Transição Energética 81
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização
IRENA: Tecnologias digitais tornam redes elétricas mais inteligentes e eficientes
Durante a IRENA Innovation Week 2025, destacou-se a interdependência entre digitalização e transição energética, com ênfase no papel vital da tecnologia para integrar fontes renováveis como solar e eólica às redes elétricas. Com o crescimento global de dispositivos conectados, aumenta também a demanda por eletricidade, exigindo uma transição que dependa da digitalização para operar redes inteligentes, prever demanda e gerenciar recursos energéticos de forma eficiente. Tecnologias como inteligência artificial, manutenção preditiva, gêmeos digitais e dispositivos IoT tornam possível otimizar a operação em tempo real, reduzindo custos e tornando o fornecimento de energia limpa mais estável. Do lado do consumo, medidores inteligentes e preços dinâmicos permitem respostas mais eficazes à demanda, promovendo economia e eficiência. No entanto, desafios persistem, como o alto consumo energético de data centers de IA, a desigualdade na adoção de tecnologias em mercados emergentes, a falta de padronização e os riscos de segurança cibernética. Superar essas barreiras é essencial para uma transição energética segura e inclusiva. (IRENA – 01.08.2025)
Artigo GESEL: "Capacidade inovativa da inteligência artificial no setor elétrico"
Em artigo publicado pelo Broadcast Energia, Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL) e Marcelo Maestrini (pesquisador associado do GESEL/UFRJ) analisam a capacidade inovativa da Inteligência Artificial (IA) no setor elétrico brasileiro. Os autores destacam que a IA é uma tecnologia disruptiva e estratégica, comparável à “nova eletricidade” da Indústria 4.0, por sua capacidade de transformar transversalmente processos decisórios. No setor elétrico, ela é considerada um imperativo para enfrentar os desafios da transição energética, permitindo otimizar operações, integrar fontes renováveis e antecipar eventos com base em dados. Apesar do potencial, eles alertam que a adoção da IA ainda é limitada por diversos fatores. Entre os principais desafios estão a cibersegurança, a escassez de dados de qualidade, a dificuldade de integração com sistemas legados e a baixa capacidade das empresas de acumular conhecimentos técnicos e organizacionais. O setor, historicamente conservador, tende a operar de forma reativa e tem dificuldade em incorporar novas tecnologias. A reestruturação do setor com foco na eficiência de custos também contribuiu para a redução de investimentos em inovação e para o enfraquecimento da relação com o consumidor. Outro obstáculo importante está relacionado à força de trabalho, com formação inadequada de novos perfis digitais, descompasso entre a velocidade da transformação tecnológica e a qualificação profissional, além de alto turnover. Para enfrentar esses entraves, os autores defendem uma política pública de fomento à inovação, a ser articulada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com a ANEEL promovendo chamadas de PD&I voltadas à IA. Também sugerem a criação de um ambiente regulatório experimental (sandbox) para testar soluções em condições reais. Concluem que a IA é crucial para tornar a transição energética brasileira mais eficiente, acelerada e benéfica para a sociedade. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 29.07.2025)
EUA: Redwood Materials reutiliza baterias de VEs em microrredes para data centers de IA
A Redwood Materials, empresa americana especializada em reciclagem de baterias, lançou a divisão Redwood Energy para reaproveitar baterias de VEs com capacidade residual em microrredes solares que abastecem centros de dados focados em IA. Seu primeiro projeto, em Nevada, fornece 64 MWh de energia para uma instalação da Crusoe, combinando energia solar e armazenamento em baterias reutilizadas, reduzindo emissões e custos em relação a sistemas com baterias novas. Com mais de 100 mil VEs saindo de circulação anualmente nos EUA, a Redwood já dispõe de material para microrredes de até 1 GWh e planeja expandir para polos tecnológicos no Texas e Virgínia, onde a demanda por energia cresce com o avanço da IA. Essa estratégia prolonga a vida útil das baterias, promove a circularidade da eletromobilidade e contribui para uma infraestrutura digital mais sustentável, frente ao previsto aumento do consumo dos data centers até 2030. (Inside EVs – 26.07.2025)
Artigo de Bruno Bioni, Laura Schertel Mendes e Virgilio Almeida: "Brasil não deve copiar Europa ou Texas para regular IA"
Em artigo publicado pela Folha de São Paulo, Bruno Bioni (diretor-fundador do Data Privacy Brasil), Laura Schertel Mendes(Professora do IDP) e Virgilio Almeida (professor associado ao Centro Berkman Klein, da Universidade Harvard) tratam do avanço da regulação da inteligência artificial (IA) no Brasil, destacando o contraste entre as abordagens internacionais e a construção de um modelo brasileiro próprio, representado pelo PL 2.338/23, aprovado pelo Senado em 2024. O texto enfatiza que a regulação não é inimiga da inovação, mas sim uma ferramenta para promover desenvolvimento tecnológico responsável, com base em direitos e riscos proporcionais ao uso da IA. Diferentemente do modelo europeu mais prescritivo, o Brasil opta por uma governança setorial articulada pelo Sistema Brasileiro de Governança de IA (SIA), buscando soberania tecnológica e proteção social, evitando o risco de subalternização digital. O artigo conclui que o país tem a oportunidade histórica de consolidar uma legislação que combine inovação, inclusão e segurança jurídica, servindo como referência global para a regulação da IA. (GESEL-IE-UFRJ – 28.07.2025)
Artigo de Joaquim Levy: "Inteligência Artificial e o desafio da energia"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Joaquim Levy (diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra) trata do crescimento exponencial da demanda por energia impulsionado pelo avanço da Inteligência Artificial, destacando os esforços dos EUA para suprir essa necessidade por meio de estímulos regulatórios, uso de áreas inusitadas e parcerias internacionais. Levy enfatiza que essa corrida energética tem reacendido o interesse global na fusão nuclear como fonte limpa e poderosa, com destaque para os métodos por confinamento inercial e magnético, ambos ainda desafiadores, mas com avanços promissores liderados por países como EUA, China e Japão. A IA tem desempenhado papel decisivo nesse progresso ao prever instabilidades nos reatores em tempo real. Apesar de o Brasil possuir uma base científica importante com tokamaks operacionais, sua saída do projeto ITER e a falta de investimento estratégico ameaçam sua posição nesse setor vital. Levy conclui que, para manter relevância e soberania energética, o país deve priorizar a fusão nuclear com apoio da indústria, das universidades e de centros de inteligência artificial. (GESEL-IE-UFRJ – 30.07.2025)
Google: Aporte de US$ 6 bilhões para data center de 1 GW na Índia
O Google anunciou que planeja investir US$ 6 bilhões na construção de um data center de 1 GW em Visakhapatnam, no estado de Andhra Pradesh, na Índia, sendo este seu primeiro investimento do tipo no país. Do total, US$ 2 bilhões serão destinados à energia renovável para abastecimento da instalação. O empreendimento será o maior centro de dados da empresa na Ásia em capacidade e valor, integrando a expansão regional da Alphabet em países como Singapura, Malásia e Tailândia. Segundo o ministro de Tecnologia da Informação de Andhra Pradesh, Nara Lokesh, já foram acordados data centers que somam 1,6 GW no estado, com meta de atingir 6 GW em cinco anos. Também é planejada a instalação de três estações de aterramento de cabos submarinos em Visakhapatnam, com rede de comunicação superior à de Mumbai. Para atender à demanda energética do setor, o estado estima precisar de até 10 GW em nova capacidade de geração elétrica. (Reuters - 30.07.2025)
Espanha: Iberdrola e Echelon lançam joint venture para operar data centers com energia 100% renovável
A Iberdrola e a Echelon Data Centres firmaram uma joint venture estratégica para construir e operar data centers na Espanha, onde a Iberdrola terá 20% de participação via sua subsidiária CPD4Green, com portfólio de 700 MW e potencial para 5.000 MW adicionais, enquanto a Echelon, controlada pelo Starwood Capital Group, ficará com 80%, responsável pelo desenvolvimento, design, marketing e gestão. O primeiro projeto, Madrid Sur, terá 160.000 m² e 144 MW de capacidade, operando antes de 2030 e gerando cerca de 1.500 empregos, com energia 100% limpa, combinando usina solar local e oferta da Iberdrola. A parceria visa explorar o crescimento da demanda por eletricidade em data centers, valorizando o portfólio de terrenos com conexão elétrica da Iberdrola e aproveitando a energia renovável acessível da Espanha, país que concentra mais de 70% do tráfego europeu de dados devido à sua infraestrutura avançada de fibra óptica, conexões submarinas e energia competitiva.(Smart Energy – 28.07.2025)
EUA: Setor energético enfrenta crise na cadeia de suprimentos impulsionada pela demanda de IA
O setor de energia dos EUA enfrenta uma crise sem precedentes na cadeia de suprimentos, impulsionada pela crescente demanda de data centers para IA e pelo subinvestimento histórico em infraestrutura elétrica. A produção anual de turbinas a gás, essencial para atender essa demanda, atinge apenas cerca de 10 GW, muito abaixo dos 64 GW necessários, e fabricantes como a Siemens Energy enfrentam escolhas difíceis devido à escassez de equipamentos críticos. Os custos de construção de novas usinas de gás atingiram níveis recordes, em até US\$ 2.700 por kW, devido a guerras de lances por recursos limitados, escassez de mão de obra qualificada e falta de capacidade industrial, levando a preços de energia superiores a US\$ 100/MWh. Enquanto concessionárias regulamentadas têm maior capacidade para mitigar esses desafios por meio de planejamento integrado e garantia de recuperação de custos, mercados desregulados enfrentam coordenação fragmentada, aumentando custos e atrasos, tornando o cenário energético dos EUA um desafio complexo diante da demanda explosiva e limitações estruturais. (Woodmac – 29.07.2025)
MIT: Flexibilidade de data centers reduz custos mas pode aumentar as emissões de carbono
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) apurou que a flexibilidade operacional dos data centers — ou seja, a capacidade de transferir cargas de trabalho para horários estratégicos — pode reduzir custos e aliviar o estresse na rede elétrica, mas também pode aumentar as emissões em algumas regiões, dependendo da matriz energética local. O trabalho avaliou três mercados de energia nos Estados Unidos (Mid-Atlantic, Texas e WECC) e mostrou que a flexibilidade dos data centers reduziu os custos totais do sistema em média 3,7%. Em regiões com alta penetração de renováveis, como o Texas, essa estratégia resultou em queda de até 40% nas emissões. Porém, em áreas com forte presença de carvão e gás, como o Mid-Atlantic, o uso do carvão aumentou de 50% para 59%, tornando-o mais competitivo economicamente e elevando as emissões. O MIT ressalta que a flexibilidade, por si só, não é prejudicial ao clima, mas seus efeitos dependem da combinação de fontes de energia e das políticas locais. Com a crescente demanda por energia de data centers — que pode chegar a 130 GW até 2030, segundo a RAND — o estudo destaca a urgência de políticas que incentivem operações flexíveis, como precificação dinâmica e programas de resposta à demanda, para alinhar eficiência, confiabilidade e metas climáticas. (Utility Dive - 30.07.2025)
Portugal: Investimento de US$ 466 mi para reforço da rede elétrica
O governo de Portugal anunciou um investimento de até 400 milhões de euros (US$ 466 milhões) para reforçar a gestão da rede elétrica e ampliar a capacidade de armazenamento com baterias. Do total, cerca de 137 milhões de euros serão destinados a melhorias operacionais da rede, que enfrenta desafios crescentes com a intermitência de fontes renováveis como solar e eólica. O anúncio acontece após um apagão que afetou a região ibérica em abril deste ano. A falha se originou na Espanha por um erro de cálculo na composição energética e falhas em usinas térmicas, provocando uma sobrecarga que se espalhou até Portugal. Na nova ação, a operadora portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) instalará dispositivos para medir com precisão a corrente elétrica, regular a voltagem e garantir maior estabilidade. Parte do plano inclui também ampliar a capacidade de baterias de apenas 13 MW para 750 MW, com foco em proteger serviços essenciais como hospitais e forças de segurança. (Reuters - 28.07.2025)
Dinâmica Internacional
Austrália: Green Bank faz aporte recorde de US$ 2,2 bilhões em energia limpa
O Green Bank da Austrália, por meio da Clean Energy Finance Corporation (CEFC), investiu um valor recorde de AU$ 3.5 bilhões (US$ 2,29 bilhões) em projetos de energia limpa e infraestrutura elétrica durante o último ano fiscal, com o objetivo de acelerar a transição do país para fontes renováveis. O país, que apresenta um dos maiores índices de emissões de CO2 per capita devido à dependência do carvão, pretende encerrar todas as usinas a carvão até 2038 e alcançar 82% de geração renovável até 2030. Segundo projeções da Wood Mackenzie, todavia, o país não deverá passar de 60% até o fim da década. O CEFC, que administra AU$32,5 bilhões, tem como missão aumentar os fluxos financeiros para o setor de energia limpa e ajudar a cumprir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. No total, foram comprometidos AU$ 4,7 bilhões, sendo AU$ 2,8 bilhões voltados à modernização da rede elétrica, incluindo AU$ 2,1 bilhões para a construção de um novo elo de transmissão no leste do país. Para o CEO Ian Learmonth, os investimentos contínuos são cruciais para garantir a segurança energética, acessibilidade para os consumidores e redução das emissões, além de gerar benefícios econômicos e empregos locais, contribuindo para um futuro de zero emissões líquidas. (Reuters - 28.07.2025)
Banco Mundial: Energia fotovoltaica flutuante pode chegar a 77 GW em 2033
A energia solar fotovoltaica flutuante, embora ainda incipiente frente à terrestre, cresce rapidamente e traz proveitos que vão além da geração elétrica. Os principais benefícios incluem: aproveitamento de espaços aquáticos que não têm outros usos produtivos, melhor rendimento da planta tendo a água como arrefecedor natural, redução da evaporação de água e da proliferação excessiva de algas com a sombra criada pelas placas, além de menor impacto ambiental em relação às instalações terrestres. A nível global, a capacidade passou de 68 MW em 2015 para 21,18 GW em 2024, com expectativa de chegar a 77 GW em 2033, segundo o Banco Mundial. Para a SolarPower Europe, a capacidade da tecnologia poderia chegar a 23.300 GWp nos próximos anos. A Ásia lidera essa investida, com megaprojetos na China, Índia e Indonésia. Na Europa, a capacidade instalada dessa fonte deve crescer de 1,6 GW em 2021 para 4,8 GW até 2026. Projetos de destaque incluem a planta francesa Les Ilots Blandin (74,3 MW) e o parque português de Alqueva (5 MW). Na Espanha, há cerca de 11 MW instalados e mais 28 MW em projetos. (Energías Renovables - 26.07.2025)
ETC: Relatório mostra viabilidade econômica de sistemas eólicos e solares para suprir demanda crescente até 2050
A Comissão de Transições Energéticas (ETC) divulgou um relatório mostrando que sistemas globais baseados principalmente em energia eólica e solar podem fornecer eletricidade a custos iguais ou inferiores aos atuais sistemas fósseis, atendendo a uma demanda global que deve triplicar até 2050, chegando a 90.000 TWh. O estudo indica que muitos países podem operar com 70% ou mais da eletricidade proveniente dessas fontes renováveis, utilizando tecnologias existentes como armazenamento em baterias, transmissão de longa distância e consumo flexível. Países do “Cinturão do Sol”, como Índia e México, podem reduzir custos significativamente com energia solar, enquanto nações do “Cinturão Eólico”, como Reino Unido e Alemanha, enfrentam desafios maiores, mas mantêm a viabilidade com políticas inteligentes. O relatório reforça que esses sistemas são estáveis e resilientes, não apresentando maior risco de apagões que sistemas térmicos, e destaca a necessidade de cooperação entre governos, setor energético e instituições financeiras para acelerar a transição e superar obstáculos regulatórios e de implantação. (Energy Monitor – 29.07.2025)
EUA: Mercado eólico dobra instalações no 1º trimestre de 2025
No 1º trimestre de 2025, o mercado eólico dos EUA mais que dobrou em instalações, alcançando 2,1 GW, superando o ritmo de 2024, mas a incerteza regulatória e tarifas levaram a uma queda de 50% nos pedidos de turbinas, atingindo o nível mais baixo desde 2020, segundo relatório da Wood Mackenzie e ACP. Toda a capacidade instalada no período foi onshore, com previsão de 8,1 GW para o ano, incluindo offshore e repotenciações. A aprovação do One Big Beautiful Bill Act (OBBBA) deve estimular pedidos de porto seguro no segundo semestre, porém desafios regulatórios, riscos tarifários e a eliminação gradual de créditos fiscais causam volatilidade e atrasos nos projetos, especialmente onshore, com pico esperado em 2029-2030. Offshore, 5,9 GW estão previstos até 2029, mas novas decisões de investimento podem ser limitadas durante o segundo mandato do presidente Trump. A indústria enfrenta incertezas na definição de regras fiscais, impactando custos e destacando a importância do apoio político para garantir a continuidade do crescimento do setor eólico nos EUA. (Woodmac – 28.07.2025)
Índia: Projetos de energia renovável paralisados já somam mais de 50 GW
A capacidade de energia renovável em projetos paralisados na Índia mais que dobrou em nove meses, ultrapassando 50 GW — cerca de um quarto da capacidade renovável instalada atualmente no país — devido a atrasos em linhas de transmissão, permissões legais e regulatórias, segundo o Associação de Desenvolvedores de Projetos Sustentáveis (SPDA, na sigla em inglês). Esses projetos, já licitados mas ainda sem contratos de compra de energia, cresceram frente aos mais de 20 GW relatados em outubro de 2024. Apesar do avanço em instalações, com 22 GW de capacidade solar e eólica ativadas no primeiro semestre, empresas como JSW, NTPC, Adani Green, ACME Solar e Renew enfrentam gargalos que travam bilhões de dólares em investimentos. Estados com alta incidência solar, como Rajasthan e Gujarat, enfrentam atrasos críticos em infraestrutura, levando ao risco de multas e perda de incentivos. A SPDA pleiteou que o governo reconheça tais atrasos como força maior, protegendo os desenvolvedores e agilizando aprovações. (Reuters - 01.08.2025)
União Europeia: Expansão da energia solar deve desacelerar pela primeira vez em 10 anos
A União Europeia deve registrar sua primeira desaceleração anual na expansão da energia solar em uma década, com uma capacidade projetada de 64,2 GW para 2025, 1,4% abaixo do ano anterior, segundo análise da SolarPower Europe. Essa queda ocorre devido à redução de subsídios para instalações solares residenciais, principalmente em países como Alemanha, França e Holanda, impactando a participação das instalações em telhados, que devem representar apenas 15% da nova capacidade, contra 30% entre 2020 e 2023. Em 2023, a energia solar respondeu por 22% da eletricidade gerada na UE, a maior fonte individual, mas o ritmo atual pode deixar a região 27 GW aquém da meta de 750 GW até 2030, prejudicando a transição energética e a segurança contra dependência de fontes russas. Dries Acke, vice-CEO da SolarPower Europe, alertou que o declínio, embora pequeno numericamente, simboliza um risco para os objetivos climáticos e pede políticas robustas para eletrificação, flexibilidade e armazenamento, essenciais para impulsionar a energia solar na próxima década. (Energy Monitor – 25.07.2025)
Nacional
Artigo de Pietro Erber: "O futuro da geração intermitente"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Pietro Erber (membro do INEE) trata dos desafios da inserção das fontes solar e eólica na matriz elétrica brasileira, destacando sua crescente competitividade econômica, mas também os custos e complexidades decorrentes de sua intermitência e baixa inércia, que comprometem a estabilidade do sistema elétrico. O autor aponta a necessidade de complementação por usinas térmicas e hidrelétricas, o agravamento do desperdício de energia gerada (“curtailment”) e a ausência de remuneração adequada para serviços ancilares. Defende que a expansão equilibrada da oferta, aliada à criação urgente de capacidades de armazenamento — tanto de curto quanto de longo prazo, como baterias e hidrelétricas reversíveis —, é essencial para garantir a segurança, confiabilidade e eficiência econômica da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). (GESEL-IE-UFRJ – 01.08.2025) Link Externo
ANEEL: Investimentos em distribuição de energia devem somar R$ 235,7 bilhões até 2029
Os aportes em redes de distribuição de energia no Brasil devem alcançar R$ 235,7 bilhões até 2029, com R$ 47 bilhões previstos para 2025, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Do total, R$ 144,7 bilhões serão orientados para a expansão da rede, modernização e melhorias na infraestrutura. Empresas como Enel, CPFL, Cemig e Neoenergia lideram esses investimentos, com foco em automação, digitalização, instalação de medidores inteligentes e religadores telecomandados para aumentar a eficiência e confiabilidade do sistema. No plano regional, projetos incluem a construção e ampliação de subestações, linhas de alta e média tensão e a implantação de tecnologias avançadas para monitoramento em tempo real e combate ao furto de energia. A modernização visa também preparar o sistema para a transição energética, que tem como um de seus principais vetores o melhor atendimento do consumidor, que vem ganhando cada vez mais protagonismo no setor. (Valor Econômico - 31.07.2025)
Brasil: Pará lidera custo de instalação de energia solar residencial no segundo trimestre de 2025
No segundo trimestre de 2025, o Pará registrou o maior custo do Brasil para a instalação de energia solar fotovoltaica em residências, com preço médio de R\$ 2,94 por Watt-pico (R\$/Wp), segundo levantamento da Solfácil. Apesar de uma queda de 5% em relação ao trimestre anterior, o estado — que sediará a COP30 em novembro — segue liderando o ranking nacional de preços. A região Norte como um todo apresenta os custos mais altos (média de R\$ 2,68/Wp), enquanto o Centro-Oeste tem os menores (R\$ 2,40/Wp). Nacionalmente, o preço médio caiu 3% no período, chegando a R\$ 2,51/Wp. A redução foi impulsionada pela queda nas margens de lucro dos integradores e pela baixa no valor do polissilício, matéria-prima das placas solares, o que compensou o aumento nos preços dos equipamentos chineses. Mesmo com essa pressão sobre os lucros, a Solfácil destaca que o setor continua atrativo, com retorno médio sobre o investimento inferior a três anos — o mais rápido do mundo, segundo o CEO Fabio Carrara. Curiosamente, estados nortistas como Acre e Rondônia figuram entre os dez mais baratos do país. (Agência Eixos – 30.07.2025)
Brasil: Governo lança consulta pública para plano de descarbonização do setor de transportes até 2050
O Governo Federal lançou uma consulta pública para o Plano Setorial de Mitigação de Transportes, que traça metas e diretrizes para a descarbonização do setor até 2050, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima. O transporte, responsável por 116 MtCO₂e em 2022 — com 85% das emissões concentradas no rodoviário — é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no país, atrás apenas do desmatamento. O plano prevê ações para estimular a eletrificação de caminhões pesados, enfrentando desafios como alto custo e falta de infraestrutura de recarga, incluindo linhas de crédito até 2028 e programas de retrofit e condução eficiente. Também foca na melhoria da infraestrutura rodoviária para reduzir o consumo de combustível, com tecnologias como pedágio eletrônico e pesagem dinâmica, além de metas específicas para reduzir emissões: teto de 126 MtCO₂e em 2030 e entre 107 e 134 MtCO₂e em 2035, alinhadas à meta nacional de cortar até 67% das emissões em relação a 2005. A consulta pública vai até 18 de agosto na plataforma Brasil Participativo. (Inside EVs – 30.07.2025)
MMA: Lança consulta pública para planos setoriais da Estratégia Nacional de Mitigação
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) iniciou em 28 de julho a consulta pública para receber contribuições da sociedade sobre os sete planos setoriais da Estratégia Nacional de Mitigação (ENM), parte do Plano Clima que também inclui a Estratégia Nacional de Adaptação. A consulta ficará aberta até 18 de agosto, e após a análise das sugestões, os planos serão avaliados pelo Subcomitê-Executivo do Conselho Interministerial sobre Mudança do Clima para implementação. Os sete eixos abrangem conservação da natureza, agropecuária, indústria, transportes, cidades, resíduos e energia, com foco na redução de emissões para cumprir a meta do Acordo de Paris até 2035, conforme a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). Para debater o tema, o MMA promoverá três webinares nos dias 1º, 4 e 11 de agosto, transmitidos pelo YouTube, abordando diferentes grupos de setores em cada sessão. (Agência Eixos – 28.07.2025)
MME: Define membros do Fórum Nacional de Transição Energética para o biênio 2025–2026
O Ministério de Minas e Energia (MME) divulgou a lista das instituições selecionadas para compor o plenário do Fórum Nacional de Transição Energética (Fonte), órgão consultivo permanente vinculado à Política Nacional de Transição Energética (PNTE). O plenário será formado por 87 membros com mandatos de dois anos (2025-2026), divididos igualmente entre governo, sociedade civil e setor produtivo. Entre os 29 representantes da sociedade civil estão o Instituto Arayara, FNP e FUP, com foco em petróleo e gás, além da WWF Brasil e da União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar, voltadas a biocombustíveis e transporte. O Instituto E+ Transição Energética debaterá temas ligados às mudanças climáticas. Já no setor produtivo, participam entidades como IBP, Abegás, Abpip, Unica e Fase. Também integrarão o fórum representantes de 15 ministérios, da Casa Civil, da EPE e das secretarias estaduais de energia de cada região. O Fonte tem como missão promover o diálogo intersetorial para orientar a transição energética no Brasil de forma colaborativa e estratégica. (Agência Eixos – 30.07.2025)
Ember: Metas nacionais de energia renovável ficam aquém do necessário para 2030
Uma análise da Ember revelou que as metas nacionais de energia renovável estão muito aquém da meta global definida na COP28, que visa triplicar a capacidade instalada até 2030. Desde o acordo, as metas aumentaram apenas 2%, totalizando 7,4 TW projetados, enquanto seriam necessários 11 TW para atingir o objetivo, evidenciando um déficit de 3,7 TW. Apenas 22 países revisaram suas metas desde então, majoritariamente na União Europeia, com pouca ambição entre os 20 maiores produtores de eletricidade. Os EUA seguem sem uma meta nacional para 2030, enquanto a Índia mantém sua meta de 500 GW e a Rússia ainda não definiu uma. A China e a África do Sul estão em processo de revisão, mas sem definições claras. Segundo a analista Katye Altieri, metas bem planejadas ajudam a otimizar a construção, integrar renováveis à rede e atrair investimentos. A Ember alerta que, sem revisões urgentes e implementação eficaz, o mundo corre o risco de não cumprir a meta de 2030, comprometendo avanços rumo a sistemas energéticos mais limpos, seguros e acessíveis. (Energy Monitor – 31.07.2025)
Regulação e Reestruturação do Setor
Artigo GESEL: "Experiência europeia na abertura do mercado elétrico"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Nivalde de Castro (professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL) e Vitor Santos (professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa) tratam da experiência europeia na liberalização do setor elétrico, com foco na separação entre distribuição e comercialização de energia, destacando a criação das comercializadoras de mercado e do Supridor de Última Instância (SUI). O modelo europeu busca garantir neutralidade e concorrência por meio de regras de separação funcional e jurídica entre atividades dentro de grupos verticalmente integrados, além de mecanismos que protejam o consumidor em caso de falência de comercializadoras. Apesar dos avanços, o processo de migração ao mercado livre foi gradual, exigindo estratégias como campanhas educativas e ajustes tarifários. A trajetória europeia, marcada por desafios e inovações regulatórias, oferece lições valiosas para o Brasil, especialmente no contexto atual de reformulação institucional do setor elétrico por meio da Consulta Pública nº 07/2025 da Aneel e da Medida Provisória nº 1.300/2025 do MME, visando acelerar a abertura do mercado com maior empoderamento do consumidor e estímulo à inovação. Acesse o texto na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 29.07.2025)
Para economia e sustentabilidade: Mercado livre de energia ou energia solar?
A busca por economia e sustentabilidade no consumo de eletricidade tem levado muitas empresas a considerarem duas alternativas principais: o mercado livre e geração própria com energia solar. O mercado livre permite negociar diretamente com fornecedores, garantindo preços mais competitivos, previsibilidade, flexibilidade e acesso a fontes renováveis, sem a necessidade de grandes investimentos. Desde 2024, empresas classificadas no Grupo A (alta tensão) estão elegíveis a migrar para essa modalidade. A energia solar, por sua vez, oferece independência, economia a longo prazo e sustentabilidade, sendo mais indicada para empresas do Grupo B (baixa tensão), desde que haja espaço físico e capital para investir na instalação de um sistema fotovoltaico. Segundo o CEO da Voltera, Alan Henn, a escolha depende do perfil da empresa, consumo energético, objetivos e capacidade de investimento. Em alguns casos, destaca o executivo, soluções híbridas – combinando energia solar e compra no mercado livre – têm se mostrado vantajosas. A avaliação cuidadosa dessa miríade de fatores, conclui, é essencial para garantir maior eficiência energética, economia de custos e sustentabilidade para o negócio. (Agência CanalEnergia - 30.07.2025)
Eficiência Energética e Eletrificação de Usos Finais
Artigo de Marina Grossi e Miguel Seta: "Por uma mobilidade mais sustentável rumo à COP30"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Marina Grossi (presidente do CEBDS [Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável]) e Miguel Setas (CEO da Motiva) tratam da importância estratégica da descarbonização do setor de transportes no Brasil, que responde por 11% das emissões brutas nacionais, e do potencial do país para liderar uma transformação sustentável. A partir do trabalho da Coalizão para a Descarbonização dos Transportes — iniciativa que reúne mais de 50 entidades e liderada por organizações como CEBDS, Motiva, CNT e Insper — os autores apresentam um plano de ação com 90 medidas concretas para reduzir em até 60% as emissões do setor até 2050, atrair R$ 600 bilhões em investimentos verdes e impulsionar a competitividade nacional. Destacam também a necessidade de avanços regulatórios, incentivos financeiros, inovação, articulação multissetorial e qualificação profissional. O artigo defende que a COP30 é uma oportunidade histórica para o Brasil apresentar ao mundo uma agenda climática robusta, viável e baseada em cooperação, com a mobilidade como vetor de transformação ambiental e econômica. (GESEL-IE-UFRJ – 30.07.2025) Link Externo
Artigo de Marli Olmos: "BYD responde à carta das montadoras: ‘Por que a BYD incomoda tanto?’"
Em artigo publicado pelo Valor Econômico, Marli Olmos (jornalista do Valor Econômico) trata da resposta contundente da BYD à carta enviada ao presidente Lula por quatro grandes montadoras — Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors — contrárias à redução temporária do imposto de importação sobre carros semidesmontados, como pleiteia a montadora chinesa. A BYD acusa as concorrentes de tentarem barrar a inovação para proteger um modelo ultrapassado, argumentando que sua proposta visa acelerar a transição para veículos mais acessíveis, limpos e modernos, com produção nacional em fase de implantação na Bahia. A empresa critica o que chama de “chantagem emocional” das rivais e defende que sua atuação representa uma mudança estratégica benéfica para o consumidor brasileiro e para o futuro da mobilidade no país. (GESEL-IE-UFRJ – 30.07.2025) Link Externo
Brasil: Montadoras tradicionais e BYD travam debate acalorado sobre tarifas de VEs
Nesta semana, o Brasil viu um confronto entre quatro grandes montadoras tradicionais — Volkswagen, GM, Toyota e Stellantis — e a chinesa BYD, que pediu a redução das tarifas de importação de kits CKD e SKD para veículos elétricos, gerando forte debate. As montadoras enviaram uma carta ao presidente Lula, alertando que a diminuição dos impostos prejudicaria a indústria nacional, empregos, fornecedores e investimentos anunciados pela Anfavea, além de afetar o mercado de autopeças. A BYD respondeu com críticas severas, acusando as rivais de tentarem frear a inovação por medo da concorrência e negando concorrência desleal, afirmando que o modelo SKD é uma etapa prevista para acelerar a industrialização e geração de empregos, especialmente em sua fábrica em Camaçari (BA). A empresa destacou que outras montadoras seguiram esse caminho e acusou as concorrentes de perder protagonismo, concluindo com a frase impactante: “Se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando.” O pedido da BYD será analisado na reunião do Gecex, movimentando os bastidores políticos de Brasília. (Inside EVs – 30.07.2025)
China: Xiaomi bate recorde de vendas com 30 mil VEs em julho
Em julho de 2025, a Xiaomi registrou seu melhor desempenho mensal em vendas de veículos elétricos ao entregar mais de 30 mil unidades, incluindo o recém-lançado SUV elétrico YU7, iniciado em 6 de julho. Esse resultado representa um crescimento de cerca de 20% em relação a junho, quando foram entregues 25 mil veículos. O avanço acompanha a rápida expansão da rede de vendas e serviços da marca na China, com a inauguração de 18 novas concessionárias no mês, totalizando 352 pontos em 97 cidades, além de 181 centros de serviço em 106 localidades. A empresa também acelera a expansão da produção com um investimento de 635 milhões de yuans na terceira fase de sua fábrica em Beijing Yizhuang New City, que terá capacidade para 450 mil veículos anuais. A segunda fase da unidade foi concluída em junho e iniciou testes em julho, com capacidade de 150 mil unidades por ano. Somadas, as fases devem permitir que a produção anual da Xiaomi em Beijing alcance 350 mil veículos. Desde o lançamento do SU7, seu primeiro modelo, em abril de 2024, a marca já entregou 100 mil unidades em sete meses e meio, ajustando sua meta de entregas para 2025 para 350 mil veículos.(Inside EVs – 01.08.2025)
EUA: Volkswagen amplia investimento na QuantumScape para produção de baterias de estado sólido
A Volkswagen, por meio da subsidiária PowerCo, reforçou seu investimento na QuantumScape, startup californiana focada em baterias de estado sólido, com um aporte adicional de US$ 131 milhões para desenvolver uma linha piloto de produção em San Jose (EUA), elevando o total recente para mais de US$ 260 milhões, condicionado ao cumprimento de metas técnicas. Desde 2023, a parceria prevê a produção anual de até 40 GWh em células de estado sólido, volume suficiente para abastecer entre 500 mil e 1 milhão de veículos elétricos, com possibilidade de expansão para 80 GWh. Enquanto constrói fábricas na Alemanha, Espanha e Canadá para a produção em larga escala, a PowerCo aposta nas baterias de estado sólido pela maior autonomia, recarga rápida, segurança e densidade energética superior, com a célula QSE-5 da QuantumScape alcançando 305 Wh/kg, potencialmente aumentando a autonomia dos veículos para até 805 km. Embora o retorno do investimento ainda seja incerto, os avanços recentes indicam que a tecnologia está mais próxima da produção comercial, fortalecendo a aposta da Volkswagen nessa inovação. (Inside EVs – 29.07.2025)
EUA: VEs têm manutenção mais barata, mas reparos são mais demorados
Um estudo da CDK Global revela que, ao contrário da percepção inicial, carros elétricos (EVs) são mais baratos de manter que veículos a combustão, com 53% dos proprietários de VEs (exceto Tesla) afirmando custos menores, contra 41% entre donos de Tesla. Contudo, os reparos em VEs levam mais tempo: donos de Tesla esperam 23% mais e outros VEs, 34% mais, que em carros convencionais. A adesão a serviços móveis cresceu, com 19% dos VEs atendidos por vans ou mecânicos móveis em 2024, contra 14% em 2023, e 9% tiveram veículos retirados pela concessionária. O reparo no mesmo dia caiu de 40% para 28%, enquanto os consertos no dia seguinte aumentaram de 21% para 29%. Apesar de 85% dos proprietários visitarem concessionárias no primeiro ano, só 13% pagaram por serviços. A popularização dos VEs exige adaptação das oficinas, ainda que o atendimento mais longo reflita a transição das concessionárias entre tecnologias antigas e novas. (Inside EVs – 28.07.2025)
Brasil: Gecex antecipa para 2027 alíquota máxima de 35% para importação de VEs desmontados
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) decidiu antecipar em um ano e meio a aplicação da alíquota máxima de 35% do imposto de importação para veículos elétricos e híbridos desmontados (CKD), que passa a valer em janeiro de 2027, em vez de julho de 2028. A medida atende parcialmente à pressão da Anfavea, que solicitava a antecipação para 2026, e impacta especialmente montadoras chinesas como a BYD, em expansão no mercado brasileiro. Para veículos prontos, a alíquota de 35% será retomada em julho de 2026, contrariando o pedido da associação para adiantar a cobrança para 2025. O Gecex também ampliou, por seis meses, as cotas de importação com tarifa zero para CKD e SKD, totalizando US$ 463 milhões, beneficiando empresas em fase de instalação no país. Segundo o órgão vinculado ao MDIC, a decisão visa alinhar a política tarifária aos investimentos previstos no setor automotivo, estimulando a nacionalização de tecnologias e o fortalecimento da cadeia produtiva brasileira. (Agência Eixos – 30.07.2025)
Brasil: Emplacamento de ônibus elétricos cresce 141% no primeiro semestre de 2025
O primeiro semestre de 2025 registrou um crescimento de 141% no emplacamento de ônibus elétricos no Brasil em comparação com o mesmo período de 2024, passando de 127 para 306 unidades, segundo a ABVE. Em junho, o aumento foi ainda mais expressivo, com 34 veículos emplacados frente a 9 no ano anterior, um salto de 278%. Esse avanço reflete o fortalecimento da eletromobilidade no transporte público, impulsionado por políticas públicas, maior oferta de modelos e o comprometimento de gestores municipais com a descarbonização. O estado de São Paulo liderou as vendas no período, concentrando todas as 306 unidades, sendo 275 apenas na capital. A cidade está sob a Lei Municipal nº 16.802/2018, que exige emissão zero de gases de efeito estufa na frota de ônibus até 2038, embora o cronograma esteja atrasado. O plano atual prevê substituir 2,2 mil ônibus a diesel até 2028. Em julho, a frota elétrica da cidade chegou a 841 veículos, ou 6,3% do total. Outras cidades paulistas, como São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto e Campinas, aparecem com números bem menores, enquanto outros estados ainda têm baixa adesão à eletrificação do transporte coletivo.(Agência Eixos – 31.07.2025)
Brasil: Governadores pedem adiamento da redução do imposto para kits de VEs e híbridos
Seis governadores dos principais estados industriais do Brasil — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná — enviaram uma carta conjunta ao vice-presidente Geraldo Alckmin, presidente da Camex, pedindo o adiamento da decisão sobre a redução do imposto de importação para kits SKD e CKD de veículos elétricos e híbridos. Eles argumentam que a medida pode desestimular a industrialização local e prejudicar a cadeia automotiva nesses estados, que concentram a produção nacional de veículos eletrificados e empregam cerca de 50 mil pessoas. A solicitação vem antes da reunião do Gecex para discutir a proposta, que prevê reduzir as tarifas de 18% para 5% para elétricos e de 20% para 10% para híbridos, atendendo a pedido da chinesa BYD, que visa viabilizar sua operação nacional por meio da importação de kits. Montadoras tradicionais, como Volkswagen, Stellantis, Toyota e GM, também manifestam preocupação, alegando que a redução pode afetar a competitividade, investimentos e empregos na indústria nacional. Enquanto isso, marcas chinesas defendem a medida para avançar na produção de veículos eletrificados mais tecnológicos no país. (Inside EVs – 30.07.2025)
Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis
Artigo Utility Dive: “A indústria do hidrogênio está em crise. Veja como consertar isso”
Em artigo do Utility Dive, Gabriel G. Rodríguez-Calero (co-fundador e CEO of Ecolectro) aborda a crise estrutural da indústria global de hidrogênio, apesar do enorme potencial ambiental do combustível. O autor pontua que, atualmente, 90% do hidrogênio é produzido com combustíveis fósseis, emitindo cerca de 900 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Embora a eletrólise com energia renovável exista há séculos, ela continua mais cara que o método tradicional de reforma do metano. Empresas como Plug Power e Green Hydrogen Systems enfrentam dificuldades financeiras, revelando um modelo de negócios falho. O problema está na exigência de contratos longos e investimentos bilionários por parte dos produtores, o que transfere riscos aos clientes. Estes, por sua vez, estão interessados em soluções escaláveis, acessíveis e de fácil operação, e não em assumir grandes obrigações iniciais. O autor pondera que, assim como ocorreu na informática com a transição dos mainframes para sistemas modulares, o hidrogênio precisa de modelos padronizados, locais e com suporte embutido. Por fim, aponta que, para viabilizar essa transição energética, é preciso abandonar o “hype”, reduzir riscos e facilitar a adoção gradual e prática pelas indústrias. (Utility Dive - 29.07.2025)
CELA: Brasil possui mais de 100 projetos de H2V e derivados em desenvolvimento
Levantamento da consultoria Clean Energy Latin America (CELA) identificou 111 projetos de hidrogênio verde e derivados em desenvolvimento no Brasil, com investimentos anunciados de R$ 454 bilhões e demanda estimada de cerca de 90 GW de capacidade instalada, distribuídos por 15 estados. Os empreendimentos abrangem também amônia verde, e-metanol e aço verde, considerados estratégicos para a descarbonização de setores como agricultura e indústria pesada. A análise faz parte de um plano da CELA voltado a apoiar a transição energética por meio do fornecimento de informações sobre a evolução dos projetos, localização de polos emergentes, perfis de compradores, status dos empreendimentos e modelos de negócios. O estudo aponta que o Brasil possui alta competitividade na produção de amônia verde, com custos entre US$ 539 e US$ 1.103 por tonelada — valores dentro ou abaixo dos praticados para amônia fóssil. Já o hidrogênio verde pode ser produzido no país por custos entre US$ 2,83/kg e US$ 6,16/kg em regiões estratégicas. A combinação entre viabilidade econômica e potencial de fontes renováveis reforça a posição do Brasil como possível exportador de combustíveis verdes. (Canal Solar - 24.07.2025)
Reino Unido: Governo inicia construção de dez projetos comerciais de H2V
O governo do Reino Unido iniciou a construção de dez projetos comerciais de H2V, avançando na meta de se tornar uma superpotência de energia limpa. Esses empreendimentos, distribuídos por regiões como South Wales, Bradford, North Scotland e Teesside, devem gerar mais de 700 empregos qualificados e atrair mais de £ 400 milhões em investimentos privados entre 2024 e 2026, apoiando a descarbonização da indústria pesada e a reindustrialização do país. Projetos como o HyMarnham, que transforma uma antiga usina a carvão em centro de hidrogênio, e o Cromarty, que abastecerá indústrias locais, exemplificam essa transição. Paralelamente, a Kimberly-Clark investirá £ 125 milhões em parcerias para iniciativas similares. O governo também destinou £ 500 milhões para desenvolver a primeira rede de transporte e armazenamento de hidrogênio, buscando conectar produtores e consumidores, além de consultar sobre misturas de transmissão para reduzir custos e contas de energia. Clare Jackson, CEO da Hydrogen UK, ressaltou que esses contratos demonstram a confiança na construção de um setor sustentável, crucial para atingir as metas líquidas zero e impulsionar o crescimento econômico. (Energy Monitor – 24.07.2025)
Impactos Socioeconômicos
Artigo Utility Dive: “Quer energia abundante? Pergunte quem se beneficia da escassez”
Em artigo publicado no Utility Dive, Arjun Krishnaswami (membro sênior da Federação de Cientistas Americanos) trata do movimento em defesa da “abundância” que vem ganhando força nos debates políticos nos EUA, propondo acelerar a construção de moradias e infraestrutura de energia limpa para combater a crise climática, reduzir custos e melhorar a qualidade de vida. O autor pontua, entretanto, que a abordagem atual do movimento — baseada em agilizar licenciamentos e simplificar processos — é insuficiente. Ele pondera que o verdadeiro obstáculo à abundância energética são os interesses de agentes poderosos que lucram com a escassez. Apesar de a energia limpa já ser mais barata que o carvão ou o gás, a instalação de novos projetos é lenta. E empresas que controlam usinas antigas resistem a reformas porque temem perder lucros frente à energia renovável barata. Com poder decisório desproporcional, elas sabotam mudanças que permitiriam maior oferta e preços mais baixos. O texto conclui, diante disso, que, para que a abundância energética se torne realidade, é preciso reformar mercados, atualizar regras de conexão à rede e mudar os incentivos das concessionárias, transformando antigos opositores em aliados. (Utility Dive - 30.07.2025)
BHRRC: Projetos de energia renovável enfrentam judicialização por violação de direitos humanos
Um relatório do Business and Human Rights Resource Center (BHRRC) apontou que, desde 2009, foram registrados globalmente 95 processos judiciais alegando violações de direitos humanos por projetos de energia renovável. A maioria (71%) envolve empresas que extraem “minerais de transição”, como lítio, essenciais para tecnologias renováveis. Os demais processos referem-se a projetos de energia eólica (14%), hidrelétrica (12%) e solar (4%). Cerca de 77% das ações foram iniciadas após 2018, em paralelo à expansão da transição energética. A América Latina e o Caribe concentram 53% dos casos, com 76% ligados à mineração. O relatório destaca ainda que 70% das ações envolvem danos ambientais, 56% citam poluição hídrica, 40% afetam áreas protegidas ou terras indígenas e 48% denunciam violações ao direito ao sustento. Ademais, quase metade foi movida por povos indígenas, sendo 49% por falta de “consentimento livre, prévio e informado”. E em 53% dos casos, comunidades alegam não ter sido consultadas adequadamente. Embora a maioria dos processos busque interromper projetos parcial ou totalmente (65%), o BHRRC afirma que as ações não visam barrar a transição energética, mas moldá-la com respeito aos direitos humanos. O relatório, por fim, alerta que ignorar essas questões pode comprometer o progresso rumo à sustentabilidade. (Utility Dive - 28.07.2025)
Espanha: Banco da Espanha estima queda de 50% do preço da energia até 2030 com fontes renováveis
O Banco da Espanha estima que, até 2030, o preço da eletricidade no mercado atacadista poderá cair até 50% graças ao aumento da geração com energias renováveis, especialmente solar e eólica. Na primeira metade de 2024, os preços já foram até 40% mais baixos do que teriam sido sem os investimentos feitos desde 2019 nessas fontes. Um estudo realizado apontou que o impacto das renováveis nos preços não é linear: aumentos modestos na participação dessas fontes têm pouco efeito, mas quando a geração renovável atinge níveis mais altos, ela consegue substituir por completo tecnologias fósseis mais caras, podendo até levar os preços horários a zero. A esse respeito, a energia eólica é a que mais contribui para essa queda, embora a solar tenha crescido fortemente nos últimos dois anos. Outra entendimento é que a combinação das duas gera maior economia do que a soma de suas contribuições individuais. No entanto, quando a oferta das renováveis cobre toda a demanda, aumentos adicionais deixam de influenciar o preço. O Banco de Espanha ressalta que, embora as renováveis ajudem na transição climática, também têm um papel chave na redução dos preços de eletricidade. Ainda assim, o futuro dos preços é incerto, sendo dependentes da execução dos projetos de expansão, do ritmo de eletrificação da economia, da adaptação do consumo aos horários da geração renovável e do desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia. (Energías Renovables - 01.08.2025)