.530, dois Delivery 11.180 e um Constellation 17.190. O objetivo é medir eficiência, consumo, impacto na manutenção e confiabilidade em operações rodoviárias reais. A iniciativa faz parte do Programa Futuro da VWCO, que busca alternativas ao diesel fóssil, e da estratégia da EcoRodovias de reduzir emissões em 25% até 2026 e 42% até 2030, contemplando Escopos 1 e 2. O abastecimento será feito por um caminhão comboio da Petroservice, subcontratada da F8 Fuel, com combustível fornecido pela Brejeiro, produtora de biodiesel de soja. Os veículos foram adaptados e terão acompanhamento técnico das empresas para ajustes ao longo do período de testes. A expectativa é que o B100 ofereça ganhos ambientais expressivos com custos de adaptação relativamente baixos, ampliando as opções sustentáveis para frotas pesadas no país.(Agência Eixos – 24.09.2025)
Canadá: IRENA e ICAO criam portal para SAF
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) e a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) lançaram em Montreal o portal Finvest@ETAF, voltado a conectar projetos de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) e soluções de energia limpa a uma rede global de financiadores públicos e privados. Hospedado na plataforma ETAF da IRENA, o hub funcionará como ponto único de entrada para desenvolvedores, oferecendo visibilidade a iniciativas financiáveis e suporte em todo o ciclo de desenvolvimento, desde due diligence técnica até a avaliação de prontidão para investimento. Segundo a ICAO, os SAFs podem responder por 40% a 65% da redução de emissões do setor até 2050, sendo essenciais para alinhar a aviação à meta de 1,5 °C. O diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera, destacou que o setor ainda não atingiu escala suficiente e que o portal apoiará projetos a evoluírem de ideias para propostas robustas. Já o secretário-geral da ICAO, Juan Carlos Salazar, classificou a iniciativa como “porta de entrada inédita” que reduz riscos, garante integridade ambiental e amplia o acesso a capital. O lançamento ocorre às vésperas da COP30, em Belém, onde os SAF devem ganhar centralidade nas negociações climáticas globais. (IRENA – 22.09.2025)
Ensaio Energético: Expansão do hidrogênio verde depende de queda de custos e apoio
O hidrogênio consolida-se como vetor sistêmico da transição energética ao conectar múltiplas fontes primárias a usos finais difíceis de eletrificar (transporte pesado, química e siderurgia), mas seu êxito depende tanto de produção de baixo carbono (eletrólise renovável, biomassa, SMR/ATR com captura) quanto de logística eficiente para armazenamento, transporte e especificações de pureza/pressão. Hoje, a oferta global segue majoritariamente fóssil e responde por altas emissões, enquanto o hidrogênio verde é caro e ainda sem escala. A competitividade exige reduzir CAPEX/OPEX de eletrolisadores (ALK, PEM, AEM, SOEC), baratear eletricidade, alongar vida útil dos stacks e otimizar integração com renováveis e serviços de rede. No curto prazo, aplicações com demanda existente (refino, amônia/metanol) e nichos de alto valor (FCEV pesados, DRI no aço) tendem a liderar. A viabilidade econômico-financeira (LCOH, VPL, TIR) é altamente sensível ao preço da energia e ao custo de capital, pedindo contratos de longo prazo, certificação, precificação de carbono e subsídios bem desenhados. Com P&D, escala industrial e políticas alinhadas, o hidrogênio pode se tornar pilar duradouro da descarbonização. (Ensaio energético – 23.09.2025)
França e Alemanha: Parceria nuclear e hidrogênio destrava impasse europeu
França e Alemanha deram um passo histórico ao divulgar nota conjunta que sinaliza cooperação energética e abre espaço para neutralidade tecnológica na transição da União Europeia. O acordo inclui a possibilidade de classificar o hidrogênio rosa, produzido com energia nuclear, como fonte de baixo carbono apta a subsídios — tema que antes dividia os dois países. A guinada alemã, após a crise do gás russo e o atraso na meta de eletrolisadores, trouxe “pragmatismo e realismo” ao debate, aproximando Berlim da visão francesa. O projeto do gasoduto H2Med, antes travado pela disputa sobre transportar apenas hidrogênio verde, ganha novo fôlego com o entendimento franco-alemão, que promete acelerar estudos e viabilidade. Embora a Comissão Europeia mantenha restrições, a força política da dupla pode antecipar a revisão das regras. O caso evidencia a relevância de adotar uma transição neutra em tecnologia, permitindo diferentes rotas de baixo carbono, ao invés de restringir opções — caminho que o Brasil também segue em sua legislação de hidrogênio, ainda que sem metas tão ambiciosas quanto as da UE. (Agência Eixos – 22.09.2025)
Iata: Projeção de déficit de 100 Mt de SAF até 2050
A Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata) calcula que a aviação mundial precisará de 500 milhões de toneladas de combustíveis sustentáveis (SAF) até 2050 para atingir a neutralidade climática, mas o potencial identificado no estudo feito com a Worley Consulting chega a 400 Mt, deixando um déficit de 100 Mt. O relatório indica que 300 Mt podem vir de biomassa e outros 200 Mt de combustíveis sintéticos (e-SAF) baseados em hidrogênio verde e CO₂, mas o ritmo lento de certificações, ganhos de eficiência e implantação de biorrefinarias ainda é um entrave. Entre as recomendações estão ampliar a infraestrutura de suprimento, investir em tecnologias emergentes e acelerar a adoção do e-SAF, que depende de eletricidade renovável barata, hidrogênio e captura de carbono. América do Norte, Brasil, Europa, Índia, China e Sudeste Asiático são vistos como principais polos de produção. No caso brasileiro, embora a produção em escala ainda não exista, os investimentos anunciados somam 1,7 bilhão de litros para 2030 e 2,8 bilhões até 2035, insuficientes para atender simultaneamente às metas nacionais e internacionais. A Iata, porém, destaca o potencial do país de liderar via rota ATJ, aproveitando a base consolidada do etanol e a disponibilidade agrícola. (Agência Eixos – 23.09.2025)
Apesar dos desafios, IEA vê expansão do hidrogênio até 2030
Apesar da recente onda de atrasos e cancelamentos de projetos, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) vê uma considerável expansão do hidrogênio de baixa emissão até 2030. Conforme aedição 2025 da Global Hydrogen Review, a demanda global pelo vetor energético aumentou para quase 100 milhões de toneladas em 2024, avanço de 2% em relação a 2023 e em linha com o crescimento da demanda por energia. De acordo com o relatório, a grande maioria foi atendida pelo H2 produzido a partir de combustíveis fósseis. E sem medidas implementadas para capturar as emissões associadas. Setores tradicionais na utilização, como refino de petróleo e indústria, permaneceram como os maiores consumidores. (Agência CanalEnergia - 24.09.2025)
Wood Mackenzie: Refinarias puxam demanda por hidrogênio verde na Europa
O hidrogênio verde, produzido a partir de energias renováveis, tornou-se peça-chave nas metas de neutralidade climática, mas enfrenta entraves como custos elevados e contratos de longo prazo pouco atrativos. As refinarias europeias despontam como mercado estratégico, já que o setor de refino responde por parcela majoritária da demanda global de hidrogênio e precisa reduzir emissões diante do encarecimento das cotas de carbono da UE. Com apoio da diretiva RED III, que incentiva combustíveis renováveis não biológicos, o setor já destinou mais de US$ 5 bilhões a projetos de hidrogênio de baixo carbono. A queda prevista no custo da eletricidade renovável até 2030 deve reforçar essa viabilidade. Além do refino, o setor marítimo surge como vetor de demanda, com novas regras da Organização Marítima Internacional projetando até 80 Mtpa de combustíveis derivados de hidrogênio a longo prazo. Fora da Europa, China e Índia avançam rapidamente, a primeira com eletrolisadores mais baratos e custos renováveis competitivos, e a segunda com meta de 5 Mtpa até 2030, metade destinada à exportação. O cenário reforça o papel central das políticas e dos incentivos para consolidar o hidrogênio verde como alternativa viável globalmente. (Woodmac – 25.09.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Ásia-Pacífico: IA e automação são vetores cruciais para o êxito da transição energética
A pesquisa da divisão Energy Industries da ABB mostra que a transição energética na Ásia-Pacífico (APAC) está avançando, com 65% dos líderes do setor confiantes de que o progresso será suficiente para atender à crescente demanda. O Energy Transition Readiness Index 2025 revela que 99% das empresas aumentaram seus investimentos em iniciativas de transição no último ano, e 73% planejam destinar ao menos 10% de seus investimentos a projetos relacionados ao tema. A transformação digital e o uso de inteligência artificial (IA) são vistos como impulsionadores essenciais da eficiência energética, com 71% dos entrevistados destacando seu potencial. A digitalização (38%) e a automação (35%) são prioridades nesse processo, seguidas pela eletrificação (27%) como caminho para a descarbonização. Apesar dos avanços, os desafios persistem: 62% dos líderes pedem mais incentivos governamentais e 60% defendem maior colaboração regional na infraestrutura elétrica. A energia solar lidera a transição na Ásia Pacífico, adotada por 73% das organizações, com planos de expansão por 45% nos próximos cinco anos. Hidrelétricas (55%) e eólica (51%) também são relevantes, enquanto tecnologias emergentes como hidrogênio verde (37%) e bioenergia (33%) ganham espaço. Depreende-se do estudo que, para consolidar a transição, será essencial alinhar prioridades de investimento, adotar tecnologias-chave e fortalecer a colaboração entre os atores envolvidos. (Future IoT – 22.09.2025)
GlobalData: Inteligência artificial revoluciona a infraestrutura de energia
O investimento global em infraestrutura de transmissão de energia deve acelerar nas próximas décadas, passando de US$ 372,6 bilhões em 2025 para US$ 573,7 bilhões em 2030, segundo a GlobalData. O avanço é impulsionado pela integração de renováveis, modernização da infraestrutura, maior resiliência das redes e uso de tecnologias como medidores inteligentes, inteligência artificial e Internet das Coisas. Em 2024, o setor já havia movimentado US$ 343,2 bilhões, alta de 10,5% sobre 2023, com destaque para subestações, que responderam por mais de dois terços do total. A expectativa é de crescimento anual de 9,2% entre 2025 e 2030. A aplicação de IA vem transformando a operação das redes, otimizando fluxo de energia, prevendo falhas, reduzindo interrupções e integrando fontes renováveis. Empresas como Nvidia, Utilidata, Duke Energy, Xcel Energy e E.ON já aplicam algoritmos, softwares e chips especializados para aumentar a eficiência. Os data centers também desempenham papel estratégico nesse cenário, tanto por sua demanda energética quanto pelo uso de tecnologias avançadas. A tendência aponta para redes mais inteligentes, confiáveis e sustentáveis, com maior visibilidade e controle do consumo e da geração de energia. (Agência CanalEnergia – 26.09.2025)
Artigo de Gláucia Fernandes: "O papel da Inteligência Artificial na transição Energética"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Gláucia Fernandes (professora Adjunta de Finanças do COPPEAD/UFRJ) trata da transformação do setor elétrico impulsionada pela transição energética e destaca a Inteligência Artificial (IA) como elemento central desse processo, capaz de aumentar eficiência, reduzir custos e fortalecer a matriz energética sustentável. Ela aponta que a IA já é aplicada na previsão de demanda, operação de renováveis e automação de redes, ajudando na gestão da intermitência das fontes como solar e eólica, especialmente em setores que exigem alta confiabilidade. Fernandes detalha as principais frentes de atuação da IA, incluindo otimização, gestão de riscos e inclusão social, exemplificando com casos reais de aplicação e reconhecendo os desafios à adoção, como segurança cibernética e regulação. Por fim, ressalta que o Brasil, com sua matriz renovável robusta, tem potencial para se tornar um hub global de data centers, usando a IA para garantir segurança energética e competitividade sustentável. (GESEL-IE-UFRJ – 25.09.2025)
Artigo de Molly Podolefsky: “O futuro das VPPs é tecnologicamente agnóstico”
Em artigo publicado no Utility Dive, Molly Podolefsky (Diretora da Clarum Advisors) destaca que o futuro das usinas virtuais de energia (VPPs) é tecnologicamente agnóstico, ou seja, baseado na integração de diferentes tipos e marcas de recursos energéticos distribuídos (REDs) em plataformas interoperáveis.A autora destaca que hoje o mercado ainda é fragmentado, com soluções limitadas a tecnologias específicas e sem padrões amplamente adotados, o que impede que os REDs existentes sejam plenamente aproveitados — menos de 20% da capacidade instalada está integrada a VPPs. Diante do crescimento acelerado da demanda elétrica, impulsionado por data centers, eletrificação do transporte e relocalização industrial, a flexibilidade que as VPPs oferecem se torna essencial para evitar sobrecargas e investimentos excessivos em infraestrutura. Para isso, a interoperabilidade baseada em protocolos abertos é fundamental, permitindo que diferentes dispositivos e sistemas se comuniquem. No entanto, a autora pondera que nem todos os fornecedores caminharão nessa direção: fabricantes com plataformas exclusivas devem manter ecossistemas fechados, enquanto agregadores mais flexíveis lideram a transformação. O artigo conclui que a transição será desigual, influenciada por fatores regulatórios, regionais e econômicos, e os REDs legados ainda representam um desafio para a integração plena. A interoperabilidade, embora custosa, representa uma oportunidade valiosa: conectar os DERs disponíveis às VPPs pode gerar capacidade adicional crítica, reduzir custos, aumentar a confiabilidade e acelerar a transição energética. (Utility Dive – 19.09.2025)
Artigo de Stefan Pastine: “Demanda por energia da IA é um desafio que o setor não pode ignorar, mas subsídios não são a solução”
Em artigo publicado no Utility Dive, Stefan Pastine (CEO da Thintronics) destaca que o avanço da inteligência artificial está impulsionando a construção de data centers em ritmo acelerado, gerando grande pressão sobre a infraestrutura elétrica dos Estados Unidos. O autor pontua que um único data center de 100 MW pode consumir energia equivalente a 75 mil residências e milhões de litros de água por dia para resfriamento. Em estados como Virgínia e Geórgia, data centers já respondem por grande parte do crescimento projetado da demanda energética — chegando a 80% em uma década. Além disso, esses empreendimentos têm se beneficiado de subsídios fiscais massivos, o que pode sobrecarregar financeiramente os consumidores residenciais. A estimativa é que o consumo de energia dos data centers salte dos atuais 4,4% para até 12% da eletricidade total dos EUA até 2028. Diante disso, o artigo propõe três caminhos: diversificar estrategicamente a matriz com renováveis, gás e armazenamento de longa duração; garantir que os custos da infraestrutura extra sejam compartilhados proporcionalmente pelas empresas beneficiadas; e atrelar incentivos fiscais a metas de eficiência energética e reaproveitamento de calor. A conclusão é que, sem um planejamento nacional coordenado, o crescimento dos data centers poderá resultar em aumento de tarifas, ineficiência e perda de competitividade. A proposta é equilibrar crescimento tecnológico com justiça social, confiabilidade energética e responsabilidade ambiental. (Utility Dive – 22.09.2025)
Artigo WEF: “Por que financiar sistemas energéticos inteligentes é a nova fronteira estratégica”
Em artigo do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), o financiamento de sistemas de energia inteligentes é destacado como a nova fronteira da transição energética e digital. Com o crescimento acelerado da demanda elétrica a disputa global não se limita à produção de energia limpa, mas se concentra em quem financia, controla e define os padrões das infraestruturas de rede e digitais. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que o consumo elétrico de data centers, IA e criptoativos pode mais que dobrar até 2026, exigindo investimentos massivos em redes inteligentes, interoperáveis e resilientes. Os aportes atuais em redes, no entanto, estão aquém do necessário: seriam precisos mais de US$ 600 bilhões ao ano até 2030 para suprir a demanda. O texto defende que o modelo financeiro vigente — focado em ativos isolados e retornos de curto prazo — precisa evoluir para estratégias sistêmicas e integradas. Investidores institucionais como fundos soberanos e gestores de ativos já adotam essa abordagem, financiando simultaneamente energias renováveis, armazenamento, data centers e plataformas digitais. Esse movimento revela uma consolidação do capital em torno do controle das "espinhas dorsais" do novo sistema energético-digital. Para destravar o potencial transformador da infraestrutura, será necessário inovar nos modelos de financiamento, combinando capital público e privado, criando veículos dedicados e mecanismos de mitigação de risco. (World Economic Forum – 23.09.2025)
Impactos Socioeconômicos
África: Avanço da transição energética conjuga trabalho infantil
O avanço da transição energética global está impulsionando a demanda por minerais como lítio, cobalto e níquel — essenciais para baterias de veículos elétricos e tecnologias renováveis. No entanto, essa corrida por matérias-primas tem um custo humano alarmante: mais de um milhão de crianças trabalham em minas e pedreiras, muitas em condições perigosas, especialmente na África. Na República Democrática do Congo, estima-se que 40 mil crianças estejam envolvidas na mineração de cobalto, enquanto em Madagascar, 10 mil atuam na extração de mica. O aumento da demanda por esses minerais, aliado a pressões geopolíticas para reduzir a dependência da China, leva países e empresas a investirem em regiões com pouca regulação. Frente às denúncias de trabalho infantil, algumas empresas cortam laços com fornecedores envolvidos em abusos, o que pode agravar a pobreza nas comunidades locais. Por isso, ativistas defendem abordagens mais integradas e lideradas por quem vive a realidade dos territórios. Mulheres têm se destacado como agentes-chave na criação de soluções eficazes e sustentáveis. Em países como Nigéria e RDC, redes femininas promovem programas de alimentação escolar, apoio familiar e empoderamento econômico das mineradoras — ações que reduzem a vulnerabilidade infantil. (Time – 22.09.2025)
Editorial Além da Energia: “Transição ou adição energética?”
Em editorial, o Além da Energia aborda o dilema central da transição energética global: será possível atender à crescente demanda por energia apenas com fontes renováveis ou será inevitável manter, ainda que temporariamente, a utilização de combustíveis fósseis? Segundo o World Oil Outlook 2025, a demanda energética mundial deve crescer 23% até 2050, pressionando governos a encontrarem soluções sustentáveis diante da urgência climática. Especialistas apontam que, embora a história da energia seja marcada por adições (e não substituições), o contexto atual exige uma transição inédita, guiada pelo imperativo climático. A capacidade renovável instalada precisa crescer 7,3 TW até 2031, mas os compromissos atuais dos governos só garantem cerca de 3,5 TW até 2030, gerando um déficit preocupante.Apesar disso, há avanços importantes: 2024 foi um ano recorde para investimentos em energia renovável, com US$ 2,1 trilhões aplicados e 582 GW adicionados à capacidade global – 90% da nova capacidade foi renovável. No entanto, o uso absoluto de fontes fósseis também aumentou, e os subsídios diretos ao setor somaram US$ 1,3 trilhão em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para países como Índia e África do Sul, onde a matriz ainda é majoritariamente fóssil e há desafios sociais significativos, a inclusão energética implica adição, não substituição imediata. O texto conclui que se trata de um cenário complexo: segurança energética, justiça climática e acesso à energia se misturam aos compromissos ambientais. Assim, a transição exigirá escolhas pragmáticas, planejamento gradual e justiça social, especialmente nos países em desenvolvimento. (Além da Energia – 22.09.2025)
COP30: Gestão Trump impacta na busca de US$ 1,3 trilhão para financiamento climático
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, alertou em Nova York sobre o impacto das políticas do presidente Donald Trump na busca por financiamento climático trilionário anualmente. Brasil e Azerbaijão estão elaborando um relatório com sugestões para aumentar a cifra de US$ 300 bilhões para US$ 1,3 trilhão por ano até 2035. O relatório irá propor novos instrumentos de financiamento, como taxação dos super-ricos, de petróleo e de passagem aérea, esta última podendo gerar US$ 80 bilhões. Corrêa do Lago reconhece a diminuição de entusiasmo pela agenda climática, mas ressalta que é resultado do avanço da agenda. Ele não vê a COP30 como a mais desafiadora, citando a de Cancún como mais difícil. A expectativa é de que todos os países participem, inclusive os EUA, que podem enviar uma delegação técnica apesar da saída do Acordo de Paris. Sobre a crise dos hotéis, o Brasil garantiu quartos com preços baixos para países em desenvolvimento na COP30. Corrêa do Lago destaca a importância da participação do setor privado e da sociedade civil no evento. (Broadcast Energia – 22.09.2025)