Transição Energética 83
Dinâmica Internacional
Ásia: Projeto CASE mira para guiar tomada de decisão para transição energética
A crescente demanda por energia no Sudeste Asiático, impulsionada por urbanização, industrialização e inteligência artificial, exige soluções que combinem segurança energética, baixo carbono e acessibilidade. Para apoiar decisões estratégicas, o projeto CASE (Clean, Affordable and Secure Energy for Southeast Asia) lançou uma série de briefings técnicos sobre tecnologias emergentes, com foco em hidrogênio renovável, pequenos reatores modulares (SMRs) e usinas virtuais (VPPs). A iniciativa, desenvolvida por Agora Energiewende e NewClimate Institute, visa orientar formuladores de políticas da região sobre quais tecnologias priorizar, considerando custo, viabilidade e impacto ambiental. O hidrogênio e os SMRs aparecem nos planos nacionais, mas enfrentam desafios de custo e escalabilidade. As VPPs se destacam como solução viável para dar flexibilidade ao sistema, reduzindo a necessidade de novas infraestruturas. Os briefings avaliam riscos, oportunidades e critérios para integração eficaz dessas tecnologias, com recomendações práticas baseadas em evidências. Embora focado no Sudeste Asiático, o conteúdo também é útil a outras economias emergentes que buscam trajetórias energéticas resilientes e sustentáveis. (New Climate Institute – 14.08.2025)
Austrália: Relatório aponta lacunas em políticas de redução de emissões
Um relatório provisório da Comissão de Produtividade da Austrália identificou lacunas nas políticas de redução de emissões, especialmente no setor elétrico pós-2030, em indústrias isentas do Mecanismo de Salvaguarda e no transporte pesado. O Instituto de Economia de Energia e Análise Financeira (IEEFA) criticou a ausência de medidas para ampliar eficiência e flexibilidade energética, corrigir tarifas e lucros excessivos das redes elétricas, cortar emissões fugitivas de metano e reavaliar projetos de carvão e gás. Estima-se que aparelhos ineficientes custem AU$ 3 bilhões anuais às famílias, enquanto lucros supernormais de redes chegaram a AU$ 15 bilhões entre 2014 e 2023. O IEEFA vê potencial na energia solar e baterias residenciais para reduzir picos de demanda e contas de luz, desde que haja incentivos adequados. No setor de carvão e gás, 20%–25% das emissões vêm de metano, com possibilidade de recuperar 76 PJ anuais, avaliados em AU$ 950 milhões. Também alerta para riscos econômicos de novos projetos de GNL, que já elevaram preços e reduziram a competitividade industrial.(Energy Monitor – 11.08.2025)
China: Expansão da energia solar deve desacelerar no 2º semestre após reforma de preços
A capacidade de energia solar da China deverá crescer em ritmo mais lento no segundo semestre de 2025, após reformas que eliminaram preços garantidos para novos projetos, gerando incertezas para investidores. Apesar disso, o volume total anual deve atingir um novo recorde, impulsionado por uma corrida para conectar projetos antes da mudança nas regras. Segundo a Administração Nacional de Energia (NEA), a China adicionou 212 GW de nova capacidade solar até junho — mais que o dobro do mesmo período de 2024. No entanto, analistas da Natixis e da Fitch BMI preveem que as adições no segundo semestre devem cair quase pela metade em relação ao ano anterior, somando cerca de 88 a 98 GW no período. A desaceleração ocorre em meio a uma crise de excesso de oferta e queda de preços entre fabricantes solares, a maioria localizada na China. As novas regras, que entraram em vigor em junho, obrigam os projetos a vender energia a preços de mercado, em vez de tarifas fixas, e as condições variam por província, dificultando previsões de retorno. A consequência foi um pico de 93 GW instalados em maio, seguido por um colapso para apenas 14 GW em junho. Analistas acreditam que, mesmo com a forte primeira metade do ano, o setor entrará em uma fase de estabilização, com expectativa de adições anuais em torno de 250 GW a partir de 2026. (Reuters – 13.08.2025)
China: Fabricantes devem liderar mercado global de turbinas eólicas até 2034
Segundo previsão da Wood Mackenzie, fabricantes chineses de turbinas eólicas devem dominar o mercado global entre 2025 e 2034, conectando 1 TW — dois terços da capacidade instalada no período — impulsionados por forte demanda doméstica, custos até 32% menores e expansão internacional agressiva, sobretudo em países da Iniciativa do Cinturão e Rota. Goldwind e Envision devem superar 200 GW cada, seguidas por MingYang e Windey, garantindo quatro das cinco primeiras posições globais e 27% da capacidade instalada fora da China. Já os OEMs ocidentais, liderados pela Vestas, manterão força em mercados maduros, controlando mais de 95% da Europa e América do Norte, apesar da perda global de participação. No offshore, Siemens Gamesa e Vestas dominam fora da China (92% de market share), mas enfrentam a entrada de chinesas como a MingYang. Tecnologicamente, chineses ampliam rapidamente o tamanho das turbinas — onshore acima de 220 m e offshore acima de 20 MW — enquanto ocidentais priorizam otimização e valor sobre volume. (Woodmac – 13.08.2025)
EUA: Mercado de créditos fiscais impulsiona projetos renováveis
Em 2016, o armazenamento de energia nos EUA somava 336 MWh, o dobro do ano anterior, com projeção de chegar a 7,3 GWh e US$ 3,3 bilhões até 2022. Desde então, incentivos e créditos fiscais do IRA impulsionaram fortemente o pipeline de projetos renováveis, até que a incerteza causada pelo OB3 desacelerou o setor no 1º semestre de 2025. Um fator-chave atual é a possibilidade de transferir créditos fiscais, criando um novo mercado essencial para financiar projetos de energia limpa. Segundo Sylvia Leyva Martinez (Wood Mackenzie) e Alfred Johnson (Crux), essa ferramenta quase dobrou o mercado para US$ 52 bilhões em 2024, ampliando o acesso a capital para solar, eólica, biocombustíveis e outras fontes. O mecanismo permite que desenvolvedores vendam créditos a investidores, viabilizando projetos antes inviáveis e oferecendo perspectivas otimistas para o setor até 2028, apesar das recentes incertezas regulatórias. (Woodmac – 12.08.2025)
EUA: Expansão da energia limpa desacelerou em 2025, mas se expandiu geograficamente
O crescimento da capacidade de energia limpa nos EUA desacelerou em 2025, mas se expandiu geograficamente. Segundo dados da Cleanview, a capacidade instalada combinada de solar, eólica e armazenamento em baterias deve aumentar 7% em relação a 2024 — o menor avanço em mais de uma década. Essa desaceleração é atribuída a cortes agressivos nos subsídios federais promovidos pela administração Trump. Texas e Califórnia, que representam mais de um terço da capacidade nacional, cresceram abaixo da média, mas estados como Arizona, Indiana e Ohio compensaram, com taxas superiores ao dobro da média nacional. A energia solar, embora tenha crescido 181% desde 2020, teve alta de apenas 10% em 2025. Já a energia eólica teve o menor crescimento desde 2010, com apenas 1,8%, afetada por custos elevados e escassez de locais viáveis. Por outro lado, o armazenamento em baterias continua liderando a expansão, com aumento de 22% na capacidade instalada, totalizando 33.212 MW até meados de 2025. Estados como Nevada, Massachusetts e Idaho superaram a média nacional, beneficiados pela manutenção dos incentivos federais ao setor. (Reuters – 13.08.2025)
EUA: Consumo de energia deve atingir patamar recorde em 2025 e 2026
O consumo de eletricidade nos Estados Unidos deverá atingir níveis recordes em 2025 e 2026, segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sgila em inglês). A demanda deve subir para 4.186 bilhões de kWh em 2025 e 4.284 bilhões em 2026, superando os 4.097 bilhões registrados em 2024. O aumento é impulsionado por centros de dados voltados à inteligência artificial e criptomoedas, além da maior eletrificação de residências e comércios, que estão substituindo o uso de combustíveis fósseis. As vendas de energia elétrica deverão crescer para 1.515 bilhões de kWh no setor residencial, 1.476 bilhões no comercial e 1.051 bilhões no industrial em 2025, aproximando-se ou superando recordes anteriores. A geração de energia por gás natural deve cair de 42% em 2024 para 40% em 2025 e 2026. A participação do carvão sobe para 17% em 2025, mas recua a 15% em 2026, enquanto as renováveis aumentam de 23% em 2024 para 26% em 2026. Já a energia nuclear cairá de 19% para 18%. (Reuters – 12.08.2025)
Índia: Projetos de 4,5 GW em eólica offshore são suspensos após fraca adesão
A Solar Energy Corporation of India (SECI) cancelou duas licitações-chave de energia eólica offshore — um projeto de 500 MW com apoio do esquema de financiamento de lacunas de viabilidade e a concessão de 4.000 MW em direitos de arrendamento do fundo do mar — devido ao baixo interesse dos desenvolvedores. O projeto de 500 MW, previsto para Gujarat e conectado ao sistema de transmissão interestadual, incluía um PPA de 25 anos com a SECI e exigia estudos do leito marinho e desenvolvimento até o fechamento financeiro. Lançada em setembro de 2024, com prazo final em agosto de 2025, a licitação não atraiu propostas suficientes, reflexo da complexidade e do alto custo da tecnologia. Embora não descarte uma nova rodada com ajustes, a SECI ainda avalia mudanças. A agência, responsável por implementar projetos renováveis na Índia, utiliza licitações eletrônicas competitivas para selecionar desenvolvedores em escala nacional ou estadual, buscando cumprir as metas climáticas do país. (Energy Monitor – 13.08.2025)
Irlanda: Geração eólica atinge 24% da demanda elétrica em julho de 2025
Em julho de 2025, a geração eólica na Irlanda atingiu 786 GWh, terceiro maior nível já registrado para o mês e equivalente a 24% da demanda elétrica nacional, segundo a Wind Energy Ireland. Cork liderou a produção com 85 GWh, seguido por Kerry (84 GWh), Offaly (54 GWh), Galway (53 GWh) e Mayo (51 GWh), sendo que os três primeiros representaram mais de um quarto da geração eólica do país no período. Apesar do avanço, limitações na rede elétrica continuam causando perdas de energia renovável, e o WEI defende investimentos de € 3,5 bilhões previstos no Plano de Desenvolvimento Nacional para reforçar a infraestrutura. O preço médio grossista da eletricidade foi de € 99,61/MWh, 10% abaixo de julho de 2024, caindo para € 84,80 em dias de alta geração eólica e subindo para € 111,55 quando predominam fósseis. Nos primeiros sete meses do ano, a eólica respondeu por 31% da geração nacional e, desde 2000, já economizou quase € 1 bilhão aos consumidores. (Energy Monitor – 12.08.2025)
União Europeia: Energia solar lidera geração elétrica pela primeira vez
Em junho de 2025, a energia solar tornou-se, pela primeira vez, a principal fonte de eletricidade da União Europeia, respondendo por 22,1% da geração, à frente do gás (14,4%) e do carvão (6,1%), segundo relatório da Ember. Treze países bateram recordes mensais, com destaque para Países Baixos (40,5%) e Grécia (35,1%). Na Itália, o solar representou 42,6% da eletricidade no mês, superando a hidrelétrica (37,3%) como principal fonte renovável, impulsionado por novos projetos de grande porte. O avanço fotovoltaico já cobre a demanda em diversas faixas horárias, trazendo benefícios como maior segurança energética, redução de custos e aceleração da descarbonização. No entanto, o setor alerta para a necessidade de estabilidade regulatória, licenciamento mais ágil e leilões acessíveis, a fim de evitar que entraves burocráticos comprometam o papel central da fonte solar na transição energética europeia e no cumprimento das metas climáticas do Green Deal e do PNIEC italiano.(Inside EVs – 10.08.2025)
Nacional
MME: Secretário aponta desafios para manter alta renovabilidade da matriz elétrica
O secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Gustavo Ataíde, afirmou no Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico que manter a alta renovabilidade da matriz elétrica brasileira é um desafio, mesmo com metas do Plano Clima consideradas pouco ambiciosas. Entre os fatores de pressão estão eventos climáticos extremos, aumento do consumo por altas temperaturas, demanda de veículos elétricos e instalação de grandes data centers. Para enfrentar o pico de carga no fim da tarde, ele destaca o papel de hidrelétricas reversíveis e baterias, cuja meta é de 800 MW no Sistema Interligado Nacional — valor criticado pela Absae, que defende 2 GW já no primeiro leilão. Na repotenciação de hidrelétricas, a meta de 6,3 GW equivale a apenas um terço do potencial identificado pela Abrage, que estima 18,5 GW possíveis. O cancelado Leilão de Reserva de Capacidade já tinha 5,4 GW registrados, suficientes para cumprir 85% dessa meta. (Agência Eixos – 14.08.2025)
MME: Reabertura de consulta pública sobre áreas para eólica offshore
O Ministério de Minas e Energia (MME) reabriu a consulta pública sobre a metodologia para seleção de áreas destinadas à geração de energia eólica offshore no Brasil, buscando aprimorar critérios técnicos, ambientais, econômicos e sociais para viabilizar futuros projetos. Desenvolvida em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a proposta segue as diretrizes do Planejamento Espacial Marinho e busca equilibrar o uso sustentável do espaço oceânico, pressionado por diversos setores. A iniciativa está alinhada à nova Lei nº 15.097/2025, que regulamenta o uso de áreas marítimas para geração eólica, estabelecendo regras de concessão, autorizações e repartição de receitas. O secretário Gustavo Cerqueira destacou que a regulamentação reforça a diversificação da matriz energética com baixa emissão de carbono. (Agência Eixos – 14.08.2025)
MME e FGV: Parceria visando elaboração de Plano Nacional de Transição Energética
O Ministério de Minas e Energia estabeleceu acordo técnico com a FGV Clima até agosto de 2026 para desenvolver estudos que subsidiarão o Plante (Plano Nacional de Transição Energética). A cooperação sem repasse financeiro incluirá diagnósticos setoriais, workshops e elaboração de relatório final, integrando iniciativas como o Plano Clima e Nova Indústria Brasil. O Plante visa alinhar a descarbonização do sistema energético com desenvolvimento sustentável, estabelecendo metas quadrienais rumo à neutralidade de emissões. A parceria reforça o caráter técnico da transição energética brasileira, combinando expertise governamental e acadêmica. (Agência CanalEnergia - 12.08.2025)
EPE: Setor residencial atinge 71,8% de renovabilidade na matriz energética
O uso de energia limpa no Brasil tem crescido significativamente, especialmente no setor residencial, que atingiu um índice de renovabilidade de 71,8% em sua matriz energética, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) 2025, da EPE. As residências também foram responsáveis por quase 80% do consumo de energia solar térmica no país. No setor comercial, essa fonte renovável respondeu por 17,4% do consumo, enquanto na indústria representou 3,1% em 2024, evidenciando a substituição gradual de fontes fósseis. O avanço da geração própria de energia solar é outro destaque, com o Brasil alcançando a marca de 40 GW instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos, liderado por São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Segundo a Absolar, essa alternativa pode reduzir em até 95% a conta de luz dos consumidores, com retorno do investimento entre 3 e 5 anos. Os dados reforçam o comprometimento do país com a transição energética e o crescimento sustentável nos setores residencial, comercial e industrial. (Agência CanalEnergia – 12.08.2025)
Brasil: Governo cria secretaria para impulsionar mercado regulado de carbono
Para evitar que o mercado regulado de carbono enfrente atrasos, o governo brasileiro lançará ainda este mês a Secretaria Extraordinária para o Mercado de Carbono, vinculada ao Ministério da Fazenda, com atuação prevista de dois a três anos. A secretaria será responsável pelas primeiras fases do mercado, como monitoramento das emissões, credenciamento de compensações e definição do escopo inicial, em parceria com comitês técnicos e regulatórios. O mercado será obrigatório para empresas que emitem mais de 25 mil toneladas de CO2 por ano, com o primeiro leilão previsto para 2030. Paralelamente, o governo discute a criação de uma agência reguladora para gerir o mercado a longo prazo. Na COP30, a ser realizada em Belém, o Brasil pretende apresentar uma coalizão internacional para integrar mercados de carbono, buscando harmonizar contabilizações entre países e regiões. (Valor Econômico - 12.08.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
Artigo de Fernando Caneppele: “Políticas públicas podem acelerar a transição energética no Brasil”
Em artigo publicado no Canal VE, Fernando Caneppele (engenheiro eletricista e professor associado na USP) aborda o avanço do Brasil na transição energética com o impacto de políticas que impulsionam a eletromobilidade, sendo o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) um dos principais motores dessa transformação. Com R$ 19 bilhões em créditos até 2028, o programa adota a abordagem “do poço à roda”, incentivando veículos elétricos, a etanol e híbridos, além de fomentar P&D e a indústria nacional de autopeças. Além disso, incentivos estaduais, como isenção ou redução do IPVA, complementam as ações federais. O autor pondera, todavia, que a a falta de uma política unificada ainda é um obstáculo à expansão nacional do setor. Ele pontua ainda que desafios como alto custo dos veículos elétrica e infraestrutura de recarga limitada são enfrentados com propostas como a dedução no imposto de renda para quem cumprir com investimentos nessa direção. Por fim, o autor destaca que, com políticas robustas, uma matriz limpa e inovação tecnológica, o Brasil está bem posicionado para liderar uma transição energética justa e sustentável, transformando mobilidade em vetor de desenvolvimento econômico, social e ambiental. (Canal VE – 14.08.2025)
BNDES: Banco é o maior financiador de ônibus elétricos da América Latina
Um estudo da C40 Cities e do ICCT revelou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o maior financiador de ônibus elétricos da América Latina, sendo responsável por mais de 12% do valor total alocado em projetos do tipo. Desde 2023, o banco já aprovou R$ 3,8 bilhões em crédito para a aquisição de 1.701 ônibus, o que alavancou R$ 5,4 bilhões em investimentos para o transporte público em cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. No ranking, a instituição está à frente da VG Mobility (2º lugar, com 10%) e do BNP Paribas (3º lugar, com 8%). O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também aparecem entre os 20 principais financiadores da região. Entre as operações do BNDES nessa frente estão um financiamento de R$ 2,5 bilhões para a aquisição de 1.300 ônibus elétricos em São Paulo e outro de R$ 80 milhões para o primeiro sistema BRT elétrico do país. Em 2024, o banco aprovou mais quatro operações no âmbito do Novo PAC Refrota, totalizando R$ 1,3 bilhão, para a compra de 304 ônibus. (Agência CanalEnergia - 11.08.2025)
Brasil: Ônibus elétricos avançam com apoio de políticas e produção local
A adoção de ônibus elétricos no Brasil oferece benefícios ambientais, sociais e econômicos, como redução de emissões de GEE e poluentes locais, menor poluição sonora, melhora da saúde pública e da mobilidade urbana, além da diminuição das importações de diesel. O país se favorece por ter 88,2% da eletricidade oriunda de fontes renováveis, mas enfrenta desafios como alto custo de aquisição, necessidade de infraestrutura de recarga e grandes investimentos, demandando apoio governamental. No mundo, havia 780 mil ônibus elétricos em 2024, concentrados na China, mas com crescimento em outras regiões; no Brasil, eram 1.059, majoritariamente em São Paulo, impulsionados por leis municipais e subsídios. Políticas nacionais, como o MOVER, linhas de financiamento do BNDES, Fundo Clima, Finep Mais Inovação e REFROTA, estimulam a adoção e produção local, que já envolve fabricantes como BYD, Eletra, Mercedes e Volvo. Apesar da ausência de um plano nacional de mobilidade elétrica, a produção cresce e posiciona o Brasil como potencial exportador para a América Latina. (Ensaio Energético – 11.08.2025)
Brasil: Volvo lança primeiros ônibus biarticulados 100% elétricos do mundo
A Volvo Buses anunciou para 2025 a entrega dos primeiros ônibus biarticulados 100% elétricos do mundo, da linha Volvo BZRT, produzidos em Curitiba (PR), que será base global de exportação desse segmento. O lote inicial terá 21 chassis — 16 articulados e 5 biarticulados —, cada um com dois motores de 200 kW (total 400 kW/540 cv) e até oito baterias, somando 720 kWh. Com 28 metros, o biarticulado transporta até 250 passageiros (180 no articulado) e oferece zero emissões, baixo ruído e avançados recursos de segurança, como câmeras, sensores, leitura de placas e direção dinâmica. Também inclui “Zonas de Segurança” que limitam a velocidade via GPS. A novidade mantém a tradição da Volvo no transporte de alta capacidade iniciada há mais de 30 anos em Curitiba e consolida o Brasil como referência na produção de veículos elétricos de grande porte. O modelo é inédito globalmente, já que mesmo cidades com grandes frotas de articulados elétricos, como Bogotá, Shenzhen e Santiago, não operam biarticulados desse tipo. (Inside EVs – 12.08.2025)
Brasil: Eve Air Mobility capta US$ 230 milhões em oferta direta de ações
A Eve Air Mobility anunciou a captação de US$ 230 milhões por meio de contratos de subscrição de ações com a BNDESPAR, Embraer e outros investidores. A operação envolve a emissão de 47.422.680 ações ordinárias, a um preço de US$ 4,85 por ação. Parte da captação inclui a subscrição de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) pelo BNDES, que serão listados na B3 sob o código "EVEB31". Os recursos obtidos com a emissão dos BDRs serão direcionados para o pagamento de serviços realizados no Brasil, enquanto o saldo remanescente da oferta será usado para fins corporativos gerais, como financiamento de operações, investimentos estratégicos e amortização de dívidas. A oferta direta foi registrada na Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos e a previsão de fechamento da operação é para 15 de agosto de 2025. (Agência CanalEnergia - 14.08.2025)
China: Nova tecnologia pode oferecer autonomia de 2.900 km e recarga ultrarrápida
Em 2025, a chinesa Huawei entrou na disputa pelo desenvolvimento de baterias de estado sólido para veículos elétricos, registrando patente que promete densidade energética de 180 a 225 Wh/lb — até três vezes maior que as atuais de íon-lítio. A tecnologia usa eletrólito sulfeto dopado com nitrogênio para reduzir reações adversas com o lítio, aumentando durabilidade e segurança, e poderia oferecer autonomia de cerca de 2.900 km com recarga de 10% a 80% em menos de cinco minutos. Embora não produza carros, a Huawei colabora com montadoras e se posiciona ao lado de players como BMW, BYD, Toyota e VW na busca por baterias mais leves, seguras e rápidas. Especialistas destacam que as metas ainda são teóricas e dependem de infraestrutura compatível. A China lidera em patentes de baterias sólidas, enquanto empresas como CATL e Toyota também avançam, esta última com protótipo de 1.200 km de alcance e recarga em 10 minutos previsto para lançamento comercial nos próximos anos. (Inside EVs – 12.08.2025)
China: CATL lança serviço de reparo para baterias CTP com custo reduzido
A CATL, maior fabricante mundial de baterias para veículos elétricos, lançou na China um serviço de reparo para baterias com tecnologia cell-to-pack (CTP), oferecendo alternativa muito mais barata à substituição total. Pelo programa, operado pela subsidiária Ning Service, o conserto custa de 1.180 a 2.300 euros (R$ 7,4 mil a R$ 14,8 mil), entre 5% e 10% do valor médio de um carro elétrico, contra cerca de 11.800 euros (R$ 74,4 mil) da troca completa — economia de até dez vezes. A solução é especialmente relevante no mercado chinês, onde a penetração de EVs já supera 50% e muitos veículos estão saindo da garantia, sendo que a substituição pode representar 51% do valor do automóvel. O serviço, por ora restrito a baterias CTP da CATL, deve ser expandido a outros modelos e fabricantes, integrando-se a um ecossistema que inclui diagnóstico, regeneração e reciclagem. Além de reduzir custos e incentivar o mercado de usados, a iniciativa prolonga a vida útil das baterias e contribui para a sustentabilidade do setor. (Inside EVs – 12.08.2025)
InsideEVs: Vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in crescem 27% em 2025
Nos sete primeiros meses de 2025, as vendas globais de veículos elétricos e híbridos plug-in (EVs) somaram 10,7 milhões de unidades, alta de 27% frente a 2024, segundo a Rho Motion. A China lidera com 6,5 milhões vendidos e crescimento de 29%, mantendo mais de 50% de participação de EVs pelo terceiro mês seguido, impulsionada por BEVs (+40%) e incentivos governamentais. A Europa avançou 30%, com destaque para Alemanha (+43%), Reino Unido (+32%) e Itália (+40%), beneficiada por subsídios; BEVs e PHEVs cresceram em ritmo similar. Na América do Norte, o aumento foi modesto, de 2%, com expectativa de alta temporária antes do fim do crédito fiscal do IRA. No Brasil, de janeiro a julho, foram vendidos 37.586 BEVs e 51.014 PHEVs, refletindo interesse crescente, mas com híbridos plug-in ainda à frente. O cenário confirma 2025 como ano de consolidação global dos eletrificados, embora com ritmos distintos conforme políticas e incentivos locais. (Inside EVs – 13.08.2025)
Brasil: Eletrificação de ônibus pode cortar quase um quarto das emissões do setor
O Brasil, com pouco mais de mil ônibus elétricos — a maioria em São Paulo —, pode substituir até 2030 cerca de 14 mil veículos a diesel, reduzindo 437,7 mil tCO₂eq anuais (24,6% das emissões atuais do setor) e economizando até R$ 62,1 milhões/ano em custos sociais do carbono. Estudo do ITDP Brasil propõe priorizar a troca dos modelos mais antigos e poluentes, sem ampliar frota ou redesenhar linhas, focando cidades como São Paulo, Rio, Goiânia e Belo Horizonte, onde o potencial de eletrificação é alto. A análise de 18 sistemas identificou 14.146 ônibus aptos à substituição imediata, investimento estimado em R$ 44,5 bilhões até 2030. Hoje, o país tem 1.143 elétricos frente a 107 mil coletivos, cenário que exige direcionar recursos para maior impacto. Algumas capitais já avançam: Goiânia terá biarticulados elétricos até o fim de 2025; Belém recebeu 40 unidades para o BRT; São Paulo soma 841 ônibus de baixo carbono; o Rio fixou meta de frota 100% elétrica até 2040; e BH prevê 40% de eletrificação até 2030. (Agência Eixos – 12.08.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Argentina: YPF investirá US$ 400 milhões na cadeia de SAF
A estatal argentina YPF anunciou um investimento de cerca de US$ 400 milhões em uma nova joint venture com a Essential Energy para produzir e comercializar combustível sustentável de aviação (SAF), chamada Santa Fe Bio. A operação será baseada na refinaria da YPF em San Lorenzo, cidade portuária estratégica para exportações. O projeto será desenvolvido em duas fases e contará com apoio do Regime de Incentivo a Grandes Investimentos da Argentina. O SAF, produzido a partir de resíduos como óleos de cozinha usados e sobras agrícolas, é considerado essencial para que companhias aéreas cumpram metas de emissões líquidas zero. Contudo, sua oferta ainda é limitada, especialmente na América Latina. A iniciativa posiciona a Argentina de forma promissora nesse mercado emergente. (Reuters – 08.08.2025)
Brasil: Projetos bilionários impulsionam o setor de H2V
O Brasil anunciou mais de R$ 454 bilhões em projetos de hidrogênio verde (H2V), mas segundo estudo da EY-Parthenon, precisa superar desafios de planejamento, políticas estratégicas, infraestrutura e fornecimento de energia renovável. A molécula, obtida por eletrólise, é crucial para descarbonizar setores como aço, cimento, fertilizantes e transporte pesado, e o país pode produzi-la a custo competitivo (US$ 1,47/kg até 2030). Apesar do marco regulatório e R$ 18,3 bilhões em subsídios aprovados, faltam critérios claros, metas de produção e políticas para fortalecer a cadeia de valor nacional. Hoje, há 45 memorandos de entendimento que preveem 2 milhões de toneladas anuais até 2030, majoritariamente para exportação, mas os projetos internos estão em fase piloto. Além de ampliar a demanda doméstica, será necessário expandir geração renovável, garantir acesso à rede elétrica e adaptar portos e gasodutos — atualmente concentrados no litoral — para viabilizar a distribuição segura e competitiva do H2V no território nacional. (Agência Eixos – 14.08.2025)
Brasil: Primeiro caminhão a hidrogênio inicia testes no transporte pesado
A GWM Hydrogen powered by FTXT iniciou no Brasil os testes com seu primeiro caminhão a hidrogênio, marco para o transporte pesado de emissão zero no país. O veículo, que combina bateria de 105 kWh e cilindros para 40 kg de hidrogênio, gera eletricidade por célula a combustível, emitindo apenas água e recuperando energia em desacelerações. Após inspeções em Iracemápolis (SP), os testes começam em setembro com apoio de universidades como a USP, utilizando hidrogênio de baixo carbono produzido de etanol. As avaliações incluem pistas fechadas e simulação de condições reais, estudando impacto de clima, altitude e estradas. Primeiro modelo do tipo no Brasil — enquanto mais de 30 mil circulam na China —, será testado com diferentes fontes de H₂, alinhando-se ao Programa MOVER e à meta global da GWM de neutralidade de carbono até 2045. A iniciativa envolve acordos com governos e universidades para desenvolver infraestrutura e tecnologia de hidrogênio verde no país. (Inside EVs – 12.08.2025)
EY-Parthenon: Brasil tem potencial para liderar produção global de H2V até 2030
Um estudo da EY-Parthenon destaca o papel estratégico do hidrogênio verde (H2V) na transição energética global, especialmente na descarbonização de setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada e o transporte de longa distância. Apesar de seu alto custo de produção ser um obstáculo, o H2V surge como alternativa viável ao gás natural, inclusive para aquecimento. O Brasil tem potencial para se tornar líder mundial na produção competitiva de H2V, com projeção de custo de US$ 1,47/kg até 2030, devido à sua matriz energética limpa e à abundância de fontes renováveis. No entanto, o país enfrenta quatro desafios principais: ausência de um planejamento energético nacional específico, falta de marcos regulatórios adequados, infraestrutura deficiente para transporte e armazenamento, e a necessidade de expansão na oferta de energia renovável. O estudo ainda propõe dois modelos de cadeia produtiva — centralizado e descentralizado — e reforça que a proximidade com fontes como solar e eólica é essencial para reduzir custos e viabilizar economicamente o H2V no cenário internacional competitivo. (Agência CanalEnergia – 14.08.2025)
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
Artigo GESEL: "A crescente importância do armazenamento de energia"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Sidnei Martini (professor da USP e pesquisador associado do GESEL-UFRJ) e Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL) tratam da evolução e dos desafios do sistema elétrico brasileiro diante das transformações tecnológicas e da transição para fontes renováveis, como solar e eólica, que apesar de sustentáveis têm geração intermitente. Eles explicam como a operação do Sistema Interligado Nacional, tradicionalmente unidirecional, se tornou mais complexa com o crescimento da micro e minigeração distribuída, exigindo adaptações nas redes de distribuição e aumentando a dificuldade de equilibrar oferta e demanda. O artigo destaca o problema do curtailment — desligamento de geração para evitar sobrecarga — agravado pelo excesso de oferta impulsionado por subsídios, e aponta o armazenamento de energia, via baterias e usinas hidrelétricas reversíveis, como solução técnica e estrutural. Por fim, enfatizam a necessidade de estudos de cenários e de um arcabouço regulatório que garanta segurança jurídica para esses investimentos, essenciais para a sustentabilidade e equilíbrio financeiro do setor elétrico. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 12.08.2025)
Artigo GESEL "O papel dos sistemas de armazenamento na transição energética"
Em artigo publicado pelo Broadcast Energia, Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL) e Igor Barreto Julião (pesquisador associado do GESEL-UFRJ) destacam a necessidade urgente de substituir progressivamente fontes fósseis por alternativas renováveis para combater as mudanças climáticas e atender à crescente demanda por energia. Embora tecnologias como a solar e a eólica tenham avançado rapidamente, sua característica intermitente cria desafios de “despachabilidade”, dificultando o equilíbrio entre oferta e demanda. Nesse contexto, os sistemas de armazenamento de energia surgem como solução estratégica, utilizando tecnologias eletroquímicas (como baterias de íon-lítio, chumbo-ácido, íon-sódio e fluxo redox), mecânicas (como usinas hidrelétricas reversíveis) e térmicas, além de combinações híbridas com supercapacitores e volantes de inércia. Esses sistemas ampliam a estabilidade da rede, permitem o aproveitamento de excedentes e oferecem resposta rápida, apesar de exigirem altos investimentos iniciais. Por fim, reforçam que o armazenamento é o elo vital para tornar a geração renovável estável, confiável e despachável, acelerando a descarbonização e fortalecendo a resiliência dos sistemas elétricos no Brasil e no mundo. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 13.08.2025)
Brasil: MMGD ultrapassa 42 GW de potência instalada
A micro e minigeração distribuída (MMGD) atingiu 42 GW de potência instalada no Brasil, com avanço de 1 GW em apenas 30 dias, segundo dados da ABGD. O país conta agora com 3,74 milhões de unidades geradoras em 5.559 municípios, beneficiando 6,4 milhões de consumidores com créditos energéticos. O segmento residencial lidera (43,1%), seguido por comercial (24,78%) e rural (11,8%). Apesar do ritmo acelerado, a ABGD projeta crescimento de 25% em 2025 - abaixo dos 30% registrados em 2024. As regiões Sudeste, Nordeste e Sul concentram a maior parte da capacidade instalada, reforçando a descentralização da matriz energética brasileira. (Agência CanalEnergia - 11.08.2025)
Utility Dive: “Fluxos multidirecionais de energia e informação são o futuro da rede”
Em editorial, Utility Dive aborda a transformação do setor elétrico, destacando a transição de um modelo unidirecional do século 20 para um sistema elétrico multidirecional e interconectado. O crescimento da demanda energética, impulsionado por data centers e tecnologias de inteligência artificial (IA), pressiona por soluções que vão além da simples construção de nova infraestrutura. Especialistas e reguladores defendem o uso de ferramentas avançadas, como sistemas de gerenciamento distribuído (DERMS, ADMS) e IA, para otimizar a rede, integrar recursos energéticos distribuídos (REDs) e flexibilizar cargas. Apesar disso, ainda há resistência de algumas utilities, que preferem manter plantas antigas ou investir em fontes inflexíveis como carvão e gás natural, o que pode aumentar significativamente os custos até 2030. Em contrapartida, tecnologias emergentes demonstram que cargas como as de data centers podem ser flexibilizadas, funcionando como usinas virtuais que aliviam a demanda de pico e melhoram a confiabilidade da rede. O texto conclui que, para o sistema evoluir plenamente, é necessário romper com os silos tradicionais das utilities, adotar incentivos para tecnologias operacionais e fortalecer a coordenação regulatória. A construção de um “sistema de sistemas” exige visão integrada, investimentos estratégicos e valorização total da flexibilidade energética. (Utility Dive – 12.08.2025)
Wood Mackenzie: Tesla lidera mercado global de BESS
A Tesla manteve em 2024 a liderança global no mercado de integradores de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS), com 15% de participação, segundo a Wood Mackenzie no relatório “Ranking Global de Integradores de Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias 2025”. A chinesa Sungrow reduziu a diferença para apenas um ponto percentual, com 14%, e a CRRC ficou em terceiro com 8%. O relatório aponta forte avanço das empresas chinesas na Europa, com alta de 67% na participação e quatro entre os dez maiores players sediados na China, enquanto na América do Norte a presença caiu de 23% para 16%, afetada por tensões geopolíticas e protecionismo. Nos EUA, a Tesla lidera pelo terceiro ano com 39%, seguida pela Sungrow (10%) e Powin. Na Europa, a Sungrow assumiu a liderança, subindo de 10% para 21%, à frente da Nidec e Tesla. Já na Ásia, a CRRC segue na frente, com Sungrow e Envision completando o top três, e empresas chinesas dominando mais de 90% do mercado. Ainda, em destaque, o Oriente Médio desponta como mercado estratégico para essa tecnologia de armazenamento, com previsão de instalar 31 GW/115 GWh até 2034, impulsionado por metas de descarbonização e maior demanda energética. “O panorama global de integradores de BESS está se tornando cada vez mais complexo, com políticas comerciais regionais e tensões geopolíticas remodelando a dinâmica competitiva”, pondera Kevin Shang, Analista Principal de Pesquisa da Wood Mackenzie. (Agência CanalEnergia - 08.08.2025)
União Europeia: Consulta pública aborda digitalização e IA no setor de energia
A Comissão Europeia abriu consulta pública para contribuir com seu roteiro de digitalização e inteligência artificial (IA) no setor de energia, parte do plano para garantir energia a preços acessíveis. O objetivo é acelerar a adoção dessas tecnologias, mitigando riscos e desafios, por meio de um quadro de coordenação que inclua acesso contínuo a dados energéticos via espaço comum europeu, estímulo a serviços inovadores como flexibilidade da demanda e carregamento bidirecional de veículos elétricos, apoio a modelos de IA e testes, e maior eficiência energética em consumidores e edifícios. Entre as metas, estão integrar de forma sustentável a demanda crescente de data centers, aprimorar o planejamento de longo prazo e reforçar a transparência com o compartilhamento de práticas e incidentes. O roteiro prevê governança colaborativa entre governos, indústria, sociedade civil e pesquisa, guiado por consulta aberta até 5 de novembro de 2025, com publicação prevista para o 1º trimestre de 2026, complementando legislações e planos já existentes, como a Lei de IA e ações para redes inteligentes. (Smart Energy – 13.08.2025)
Artigo WEF: “Por que devemos aproveitar a convergência tecnológica para um futuro de energia mais verde com IA”
O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) publicou um artigo que abordao dilema da rápida expansão da inteligência artificial (IA), que, embora prometa resolver grandes desafios globais, consome volumes crescentes de energia — especialmente com data centers projetados para rivalizar o consumo de países inteiros até 2030. Para enfrentar esse paradoxo, é proposto o conceito de convergência tecnológica: integrar avanços em IA com inovações em energia limpa, armazenamento, materiais e gestão de redes elétricas. Soluções destacadas para essa combinação com uso da IA incluem: gestão inteligente de redes elétricas, aceleração de desenvolvimento na ciência de materiais e manufatura avançada, monitoramento ambiental e associação com a energia nuclear. O texto conclui que o futuro da IA e da energia deve ser colaborativo e sistêmico, com integração de soluções e esforços conjuntos entre governos, setor privado e indústria. E que a convergência tecnológica não é apenas uma resposta ao consumo energético da IA, mas uma oportunidade para torná-la um motor de um futuro energético mais sustentável e resiliente. (World Economic Forum – 08.08.2025)
Impactos Socioeconômicos
Artigo de Raphael Ruffato: “Energia limpa sem acesso é só discurso”
Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Raphael Ruffato (fundador e CEO da Lead Energy) trata do avanço das fontes limpas no Brasil, e como esse movimento possui uma dualidade entre grande potencial ofertante e elitização da demanda. Segundo o autor, “o consumidor brasileiro, especialmente o de baixa tensão, como residências e pequenos negócios, continua refém de um modelo em que não há liberdade de escolha, nem incentivo ao consumo consciente e sustentável. A energia limpa, que deveria ser o padrão, muitas vezes se apresenta como uma opção de nicho, cara ou inacessível.” Por fim, ele conclui que “o aumento do consumo de fontes renováveis não virá das grandes concessionárias ou do governo, mas de novas iniciativas, como a de startups, que coloquem o consumidor no centro da discussão. Mais do que pagar menos pela energia, a população precisa entender pelo que está pagando e ter o direito de escolher a melhor opção para suas necessidades”. (GESEL-IE-UFRJ – 14.08.2025)
Artigo de Jason Kosek e Peja Breuler: “Gerenciando novos riscos políticos para projetos de energia renovável”
Em artigo publicado no Utility Dive, Jason Kosek (co-presidente do Grupo da Indústria de Energia e Renováveis do escritório Anderson Kill) e Peja Breuler (associada da empresa) analisam os impactos das recentes mudanças políticas nos Estados Unidos sobre o desenvolvimento de energia renovável. Eles pontuam que após uma década de forte crescimento — com aumentos de 688% na capacidade solar e 130% na eólica entre 2014 e 2023 —, o setor enfrenta incertezas com o novo governo Trump. A principal mudança veio com a aprovação da One Big Beautiful Bill Act (OBBBA), que revoga ou restringe importantes créditos fiscais criados pela Inflation Reduction Act (IRA), como os incentivos à produção e investimento em eletricidade limpa, e impõe barreiras adicionais via a cláusula de “Entidade Estrangeira de Preocupação” (FEOC). Além disso, indicam que o governo atual suspendeu ou dificultou projetos já aprovados, gerando custos e incertezas regulatórias, e criando uma movimentação de busca por instrumentos para mitigação de riscos, como seguros contra riscos políticos (PRI). Outro ponto central abordado é a importância de revisar cláusulas de força maior nos contratos, incluindo explicitamente “riscos políticos” como eventos que possam inviabilizar a execução. Por fim, o artigo defende que, mesmo em ambientes políticos desfavoráveis, negociações com órgãos federais e persistência nas tratativas podem destravar projetos. Combinar seguro adequado, cláusulas contratuais robustas e diálogo estratégico com governos é essencial para manter a viabilidade dos empreendimentos de energia renovável frente a mudanças políticas. (Utility Dive – 11.08.2025)
Artigo WEF: “Como construir o ecossistema de transição justa da Índia e financiar um futuro inclusivo”
O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) publicou um artigo que aborda a importância de uma transição energética justa e inclusiva na Índia, fundamental para que o país alcance a meta de emissões líquidas zero até 2070. O texto ressalta ser crucial que essa transição vá além da redução de emissões e enfrente desafios sociais, econômicos e regionais, promovendo equidade, geração de empregos e diversificação econômica. O financiamento para esse processo ainda é limitado e fragmentado, concentrando-se em ações de descarbonização, enquanto aspectos sociais — como qualificação profissional, apoio ao empreendedorismo e redes de proteção social — seguem pouco contemplados. O texto, assim, propõe integrar mecanismos financeiros existentes, como títulos verdes soberanos, recursos de responsabilidade social corporativa (CSR) e fundos concessionais multilaterais, para apoiar atividades alinhadas à justiça social em regiões vulneráveis. Também destaca a necessidade de maior coordenação institucional, sugerindo a criação de estruturas dedicadas à gestão integrada, como modelos de financiamento misto (blended finance) para incentivar a participação do setor privado. Além disso, a construção de capacidades técnicas e institucionais em todos os níveis — governos, reguladores, setor financeiro e sociedade civil — é vista como fundamental para implementar a transição de forma eficaz. À título de conclusão, o texto aponta que a Índia só terá sucesso em sua meta climática se combinar ambição ambiental com empatia social, garantindo que a transição seja verde e justa para todos. (World Economic Forum – 08.08.2025)
EUA: Governo deve enrigecer regras para subsídios a energia renovável
A administração Trump deve anunciar regras mais rígidas para a concessão de subsídios federais à energia solar e eólica, em mais um movimento para restringir o avanço das renováveis nos EUA. O foco está na redefinição do que significa um projeto estar "em construção", critério essencial para garantir créditos fiscais de até 30%, com bônus. A nova legislação (One Big Beautiful Bill Act) antecipa o fim desses subsídios de 2032 para 2027 e exige que projetos iniciem obras até julho de 2026. A revisão poderá eliminar o uso de “safe harbors” — práticas que permitiam garantir subsídios com 5% do custo já investido — e aumentar esse limite para 10% ou 15%. As mudanças podem excluir obras realizadas fora do local da usina ou exigir comprovação mais rígida de progresso contínuo. Segundo analistas, até 60 GW de capacidade solar planejada até 2030 podem ser afetados, o suficiente para abastecer 10 milhões de residências. Desenvolvedores já estão acelerando obras ou suspendendo projetos devido à insegurança jurídica. A iniciativa soma-se a outras medidas da administração Trump que desaceleram o setor de energias renováveis, sob o argumento de que essas fontes são caras, instáveis e dependentes da China. (Reuters – 14.08.2025)
Wood Mackenzie: EUA enfrenta escassez de transformadores frente expansão da demanda por eletricidade
Os Estados Unidos enfrentam uma escassez crítica de transformadores elétricos em 2025, com déficits previstos de 30% para transformadores de potência e 10% para transformadores de distribuição, segundo a consultoria Wood Mackenzie. A crescente demanda por eletricidade — impulsionada por centros de dados, projetos de energia limpa e eventos climáticos extremos — fez com que a procura por transformadores mais do que dobrasse desde 2019. A produção doméstica não consegue acompanhar, forçando concessionárias a recorrerem a importações, que já representam 80% dos transformadores de potência e metade dos de distribuição usados no país. Isso elevou custos, prazos de entrega e atrasou a conexão de novas usinas à rede. Concessionárias precisam agora fazer pedidos com até quatro anos de antecedência. Segundo o analista Bem Boucher, a situação pode piorar com tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, enquanto a aprovação da nova lei "One Big Beautiful Bill" pode reduzir a demanda em alguns segmentos, mas a necessidade de capacidade continuará muito acima dos níveis de 2024. (Reuters – 14.08.2025)