Transição Energética 87
Dinâmica Internacional
Bancos multilaterais ampliam financiamento climático com foco em países emergentes
Relatório conjunto de bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs) mostra que, em 2024, o financiamento climático atingiu recorde de US$ 137 bilhões, dos quais US$ 85,1 bilhões foram destinados a países de renda média e baixa. O Banco Mundial liderou com US$ 41,1 bilhões, seguido por Asian Development Bank (ADB), Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), BID, African Development Bank (AfDB) e Asian Infrastructure Investment Bank( AIIB). O estudo destaca que os aportes mais que dobraram em cinco anos e cresceram 14% em relação a 2023, sendo 69% voltados à mitigação e 31% à adaptação. Nos países ricos, os recursos totalizaram US$ 51,5 bilhões, majoritariamente via Banco Europeu de Investimento, com foco quase exclusivo em mitigação. Além disso, o capital privado mobilizado alcançou US$ 33 bilhões nos emergentes e US$ 101 bilhões nos países de alta renda. Energia e transportes lideraram como setores prioritários, recebendo juntos mais de US$ 56 bilhões. O relatório servirá de base para negociações na COP30, em Belém, sobre apoio a ações de mitigação e adaptação climática. (Agência Eixos – 10.09.2025)
Ember: Setor elétrico pode registrar novo recorde de poluição em 2025 com novas emissões dos EUA superando retração da China
Em 2025, a China registrou uma rara queda nas emissões de CO₂ do setor elétrico, com recuo de 1% (30 milhões de toneladas) entre janeiro e julho em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Ember. O resultado foi impulsionado pela redução de 1% na geração a carvão e um aumento de 14% na produção de energia limpa. De maneira agregada globalmente, no entanto, esse progresso foi anulado pelo crescimento das emissões nos Estados Unidos, que aumentaram em 37 milhões de toneladas no mesmo período. O salto norte-americano se deve à alta de 16% na geração a carvão, impulsionada pelo aumento nos preços do gás natural, que levou empresas a optarem por uma fonte mais barata, embora mais poluente. Apesar de os EUA também terem registrado aumento de 6% na geração limpa — com recordes em solar e participação de 44% no mix energético — a demanda crescente por eletricidade, aliada ao preço competitivo do carvão, fez com que a geração fóssil ainda dominasse. O cenário revela que, embora a China mantenha esforços para atenuar suas emissões, a elevação nos EUA pode levar a um novo recorde global de poluição no setor elétrico em 2025. (Reuters - 11.09.2025)
EUA: Investimento em energia limpa avança apesar de obstáculos política
O investimento em energia limpa nos EUA segue em alta, mesmo diante de pressões políticas e incertezas regulatórias. Segundo relatório da Crux, o financiamento de projetos no setor chegou a US$ 86 bilhões no primeiro semestre de 2025, ante US$ 80 bilhões no mesmo período de 2024. A diversificação tem sido o destaque: além de solar e eólica, que ainda concentram volume significativo, houve forte avanço em tecnologias como armazenamento, manufatura avançada, combustíveis limpos, geotérmica, minerais críticos e nuclear — muitas das quais preservadas ou menos afetadas pela One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), sancionada no governo Trump. O mercado de créditos fiscais transferíveis ultrapassou US$ 20 bilhões, impulsionado principalmente pelo setor de armazenamento. Ainda, a venda de créditos de produção da energia eólica caiu fortemente, enquanto projetos solares seguem com boa parte dos créditos já vendidos. A expectativa é de menor volume no segundo semestre, mas com crescimento nas categorias emergentes. Para a Crux, o cenário revela um setor em transição, com novas dinâmicas moldando o futuro da energia limpa nos EUA. (Utility Dive - 11.09.2025)
EUA: Legislação do governo Trump cria incertezas e reduz perspectivas para energia solar
A indústria solar dos EUA sofreu retração em 2025, instalando 7,5 GWdc no segundo trimestre, queda de 24% em relação a 2024. O motivo central é o impacto do One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), sancionado em 4 de julho, que modificou profundamente a política energética federal ao restringir créditos fiscais cruciais antes garantidos pela Lei de Redução da Inflação. Desenvolvedores agora correm para iniciar projetos antes do fim de prazos que limitam benefícios fiscais até 2027. O mercado projeta entre 2025 e 2030 uma implantação de 246 GWdc, 4% abaixo da expectativa pré-OBBBA, com risco de queda de até 18% em cenários pessimistas. Mudanças regulatórias recentes também aumentam a insegurança, como novas regras do Departamento do Interior e ajustes do Tesouro que restringem a definição de início de construção, eliminando o “porto seguro” de 5%. A demanda por energia, entretanto, segue crescente, impulsionada por preços altos do gás e necessidade de expansão elétrica. (Woodmac – 08.09.2025)
Índia: Incentivos a captura de carbono visando equilíbrio entre geração a carvão e metas climáticas
A Índia anunciou que está prestes a lançar uma iniciativa nacional de captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS), com a oferta de incentivos governamentais significativos — entre 50% e 100% de financiamento para projetos selecionados. A iniciativa é parte da estratégia do país para equilibrar o aumento da demanda energética com metas climáticas. A medida visa integrar tecnologias de captura de carbono aos sistemas energéticos baseados em carvão, fonte que deverá continuar sendo fundamental na matriz indiana pelas próximas duas décadas, segundo especialistas. O país projeta expandir sua capacidade de fontes não fósseis para 500 GW até 2030, mas também pretende adicionar 97 GW de energia a carvão até 2035, totalizando cerca de 307 GW, mirando garantir a segurança no fornecimento. O governo também estuda integrar o CCUS em projetos de gaseificação de carvão, investida vista como alternativa para reduzir as importações de gás, mas a viabilidade comercial desses empreendimentos enfrenta obstáculos. A iniciativa alinha a Índia a esforços globais reconhecidos pela Agência Internacional de Energia, que considera o CCUS essencial para atingir metas climáticas mundiais. (Reuters - 11.09.2025)
The Economist: Energia nucler vive nova guinada após duas décadas de estagnação
A energia nuclear vive um novo ciclo de otimismo após duas décadas de estagnação. A nova guinada é impulsionada pela busca dos governos por uma fonte de energia segura e independente; pela expansão da demanda, sobretudo por grandes empresas de tecnologia, somada a preocupações com a sustentabilidade; e por novos modelos que podem melhorar a economia arriscada da energia nuclear. Projetos como o da Fermi America, de Rick Perry, e a parceria com a Westinghouse para novos reatores nos Estados Unidos simbolizam essa retomada, reforçada em metas ambiciosas e apoiada por incentivos fiscais. Na Europa, França, Reino Unido, Suécia e a Alemanha voltaram a apostar no setor. Ainda, o banco Barclays projeta expansão de 50% da capacidade nuclear fora de China e Rússia até 2050, com pequenos reatores modulares (SMRs) podendo responder por até 60% do total. Big techs como Google, Microsoft, Meta e Amazon financiam tanto SMRs quanto startups de fusão, atraídas pela necessidade de energia limpa e confiável. Além disso, contratos de longo prazo e melhorias incrementais em usinas existentes já adicionam capacidade significativa. Embora persistam desafios como altos custos, burocracia, gargalos em cadeia de suprimentos e mão de obra escassa, surgem novos modelos e práticas operacionais inspirados em países como China e Coreia do Sul, que mostraram viabilidade com padronização e escala. Startups como a X-energy e a Nuclear Company buscam expandir com construção em série, enquanto big techs formam coalizões de consumo para viabilizar projetos. (The Economist - 04.09.2025)
WEF: 5 tendências que deverão guiar os investimentos em tecnologias energéticas em 2025
Em 2025, o investimento global em tecnologias energéticas está previsto para atingir US$ 2,2 trilhões, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Os aportes são impulsionados por mudanças geopolíticas, políticas públicas voláteis e a corrida tecnológica entre países.O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) listou 5 tendências que deverão moldar esses investimentos em 2025. (1) Segurança, custo e empregos passaram a ser os principais vetores de decisões energéticas, especialmente em países dependentes de importação, que priorizam estabilidade econômica e industrialização mesmo com menor ênfase imediata na descarbonização. (2) A descarbonização segue como meta estratégica, mas com abordagens mais pragmáticas e foco na redução de poluição local, o que garante aceitação social para novos projetos. (3) A China lidera o cenário global de tecnologias de energia de ponta, dominando cadeias de suprimentos de tecnologias limpas como baterias, turbinas e painéis solares, e investindo mais que os Estados Unidos e a União Europeia juntos. Além disso, (4) a Índia despontou com novo protagonismo: superou metas renováveis com anos de antecedência e avança com políticas de incentivo à produção nacional, incluindo a construção do maior complexo de energia limpa do mundo. Por fim, (5) a inteligência artificial (IA) vem impulsionando um salto na demanda energética, com data centers se tornando grandes consumidores de eletricidade, colocando pressão sobre as redes elétricas e tornando o fornecimento de energia o critério decisivo para novos empreendimentos. (World Economic Forum - 08.09.2025)
GOWA: Energia eólica offshore pode alcançar 2.000 GW até 2050
A energia eólica offshore atingiu quase 83 GW de capacidade em 2024 e é vista como chave para triplicar a geração renovável até 2030, com meta de 500 GW. A Global Offshore Wind Alliance (GOWA) comprometeu-se a chegar a 2.000 GW até 2050, meta considerada viável pela IRENA graças à maturidade tecnológica que reduziu em 48% os custos de instalação desde 2010, levando o LCOE a US$0,079/kWh em 2024. Parcerias público-privadas internacionais têm papel decisivo, oferecendo alinhamento regulatório, mitigação de riscos e integração socioeconômica. Além disso, digitalização e IA aumentam eficiência operacional por meio de monitoramento em tempo real, manutenção preditiva e otimização de produção, reduzindo custos e ampliando a atratividade para investidores. Para acelerar a expansão, governos devem adotar metas claras e processos de licenciamento simplificados, estimulando confiança e investimentos em escala global. (IRENA – 09.09.2025)
China: Transição acelerada em renováveis impacta uso global de fósseis
A China está remodelando o cenário energético mundial ao expandir rapidamente sua capacidade renovável, segundo relatório da Ember. Em 2024, o país investiu US$625 bilhões em energia limpa, 31% do total global. A geração eólica e solar cresceu 25% em 2024 e 27% no 1º semestre de 2025, reduzindo em 2% a participação de fósseis. O setor de energia limpa já responde por US$1,9 trilhão da economia chinesa, 10% do PIB, com crescimento três vezes superior ao da economia geral. A capacidade de armazenamento triplicou entre 2021 e 2024, enquanto os investimentos em rede bateram recorde de US$85 bilhões. A Constituição de 2018 incluiu o conceito de “civilização ecológica”, alinhando metas econômicas e ambientais. Empresas chinesas lideram globalmente em inovação, responsáveis por 75% das patentes em energia limpa. Além de reduzir dependência de combustíveis importados, os investimentos caem custos de turbinas, painéis e baterias, beneficiando também países emergentes que já superam economias da OCDE em eletrificação. (Energy Monitor – 09.09.2025)
Nacional
Artigo de Wellington Vitorino: "Por que a bioeconomia é a nova indústria?"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Wellington Vitorino (diretor-executivo do Instituto Four) trata do potencial único do Brasil para liderar a bioeconomia mundial, graças à sua biodiversidade, matriz energética renovável e capacidade científica, mas alerta para a falta de um projeto nacional integrado que transforme essa vantagem em política de Estado. Ele destaca que países como Alemanha, Finlândia e Estados Unidos já incorporaram a bioeconomia como estratégia de competitividade, enquanto o Brasil ainda enfrenta dispersão de esforços e marcos regulatórios defasados. Segundo o autor, a bioeconomia não substitui o agronegócio ou a indústria, mas os reinventa de forma regenerativa e inclusiva, podendo transformar a Amazônia e outras regiões em polos de inovação sustentável. Para isso, seriam necessários investimentos em ciência aplicada, crédito verde, infraestrutura e educação, de modo a unir descarbonização, produtividade e inclusão no desenvolvimento do país. (GESEL-IE-UFRJ – 10.09.2025)
BNDES: Agenda de transição energética inclui cooperação com o Japão, financiamento sustentável e digitalização
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destacou, durante a 26ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj), sua estratégia de investimentos sustentáveis e de ampliação da cooperação internacional, especialmente com o Japão, com quem firmou contratos recentes de mais de R$ 2 bilhões. O chefe substituto do Departamento de Relacionamento Internacional , Leonardo Botelho, ressaltou que a instituição mobilizou US$ 2 bilhões em 2024 por meio do Fundo Clima e prevê outros US$ 2 bilhões para projetos de transição energética, como energias renováveis, eficiência energética e desenvolvimento urbano sustentável. Destacou que o BNDES também atua na estruturação de concessões de manejo florestal sustentável em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, abrangendo áreas com potencial para gerar créditos de carbono certificados, e busca cooperação com o Japão para validação internacional desses ativos. Botelho enfatizou ainda o apoio à infraestrutura de dados, inteligência artificial e formação de profissionais em áreas estratégicas para acelerar a transição energética e tecnológica. Alinhado ao Plano de Transformação Ecológica e outras políticas públicas, o Banco concentra esforços em diversificação produtiva, inovação e projetos que promovam o desenvolvimento econômico com baixa emissão de carbono. (Agência BNDES de Notícias - 09.09.2025)
Brasil: Conexão de Roraima ao SIN reduzirá o uso de combustíveis fósseis
O Brasil deu início à conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio do Linhão de Tucuruí (Manaus Boa Vista). O empreendimento foi licitado há 14 anos e enfrentou uma série de dificuldades para sair do papel, ligadas principalmente ao licenciamento ambiental. Com a interligação, o estado perde sua condição de único não conectado à rede elétrica nacional. A medida permitirá o desligamento gradual de termelétricas fósseis locais, reduzindo as emissões de CO₂ em mais de 1 milhão de toneladas por ano e economizando mais de R$600 milhões anuais com combustíveis subsidiados pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Ainda, a interligação aumentará a segurança energética e poderá atrair indústrias para Roraima, contribuindo para o desenvolvimento estadual. O linhão também poderá viabilizar a importação de energia da Venezuela e da Guiana, ampliando a integração energética regional. (Reuters - 10.09.2025)
Brasil: Mercado de carbono pode destravar demanda por energia limpa
O Brasil avança na regulamentação do mercado de carbono, com foco em critérios que ampliem a elegibilidade de projetos de energia renovável, especialmente após a abertura de consulta pública do Verified Carbon Standard (VCS). A medida pode corrigir restrições anteriores que desconsideravam desafios estruturais enfrentados por projetos em países com matriz elétrica majoritariamente limpa. A eletrificação da economia, impulsionada por veículos elétricos, hidrogênio verde e data centers, deve elevar em 3,4% ao ano o consumo de eletricidade no Brasil até 2034. Nesse cenário, o mercado de carbono é essencial para viabilizar fontes renováveis, mesmo em regiões com infraestrutura precária, pois além de reduzir emissões, tais projetos geram empregos, renda e inclusão social. Ignorar esses benefícios seria desperdiçar o potencial transformador do setor. A revisão proposta busca alinhar financiamento climático às necessidades reais da transição energética global. (Agência Eixos - 12.09.2025)
Brasil: Oportunidade geopolítica e econômica na cadeia global de minerais estratégicos
O Brasil busca consolidar protagonismo na cadeia global de minerais estratégicos essenciais à transição energética, como lítio, níquel, grafita e terras raras. Durante seminário na Câmara dos Deputados, representantes do governo, academia e setor produtivo destacaram que a crescente demanda por esses insumos — impulsionada por tecnologias como baterias, turbinas eólicas e veículos elétricos — representa uma oportunidade geopolítica e econômica. Com reservas abundantes e uma matriz energética limpa, o país tem vantagens competitivas para fornecer minerais com menor pegada de carbono e agregar valor industrial à produção. Um destaque é o projeto Lítio Verde, em tramitação no Senado, que busca estimular a agregação de valor à cadeia produtiva. A expansão da mineração, porém, não pode ignorar os riscos socioambientais. A mensagem reforçada durante o seminário é que os países detentores de grandes reservas precisam evitar repetir o modelo histórico de simples exportação de commodities.´Para isso, será necessário combinar inovação tecnológica, industrialização e criação de cadeias de valor que tragam desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ambiental. (Cenário Energia - 12.09.2025)
Climate Finance Hub Brasil: Empresas brasileiras demonstram liderança em maturidade climática
As empresas brasileiras de energia elétrica apresentam maturidade climática 2,3 vezes superior à média internacional, segundo relatório “Avaliação da Maturidade da Transição Climática das Empresas do Setor Elétrico” do Climate Finance Hub Brasil. O levantamento considerou 15 companhias que representam mais de 70% da geração nacional. A média de 12,2 pontos (nota B) do setor elétrico brasileiro contrasta com os 5,3 pontos (C-) de 68 empresas estrangeiras. O resultado reflete a matriz brasileira majoritariamente renovável, com 90% de geração limpa em 2023. Entre as empresas analisadas, 60% possuem portfólios 100% renováveis e as demais têm metas de descarbonização e planos de desinvestimento em fósseis. Ainda, todas participam do Pacto Global da ONU, reforçando compromisso internacional. O estudo destacou elevado desempenho em metas climáticas (80%) e investimentos materiais (78,7%), mas apontou fragilidades em investimentos intangíveis (17%) e desempenho de produtos (19,8%). Além disos, o índice de governança atingiu 57,8%, com 93% das empresas possuindo comitês e conselhos dedicados. Destaca-se também que empresas com maior presença no mercado livre tendem a liderar pela robustez estratégica e soluções de descarbonização. (Agência CanalEnergia - 08.09.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
Brasil: Avanço da mobilidade elétrica impele adaptações ante crescimento da demanda
O estudo “Mobilidade Elétrica: experiência internacional e condições de contorno para sua difusão no Brasil”, desenvolvido pela Thymos Energia, aponta que o crescimento da eletromobilidade impõe adaptações ao sistema elétrico para atender à maior demanda por energia. O levantamento mapeia barreiras e propõe soluções inspiradas em experiências internacionais de países como China, Alemanha e EUA. A consultoria defende modernização da infraestrutura, investimento em carregamento inteligente e no intercâmbio de energia entre veículos e rede, além de integração entre governo, indústria automotiva, energia e consumidores. Além disso, e destacada a necessidade de revisão do modelo tarifário, com vista à criação de tarifas específicas que considerem horário de recarga e autonomia, bem como novas formas de remuneração para distribuidoras. Outro ponto central é o impacto ambiental do descarte de baterias, que exige a criação de uma cadeia nacional de reciclagem de íon de lítio, fomentando economia circular, inovação e empregos. A Thymos conclui que a eletromobilidade é parte crucial da transição energética e demanda regulação moderna, planejamento integrado e rápida execução. (Agência CanalEnergia - 08.09.2025)
Green V e Porsche: Investimento de R$ 70 milhões em rede de recarga para VEs
A GreenV, em parceria com a Porsche, anunciou investimento de R$ 70 milhões no projeto Highway Charging Expansion 3.0, que prevê a instalação de 66 estações de carregamento ultrarrápido de 150 kW para veículos elétricos (VEs) em rodovias estratégicas até 2028. Cada ponto terá dois plugues, um exclusivo para veículos Porsche e outro universal, acessível a todas as marcas, ampliando a infraestrutura de mobilidade elétrica no país. A primeira estação já está em operação no km 57 da Rodovia Presidente Castelo Branco (SP), e outras 65 serão entregues nos próximos três anos, formando uma rede de interligação entre regiões estratégicas. A GreenV ressaltou ainda que já implantou mais de 10 mil pontos de recarga em 27 estados. (Agência CanalEnergia - 12.09.2025)
Croácia: Rimac apresenta bateria sólida com recarga ultrarrápida
Durante o IAA Mobility 2025, em Munique, a Rimac revelou um protótipo de bateria de estado sólido desenvolvido com ProLogium e Mitsubishi Chemical Group, prometendo ganhos relevantes em densidade energética, peso e velocidade de recarga. Com 100 kWh, a bateria oferece 260 Wh/kg contra 213 Wh/kg da versão atual, reduzindo o peso de 470 para 384 kg. O volume sobe para 350 Wh/l e a recarga de 10% a 80% leva apenas 6,5 minutos, muito abaixo dos 16,2 minutos das células cilíndricas. O sistema também opera em tensão de 540 a 907 V, com até 850 kW de potência. A versão convencional chega em 2026, e a sólida em 2027. Além disso, a empresa apresentou motores Sinteg 300 e 550, capazes de rotações de até 25.000 rpm, e novas centralinas eletrônicas para veículos definidos por software. A Rimac reafirma, assim, sua liderança em tecnologias de ponta para supercarros elétricos, com potencial de influenciar futuramente o mercado de massa. (Inside EVs – 10.09.2025)
Thymos Energia: Modernização regulatória é essencial para acelerar eletrificação da frota no Brasil
O Brasil enfrenta grandes desafios para ampliar a eletrificação de sua frota, segundo estudo da Thymos Energia. Apesar de as vendas de veículos elétricos terem crescido 85% em 2024, apenas 7% dos licenciamentos foram desse tipo, demonstrando que o país ainda está em estágio inicial. O relatório destaca a necessidade de digitalização das redes elétricas, descentralização da geração e adoção de tecnologias como carregamento inteligente e intercâmbio de energia entre veículos e rede. Outra prioridade é a revisão do modelo tarifário, de modo a incluir realidades como horários de recarga e autonomia dos veículos. A modernização exige coordenação entre governo, indústria automotiva, setor elétrico e consumidores. Entre as barreiras, estão altos custos de aquisição e baterias, tributação elevada, complexidade fiscal e infraestrutura insuficiente. O setor de transporte público também é afetado: menos de 1% da frota nacional de ônibus é elétrica, enquanto o Chile já opera cerca de 2,6 mil veículos, liderando a América Latina. (Agência Eixos – 08.09.2025)
Wood Mackenzie: VEs chineses desafiam mercados ocidentais
A China consolidou liderança mundial em VEs a bateria, respondendo por 73% das vendas globais até julho de 2025, com penetração superior a 50% no mercado doméstico, contra 24% na Europa e apenas 9% nos EUA. O avanço se deve à estratégia governamental de construir uma cadeia de valor integrada, priorizando baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP), mais baratas e seguras. Enquanto fabricantes chineses operam com plataformas dedicadas e processos ágeis, montadoras ocidentais ainda adaptam modelos a combustão. Na Europa, os VEs chineses já ampliam participação, mas ainda enfrentam barreiras de tarifas, reputação de marca e resistência política ligada à perda de empregos no setor tradicional. Nos EUA, as perspectivas são ainda mais desafiadoras, com políticas recentes enfraquecendo incentivos e regulações ambientais. Apesar disso, a tendência é de parcerias entre grupos ocidentais e chineses para acelerar a eletrificação. (Wood Mackenzie - 11.09.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Alemanha: Custo elevado do H2V compromete descarbonização industrial
Representantes de grupos industriais da Alemanha alertaram que o hidrogênio verde (H2V) segue como um energético mais caro frente a alternativas fósseis, minando investidas rumo à transição energética. Atualmente, esse combustível produzido a partir de fontes renováveis custa cerca de € 6 por kg — o dobro do hidrogênio cinza — e pode chegar a € 10 até 2030, tornando-se até quatro vezes mais caro que o gás natural. A Thyssenkrupp e a ArcelorMittal, grandes produtoras de aço, já cogitam abandonar projetos verdes por inviabilidade econômica. O setor enfrenta ainda obstáculos regulatórios da União Europeia, que impõem critérios rigorosos sobre a origem da energia usada na produção do hidrogênio. Soma-se a isso o corte de subsídios pela nova administração alemã, que prioriza o crescimento econômico e sinaliza apoio ao uso de hidrogênio azul ou cinza. Embora o governo tenha prometido acelerar a infraestrutura de hidrogênio, com planos de uma rede de 9.000 km e 10 GW de eletrólise até 2030, o país possui hoje apenas 0,1 GW instalados. Especialistas alertam que, sem políticas de demanda pública e clareza regulatória, o hidrogênio verde seguirá economicamente inviável para a indústria pesada. (Financial Times - 07.09.2025)
Brasil: Biocombustíveis devem movimentar R$ 110 bilhões até 2035
O Brasil projeta uma forte expansão no setor de biocombustíveis até 2035, com investimentos estimados em R$ 110 bilhões, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2035 elaborado pelo MME e EPE. A oferta de etanol deve crescer 30%, chegando a 51 bilhões de litros, com o milho ganhando maior participação na matriz. A demanda prevista é de 48,2 bilhões de litros, além da geração de 5,9 GW médios de bioeletricidade e 6,4 bilhões de Nm³ de biometano até o fim do período, consolidando o biogás como elemento-chave do programa Combustível do Futuro a partir de 2026. No mercado de biodiesel, espera-se consumo de 12,4 bilhões de litros, suprido com folga pela capacidade instalada de 16,2 bilhões, destacando o óleo de soja como principal insumo. O transporte aquaviário pode absorver parte do excedente, e a aviação terá oferta crescente de combustíveis sustentáveis (SAF), com potencial de atender 66% das metas internacionais de descarbonização. (Agência Eixos – 08.09.2025)
IEA: Produção de H2 de baixo carbono cresce apesar de cancelamento de projetos
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) prevê expansão significativa do hidrogênio de baixas emissões até 2030, mesmo após cancelamentos recentes de projetos e custos elevados. Em 2024, a demanda mundial alcançou 100 milhões de toneladas, ainda majoritariamente produzidas a partir de combustíveis fósseis. A expectativa é que a produção de baixo carbono chegue a 37 milhões de toneladas por ano até 2030, abaixo das projeções anteriores, mas muito superior ao cenário atual. A China lidera a implantação de eletrolisadores, respondendo por 65% da capacidade global já instalada ou em construção, além de 60% da produção mundial desses equipamentos. O relatório aponta ainda o potencial do Sudeste Asiático, que pode atingir 430 mil toneladas anuais até 2030. Para que esse avanço se concretize, políticas públicas de estímulo à demanda e infraestrutura são consideradas cruciais. (IEA - 12.09.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
China: Novo plano de integração de IA ao setor de energia para condução da transição energética
A China anunciou uma nova investida para acelerar a integração da inteligência artificial (IA) ao setor de energia, com foco em segurança energética, eficiência operacional e transição verde e de baixo carbono. Divulgado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) e pela Administração Nacional de Energia (NEA), o plano define metas para 2027, como o estabelecimento de um sistema de inovação em IA aplicada à energia e avanços tecnológicos relevantes. Até 2030, o objetivo é alcançar liderança global no uso de IA no setor energético, com coordenação avançada entre poder computacional e fornecimento elétrico. A estratégia prevê a aplicação da IA em redes elétricas, energias renováveis e energia nuclear, além de estimular avanços em dados, algoritmos e poder computacional. O plano também propõe otimizar mecanismos de compartilhamento de dados, integrar IA a softwares energéticos, ampliar o financiamento e formar profissionais especializados em energia e IA. (China Daily - 08.09.2025)
EUA: Baterias destravam aprovações de carga para data centers
Nos EUA, a aprovação de concessionárias é o gargalo para novos data centers de grande porte; incluir BESS no projeto pode transformar um “não” em “sim”. Ao reduzir a carga líquida aparente nos picos, sem desligar servidores, as baterias permitem que a instalação “apareça” à rede abaixo do limite viável da utility, viabilizando pedidos de 100 MW onde apenas 50 MW poderiam ser fornecidos no horário crítico. Isso evita esperar anos por novas linhas de transmissão e torna o cliente um ativo flexível, colaborando para reduzir custos sistêmicos em horários caros. O modelo muda a percepção: data centers deixam de ser cargas estáticas para se tornarem participantes interativos da rede, com benefícios operacionais e financeiros para ambos os lados. (Ess News – 01.09.2025)
Impactos Socioeconômicos
Artigo de Isabel Guimarães: “O crédito responsável como ferramenta para acelerar a transição energética”
Em artigo publicado no Green Savers, Isabel Guimarães (Diretora de Sustentabilidade do Banco Credibom) destaca o papel do crédito para impulsionar a transição energética. A autora destaca que fazer escolhas sustentáveis, como instalar painéis solares, comprar eletrodomésticos eficientes ou adotar veículos elétricos, costuma esbarrar no alto custo inicial, e que o crédito, nesse ínterim, pode ser um aliado para viabilizar essa transição. Investir em soluções sustentáveis gera retornos econômicos, melhora o conforto e reduz o impacto ambiental, além de valorizar imóveis e promover maior independência energética. Ela pondera, diante disso, que o crédito sustentável, quando bem estruturado, democratiza o acesso a essas tecnologias, ampliando seus benefícios para toda a sociedade e gerando um efeito multiplicador. Ressalta, por fim, que cabe às instituições financeiras oferecer produtos adequados, com transparência e foco em médio e longo prazo, apoiando o consumidor em escolhas conscientes. (Green Savers - 12.09.2025)
Artigo de Luti Guedes: “A transição justa começa onde a energia ainda não é garantia”
Em artigo publicado no Nexo Jornal, Luti Guedes (coordenador de campanhas da 350.org e da campanha Energia dos Povos) denuncia a exclusão energética na Amazônia, onde milhões vivem sem acesso confiável à eletricidade, apesar da região gerar quase um terço da energia do país. “A ausência de energia aqui não é invisível, é um bloqueio à saúde, à educação, ao trabalho e um impedimento diário ao direito de bem-viver”, pontua o autor. Ele destaca que o governo insiste em expandir a produção de combustíveis fósseis sob o pretexto de financiar a transição energética, embora menos de 0,06% da arrecadação do petróleo tenha sido investida em projetos de transição. O autor ressalta que a Amazônia sofre os piores efeitos da crise climática e, ao mesmo tempo, sustenta grandes empreendimentos que impactam comunidades e não retornam em benefícios locais. O texto, diante disso, cobra um Plano Nacional de Transição Energética (PNTE) com metas claras, participação popular real e priorização das comunidades excluídas. São defendidas também soluções descentralizadas, como energia solar comunitária, e investimento robusto em ciência, tecnologia e formação de profissionais nos territórios. Por fim, o autor faz um pleito por justiça fiscal, com taxação de super-ricos e poluidores, afirmando que sediar a COP30 sem resolver essa desigualdade energética seria uma cruel contradição. (Nexo Jornal - 08.09.2025)
Ásia: Subsídios ao carvão e instabilidade política ameaçam avanço da transição energética
A rota da transição energética na Ásia vem sendo obstruída por subsídios ao carvão, instabilidade regulatória e infraestrutura elétrica defasada, segundo executivos do setor reunidos na conferência APPEC, em Cingapura, promovida pela S&P Global. Representantes da EDP Renewables e da Vena Group apontaram que o uso de energia como ferramenta política e o apoio contínuo aos combustíveis fósseis — especialmente na Índia e na Indonésia — estão minando investimentos em fontes limpas, justamente quando a demanda por energia cresce impulsionada por data centers. Ainda, cancelamentos de leilões de renováveis, como os 11,4 GW cancelados na Índia e licenças revogadas em Taiwan, elevam o risco percebido pelos investidores. Além disso, a demora na emissão de licenças e a imprevisibilidade jurídica aumentam os custos de financiamento. Apesar dos desafios, empresas como EDPR apostam em mercados mais previsíveis, como Japão e Austrália. O alerta é claro: sem políticas estáveis e redução de incentivos aos fósseis, a Ásia pode atrasar sua transição energética em um momento crítico. (Reuters - 10.09.2025)
Brasil: Cortes de geração devem agregar custo a novos contratos de energia
Um estudo da consultoria Aurora Research indica que os cortes de geração (curtailment) de usinas solares e eólicas no Brasil devem aumentar o custo de novos contratos de compra e venda de energia no mercado livre em pelo menos R$40/MWh. Esses cortes, ordenados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em razão de limitações na rede de transmissão ou falta de demanda, obrigam as geradoras a comprar energia no mercado spot para cumprir seus contratos, elevando os custos para grandes consumidores e desestimulando novos investimentos. Além do curtailment, riscos como a volatilidade intradiária de preços e os diferenciais regionais podem adicionar mais de R$110/MWh aos contratos. O problema afeta praticamente todos os geradores solares e eólicos, principalmente os instalados no Nordeste, em diferentes magnitudes. A Aurora projeta que, até 2030, em estados como a Bahia, cortes de mais de 30% da geração solar serão comuns. O setor reconhece a necessidade operacional dos cortes, mas questiona o fato de que os prejuízos recaem unicamente sobre os geradores. As associações do setor eólico e solar calculam que já existe um passivo acumulado de cerca de R$5 bilhões desde meados de 2023. (Reuters - 11.09.2025)
EDF e Lloyd’s Register: Lacuna trilionária ameaça transição energética no setor de navegação
O Relatório “Navigating the Net-Zero Transition”, do Fundo de Defesa do Meio Ambiente (EDF, na sigla em inglês) dos EUA e Lloyd’s Register Maritime Decarbonisation Hub, do Reino Unido, aponta que a falta de financiamento pode paralisar a descarbonização do transporte marítimo — setor que carrega aproximadamente 80% do comércio global e figura entre os maiores emissores. Sem capital para navios e infraestrutura de combustíveis limpos, o progresso arrisca estagnar, mesmo após avanços da Organização Marítima Internacional rumo à precificação de emissões. O estudo propõe três soluções: Maritime Multiplier, que contabiliza reduções em cadeias a jusante para atrair investidores; uma plataforma de crédito misto para retrofits de eficiência, reduzindo risco e custo para armadores menores; e Time Stacked Offtake, que “fatia” contratos de compra de combustíveis limpos em tranches curtas, combinando flexibilidade a previsibilidade de receita. Autores pedem pilotos com bancos, armadores e desenvolvedores de combustível para validar e escalar os modelos. (Offshore Energy - 09.09.2025)
EUA: Capacidade de energia solar e armazenamento avançam, mas políticas elevam custos
Um Relatório da Associação das Indústrias de Energia Solar (SEIA) e Wood Mackenzie revelou que a energia solar e o armazenamento de energia responderam por 82% da nova capacidade da rede nos Estados Unidos no 1º semestre de 2025, com 7,5 GW-DC instalados no 2º trimestre. Porém, a combinação do One Big Beautiful Bill Act (OBBBA) e medidas recentes do governo Trump — como tarifas-base de 10% e mudanças em critérios de elegibilidade a créditos — pressiona preços e reduz projeções: risco de perda de 44–55 GW até 2030 frente ao cenário pré-OBBBA. Foi apontado que preços subiram em todos os segmentos (residencial +2%, comercial +10%, utilidade +4%), enquanto prazos e incertezas regulatórias travam projetos. Por outro lado, armazenamento mantém créditos até 2033 e a demanda por eletricidade cresce. O estado do Texas lidera novas adições nos EUA, seguido por Califórnia, Indiana e Arizona. A SEIA acusa as políticas federais de sufocarem investimentos e encarecerem a energia, apesar do impulso de projetos já em andamento e da busca por cumprir prazos fiscais. (Utility Dive - 09.09.2025)
Itália: Atrasos em renováveis ameaçam metas de carbono da União Europeia
A Itália corre o risco de não cumprir suas metas climáticas da União Europeia para 2030 devido a atrasos na expansão da infraestrutura de geração renovável e armazenamento de energia, conforme estudo da Edison e do TEHA Group. O relatório alerta que o país pode levar até uma década a mais do que o previsto para implementar sistemas verdes necessários, impactando a descarbonização. Entre as soluções sugeridas estão acelerar processos de licenciamento, garantir segurança para investidores e reduzir custos energéticos. O estudo projeta ganhos econômicos de até €190 bilhões até 2050 caso a Itália avance em tecnologias como hidrelétrica com bombeamento, captura de carbono e energia nuclear avançada. Atualmente, projetos solares enfrentam custos 20% superiores aos de outros países europeus, em razão de congestionamentos de rede, falta de terras e aprovações demoradas. Após décadas de proibição, a Itália iniciou em 2023 debates sobre o retorno da energia nuclear, extinta desde 1987 após Chernobyl. (Energy Monitor – 08.09.2025)
União Europeia: Eliminar as desigualdades energéticas pós-crise é o próximo grande desafio
Quase quatro anos após o início da crise energética europeia, no final de 2021, o continente avançou no redesenho de seu sistema energético, mas ainda enfrenta vulnerabilidades significativas. O Índice de Risco de Segurança Energética e Climática (ECSRI), elaborado pelo Center for the Study of Democracy, revela uma crescente disparidade entre países líderes como França, Suécia e Dinamarca e outros mais vulneráveis, como Hungria, Itália e Bulgária. A principal conquista da União Europeia foi a drástica redução da dependência de combustíveis fósseis russos — de 40% para cerca de 10% das importações de gás — com o aumento das compras de GNL dos EUA, Noruega e Catar. No entanto, o aumento da implantação de energias renováveis, como eólica e solar, criou nova vulnerabilidade às cadeias de suprimento chinesas de minerais críticos. Além disso, os desafios de acessibilidade energética aumentaram significativamente desde 2020, com contas de energia ainda 40–70% mais caras no sul e leste europeu, impactando especialmente a indústria. A confiabilidade do sistema também está em risco, com integração acelerada de renováveis sem a infraestrutura de suporte adequada, como evidenciado pelo apagão na Península Ibérica. Ainda, é pontuado que a sustentabilidade avança de forma desigual: países nórdicos e França se destacam na descarbonização, enquanto membros do leste enfrentam custos e emissões crescentes. O relatório conclui que os riscos tendem a se agrupar e que, sem uma estratégia coordenada e de longo prazo, a soberania energética da Europa continua ameaçada. (Reuters - 10.09.2025)
Eventos
EAU: Conselho da IRENA debate segurança energética e cadeias de suprimento
Em Abu Dhabi, mais de 400 representantes de 169 países e da União Europeia participam da 29ª reunião do Conselho da IRENA, com foco em segurança energética, diversificação de cadeias de suprimento e fortalecimento da manufatura regional, especialmente no setor solar fotovoltaico. O diretor-geral Francesco La Camera destacou a importância de cadeias diversificadas, resilientes e transparentes para triplicar a capacidade renovável até 2030. O embaixador costarriquenho Francisco Chacón Hernández, presidente da sessão, reforçou a busca por soluções coletivas para prosperidade compartilhada e descarbonização. Outro ponto central é o apoio a combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), vistos como vitais para reduzir emissões em voos de longa distância. O evento também define prioridades institucionais e prepara o caminho para a 30ª sessão, consolidando a IRENA como espaço estratégico de cooperação global para acelerar a transição energética e enfrentar os desafios geopolíticos ligados às cadeias renováveis. (IRENA – 10.09.2025)
Africa Climate Summit: Lideranças pedem maior protagonismo na transição energética
Na 2ª edição do Africa Climate Summit, em Adis Abeba, chefes de Estado defenderam cooperação regional e mais investimentos para que o continente possa assumir papel central na economia de baixo carbono. Abiy Ahmed (Etiópia) pediu “uma década africana de entrega”, enquanto William Ruto (Quênia) cobrou escala e competitividade para atingir a meta de 300 GW em renováveis até 2030, estagnada por dívida elevada e financiamento climático escasso. Ainda, um relatório apresentado pelo presidente do Quênia evento indica que a África recebeu apenas 23% dos US$ 190 bi anuais em investimentos necessários até 2030, apesar de deter 60% dos melhores recursos solares e 30% dos minerais críticos. O Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres qualificou como “injustiça” o desequilíbrio no fluxo de capital e pediu reforma do sistema financeiro internacional, alívio da dívida e cumprimento das promessas de doadores. Líderes também defenderam industrialização local de minerais e compartilhamento de know-how para fortalecer cadeias regionais. (Climate Change News - 08.09.2025)