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IFE
09/09/2025

Transição Energética 86

Assinatura:
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Subeditores: Leonardo Gonçalves
Pesquisadores: Gustavo Esteves e Paulo Giovane
Assistente de pesquisa: Sérgio Silva

IFE
09/09/2025

IFE nº 86

Assinatura:
Equipe de Pesquisa UFRJ
Editor: Prof. Nivalde J. de Castro (nivalde@ufrj.br)
Subeditores: Leonardo Gonçalves
Pesquisadores: Gustavo Esteves e Paulo Giovane
Assistente de pesquisa: Sérgio Silva

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Transição Energética 86

Dinâmica Internacional

Argentina: China desempenha papel central nas investidas nacionais de transição energética

Nas últimas décadas, empresas chinesas desempenharam papel crucial no desenvolvimento da energia renovável na Argentina, com destaque para projetos solares e eólicos financiados por instituições como o Exim Bank da China. Contudo, o realinhamento geopolítico do país em favor dos EUA, os cortes orçamentários e o fim da Lei 27.191 — que estabelecia incentivos para o cumprimento de metas para renováveis até 2025 — geram incertezas. Apesar de avanços, com 17,2% de participação renovável na matriz elétrica em 2025 (70% eólica e 19% solar), o futuro do setor depende da prorrogação da lei e da expansão da infraestrutura de transmissão. A China tem migrado de financiadora para investidora direta, mas a retração de programas como o RenovAR dificulta novos projetos. Ainda, as províncias argentinas têm assumido protagonismo na cooperação energética com a China, enquanto a geração distribuída desponta como alternativa viável diante das limitações da rede elétrica nacional. Não obstante, especialistas alertam que a indefinição política e regulatória pode comprometer a transição energética no país. (Dialogue Earth – 04.09.2025)

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Chile: Construção de parque fotovoltaico a partir de 2026

O Parque Fotovoltaico de Zaldívar, localizado na Região de Antofagasta, no Chile, e co-desenvolvido pelo FreePower Group, obteve sinal verde ambiental e se prepara para iniciar obras no primeiro trimestre de 2026. A Resolução de Qualificação Ambiental (RCA), concedida em janeiro de 2025, autoriza as etapas de construção, operação e encerramento do projeto, incluindo sua linha de transmissão. Em agosto, o Serviço de Avaliação Ambiental (SEA) dispensou a necessidade de nova avaliação. Com isso, o empreendimento avança para a obtenção das autorizações setoriais necessárias para iniciar a construção dentro do cronograma. (Agência CanalEnergia - 03.09.2025)

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China: Construção do maior parque solar do mundo

A China está finalizando no Tibete o maior complexo solar do mundo, ocupando 610 km² e com capacidade para abastecer cerca de 5 milhões de residências, como parte de sua estratégia de transição energética e redução do uso de combustíveis fósseis. No primeiro semestre de 2025, o país conectou 212 GW de energia solar à rede, superando toda a capacidade instalada dos Estados Unidos (178 GW). Essa expansão já contribui para a redução das emissões de carbono, que caíram 1% entre janeiro e junho, sem comprometer o crescimento econômico — um feito inédito, segundo analistas. A energia solar se consolidou como a fonte renovável que mais cresce na China, ultrapassando a eólica, embora ambas tenham registrado avanços. Apesar disso, a matriz elétrica chinesa ainda depende fortemente do carvão, o que representa um desafio para a transição. O projeto no Tibete também traz benefícios ambientais locais, como menor evaporação do solo, aumento da cobertura vegetal e integração com a atividade pecuária por meio das chamadas “ovelhas fotovoltaicas”. A ampliação de fontes renováveis exige, porém, adaptações significativas na infraestrutura de transmissão, historicamente moldada para o carvão. (Agência Eixos – 01.09.2025)

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Ember: Instalações solares atingem recorde de 380 GW no 1º semestre de 2025

As adições globais de capacidade solar alcançaram 380 GW nos seis primeiros meses de 2025, um recorde histórico segundo o think tank Ember, superando em 64% os 232 GW registrados no mesmo período de 2024. Para efeito de comparação, no ano passado a marca de 350 GW só foi atingida em setembro, enquanto em 2025 foi alcançada já em junho. Esse avanço consolida a energia solar como a fonte que mais cresce em geração elétrica no mundo. A China segue como protagonista, respondendo por 67% das instalações — acima dos 54% do ano anterior — com projetos acelerados por mudanças regulatórias, o que pode gerar desaceleração no segundo semestre, mas ainda assim garantir resultados recordes no ano. Outros países adicionaram 124 GW no período: a Índia aparece em segundo lugar, com 24 GW (+49%), seguida pelos EUA, com 21 GW (+4%), mesmo diante de restrições federais. Alemanha e Brasil tiveram retração, enquanto o restante do mundo somou 65 GW (+22%). A África, embora com dados oficiais limitados, apresentou crescimento expressivo de 60% nas importações de painéis chineses. Para especialistas, a energia solar se confirma como uma alternativa estratégica frente à volatilidade dos combustíveis fósseis, por ser escalável e de implantação rápida. (Energy Monitor – 03.09.2025)

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EUA: Novas capacidades de geração a gás crescem enquanto implantação de renováveis variáveis desacelera

Produtores de energia nos Estados Unidos estão ampliando significativamente os planos para geração por gás natural e hidrelétricas, ao mesmo tempo em que reduzem projetos de novas usinas solares e eólicas, segundo dados da Global Energy Monitor (GEM). Até meados de 2025, eram mais de 114 GW em capacidade de plantas de gás natural em construção ou pré-construção, mais que o dobro do registrado no ano anterior, tornando o gás a maior fonte planejada de adição de capacidade. Hidrelétricas (36 GW) e energia nuclear (8 GW) também cresceram na programação, todas fontes despacháveis — ou seja, controláveis sob demanda — priorizadas frente à necessidade de garantir fornecimento diante da demanda crescente. Em contraste, os projetos solares caíram de 112 GW para 92 GW e os eólicos de 74 GW para 65 GW, totalizando 155 GW em renováveis em desenvolvimento, contra 186 GW em 2024. A guinada ocorre em meio a mudanças na política energética no país e reflete o foco do setor elétrico em confiabilidade e estabilidade da rede em detrimento de mais capacidade de energia renovável. (Reuters – 04.09.2025)

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Índia: Subsídio fiscal a equipamentos solares e eólicos deve contribuir para acelerar a transição energética

O corte de impostos anunciado pela Índia sobre equipamentos solares e eólicos — reduzindo o imposto sobre bens e serviços (GST) de 12% para 5% — deve diminuir os custos de novos projetos e pressionar desenvolvedores existentes a reduzir tarifas, acelerando a transição energética do país, segundo especialistas do setor. A medida pode reduzir em cerca de 5% o custo de capital de projetos solares e eólicos, de acordo com a consultoria ICRA Ltd. O país busca atingir 500 GW de capacidade instalada de fontes não fósseis até 2030, e atualmente há cerca de 44 GW de projetos renováveis à espera de contratos firmes de fornecimento. O corte pode gerar desafios de curto prazo, exigindo a renegociação de contratos antigos. Empresas como a Oyster Renewable Energy afirmaram que veem a medida como oportunidade para retomar negociações com tarifas mais competitivas. Desenvolvedores que ainda não compraram os equipamentos deverão repassar o benefício aos consumidores, enquanto os que já pagaram a taxa anterior poderão justificar os valores praticados. (Reuters – 04.09.2025)

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Noruega: Equinor reforça parceria com a Orsted e investe US$ 939 milhões em ações de eólica offshore

A Equinor anunciou em comunicado ao mercado no dia 1º de setembro, que manterá sua participação de 10% na companhia de projetos eólicos offshore Orsted. A petroleira participará da Emissão de Direitos dentro da estrutura financeira e subscreverá US$ 939 milhões em ações. Segundo a companhia, uma colaboração industrial e estratégica mais estreita pode gerar valor para todos os acionistas de ambas as empresas. Além disso, a petroleira está observando o desenrolar da indústria eólica offshore nos EUA. Por fim, a decisão de investimento vem na esteira da proposta apresentada pela Orsted no começo de agosto e, após diálogo, a empresa norueguesa decidiu apoiar a proposta de fortalecimento do balanço patrimonial. (Agência CanalEnergia - 01.09.2025)

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WEF: China, Alemanha e Brasil são destaques em inovação para energia sustentável

O Índice de Transição Energética, apurado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), classifica 118 países com base em seu progresso rumo a sistemas energéticos limpos, seguros e sustentáveis. Entre os destaques por inovação e liderança tecnológica no último levantamento, estão China, Alemanha e Brasil. A China lidera em tecnologia de energia limpa, com a maior quantidade de patentes energéticas no mundo e cerca de 1.200 das 4.000 startups do setor criadas em 2023. O país também domina a fabricação de baterias e responde por 70% da produção global de veículos elétricos. A Alemanha se destaca em fontes renováveis e transporte verde, com 39% de sua geração elétrica vinda de renováveis. Além disso, é referência em patentes energéticas, especialmente em armazenamento de energia e mobilidade elétrica. E o Brasil lidera entre os mercados emergentes, sendo um dos principais produtores de biodiesel. O país inova no desenvolvimento de um biocombustível capaz de substituir completamente o diesel fóssil, reforçando sua aposta na sustentabilidade energética. Segundo o WEF, a inovação é um fator essencial para acelerar soluções energéticas limpas, acessíveis e resilientes — elementos fundamentais para o sucesso da transição energética global. (World Economic forum – 29.08.2025)

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Mercosul: Plano de Trabalho 2025-2026 inclui avanços em mineração estratégica e transição energética

Os países do Mercosul aprovaram uma série de ações para fortalecer a mineração estratégica e acelerar a transição energética na região. O alinhamento ocorreu durante a XXXII Reunião Ordinária do Subgrupo de Trabalho de Mineração e Geologia. O Plano de Trabalho 2025-2026 inclui iniciativas como mapeamento mineral detalhado, previsão da demanda global por minerais estratégicos, pesquisa e desenvolvimento conjuntos, harmonização regulatória e identificação de projetos estratégicos de alto impacto. Também foi aprovado um estudo aprofundado sobre o potencial do Mercosul em minerais críticos para tecnologias de energia renovável. As medidas visam criar um ambiente mais atrativo para investimentos, alinhar políticas públicas e preparar a região para atender à crescente demanda global por minerais essenciais à transição energética, segundo o Ministério de Minas e Energia do Brasil. (TV BRICS – 02.09.2025)

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Climate Council: Relatório aponta avanço chinês em renováveis enquanto política climática americana recua

O relatório Power Shift: The US, China and the Race to Net Zero, do Climate Council, mostra que, apesar do retrocesso da política climática federal dos EUA sob Donald Trump, estados como a Califórnia — já com dois terços da matriz limpa — e o Texas — maior produtor eólico do país — seguem avançando em renováveis, assim como 84% das empresas americanas, das quais 37% elevaram suas metas climáticas. Esse vácuo de liderança, porém, abriu espaço para a China consolidar protagonismo: desde 2020, sua capacidade solar quase quadruplicou e a eólica dobrou, permitindo ao país atingir as metas de 2030 com seis anos de antecedência. Em 2024, suas exportações de energia limpa reduziram em 1% as emissões globais, e no 1º semestre de 2025 as emissões domésticas já caíram 3,4%. O relatório projeta que, até 2025 ou 2026, a geração renovável global ultrapassará a do carvão, com investimentos de A$ 3,4 trilhões, o dobro do destinado a fósseis. Para a Austrália, que exporta carvão à China, reforçar a meta climática até 2035 poderia destravar A$ 190 bilhões em oportunidades, diversificar sua economia e criar empregos em setores limpos. A conselheira Nicki Hutley resume: enquanto os EUA recuam, a China lidera e lucra na corrida pela transição energética. (Energy Monitor – 04.09.2025)

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Nacional

Artigo de Cássio Cardoso Carvalho: “Brasil: A transição energética sabotada”

Em artigo publicado no Outras Palavras, Cássio Cardoso Carvalho (engenheiro eletricista e mestrando em energia pela UFABC) faz uma análise crítica da transição energética no Brasil, ressaltando que, embora o país tenha vantagens como uma matriz relativamente limpa e abundância de recursos renováveis, o processo tem sido conduzido pelo setor privado, sem planejamento estratégico estatal. Recuperando os exemplos históricos da Rússia soviética e da China maoísta, o autor mostra que o domínio da energia foi central para processos de desenvolvimento soberano e industrialização. No Brasil, destaca que a privatização do setor elétrico, especialmente após a venda da Eletrobras, e a lógica de mercado nas fontes renováveis favorecem grandes empresas e exportações, enquanto comunidades locais enfrentam impactos sociais e ambientais. O autor denuncia a falta de um projeto nacional que use a transição energética para fortalecer a indústria, reduzir desigualdades e promover justiça social. Por fim, defende que a esquerda deve assumir esse debate com uma visão estratégica que articule energia, soberania, ciência e tecnologia. Sem isso, pontua que a transição será capturada pelo capital, e o discurso socialista seguirá distante da realidade concreta da classe trabalhadora. (Outras Palavras – 03.09.2025)

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BNDES: Lançamento de edital para fundos voltados à economia verde

O BNDES lançou hoje, 1º de setembro, a Chamada de Clima, um edital público com orçamento de até R$ 5 bilhões para selecionar fundos de investimento voltados à descarbonização industrial, transição energética, agricultura verde e restauração ecológica. A iniciativa visa atrair até R$ 13 bilhões em capital privado, totalizando R$ 18 bilhões em investimentos sustentáveis. Serão escolhidos até cinco fundos de equity e dois de crédito, com participação da BNDESPar de até 25% e 50%, respectivamente. Segundo o presidente do banco, Aloizio Mercadante, essa é a maior chamada da história da instituição e busca consolidar o papel do BNDES como investidor-âncora em setores estratégicos para o desenvolvimento sustentável e o mercado de capitais do país. As propostas podem ser enviadas até 20 de outubro e o resultado será divulgado em janeiro de 2026. (Valor Econômico – 01.09.2025)

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Brasil: Aeroportos adotam energia renovável no mercado livre e reduzem emissões

A aviação, responsável por 2,5% das emissões globais de GEE e com projeções de até 22% até 2050 sem ações efetivas, avança no Brasil com iniciativas de descarbonização lideradas por concessionárias como a Zurich Airport Brasil. Desde 2023, aeroportos de Florianópolis, Vitória, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Guarulhos migraram para o Mercado Livre de Energia em parceria com a ENGIE, garantindo fornecimento de energia 100% renovável e previsível. A mudança gera economia de até 20% nos custos elétricos e elimina a dependência de bandeiras tarifárias. Em conjunto, os seis terminais podem reduzir cerca de 76 mil toneladas de CO₂ por ano. Florianópolis e Vitória, por exemplo, já cortaram quase 9 mil toneladas ao substituir geradores a diesel (GPU) e turbinas a querosene (APU) por sistemas que mantêm aeronaves em solo conectadas à rede elétrica. O Floripa Airport, terceiro do país em voos internacionais desde 2024, recebeu R$ 21 milhões em investimentos para equipar dez pontes de embarque, enquanto Brasília expandirá em 2025 para 26 pontes atendidas, reduzindo 15 mil toneladas anuais. Apoiado por Abear e ABR, o projeto integra a estratégia ESG das concessionárias e complementa medidas como uso futuro de SAF e otimização de rotas, alinhando o setor aéreo brasileiro à meta global de neutralidade de carbono até 2050. (Além da Energia– 01.09.2025)

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Brasil: Governo formaliza pedido para adesão plena à IEA

O Brasil oficializou seu pedido de adesão como membro pleno da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), reforçando a cooperação já existente desde 2017, quando passou a integrar a organização como país associado. A carta enviada pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) ao diretor executivo Fatih Birol destaca o valor estratégico da parceria, que já abrange temas como segurança energética, estatísticas e análise de políticas públicas. O documento ressalta ainda a posição do Brasil como exportador líquido de petróleo, detentor de uma matriz diversificada e cada vez mais renovável, e ator-chave no desenvolvimento de biocombustíveis, fatores que podem enriquecer os trabalhos da agência. Birol classificou a solicitação como “um grande desenvolvimento para a governança internacional” e ressaltou o papel do Brasil como pedra angular do sistema energético global. A decisão ocorre em um momento em que o país reforça sua projeção internacional, após presidir o G20 em 2024 e assumir a liderança da COP30 em 2025. Atualmente, a IEA conta com 32 países membros e outros quatro em processo de adesão, além de 13 associados. (IEA – 02.09.2025)

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EPE: Estudo aponta potencial de até 30 TWh/ano em geração distribuída com resíduos agrícolas

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) identificou forte potencial econômico no uso de resíduos agrícolas para micro e minigeração distribuída (MMGD). Em um cenário conservador, com remuneração de R$ 500/MWh, a produção poderia alcançar 18 TWh/ano, equivalente a 3,2% do consumo nacional. Ao elevar o valor de compensação para R$ 600/MWh, o potencial sobe para 30 TWh/ano, cobrindo até 10,4% da demanda elétrica. A análise, feita com simulador desenvolvido em parceria com o Itaipu Parquetec, simulou 526 usinas de 5 MW em 25 cidades, utilizando resíduos de 133 municípios; no cenário ampliado, seriam 849 usinas em 47 cidades, com insumos de 307 municípios. O estudo considera culturas como algodão, arroz, cana, milho e soja, que poderiam gerar até 175 TWh/ano em 25 GW de capacidade instalada. Apesar da viabilidade econômica, a EPE alerta para barreiras de mercado, como menor modularidade e disponibilidade de fornecedores frente à geração solar. Ainda assim, o biometano e a bioeletricidade aparecem como complementos estratégicos para a agricultura de baixo carbono e para diversificação da matriz elétrica, indicando a necessidade de novos estudos e políticas de incentivo. (Agência CanalEnergia – 02.09.2025)

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Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais

Artigo de Alan Bousso: "Carro elétrico: Nova pauta para reunião de condomínio"

Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Alan Bousso (sócio do escritório Cyrillo e Bousso Advogados) trata dos impactos do crescente uso de veículos elétricos no Brasil sobre a gestão condominial, especialmente no que se refere à instalação de pontos de recarga nas áreas comuns e à divisão dos custos envolvidos. Ele destaca que, apesar do direito dos proprietários sobre suas unidades, a instalação desses equipamentos afeta a infraestrutura coletiva, exigindo aprovação em assembleia e observância de normas legais para garantir segurança e evitar conflitos. Bousso cita decisão recente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que reforça a necessidade de regulamentação prévia, e orienta que condomínios discutam tecnicamente a viabilidade, custos e regras de uso para assegurar uma transição responsável para a mobilidade elétrica, conciliando direitos individuais e interesses coletivos. (GESEL-IE-UFRJ – 04.09.2025)

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Artigo de Daniela Chiaretti: "Estudo mostra benefícios de frota elétrica de caminhões"

Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Daniela Chiaretti (jornalista do Valor Econômico) trata de um estudo do Instituto Ar que analisa diferentes cenários para a transição da frota de caminhões pesados do Brasil, destacando que abastecê-los integralmente com biodiesel até 2050 exigiria ocupar 25% do território nacional com soja, o que poderia levar ao desmatamento, além de apresentar baixo impacto na redução de emissões e custos ambientais. O estudo aponta que a eletrificação dos caminhões é uma alternativa mais eficiente, capaz de reduzir em 46% as emissões de gases-estufa e economizar R\$ 5 bilhões em custos de saúde e ambientais nos próximos 25 anos, enquanto modelos híbridos geram menor benefício e combustíveis como gás natural e biodiesel puro podem até aumentar as emissões e custos. O texto ressalta ainda a urgência do Brasil em atualizar sua frota, que atualmente é velha e poluente, para evitar riscos de se tornar um “depósito de caminhões velhos”, e destaca que a poluição gerada afeta principalmente populações vulneráveis próximas às rodovias. (GESEL-IE-UFRJ – 03.09.2025)

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ABVE: Associação critica diretriz nacional sobre garagens com pontos de recarga

A ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) divulgou nota crítica à nova Diretriz Nacional sobre Garagens com Sistemas de Alimentação de Veículos Elétricos (SAVE), publicada pelo Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros (Ligabom). Embora reconheça avanços técnicos, como a padronização das instalações segundo normas da ABNT, a associação considera a diretriz discriminatória, tecnicamente equivocada e de difícil aplicação. O principal ponto de crítica é a exigência de sprinklers e detecção de incêndio em toda a garagem de prédios existentes apenas quando houver pontos de recarga, penalizando a eletromobilidade e ignorando os altos índices de incêndios em veículos a combustão. A ABVE também aponta erros conceituais, como a confusão entre modos de recarga e tipos de conectores, além de prazos inviáveis para adaptação. A entidade defende uma regulação neutra, baseada em evidências científicas e segurança universal, alertando que a norma pode gerar judicialização e travar a modernização das garagens no Brasil. A ABRAVEI compartilha da crítica, considerando a exigência desproporcional e sem respaldo internacional. (Inside EVs – 28.08.2025)

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ABVE: Região Sudeste lidera vendas de VEs no Brasil

A transição para VEs no Brasil segue marcada por forte concentração regional. Dados da ABVE revelam que, em agosto de 2025, foram emplacadas 20.222 unidades, das quais 46,6% no Sudeste, que sozinho superou o total combinado de Nordeste, Norte e Centro-Oeste. O Sul aparece em segundo lugar, com 3.551 unidades, seguido pelo Centro-Oeste (3.079), Nordeste (3.302) e Norte (860). Entre as capitais, São Paulo lidera com 2.747 emplacamentos, mas Brasília se destaca com 2.010 unidades, superando grandes metrópoles como Rio de Janeiro (670), Belo Horizonte (634) e Curitiba (525). O desempenho do Distrito Federal chama atenção não apenas pelo volume absoluto, mas também pela adoção per capita, favorecida pelo alto poder aquisitivo médio, políticas locais de incentivo, infraestrutura adequada e renovação da frota oficial. Especialistas apontam que o preço ainda elevado dos eletrificados restringe sua difusão às regiões mais ricas, enquanto a rede de recarga mais densa nos grandes centros urbanos acelera a adesão. No entanto, a expectativa é que a chegada de modelos mais acessíveis e a expansão da infraestrutura democratizem a eletromobilidade em todo o país nos próximos anos. (Inside EVs – 05.09.2025)

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ABVE: Vendas de VEs crescem 38% em agosto

O mercado de VEs segue em forte expansão no Brasil. Em agosto de 2025, foram emplacadas 20.222 unidades, representando 9,4% do total de 214.490 veículos vendidos no país no período, segundo a ABVE. O crescimento foi de 6% em relação a julho e expressivos 38% frente a agosto de 2024. Entre janeiro e agosto, os registros já somam 126.087 unidades, e a associação projeta que os emplacamentos de 2025 ultrapassem 200 mil, podendo chegar a 215 mil — até 21% acima de 2024. O destaque do mês foi o avanço dos híbridos flex, com 2.245 unidades (+118% sobre julho), e o recorde histórico dos 100% elétricos, que alcançaram 7.624 emplacamentos (+49% em 12 meses). Os híbridos plug-in (PHEV) lideraram com 8.057 unidades, respondendo por quase 40% das vendas, enquanto os híbridos convencionais mantêm relevância em regiões com infraestrutura de recarga limitada. A Região Sudeste segue como principal mercado, com 46,6% das vendas, liderada por São Paulo, que sozinho respondeu por 32,1% do total. A expansão é impulsionada pela entrada de novas marcas e pelos investimentos de montadoras chinesas, como BYD e GWM, que inauguraram fábricas no Brasil em 2025. (Agência Eixos – 04.09.2025)

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EUA: Confiança no carregamento de VEs melhora, mas custos elevados causam insatisfação

A experiência dos consumidores com carregamento de VEs está melhorando nos Estados Unidos, segundo estudo de 2025 da J.D. Power, embora a satisfação geral tenha caído em relação a 2024. Apenas 14% dos motoristas consultados relataram falhas ao tentar carregar seus VEs em estações públicas, contra 19% no ano anterior, sinalizando maior confiabilidade. Apesar disso, a satisfação com carregadores rápidos DC caiu 10 pontos, para 654, e com carregadores nível 2 caiu 7 pontos, para 607, em uma escala de 1.000. O custo do carregamento e o pagamento foram os principais fatores de insatisfação. Mesmo com queda de 22 pontos, a Tesla ainda lidera em satisfação no segmento DC, empatando com redes de fabricantes como Mercedes-Benz, Rivian e Ford. Ainda, foi apurado que novos proprietários de VEs tendem a se mostrar mais satisfeitos que usuários experientes, segundo o relatório. A pesquisa ouviu mais de 7 mil proprietários e destacou que, além da expansão da infraestrutura, é essencial melhorar a confiabilidade, usabilidade e custos para aprimorar a experiência de carregamento público. (Utility Dive – 04.09.2025)

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Instituto Ar: Estudo destaca vantagens da eletrificação da frota de caminhões no Brasil

Um estudo do Instituto Ar indica que eletrificar a frota de caminhões de carga pesada no Brasil pode reduzir em até 46% as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e gerar uma economia de R$ 5 bilhões em custos ambientais e de saúde. A pesquisa modelou diferentes cenários de substituição de caminhões a diesel por alternativas como elétricos a bateria, híbridos, movidos a hidrogênio, gás natural e biodiesel puro. A conclusão é que a eletrificação é a alternativa mais eficiente e sustentável, enquanto o uso de biodiesel puro exigiria até 25% do território nacional para cultivo de soja, com impacto ambiental e risco de desmatamento. Atualmente, os caminhões pesados representam quase metade das emissões do setor de transporte no país. O estudo alerta que apostar exclusivamente no biodiesel é insustentável e destaca os cobenefícios da eletrificação para o clima e a saúde pública, especialmente para comunidades de baixa renda expostas à poluição nas rodovias. (Valor Econômico – 01.09.2025)

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Alemanha: Porsche lança sistema de recarga sem fio para VEs

A Porsche apresentou no IAA Mobility, em Munique, o Porsche Wireless Charging, sistema de recarga por indução que dispensa cabos e conectores e será oferecido como opcional na nova geração do Cayenne elétrico, prevista para o fim de 2025. A tecnologia funciona de forma similar ao carregamento sem fio de smartphones: basta estacionar o veículo sobre uma placa instalada no solo para iniciar o processo. A base mede 117 x 78 x 6 cm, pesa 50 kg, alcança potência de até 11 kW com eficiência de 90% e pode ser instalada em garagens ou ao ar livre. Um módulo no chassi do Cayenne se comunica com a placa via banda ultralarga, ajustando automaticamente a suspensão para otimizar a transferência de energia. O sistema, certificado pelo TÜV Süd e com selos CE e UL, conta com sensores de segurança, resistência a intempéries e conectividade LTE/WLAN para atualizações remotas. Controlado pelo aplicativo My Porsche, permite agendar recargas com pré-condicionamento. Além da conveniência doméstica — onde ocorrem 75% das cargas dos clientes da marca —, o Cayenne oferecerá também recarga ultrarrápida de até 400 kW em corrente contínua. A venda do sistema começará em 2026, inicialmente na Europa. (Inside EVs – 04.09.2025)

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China: Nova geração de baterias de estado sólido pode estrear nos VEs em 2026

A China reforça sua liderança na corrida tecnológica ao inaugurar em Chengdu uma fábrica da Eve Energy dedicada à produção de baterias de estado sólido, consideradas a próxima grande revolução para os VEs. Os primeiros protótipos, chamados Longquan II, alcançam densidade energética de 300 Wh/kg e 700 Wh/L, com meta de atingir 400 Wh/kg em 2025, superando os atuais limites de 250 a 270 Wh/kg das químicas convencionais. Embora a aplicação inicial seja em drones, robôs e sistemas de IA, a empresa planeja fornecer baterias específicas para a indústria automotiva, começando por híbridos em 2026 e evoluindo depois para veículos totalmente elétricos. A planta será expandida em duas fases: a primeira até 2025, com células de 60 Ah, e a segunda em 2026, quando a produção poderá chegar a 500 mil unidades por ano, o equivalente a 100 MWh. A aposta em eletrolitos sólidos de sulfeto e haleto busca garantir maior estabilidade, segurança e autonomia, além de baterias mais leves e compactas. Enquanto gigantes como Toyota, BMW, Volkswagen e Nissan correm atrás da mesma tecnologia, a China desponta como a mais próxima de levar a produção em escala ao mercado já em 2026. (Inside EVs – 04.09.2025)

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Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis

Brasil: Biometano desponta como alternativa estratégica para descarbonizar o transporte rodoviário

Produzido a partir da purificação do biogás de resíduos urbanos e agropecuários, o biometano se consolida como combustível renovável essencial para a transição energética no Brasil. Segundo estudo da ACV Brasil, em veículos pesados a diesel, o biometano pode reduzir em até 87% as emissões de gases de efeito estufa (GEE), superando o gás natural, que registra 25% de redução. Apenas com a mistura de 5% de biometano ao gás natural já seria possível cortar 28% das emissões em relação ao diesel, enquanto um cenário futuro com 50% levaria a queda de 56%. Além de neutro em carbono, o insumo utiliza a mesma infraestrutura do gás natural e pode ser produzido próximo aos centros de consumo, o que o torna estratégico para abastecer frotas e descentralizar a oferta de energia. Um relatório da EPE aponta ainda que o biometano pode ter intensidade de carbono até 2,5 vezes menor que a eletricidade em algumas aplicações, com média de 8,35 gCO₂eq/MJ registrada em 2024. Hoje, o Brasil conta com 12 unidades em operação autorizadas pela ANP, mas outros 35 projetos previstos até 2027 podem elevar a capacidade instalada para 2,1 milhões m³/dia. O avanço é reforçado pelo aumento de 49,5% nas vendas de caminhões e ônibus a gás em 2024, sinalizando o potencial das frotas pesadas como principal frente para substituir o diesel e acelerar a descarbonização. (Além da Energia– 04.09.2025)

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Brasil: Governo prepara decreto do biometano com metas de descarbonização a partir de 2026

O diretor da ANP, Pietro Mendes, anunciou que o decreto de regulamentação do mandato do biometano deve ser publicado ainda esta semana, consolidando um dos pilares da lei do Combustível do Futuro, que entra em vigor em 2026. O texto, alinhado pelos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil após consulta pública, prevê o uso dos Certificados de Garantia de Origem (CGOB) como único mecanismo de comprovação das metas de descarbonização. Diferente de mandatos volumétricos, como o biodiesel, a obrigação será definida pelo CNPE, que estabelecerá metas anuais baseadas na equivalência entre gás renovável e redução de carbono. Inicialmente, projeta-se 1% de descarbonização do suprimento nacional de gás natural. A ANP terá papel central, regulando tanto a distribuição das obrigações entre os agentes de mercado quanto os procedimentos de certificação dos produtores. Entidades do setor agro, como Abren, Abag e ABPA, pedem diferenciação de preços nos CGOBs conforme origem e porte da produção, para priorizar iniciativas mais sustentáveis e de maior impacto regional. Elas também defendem integração do sistema com programas de crédito de carbono e financiamento verde, a fim de valorizar o biometano com menor pegada ambiental. (Agência Eixos – 02.09.2025)

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Brasil: Governo prioriza projetos de aço verde e fertilizantes em hubs de H2 até 2035

O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou os cinco projetos selecionados na chamada pública para hubs de hidrogênio, parte do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), com foco na implementação até 2035. Os projetos escolhidos, localizados em quatro estados, priorizam a produção de aço e fertilizantes de baixo carbono e integrarão o plano brasileiro junto ao Climate Investment Funds – Industry Decarbonization (CIF-ID), que pode destinar até US$ 250 milhões em recursos. Entre eles estão o H2Orizonte Verde da CSN (RJ), que testa o uso de hidrogênio verde na siderurgia; o Uberaba Green Fertilizer da Atlas Agro (MG), que visa reduzir importações e emissões no agronegócio com produção abastecida por energia renovável; e o projeto da Cemig (MG), com investimento de R$ 7,8 bilhões para produção de fertilizantes com hidrogênio verde. A seleção final resulta de 70 propostas recebidas em 2024, com base em critérios de impacto, inovação e viabilidade, e visa orientar investimentos para descarbonizar setores como aço, cimento e químicos até 2026.(Agência Eixos – 01.09.2025)

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Brasil: São Paulo lança programa Bio SP para acelerar uso de biometano no transporte público

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), assinou decreto que institui o programa Bio SP, voltado à incorporação progressiva do biometano na frota de transporte público e veículos de coleta de lixo. O anúncio ocorreu no 12º Fórum do Biogás, da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás). A medida busca substituir gradualmente ônibus e caminhões movidos a diesel por alternativas mais limpas, como biometano e eletricidade. O Plano de Metas 2025-2028 prevê a troca de 2,2 mil ônibus, número inferior à meta anterior de 20% da frota. A prefeitura vê no biometano uma solução para contornar os atrasos na eletrificação, atribuídos à falta de infraestrutura da Enel. Hoje, o combustível já abastece 125 caminhões de coleta e a meta é substituir mais de 600 veículos até 2027, com apoio de fornecedores privados. A ABiogás estima que o biometano oriundo apenas dos resíduos paulistanos poderia suprir até 50% do consumo de diesel do transporte público municipal. (Agência Eixos – 02.09.2025)

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Cebri: Biocombustíveis ganham protagonismo na meta brasileira de carbono zero até 2050

Segundo estudo do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), os biocombustíveis terão papel central na descarbonização da economia brasileira até 2050, sendo essenciais para substituir fontes fósseis e alcançar emissões líquidas zero. A análise contempla três cenários de transição energética: “Transição Brasil”, “Transição Alternativa” e “Transição Global”, que variam em intensidade e velocidade das ações. Todos os cenários indicam queda no uso de combustíveis fósseis a partir da década de 2030, com destaque para o avanço do diesel verde, SAF e biogás. O estudo também ressalta a importância da expansão das fontes renováveis, da eletrificação da economia e da estruturação de políticas para energia nuclear, hidrogênio verde e captura de carbono. No cenário mais otimista, a transição energética poderá impulsionar o crescimento do PIB em até 3,2% ao ano. (Valor Econômico - 27.08.2025)

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GlobalData: Biocombustíveis ganham papel estratégico na descarbonização de cadeias logísticas até 2030

Um novo relatório da GlobalData aponta os biocombustíveis como solução intermediária essencial para reduzir emissões em transportes pesados enquanto tecnologias como eletrificação e hidrogênio não atingem plena maturidade. Produzidos a partir de biomassa — incluindo culturas agrícolas e óleos residuais —, eles emitem menos CO₂ do que combustíveis fósseis e podem ser usados em caminhões, navios e aviões sem necessidade de modificar motores, o que reduz custos de adoção. Contudo, a limitação de volumes disponíveis e os riscos de mudanças no uso da terra, como desmatamento e competição com a produção de alimentos, representam barreiras significativas. Em fevereiro de 2025, empresas como a Hapag-Lloyd pediram que a Organização Marítima Internacional excluísse biocombustíveis insustentáveis da lista de alternativas verdes. O relatório recomenda priorizar investimentos em biocombustíveis avançados, como os derivados de óleos de cozinha usados e lodo de esgoto, para aumentar a sustentabilidade. A expectativa é de forte crescimento do biodiesel e do etanol até 2030, antes de uma estabilização com a expansão de veículos híbridos e elétricos. Além disso, a descarbonização logística dependerá de medidas complementares, como redesenho de veículos, mudanças modais, maior eficiência em armazéns e captura e armazenamento de carbono. (Energy Monitor – 02.09.2025)

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Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização

Artigo GESEL: "Oportunidades de investimento para data centers no Brasil"

Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL), Piero Carlo Sclaverano Dos Reis (pesquisador associado do GESEL-UFRJ e doutorando em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético [PPE] da UFRJ-COPPE) e Cristina da Silva Rosa (pesquisadora associada do GESEL-UFRJ) tratam do potencial do Brasil para se tornar um importante destino de investimentos em data centers, devido à sua extensa rede elétrica, oferta significativa de energia renovável e custos competitivos, destacando a recente medida provisória nº 1.307/2025, que amplia incentivos fiscais para projetos localizados em Zonas de Processamento de Exportação. Contudo, os autores alertam para a exigência da MP de que o fornecimento de energia seja exclusivamente por novas plantas renováveis, o que pode dificultar o desenvolvimento do setor ao impor investimentos duplos e desconsiderar o excesso de oferta de energia eólica e solar atualmente existente, recomendando a revisão dessa regra para viabilizar o crescimento sustentável e competitivo dos data centers no país. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 03.09.2025)

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Artigo de Edmar Almeida, Eloi Fernández y Fernández e Marco Antonio Haikal Leite: "Usinas híbridas, o futuro da geração elétrica"

Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Edmar Almeida (professor do Instituto de Energia da PUC-Rio [Lepuc]), Eloi Fernández y Fernández ( diretor do Instituto de Energia da PUC-Rio) e Marco Antonio Haikal Leite (pesquisador do Instituto de Energia da PUC-Rio) tratam das profundas mudanças econômicas, regulatórias e tecnológicas decorrentes da transição energética no setor elétrico mundial, destacando a crescente integração de fontes renováveis variáveis e a necessidade de maior flexibilidade do sistema por meio de mecanismos como a precificação horária da energia e o desenvolvimento de usinas híbridas. No Brasil, a regulamentação das usinas híbridas pela Aneel em 2021 busca otimizar o uso da infraestrutura, reduzir custos e aumentar a segurança energética, especialmente em sistemas isolados como os da Amazônia, onde programas como o Energias da Amazônia promovem a descarbonização e a segurança no fornecimento. Os autores ressaltam que, apesar do avanço, ainda há desafios tecnológicos e de planejamento a serem superados para que o país mantenha sua liderança na transição energética, enfatizando a importância da inovação e da adaptação regulatória para enfrentar a volatilidade dos preços e a evolução do mercado. (GESEL-IE-UFRJ – 04.09.2025)

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Artigo TAGD Advogados: “O papel dos sistemas de armazenamento de energia na transição energética”

Em artigo publicado no JOTA, Marvin Menezes, Bianca Wolf, Patricia Dayrell e Nathalia Moraes (TAGD Advogados) abordam como a transição energética no Brasil tornou o armazenamento de energia elétrica (SAE) uma necessidade estratégica. Os autores apontam que, com o crescimento de fontes intermitentes como solar e eólica, os SAE se tornaram essenciais para garantir estabilidade, flexibilidade e segurança ao sistema elétrico. No entanto, sua regulação ainda é incipiente, gerando perda de eficiência e oportunidades no setor. É destacada que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) vem conduzindo um processo regulatório estruturado em três ciclos. O primeiro, dedicado à formulação das bases conceituais e regulatórias iniciais, já foi concluído. A segunda fase, iniciada em 2024, foca na remuneração de serviços ancilares, no papel dos agregadores e na inserção dos SAE no planejamento energético. Contudo, a falta de consenso a respeito de questões tarifárias, que podem afetar a viabilidade econômica de SAEs Autônomos, travou a decisão. Paralelamente, frisam que o Congresso discute o PL 1224/2022, que propõe um marco legal para os SAE, mas que precisa ser atualizado. Debates técnicos na Câmara e o Plano Decenal de Energia (PDE 2034) reconhecem o valor estratégico do armazenamento, especialmente quando associado à geração distribuída. Os autores argumentam que, sem um marco regulatório funcional e moderno, o país corre o risco de desperdiçar o potencial transformador dos SAE, comprometendo sua liderança em energia limpa. Por fim, ressaltam que urgência é clara: é hora de transformar tecnologia em política pública eficaz para garantir um sistema elétrico mais resiliente, eficiente e democrático. (JOTA – 29.08.2025)

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Alemanha: Pesquisadores avançam em baterias de sódio com recarga ultrarrápida e baixo custo

Cientistas do Instituto Helmholtz, em Berlim, anunciaram um avanço decisivo no desenvolvimento de baterias de íons de sódio, consideradas alternativa promissora às de lítio por serem mais baratas e seguras. A pesquisa revelou que a técnica de co-intercalação — combinação de íons de sódio com moléculas de solvente no catodo — antes vista como instável, pode aumentar a eficiência e acelerar a recarga sem perda de capacidade. Em testes com sulfitos de metais de transição, os pesquisadores identificaram a proporção ideal entre sódio e solvente, permitindo ciclos de carga e descarga com comportamento próximo ao de supercapacitores. Isso abre caminho para baterias capazes de recarregar em minutos, tornando a mobilidade elétrica mais prática. Segundo o professor Philipp Adelhelm, responsável pelo estudo, o resultado “contraria o que se conhecia até hoje sobre baterias, mas cria uma nova rota para soluções de alto desempenho com sódio”. Embora ainda não haja veículos elétricos com essa tecnologia no mercado, o trabalho, desenvolvido em colaboração com parceiros acadêmicos e industriais internacionais, reforça a expectativa de que os próximos anos tragam uma nova geração de baterias de sódio, potencialmente viabilizando a expansão global da eletromobilidade. (Inside EVs – 02.09.2025)

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Europa: Projeto ENFLATE cria plataformas digitais para negociação de flexibilidade de consumo

O projeto europeu ENFLATE, financiado pelo programa Horizon, anunciou uma importante contribuição para a meta de neutralidade climática até 2050 por meio da criação de plataformas digitais de negociação de flexibilidade no consumo de energia. A iniciativa permite que consumidores vendam sua flexibilidade energética (ou resposta da demanda), como o adiamento da recarga de carros elétricos, para ajudar a equilibrar a demanda durante picos de carga na rede. O sistema, testado em um bairro-modelo, visa preparar redes de distribuição para a expansão das energias renováveis, que tornam o fornecimento elétrico mais variável. Com 30 organizações participantes, entre operadores, reguladores, empresas e instituições acadêmicas, o ENFLATE aposta no mercado como forma eficiente de otimizar o uso da energia, reduzir custos da transição energética e aumentar a participação ativa de consumidores e produtores no sistema. Os resultados esperados com a iniciativa incluem: maior controle nas negociações de energia, melhor comunicação entre recursos energéticos distribuídos (REDs), maior participação dos consumidores no mercado de energia, e o desenvolvimento de novos modelos de negócio multissetoriais baseados em trocas descentralizadas e eficientes. (Enlit – 03.09.2025)

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Impactos Socioeconômicos

Alemanha: Estratégia em curso para a transição energética poderá custar € 5,4 trilhões até 2049

A atual estratégia de transição energética da Alemanha pode custar até € 5,4 trilhões até 2049, segundo estudo da DIHK, onerando empresas e famílias e prejudicando a competitividade. O país pretende atingir 80% de eletricidade renovável até 2030 e neutralidade climática até 2045, mas enfrenta altos preços de energia e custos crescentes com redes elétricas. O presidente da DIHK, Peter Adrian, alerta que a política atual pode levar indústrias intensivas em energia a migrarem para o exterior. Investimentos privados anuais precisarão saltar para até €316 bilhões até 2035, frente aos €82 bilhões anuais de 2020 a 2024. O estudo propõe maior eficiência, regulação mais leve, comércio de carbono ampliado e uso estendido de redes de gás para hidrogênio, podendo gerar economias de até €1 trilhão caso as metas climáticas sejam flexibilizadas. (Reuters – 03.09.2025)

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Brasil: Financiamento à mineração para transição energética causa abusos e destruição, alerta relatório

O relatório “Mineração e Dinheiro: Falhas Financeiras na Transição Energética”, da Coalizão Florestas & Finanças, apontou que bancos e investidores estão financiando de forma massiva a mineração de minerais críticos, essenciais para a transição energética, mas com impactos socioambientais alarmantes. Entre 2016 e 2024, foram destinados US$ 493 bilhões em financiamentos e US$ 289 bilhões em investimentos a 130 empresas que exploram minerais como lítio, cobalto e níquel. Instituições como JPMorgan, Citi, BlackRock e Vanguard aparecem entre os maiores financiadores de mineradoras ligadas a desmatamento, violações de direitos e contaminação. A Vale, com histórico de crimes ambientais no Brasil, figura como a quinta empresa mais financiada, com US$ 23,3 bilhões. O relatório pontua que 70% das minas estão sobre Terras Indígenas ou comunidades tradicionais, e 71% em áreas de alta biodiversidade. A crítica central é que a transição energética, se mal conduzida, pode reproduzir injustiças, ao invés de solucioná-las. O documento alerta que políticas e investimentos devem priorizar salvaguardas sociais e ambientais para garantir uma transição justa. (Clima Info - 03.09.2025)

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IRENA: Lançamento de princípios para acelerar renováveis sem comprometer biodiversidade

Diante da crise climática e do declínio acelerado da biodiversidade, a IRENA e a coalizão CLEANaction divulgaram seis princípios de energia positiva para a natureza, orientados a integrar a expansão solar, eólica e de redes à preservação ambiental. O documento propõe que a localização de projetos privilegie áreas já modificadas, como terrenos agrícolas ou degradados, evitando ecossistemas sensíveis (Princípios 1 e 2). Também recomenda ações de conservação e restauração, como o caso do projeto escocês que recuperou turfeiras em paralelo à operação eólica (Princípio 3), e práticas de monitoramento adaptativo, exemplificadas por parques que usam inteligência artificial para proteger aves (Princípio 4). Outro ponto é prolongar a vida útil de instalações existentes com repotenciação, reduzindo a pressão sobre novas áreas (Princípio 5). O envolvimento comunitário e a consulta a atores locais aparecem como eixo central para garantir apoio público e integração de saberes tradicionais (Princípio 6). A coalizão defende alinhar políticas energéticas às metas climáticas e de biodiversidade, estabelecendo salvaguardas e mitigação desde o licenciamento. Segundo a análise, é possível acelerar a transição renovável sem ampliar danos ecológicos, transformando energia limpa em vetor duplo de descarbonização e proteção ambiental. (IRENA – 03.09.2025)

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WEF: Países emergentes que vem se destacando na transição energética

O Índice de Transição Energética 2025 do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) avaliou os países com base na segurança, equidade, sustentabilidade e prontidão de seus sistemas energéticos. Embora as economias avançadas e a China continuem a atrair 90% dos investimentos em energia limpa, os países emergentes — que responderão por 80% da demanda futura — ainda enfrentam déficit de financiamento. Todavia, conforme a apuração do ranking, quatro economias emergentes vem se destacando com seus avanços na esteira da transição energética. A China subiu para o 12º lugar no ranking geral e está entre os cinco primeiros em prontidão, concentrando 40% dos investimentos globais em energia limpa. A Índia avançou em equidade e regulação energética, a Nigéria melhorou significativamente (do 109º para o 61º lugar em uma década) e o Brasil lidera na América Latina, ocupando a 15ª posição global. Apesar de quase dois terços dos países terem melhorado seus indicadores, o investimento global em energia limpa precisa quase triplicar, alcançando US$ 5,6 trilhões por ano para atender à demanda projetada, principalmente nos países emergentes. (World Economic Forum – 29.08.2025)

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Wood Mackenzie: Às vésperas da COP30, dúvidas crescem sobre eficácia das conferências climáticas da ONU

Dez anos após o Acordo de Paris, as emissões globais de gases de efeito estufa seguem em alta e as metas de limitar o aquecimento parecem cada vez mais distantes, levantando questionamentos sobre a real eficácia das conferências anuais da ONU sobre clima. Embora as COPs tenham garantido avanços diplomáticos e compromissos formais, a implementação prática não acompanha a urgência científica. Às portas da COP30, que será realizada em Belém em pouco mais de dois meses, especialistas como Ed Crooks, Simon Evans (Carbon Brief) e Amy Myers-Jaffe (NYU) analisam os limites desse modelo de negociação multilateral. Eles destacam que, apesar de progressos pontuais — como a ampliação de compromissos nacionais e regionais, notadamente de China e União Europeia —, a velocidade das transformações ainda é insuficiente. No debate, surgem alternativas como ampliar mecanismos de precificação de carbono, repensar a arquitetura da cooperação internacional e adotar instrumentos mais vinculantes. O desafio para a COP30 será demonstrar se essas reuniões ainda podem gerar resultados concretos diante de uma crise climática que se agrava mais rápido do que as respostas políticas globais. (Woodmac – 02.09.2025)

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