Investimentos de até R$ 128 bilhões em projetos de data center e usinas de hidrogênio verde no Porto do Pecém (CE) estão incertos devido à negativa de acesso à rede elétrica pelo ONS. Os projetos da Casa dos Ventos (R$ 99 bilhões) e da australiana Fortescue (R$ 29 bilhões) foram barrados por questões de estabilidade da rede. Nivalde de Castro, professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador-geral do GESEL, explica que as redes de transmissão funcionam como estradas com capacidade limitada: "instalar esses novos projetos é uma decisão de investimento desconectada do planejamento das linhas de transmissão". Ele pondera que o problema não decorre de falta de planejamento governamental, destacando que "o segmento de transmissão é o mais bem estruturado do setor elétrico". O estudo para viabilizar a conexão desses empreendimentos deve ser concluído pela EPE apenas em dezembro, prazo considerado longo pelas empresas que temem perder incentivos previstos no Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio. Leia a matéria na íntegra aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 24.04.2025)

Em 2024, a energia limpa representou 40,9% da geração global de eletricidade, superando pela primeira vez o patamar de 40% desde os anos 1940, quando a matriz elétrica mundial era bem menor e dependente quase exclusivamente da geração hidrelétrica. Segundo relatório da Ember, think tank especializado em energia, o Brasil contribuiu significativamente para esse marco ao se tornar o quinto maior gerador de energia solar do mundo, ultrapassando a Alemanha. Pela primeira vez, as fontes eólica (8,1%) e solar (6,9%) combinadas superaram a participação da hidrelétrica (14,3%), impactada por secas em várias regiões. Essas duas fontes renováveis impulsionaram um novo recorde de geração limpa em 2024, com crescimento de 49% em relação ao recorde anterior, de 2022 (858 TWh contra 577 TWh). Apesar do avanço, os combustíveis fósseis continuam dominando a matriz elétrica global, com o carvão representando 34,4% e o gás 22%. Houve um crescimento anual de 1,4% na geração fóssil, resultando na emissão de 223 milhões de toneladas de CO₂. O relatório destaca que esse aumento seria evitável, não fosse o impacto das ondas de calor causadas pela crise climática, que elevaram a demanda por refrigeração e ar-condicionado, especialmente em países como China, Índia e EUA. Desde 2012, a geração solar dobra a cada três anos e, em 2024, registrou crescimento recorde de 474 TWh, tornando-se a fonte que mais cresce nas últimas duas décadas. (Agência Brasil - 21.04.2025)

As baterias tornaram-se um elemento central na transição energética, diante da crescente intermitência da matriz elétrica baseada em fontes como sol e vento. Para reduzir a dependência de combustíveis fósseis — ainda utilizados para assegurar a segurança energética —, o armazenamento de energia desponta como uma solução estratégica, viabilizada principalmente pela queda nos custos dessa tecnologia. De acordo com estudo da BloombergNEF (BNEF), o custo de armazenagem de energia no Brasil caiu de US$ 614 para US$ 165 por kWh entre 2017 e 2024, uma redução de 73%. Esse valor contempla apenas os equipamentos, sem incluir instalação, mão de obra ou conexão à rede. Com exceção de 2022, o preço seguiu tendência de queda, e a expectativa é de redução adicional entre 45% e 57% até 2035. A diminuição de custos tem alterado o papel das baterias nos sistemas elétricos, inclusive no Brasil. Historicamente, o país considerava seu sistema hidrelétrico como uma “bateria natural”. No entanto, eventos recentes — como a seca extrema de 2023 — evidenciaram limitações dessa dependência, impulsionando o uso de baterias também em mercados com forte presença hídrica. Outra tendência destacada pela BNEF é o crescimento do mercado de combustível sustentável de aviação (SAF), impulsionado por leilões de capacidade e mandatos governamentais de descarbonização. No Brasil, ainda há desafios regulatórios, especialmente para garantir a sustentabilidade do SAF produzido e sua aceitação nos mercados internacionais. (Valor Econômico - 17.04.2025)

A International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, firmou uma parceria estratégica com o grupo Equatorial, prevendo um pacote de empréstimos de até US$ 250 milhões para investimentos em transição energética e infraestrutura no Brasil. O primeiro empréstimo, um financiamento verde de até US$ 100 milhões, foi concedido em 28 de março à distribuidora da Equatorial no Estado de Alagoas, com recursos próprios da IFC. O investimento visa melhorar a qualidade do serviço elétrico e das operações, beneficiando principalmente a população de baixa renda, que representa pelo menos 50% dos impactados pelas melhorias previstas. Um segundo empréstimo está programado para ser concedido até o final de 2025, a uma subsidiária da Equatorial ainda a ser definida. Segundo a IFC, a parceria contribuirá para fortalecer a sustentabilidade do setor energético brasileiro e ampliar a resiliência do país. Além dos avanços técnicos na infraestrutura elétrica, os investimentos também deverão gerar impacto social relevante. (Investimentos e Notícias - 22.04.2025)

Uma pesquisa global realizada pela consultoria Savanta, a pedido da E3G, Beyond Fossil Fuels e We Mean Business Coalition, revelou amplo apoio de empresários brasileiros à transição energética baseada em fontes renováveis. O estudo, que envolveu executivos de médias e grandes empresas em 15 países, aponta que 89% dos líderes no Brasil desejam um sistema elétrico majoritariamente renovável até 2035, com a segurança energética sendo destacada por 63% como o principal benefício. A matriz elétrica brasileira, fortemente baseada em hidrelétricas, tem sido complementada pelo rápido crescimento da geração solar e eólica, com 147 novos parques solares inaugurados em 2024 e avanços na regulamentação da energia eólica offshore. Três em cada quatro executivos apoiam a substituição direta do carvão por renováveis, sem transição via gás fóssil, e mais de 90% dos que defendem energia limpa propõem o fim do carvão até 2035. Entre os obstáculos à transição, 41% dos entrevistados citam os altos custos iniciais, mais associados a barreiras regulatórias e ao custo de capital do que à tecnologia. Para enfrentá-los, 45% defendem a realocação de subsídios dos combustíveis fósseis para fontes renováveis, medida considerada essencial para atingir a meta de redução de 59% a 67% nas emissões até 2035. (Conexão TO - 22.04.2025)